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Caderno de Direito Caderno de Direito Caderno de Direito Caderno de Direito ConstitucionalConstitucionalConstitucionalConstitucional Prof. Rafael Dilly Patrus Júlia de Oliveira FonsecaJúlia de Oliveira FonsecaJúlia de Oliveira FonsecaJúlia de Oliveira Fonseca 2 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Data: 07/08/2014, às 7:33h. Organização dos poderes - art. 44 a 135 Tais dispositivos dispõem acerca do Poder Judiciário, Executivo e Legislativo, com ênfase neste último. Pelas decisões políticas fundamentais feitas e legitimadas pela Constituição, o Legislativo está no centro do Estado. Tal poder se desdobra em duas unidades, sendo elas o poder legislativo e o processo legislativo. São também de alguma forma as unidades topograficamente colocadas no centro da Constituição. A denominação Constituição Federal é equivocada, uma vez que "Federal" diz respeito àquilo que é da União. A Constituição da Republica regula todas as esferas de poder, e não apenas a União. Os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII) são um limite ao Poder Constituinte Decorrente, assim como os princípios federativos extensivos e os princípios constitucionais estabelecidos, que se desdobram principalmente em normas de preordenação (existem princípios da República que são de observância obrigatória pelos Estados, observando a mesma estrutura prevista na Constituição). Não há reprodução literal, apenas observação, visto que os estados terão de adaptar tais normas à realidade de seus respectivos estados. Se fosse uma mera reprodução, os sujeitos seriam o mesmo (no caso de uma reprodução que diz respeito a determinado comportamento a ser adotado pelo Presidente da Republica, ao reproduzir a lei no âmbito estadual, o mesmo Presidente da República seria mencionado por ela, e não substituído pelo governador ou outra autoridade). É importante ressaltar que essa observância obrigatória permite adaptação, mas não criação de hipóteses não previstas no texto constitucional. Obs.: dar uma olhada na ADI 111 e na ADI 2911 Unidade 1: Poder Legislativo 3 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca 1.1) Funções: (Desempenhadas pelas assembléias legislativos dos estados e pela câmara legislativa federal, e no âmbito municipal pelas câmaras municipais.) a) Funções típicas do poder legislativo: i) legislativa: arts. 59 a 69, CR. ii) fiscalizatória: art. 58, parágrafo 3o., art. 49, IX e X, art. 70, CR. Art. 58, § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Obs.: Administração pública indireta: Pessoas jurídicas vinculadas e criadas pelo ente público, mas não subordinadas ao mesmo. Ex: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, etc. b) Funções atípicas: art. 51, I (Câmara dos Deputados); art. 52, I e II (Senado Federal) a elaboração de um regimento interno é uma função administrativa e nem toda edição de um ato normativo resulta no exercício de função legislativa Se há um órgão poderoso na República, ele é o Senado Federal. Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 4 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 1.2. Estrutura: Congresso Nacional: possui um sistema bicameral, sendo organizada pela lógica representativa. Câmara dos Deputados: A câmara dos Deputados representa o povo e é organizada pela lógica da população. Quanto maior a população de um estado, maior o número de assentos que tal estado terá na mesa da Câmara. A Constituição, no entanto, estabelece um limite mínimo e máximo para tais cadeiras, sendo o mínimo de 8 e o máximo de 70 deputados. Esse número é definido por lei complementar, se baseando nas respectivas populações dos estados. Sempre há uma distorção nos extremos devido aos limites constitucionais. Os territórios federais (apesar de no momento não haver nenhum) possuem, invariavelmente, 4 deputados cada um. Senado Federal: É uma casa representativa que representa os estados. Casa estado coloca 3 senadores no Senado, independentemente da população do estado, pois o que importa é a unidade autônoma federativa. 14/08/2014, às 7:40h. A lógica organizacional do Congresso Nacional é a bicameral, criada à luz do 5 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca arranjo norte-americano. Nesse sentido, o que ocorre é que nenhuma lei editada na Câmara pode ser aprovada antes de passar por anterior apreciação do Senado, que possui poder de veto. Congresso Nacional: sistema bicameral, com duas casas: Câmara dos Deputados: povo - população - Lei complementar (ajuste no ano anterior às eleições para a definição de quantos deputados serão eleitos por estado) Senado Federal: Estados (3 por Estado) ~ 8 em 8 anos (Cada senador leva consigo dois suplentes) O conceito de povo designa uma instância abstrata de legitimação, enquanto a expressão população refere-se a um dado demográfico, que se encontra em constante permuta. O número de deputados por estado é determinado de acordo com suas respectivas populações, obedecendo alguns parâmetros: Mínimo de senadores por Estado: três Máximo: oito Número de deputados para os Territórios Federais: quatro - atualmente não se tem no Brasil nenhum Território Federal Na lógica majoritária do Senado Federal, cada candidato individualmente precisa obter determinado número de votos para ser eleito, precisando angariar uma maioria não necessariamente absoluta. Em outras palavras, o Senador não precisa ter 50% dos votos + 1, visto que a maioria necessária para que o indivíduo seja eleito é a maioria simples. Congresso Nacional visto de dentro: Plenário, Mesa, Comissões, Secretaria Mesas: São os órgãos máximos das Casas e do Congresso e é em última instância o responsável pela administração do Poder Legislativo. Mesa da Câmara dos Deputados Funcionamento contínuo 6 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Mesa do Senado Federal Funcionamento contínuo Mesa do Congresso Nacional Funcionamento eventual Mesa do Congresso Nacional: sessões conjuntas - art. 57, parágrafo 3º. Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. § 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; I - elaborar o regimento comum eregular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto (apreciar) e sobre ele deliberar. As mesas são eleitas nas sessões preparatórias, tendo um mandato de dois anos, vedada a recondução - art. 57, parágrafo 4º Ela é composta por: - 1 Presidente; - 2 Vice - presidentes; - 4 Secretários. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. Na prática, o texto constitucional não é observado. Em um mandato de 4 anos, a recondução não é praticada, salvo se o indivíduo for eleito no segundo biênio desses 4 anos, pois caso ele seja eleito novamente, considera-se que uma nova legislatura iniciou-se, não havendo para as duas casas problemas em sua 7 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca reeleição. Mesa do Congresso Nacional - art. 57, parágrafo 5º. § 5º - A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Assim, percebe-se que o presidente da Mesa do Senado Federal é presidente da Mesa do Congresso Nacional.Como a Câmara dos Deputados é a Casa que representa o povo, o presidente da mesma deve ter preferência no caso de sucessão para presidente. Comissões: (previstas no art. 58 da CR) Existem dois gêneros de comissões : as permanentes e as temporárias. Permanentes ~ subsistem às legislaturas. Exemplos: Comissão de Constituição e Justiça, Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. Temporárias ~ se encerram com o fim da legislatura ou antes disso, caso finalizadas as suas atividades. Nunca passam de uma legislatura e dependem da vontade dos congressistas para criá-las. Exemplos: 1) Comissões especiais, eventualmente criadas para a discussão de um tema específico que segundo uma das Casas não se encaixaria dentro de uma das comissões já constituídas; 2) Comissões de inquérito (CPI) - tem poderes de investigação próprios das instâncias jurisidionais, tem escopo investigativo. 3) Comissões de representação. Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo 8 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Exceção: art. 58, parágrafo 4o. (Comissão prevista constitucionalmente, não dependendo da vontade política dos congressistas para criá-la). § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária. 9 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca 21/08/2014, às 07:40. 1.3.1) Conceitos: - legislatura - sessão legislativa - período legislativo A legislatura consiste no lapso de tempo que diz respeito ao período de mandato na Câmara dos Deputados, correspondente a 4 anos. Sessão legislativa é o lapso de tempo que corresponde a um ano civil, subdividindo-se em ordinária e extraordinária. A ordinária diz respeito ao tempo de funcionamento ordinário, enquanto a extraordinária compreende ao período de funcionamento extraordinário, também conhecido como recesso legislativo. O funcionamento ordinário se dá do dia 2/2 a 17/7 e de 1/8 a 22/12. Alguns estados reproduzem as datas de funcionamento da sessão legislativo em suas assembléias legislativas. Não é o caso de Minas Gerais, por exemplo, que funciona de 1/2 a 18/7 e de 1/8 a 20/08. A composição do Senado Federal é parcialmente alterada no início de cada legislatura, na proporção de 2/3 e 1/3. A mesa em uma legislatura é eleita a cada dois anos, sendo vedada a recondução (apenas dentro de uma mesma legislatura de acordo com o entendimento do Senado Federal, já que de uma legislatura para outra considera-se permitido). Não haverá eleições para a mesa do Congresso, porque o presidente da mesa do Congresso será o presidente do Senado Federal. Art. 57, § 4º - Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. Para o segundo biênio, as eleições se dão por meio de sessões especiais. Quando a CR diz "sessão legislativa", pressupõe-se a sessão ordinária. 10 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Art. 57, § 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. A sessão legislativa ordinária é interrompida no dia 17 de julho, recomeçando em 1 de agosto e encerrando no dia 22/12. No entanto, tal interrupção não se dará até que haja a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, que possui três modalidades: plano plurianual, concluído no primeiro ano da legislatura, ficando em vigor até o final do primeiro ano da legislatura subseqüente, o orçamento anual aprovado no fim do ano para o ano seguinte e a lei de diretrizes orçamentárias propriamente dita, aprovada no meio de todos os anos, estabelecendo as diretrizes para o orçamento que será elaborado no fim do ano. No entanto, a sessão legislativa como um todo não é interrompida durante o ano, visto que ou a ordinária ou a extraordinária estarão em funcionamento, sendo apenas encerrada no dia 22 de dezembro. O Congresso Nacional somente aprova o projeto de lei, não cabendo ao mesmo editar, sancionar ou promulgá-la. A aprovação da lei de diretrizes orçamentárias deve, então, ser aprovado rigorosamente até o dia 17 de julho, visto que o parágrafo segundo do art. 57 proíbe o encerramento sem a aprovação doorçamento. Há hipóteses de convocação extraordinária do Congresso Nacional durante a sessão legislativa extraordinária: Pelo presidente do Senado Federal: estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal, e posse do presidente e do vice-presidente da República. No entanto, no dia da posse do presidente e do vice, não se tem ainda o presidente do Senado Federal, visto que a posse do mesmo só se dá em 2 de fevereiro. Assim, quem assume é o senador mais velho do Senado Federal, que continua presidente até a eleição da mesa. § 6º - A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de 11 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- Presidente- Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 7º - Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. O Congresso Nacional só deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, com uma exceção. Se houver medidas provisórias em vigor, elas serão automaticamente incluídas na pauta. § 8º - Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. Período legislativo é o lapso temporal relativo ao funcionamento ordinário do Congresso Nacional entre o início e a interrupção da sessão legislativa ordinária ou entre o reinício e encerramento da sessão legislativa ordinária. Uma sessão legislativa tem dois períodos legislativos. A sessão é a reunião parlamentar, podendo ser ordinária ou extraordinária. De 14 às 19h na Câmara dos Deputados e de 14 às 18:30h no Senado Federal. Uma sessão extraordinária é a que ocorre em qualquer tempo durante a sessão legislativa extraordinária ou a que ocorre durante a sessão legislativa ordinária fora do horário respectivo. A comissão de representação será eleita pelas duas casas. Funcionamento do Poder Legislativo 1.3.2) Ilustração: o caso dos royalties do petróleo Para derrubar veto, é necessário maioria absoluta. Ler : arts. 49, 50, 51 e 52. 28/08/2014, às 7:50. 12 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Quóruns de deliberação: • Maioria Simples: É quando é necessária a aprovação de 50% dos votos dos parlamentares presentes à sessão, mais um ou mais meio (se a metade for fracionada); • Maioria Absoluta: Ocorre quando é necessária a aprovação de 50% dos votos dos parlamentares, mais um ou mais meio (se a metade for fracionada), mas a grande diferença para a Maioria Simples é que a metade exigida é em relação a todos os membros que compõem a Casa, e não apenas dos presentes; • Maioria Qualificada: É apenas utilizada para normas especiais, ocorre quando é necessária a aprovação por mais votos do que os da maioria simples. Normalmente se estabelecem dois terços, ou de três quintos dos votos (a partir do número total de componentes da casa) para a aprovação do que foi proposto. Não existe projeto de emenda, e sim proposta de emenda. Assim como não existe proposta de lei, somente projeto de lei. Uma PEC só é aprovada se votada por 3/5 em dois turnos nas duas casas. No fracionamento dos membros para a formação dos quóruns, caso o cálculo dê um número decimal de até 0,5 arredonda-se pra baixo. Maior que 0,5 o arredondamento é para cima. A maioria é absoluta para a instalação da sessão e maioria simples para as votações, salvo quando a Constituição estabelece algo mais rigoroso. 1.4. Competências do Poder Legislativo Há 4 hipóteses: Competência normal - competência do Congresso Nacional com sanção presidencial. Essa competência é a que normalmente ocorre salvo disposição em 13 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca contrário, sendo regra geral - art. 48. Para art. 48, VI o Congresso precisa da aprovação de lei complementar. IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; Competência União DF Org. administrativa CN CLDF Org. judiciária CN CN Org. do Ministério Público CN CN Org. da Defensoria Pública CN CLDF Art. 32, § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. A fixação de subsídio , visto que importa uma revisão de repasse de verba muito grande. Outras fixações ficamos de subsídio são feitas pelo Congresso Nacional sem a sanção do presidente. O subsídio dos ministros do supremo é o teto do salário do serviço público nacional em qualquer nível federativo, servindo de parâmetro para cálculo dos demais. O subsídio não é adicionável, não admitindo gratificações ou quaisquer outros valores acima do subsídio. No entanto, permite auxílios. Art. 49. O Congresso Nacional vai deliberar sobre a questão nas duas Casas, não estando submetidos à sanção do presidente. I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; O Congresso Nacional na verdade resolve sobre qualquer tratado, qualquer acordo e atos internacionais que acarretem. O Congresso Nacional não vota lei, apenas projeto de lei. 14 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; A autorização do Congresso não implica obrigatoriedade do ato, visto que quem executa de fato é o presidente caso considere pertinente. III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; É uma norma de pré-ordenação, ou seja, os Estados quando estabelecem que o governador do estado e seu vice vão se ausentar devem observar o período mínimo de 15 dias, tal como a CR estabelece para o Presidente e vice. IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; O Congresso Nacional poderá ser convocado durante a sessão legislativa extraordinária para aprovar ou não estado de sítio ou intervenção federal via decreto legislativo - é uma hipótese de convocação extraordinária. V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; A lei cria hipóteses de obrigações e direitos mas muitas vezes demanda regulamentações, sem criar novos direitos ou novos deveres. Se faz isso, exorbita do poder regulamentar. O congresso nacional vai poder suspender a validade e execução dessa lei regulamentar. Pode delegar a competência para o presidente para regulamentar determinado ato. Quando o CN delega via decreto legislativo ao presidente e ele edita uma lei delegada, tal lei delegada pode exorbitar o ato da delegação. 15 Caderno de DireitoConstitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; (exercício de função fiscalizatória) XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. § 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante 16 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. § 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. - Norma de pré-ordenação. Art. 51. Compete privativamente (exclusivamente, visto que são competências não delegáveis) à Câmara dos Deputados: (Sem o Senado e sem o Congresso Nacional) I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. O Conselho da República praticamente não tem função. Seção IV DO SENADO FEDERAL Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; PR, VPR, MSTF, MCNJ, MCNMP, PGR e AGU -> crimes de responsabilidade 17 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Ministro de Estado e Comandante das Forças Armadas -> Crimes de mesma natureza conexos com os do PR e VPR. O Procurador Geral da República é o cabeça do Ministério Público. O advogado geral da União é nomeado pelo Presidente da República , tendo status de ministro do Estado. II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; Senado: aprova (sabatina) escolha prévia, em escrutínio secreto (mas em sessão aberta): - magistrados - MTCU - 1/3 (escolha pelo PR) - governador de território - presidente e diretores do Banco Central - PGR - outros cargos. III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 18 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Faz sentido no controle difuso, visto que o Senado pode fazer com que a decisão do STF tenha efeito erga omnes. No controle concentrado isso não faz sentido, visto que a decisão do STF já possui efeitos erga omnes. XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 19 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca O julgamento feito no âmbito do Senado ocasiona, no máximo, a perda do cargo e inabilitação por 8 anos para exercício da função pública,no entanto sem prejuízo das demais sanções que poderão ser aplicadas pelo judiciário. Se a câmara dos deputados já autorizou a instauração do processo por crime de responsabilidade, ainda que se renuncie antes da conclusão do processo as sanções previstas são aplicadas. Data: 04/09/2014. 1.5. Comissões parlamentares Existem comissões com finalidades específicas a partir das quais uma série de atribuições das Casas Legislativas são exercidas. 1.5.1) Permanentes e temporárias. Temporárias: > Especiais > de inquérito > de representação (art. 58, parágrafo 4) Temporárias terão funções, competências próprias. As permanentes funcionam segundo uma cartilha mais fechada prevista na Constituição. 1.5.2) Art. 58, parágrafo segundo: COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES: a) apreciar as questões que dispensam o exame do Plenário (questões estão discriminadas no Regimento Interno). 20 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Algumas questões não são levadas para a apreciação do Plenário. Isso não é a regra, é excepcional. COMPETÊNCIA TERMINATIVA DAS COMISSÕES: elas encerram a questões sozinhas, sem o Congresso Nacional. Pode existir um interesse político para a apreciação do Plenário. A casa não ficará engessada por essa previsão. Pode ser levada ao Plenário mediante recurso de, no mínimo, UM DÉCIMO dos membros. Podem ser derrogadas contingentemente, por interposição de recurso. A Constituição não diz quais são as questões! Esse recurso tem um prazo de 48 horas: isto está previsto nos dois regimentos. b) Realizar audiências públicas com a sociedade civil (as comissões fazem sozinhas, no âmbito da comissão). c) (a comissão no nome dela, e não a casa) recebe (de qualquer fonte) reclamações, petições, representações ou queixas. d) tomar o depoimento de qualquer cidadão ou autoridade. f) apreciar programas de obras (quaisquer que sejam) e planos de desenvolvimento (quaisquer); g) Convocar Ministro de Estado ou dirigente diretamente subordinado à Presidência da República para prestar informações, implicando crime de responsabilidade o não comparecimento. NORMA DE PRÉ-ORDENAÇÃO. São competentes para convocar, os plenários E as suas comissões. 1.5.3 CPI (parágrafo terceiro). 21 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca São comissões investigativas, profundamente políticas. Essa é a pretensão da Constituição. A estrutura do Poder Legislativo se ordena pela lógica política. Não é uma investigação como as do âmbito jurisdicional. Existe uma motivação política até para fazer uma CPI. Parágrafo terceiro: as Comissões que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos, serão criadas pela CD ou SF mediante um terço de seus membros para a apuração de fato determinado e por prazo certo. Conclusões, se for o caso, serão encaminhadas ao Ministério Público. Ele promove responsabilidade civil ou penal, as comissões não. Pode ser criada no âmbito da CÂMARA DOS DEPUTADOS, DO SENADO FEDERAL OU CONGRESSO NACIONAIS (CPIs MISTAS): REQUISITOS: a) Requerimento de um terço dos membros da CD, SF ou CN OBS: STF entende que as CPIs consubstanciam direitos públicos subjetivos das minorias. Por isso, não se faz necessária a intervenção de qualquer maioria para constituição de CPIs. Derrubou disposições regimentais que estabeleciam quóruns maiores. 1/3 é o quórum máximo. Ressalva: CD, no seu regimento, estabelece que podem funcionar concomitantemente até 5 CPIs. Se uma sexta CPI for constituída, ela não entra em funcionamento até que uma das 5 seja encerrada. Isso foi impugnada. Se o entendimento é direito público das minorias, como podemos limitar o número de CPI sem cercear possibilidades? 22 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca STF entendeu que não havia violação à razoabilidade; 5 é um bom número. Essa disposição não é inconstitucional, portanto. b) fato determinado. (apreciação de fato determinado). Vem determinado no requerimento de constituição (referente a letra a). Traz descrição do fato determinado que será investigado. Exemplo: não se pode fazer CPI para investigar as contas públicas. Não haverá fato específico. OBS: é possível a alteração do fato determinado em seguida a constituição do CPI? NÃO! Para que um fato que não tem nada a ver com a CPI substitua o outro, é preciso encerrar atividade da CPI e começar outra. Jurisprudência do STF i) MAS o STF admite o aditamento do requerimento para aperfeiçoar a CPI. É possível acrescentá-lo! É possível o aditamento do fato, mediante o aditamento do requerimento, mas não a completa alteração de sua matéria. ii) As CPIs podem apreciar qualquer fato determinado? Esse fato deve guardar relação com gestão CPI do Congresso relaciona-se a fato determinado que tenha a ver com gestão da coisa pública em âmbito federal. Assembleias, em âmbito estadual. Câmaras, municipal. É tênue. Se houver mínimo interesse federal, o Congresso Nacional pode investigar. iv) é possível que o objeto da CPI consista em um objeto a determinar? Que não seja totalmente determinado? Um fato determinável e orientará a investigação, mas só ao longo da investigação que será totalmente determinado, pois há impossibilidade disso ser feito antes. É possível completar a determinação ao longo das investigações. 23 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Mas se o fato já for determinável antes das investigações, isso não pode ser feito. É preciso ter uma boa justificativa. É isso que o STF permite. Complementação deve ocorrer antes de finalizar as investigações. Então, isso será feito sem o aditamento do objeto. c) Prazo certo. OBS: é possível prorrogar. O prazo é certo, mas ele pode ser prorrogado mediante justificativa. O STF certa. Na Câmara dos Deputados o prazo de uma CPI está prevista no Regimento Interno. Serão 120 dias. Não há liberdade para estipular o prazo, pois ele é regimental. A prorrogação será por mais 120 dias, mediante justificativa. No Senado, o requerimento de constituição especificará o prazo certo, pois esse prazo não é previsto no regimento. As CPIs não podem funcionar até terminar as investigações. Elas tem de ter prazo certo. Pode prorrogar quantas vezes quiser, mas o limite é o fim da legislatura, pois é uma comissão temporária. Comissões temporárias não subsistem ao fim da legislatura. -Poderes: Não é qualquer poder. O que quer dizer quando diz poderes de investigação? É um problema: "Poderes de investigação próprios dos juízes". Mas no Brasil os juízes não investigam. ADI 1570 -> Lei 9034/95. Essa lei foi considerada parcialmente inconstitucional, pois atribuía poderes de investigação para os juízes. STF entende que quando a Constituição menciona poderes de investigação, ela quer dizer PODERES DE INSTRUÇÃO. Então ela não investiga, mas instrui. Está muito sedimentado na doutrina quais são os poderes instrutórios dos juízes. Tecnicamente, o termo que se utiliza é instrução. À rigor, juiz não investiga. Isso não inclui outros poderes que não os instrutórios. Não há poder de julgamento, por 24 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca exemplo.STF não permite a outorga de todos os poderes instrutórios. Alguns as CPIs tem, outros não. As CPIs podem: 1) quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados, inclusive telefônicos. Ressalva: quebra de sigilo de dados telefônicos NÃO é interceptação telefônico. Quebra de sigilo: acesso aos dados de contrato com a empresa de telefonia. Nome dos pais, CPF,RG. Geralmente estão no sigilo fiscal e bancário também. Registro dos números que ligaram e para quem se ligou. Não existe acesso às conversas, pois isso seria interceptação. Bancário: movimentação financeira, os extratos. Fiscais: movimentações contábeis. 2) Realizar a oitiva de investigados e testemunhas. Não é simplesmente realizar a oitiva. É poder realizar, inclusive sob a possibilidade de condução coercitiva (sob vara). Não há opção de ir. Os investigados tem direito a silêncio, pois não precisa ser obrigado a produzir prova contra ele mesmo. Mas não à ausência. Não há, no entanto, direito a mentir. Se resolver responder, deve falar a verdade. Testemunhas, no entanto, não possuem o direito de ficar calado. CPIs não podem determinar prisão preventiva ou temporária. Só prisão em flagrante, pois qualquer um pode fazer isso. Já houve casos da pessoa sair presa da CPI por crime de falso testemunho. CPI só prende nesses casos. Difícil que haja determinação de prisão em flagrante, salvo nesses casos. 25 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca 3) Determinar buscas e apreensões genéricas. CPIS não podem, de acordo com o STF: 1) Determinar prisão temporária ou preventiva. 2) Restringir a saída do investigado da comarca ou do país. 3) Determinar constrição sobre bem: não podem determinar arresto, sequestro, impedimento, penhora ou hipoteca judicial. (não é preciso decorar a lista). 4) Quebrar o segredo de justiça. Se existe, por exemplo, um processo judicial que tramita em segredo de justiça (não é público), não podem determinar a abertura do processo. (CPI é sempre pública, pois objeto dela sempre diz respeito à gestão da coisa pública). Exemplo: nunca vai ser um crime sexual, uma questão conjugal, por exemplo... 5) Reserva de jurisdição (leitura que STF faz da Constituição): art. 5, inciso 11. A casa é asilo inviolável do indivíduo. Ninguém pode penetrar sem consentimento do morador. Lista exceções. Quando busca e apreensão por domiciliar, CPI não pode fazer, pois a constituição diz que é judicial. > Busca e apreensão domiciliar (art. 5, XI) e Inciso XII: inviolável o sigilo das cartas e sigilo telefônico (interceptação). O STF acha que os dados não dizem respeito aos dados telefônicos (pode haver quebra pela CPI)., Só pode ser feito por determinação judicial. CPIs não podem! > Sigilos de correspondência, telegráfico e telefônico (art. 5, XII). Conversas telefônicas nos jornais: 26 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca > Ordem judicial > Meios clandestinos > Algum dos participantes ofereceu a conversa O que as CPIs fazem no final, encerradas as investigações? Encaminham o resultado ao Ministério Público. É ele que levará adiante a responsabilização civil ou penal. A CPI não responsabiliza ninguém. quem se ligou. Não existe acesso às conversas, pois isso seria interceptação. Data: 11/09/2014, às 7:45h. 1.6.) Estatuto jurídico dos parlamentares. 1.6.1) Imunidades - Material A imunidade material começa a vigorar a partir da posse. Tomam posse os parlamentares nas reuniões preparatórias da primeira sessão legislativa da primeira legislativa, que ocorre no dia primeiro de fevereiro. Assim, a partir desse momento estão materialmente imunes. Não há disposição expressa a esse respeito na Constituição. No entanto, parte-se do entendimento que essa imunidade está diretamente ligada ao exercício do mandato, sendo adequado que comece a vigorar a partir da posse do parlamentar. - Formal Os parlamentares (deputados federais e senadores) só podem ser presos em flagrante por crime inafiançável. Imunidade formal com relação à prisão é o fato jurídico da impossibilidade de prisão, salvo em flagrante de crime inafiançável. Caso seja pego em tais circunstâncias,isto é, em flagrante e cometendo crime inafiançável, a autoridade policial deve encaminhar os autos relativos à 27 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca prisão para a Casa legislativa (Câmara dos Deputados ou Senado Federal, dependendo do cargo que ocupe), que irá deliberar acerca da prisão, podendo relaxá-la (a partir da decisão da maioria absoluta). A autoridade policial possui 24h para encaminhar o processo à Casa Legislativa. Caso não o faça, a prisão será automaticamente relaxada. A imunidade formal estende-se aos senadores, deputados federais e distritais. O vereador não possui em nenhum contexto imunidade formal em relação à prisão. Palavras, votos e opiniões por eles proferidas na circunscrição territorial do município. STF: prevê a hipótese de prisão decorrente de sentença criminal condenatória transitada em julgado. Diferentemente do que ocorre no caso de prisão em flagrante por crime inafiançável, tal hipótese não admite deliberação da Casa a respeito da prisão do indivíduo, sendo esta automática e terminativa. O crime pode ter ocorrido antes ou depois do mandato, advindo a sentença durante o mesmo. Nesse caso, trata-se de prisão pena, e não apenas uma prisão cautelar. A imunidade formal com relação à prisão se inicia a partir da diplomação do parlamentar, isto é, a partir da contabilização de seus votos válidos e reconhecimento pela Justiça Eleitoral dos candidatos eleitos, conforme disposição expressa da Constituição da República (art. 53, parágrafo 2º). b.2) com relação ao processo: a possibilidade de a Casa Legislativa respectiva sustar a ação penal por crime praticado após a diplomação. A suspensão da ação penal não pode ocorrer por crime ocorrido antes da diplomação, ainda que ação penal decorrente do mesmo se inicie durante o período de vigência da imunidade. Até o ano de 2001, qualquer ação penal por crime ocorrido após a diplomação só poderia se iniciar com a autorização da Casa. Se a Casa não se manifestasse favoravelmente, a ação penal sequer era iniciada. O que ocorria era a não manifestação da Casa, nem em sentido contrário, nem em sentido favorável, visto que não era vantajoso aos seus membros a tomada de posicionamento a respeito do caso. A partir da EC 35/2001 a autoridade judicial competente pode receber a denúncia e iniciar a ação penal a qualquer tempo, havendo posteriormente a prerrogativa da Casa suspender a execução da mesma. Em caso de crime praticado antes da diplomação, e se após a mesma houver ação penal em curso, 28 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca os parlamentares serão julgados perante o STF. Existe foro privilegiado, mas não há imunidade formal em relação ao processo. O STF, ao receber a denúncia, dá ciência à Casa Legislativa respectiva. A partir da tomada de ciência, qualquer partido político representado na Casa poderá, se quiser, provocar a Mesa para que esta inclua em sua pauta de votação o pedido de suspensão. Não há prazo para tal provocação por meio do partido político, no entanto a Mesa tem 45 dias para incluir em votação o pedido feito. A Mesa não pode incluir de ofício, é necessário haver anterior provocação pelo partido político. O quórum para sustar a ação penal é maioria absoluta. Tal situação encontra-se prevista no parágrafo terceiro do art. 53. No caso prática de crimes em concurso de pessoas (parlamentares e não parlamentares), afirma o STF que a combinação das ações perante foro privilegiado é cabível nos casos de conveniência da instrução processual. Nesse caso, o foro privilegiado é comunicado aos demais agentes que no crime atuaram, sendo todos julgados perante o mesmo juízo, em um único processo. Se não houver tal conveniência, haverá desmembramento do processo, sendo alguns julgados perante o STF e os demais perante a justiça comum. Caso no curso da ação a Casa Legislativasuspenda o andamento do processo para seus parlamentares, haverá desmembramento: os não parlamentares terão sua ação penal continuada, e está será passada a um juiz comum. Caso haja suspensão da ação, a prescrição fica também suspensa, sendo retomada após o término da imunidade formal. Se estende aos deputados federais e distritais, não sendo ampliada para os vereadores. Seção V DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º - Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. § 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os 29 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º - As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. - Outras imunidades Os parlamentares estão dispensados da obrigação, mesmo em juízo, de divulgar qualquer depoimento a eles prestado no exercício do mandato. Os parlamentares não possuem a obrigação de divulgar depoimentos prestados, muitas vezes em sigilo, nem a autoria dos mesmos. Tal imunidade é denominada imunidade testemunhal e está prevista no art. 53, parágrafo sexto. Os parlamentares, mesmo em tempos de guerra, só poderão ser incorporados às forças armadas a partir da prévia aprovação da Casa respectiva, conforme dispõe art. 53, parágrafo 7o. A suspensão das imunidades só pode ocorrer a partir de decretação de estado de sítio, sendo necessário um quórum de 2/3 dos membros da Casa e por atos praticados fora do Congresso Nacional. As imunidades que recaem sobre atos praticados dentro do Congresso não são passíveis de 30 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca suspensão. Finalizado o estado de sítio, inexoravelmente também termina a suspensão da imunidade. - Impedimentos (art. 54 CR) Dizem respeito às situações nas quais eles estão impedidos de se inserirem. Após a diplomação, eles não podem firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público nem com demais entidades que tenham qualquer relação com o âmbito público. Também não poderão ocupar cargos com os entes citados, ainda que sejam demissíveis ad nutum (podem ser demitidos sem qualquer justificativa). Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; II - desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. 31 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca INÍCIO DA MATÉRIA DA SEGUNDA PROVA Data: 25/09/2014, às 7:50h. 1.7. Perda do mandato Após a diplomação Após a posse Imunidade formal Imunidade material Foro privilegiado Impedimentos do inciso II, art. 54 Impedimentos do inciso I, art. 54 Após a diplomação, incide a imunidade formal, que é uma prerrogativa panprocessual de que os parlamentares do Congresso Nacional sejam julgados pelo STF. Crime praticado antes da diplomação: parlamentar poderá ser processado e julgado normalmente pelo STF Crime praticado após a diplomação: o STF processa e julga normalmente, porém, a pedido de partido político com representação na Casa respectiva, esta poderá sustar o andamento da ação penal. Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; 32 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição ; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. § 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013) § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. - Perda do mandato: hipóteses previstas na CR/88, art. 55 : 1) impedimentos 2) falta de decoro parlamentar 3) ausência em mais de um terço das sessões ordinárias em uma mesma sessão legislativa ordinária 4) perda ou suspensão dos direitos políticos 5) decretação pela Justiça Eleitoral 33 Caderno de Direito ConstitucionalII – Júlia de Oliveira Fonseca 6) sentença criminal condenatória transitada em julgado A falta de decoro parlamentar diz respeito ao abuso de prerrogativas ou percepção de vantagens indevidas. Essas hipóteses foram previstas na Constituição para de alguma forma acelerar a perda de mandato antes de exaurir as instâncias criminais, já que tais hipóteses se configuram como crime. No entanto, na prática, não se verifica a perda de mandato por incorrência em tais circunstâncias, visto que sempre quando ocorre decoro parlamentar, se recorre a todas as instâncias judiciais. - Formas de operacionalização a) Decisão da Casa: hipóteses 1, 2 e 6. - Maioria absoluta: partido político representado na Casa b) Declaração da Mesa: hipóteses 3, 4 e 5 - de ofício, por partido político representado na Casa, ou por qualquer parlamentar. As hipóteses de perda do mandato operacionalizáveis por meio de decisão da Casa não incidem automaticamente no sentido de necessariamente ensejar a perda do mandato. O que permite, portanto, concluir que apesar de configurada a hipótese, a perda do mandato não é necessariamente consolidada. A Casa pode decidir que apesar de incorrer naquela situação, o parlamentar não perderá o mandato. A provocação pode ocorrer a partir de iniciativa de partido político representado na Casa. A Mesa, apesar de poder tomar essa iniciativa de acionar o plenário para que ele decida sobre a perda de mandato, só o faz na prática caso algum partido político se manifeste. O quórum é de maioria absoluta para decidir sobre a perda. Deveria haver a perda de mandato caso a maioria da Casa não decidisse contra isso. Nos casos de perda a partir da declaração da Mesa, não há propriamente um produto decisório, um espaço discricionário, o que ocorre é que verificada e declarada a hipótese, o parlamentar perderá o mandato, não havendo outra alternativa. A Mesa pode ser provocada a declarar a perda de mandato por ela 34 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca mesma (de ofício), por partido político representado na Casa ou por qualquer parlamentar. Em regra, quando há sentença criminal condenatória transitada em julgado, a perda de mandato se dá por decisão da Casa, à luz do art. 55/CR. Nos casos em que o parlamentar tiver sido condenado em regime fechado por tempo superior ao exercício do mandato, não haverá que se deliberar sobre a manutenção do mandato, isto é, não deve haver decisão da Casa, e sim declaração da Mesa. Essa decisão é questionável, visto que há uma quebra da prerrogativa institucional da Câmara dos Deputados. Caso Donadon e STF – decisão: A deliberação anterior pela perda foi anulada, mas foi incluída em pauta novamente na própria Casa (ao invés de ir para a Mesa, conforme decisão do STF), decidindo agora a favor da perda do mandato de Donadon. Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: a) ministro de Estado; governador de Território, secretário de Estado, secretário de Território, secretário de capital de Estado e chefe de missão diplomática. Nesses casos, ele terá de escolher qual remuneração deseja receber: a de parlamentar ou a do novo cargo que ocupa. Nos casos de Ministro de Estado, Governador de Território e Secretário de Território é bem provável que o parlamentar não queira abrir mão de seu vencimento primário, visto que há equivalência entre salários. Nos demais cargos, é provável que ele opte pela percepção do salário desse novo cargo. Os territórios estão incluídos e é possível que um cargo âmbito municipal pode ser ocupado por um parlamentar sem que ela perca o mandato, desde que o município seja a capital do estado. b) licença por saúde ou interesse particular. Se o parlamentar se licencia por alguma dessas hipóteses, ele não perde o mandato. A legislação infraconstitucional estende o rol de licenças estendida sem que isso implique violação à Constituição. A licença por interesse particular é uma questão de foro íntimo, sem necessidade qualquer justificativa. No entanto, nesses casos, não há 35 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca remuneração e não pode ser por um período superior a 120 dias por sessão legislativa ordinária. O suplente se refere ao assistente que assumirá o assento quando este estiver reclamando preenchimento, substituindo o titular que por algum motivo não está o ocupando. A suplência ocorre quando se verifica: 1) a vaga, que se dá em três hipóteses: falecimento do titular, renúncia e perda do mandato. Fará jus a todas as imunidades do parlamentar titular; 2) inciso 1, art. 56; 3) licença superior a 120 dias: Assim, observa-se que só ocorre suplência por licença por motivos de saúde, visto que por interesse particular há um limite de 120 dias e o suplente apenas assumirá em casos de verificação de ausência num prazo superior a esse. É possível que os suplentes não estejam disponíveis ou ainda que não haja suplentes. Existem regras regimentais para a posse de membros do partido que tenham se submetido às eleições nas quais o titular foi eleito, em atenção à lista fechada do partido. Quando não for possível a suplência, o assento fica vazio, salvo se o mandato durar ainda mais de 15 meses. Caso dure, serão feitas eleições apenas para o preenchimento daquele cargo. E se antes de efetivamente o parlamentar perder o mandato, ele renuncia? Os pedidos de renúncia apresentados depois da decisão da Casa ou declaração da Mesa quanto à perda do mandato só serão apreciados após encerrados esses procedimentos. Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. 36 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca § 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. § 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. § 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato. Unidade 2: Processo Legislativo 2.1) Conceito e classificações: Processo legislativo é o conjunto de regras que disciplinam a prática dos atos concatenados necessários à elaboração das figuras normativas primárias. Existe na CR um conjunto processual legislativo disciplinando uma série de atos organizados em seqüência para que sejam produzidos com eficácia as figuras normativas primárias e secundárias. Emendas à Constituição, leis ordinárias, complementares, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções são exemplos de figuras normativas primárias. Para que se produza alguma dessas figuras normativas, se elaborando validamente tais atos, é necessário que se atente ao conjunto de regras relativas aos atos organizados em seqüência (concatenados). Os decretos expedidos por Poder Executivo no exercício de poder regulamentar são figuras normativas secundárias. Apesar de estarmos dizendo que as figuras normativas primárias são todas aquelas dispostas no art. 59, é importante notar que isso só se aplica às normas em âmbito federal. Os processos legislativos estaduais e municipais têm peculiaridades próprias, mas nem por isso podem ser enquadrados como figuras normativas primárias. Somente as figuras normativas primárias inauguram direitose deveres no ordenamento jurídico, ou seja, só elas inovam. As secundárias procedimentalizam, desdobram, esmiuçam os direitos e deveres já estabelecidos pelas figuras normativas primárias. 37 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Figuras normativas primarias: art. 59, CR/88 (inovador) Figuras normativas secundárias: as demais. Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Temos quanto à espécie dois tipos de processo legislativo: ordinário (normal, residual) e o especial . O ordinário refere à elaboração das leis ordinárias, e o processo legislativo especial é relativo a elaboração de todas as outras figuras legislativas primárias. Em relação aos ritos, tem-se o ordinário e o sumário. O rito ordinário é a regra geral relativa ao processo legislativo ordinário, que é a espécie atinente à elaboração de leis ordinárias. O rito sumário, dentro do processo legislativo ordinário, é aquele abreviado, fora da regra geral. Espécies: ordinário e especiais Ritos: ordinário e sumário Data: 02/10/2014, às 7:43h. 38 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Unidade 2: Processo Legislativo ≈ Conceito ≈ Tipos: ordinário (LO) / especial (demais espécies primárias) ≈ Ritos: ordinário/sumário ≈ Figuras normativas - primárias ≈ Espécies normativas - secundárias Fases: a) Introdutória: deflagração do procedimento (iniciativa). Iniciativa é a prerrogativa conferida constitucionalmente a determinada autoridade para a deflagração do processo legislativo. O processo legislativo precisa ser inicialmente impulsionado. Como exemplo, cita-se a fixação de subsídios aos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Apresenta-se o projeto de lei que será submetido à apreciação do Congresso Nacional, para depois estar sujeito à sanção presidencial. b) tramitação e conclusão legislativas (em caso de necessidade de sanção presidencial, essa se dará na etapa de conclusão). Em seguida a constituição da figura normativa primária, complementamos o processo legislativo com dois atos, sendo eles: - Promulgação: é o ato meramente formal de atestado . É o ato formal de atestado da existência da figura normativa primária já constituída. O ato normativo já existe e é válido. - Publicação: a oficialização da promulgação no veículo público de comunicação adequado. A partir daí, o ato normativo adquire eficácia. Há várias formas da chamada mudança constitucional,sendo elas: 39 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca - mudança constitucional institucional: ocorre dentro do sistema constitucional, sem que ocorra ruptura com a ordem vigente. É preciso estar atento aos limites e ao procedimento que a própria constituição estabelece para isso. Pode ser denominada pela expressão reforma constitucional e se divide em duas modalidades: • revisão constitucional: é a mudança constitucional institucional que, normalmente situada em um momento histórico específico, enseja alterações na Constituição mediante um procedimento simplificado. (Art. 3º, ADCT). Em um momento específico poderá alterar a Constituição mediante um processo facilitado, menos rigoroso, previsto pela própria Constituição prevê. É a exceção da mudança constitucional institucional. • reforma propriamente dita (stricto sensu) - denominada emenda constitucional: é a mudança constitucional institucional que enseja alterações na Constituição mediante um procedimento especial rigoroso. É a mudança que ocorre em atenção ao procedimento especial rigoroso, sendo a regra da mudança constitucional institucional. É a figura normativa primária que consubstancia uma mudança constitucional institucional em atenção ao procedimento especial rigoroso previsto na Constituição (que é a regra da reforma constitucional) - mudança constitucional não institucional: é aquela que quebra e rompe com o ordenamento jurídico anterior. O processo legislativo se presta à elaboração de figuras normativas primárias, que se encontram listadas taxativamente no art. 59/CR. Art. 59.: O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; Há uma qualificação constitucional expressa para estas. III - leis ordinárias; 40 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca É a figura normativa primária feita por meio do processo legislativo ordinário. Dentre as figuras normativas primárias que comportam o processo legislativo, a lei ordinária é o produto obtido quando a Constituição não faz menção específica a nenhum outro. Nesse sentido, possui caráter residual. IV - leis delegadas; Editada diretamente pelo Poder Executivo. O poder legislativo delega a competência via resolução para o Executivo. Há inúmeras matérias, no entanto, que no tem ser delegadas. A lei editada pelo Executivo deve estar nos termos da resolução delegatória. V - medidas provisórias; Sua eficácia decai após um período. Essa competência é exercida pelo Executivo, sem delegação. VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Sem a participação de qualquer outro ente. O que muitas vezes diferencia decretos e resoluções é a matéria. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. 2.2. Emendas Constitucionais 2.2.1) Fase introdutória: Quais autoridades a Constituição confere prerrogativa para deflagrar uma proposta de emenda constitucional? Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; - ocorre com maior freqüência; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A PEC é recebida pela Mesa. Qual mesa? Em regra, a mesa da Câmara dos Deputados. 41 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca Excepcionalmente, o processo legislativo começará no Senado. A proposição legislativa é o veículo de tramitação legislativa vocacionado a se transformar em figura normativa primária. A proposição legislativa para a edição de uma emenda constitucional é denominada PEC. Em relação à emenda constitucional, fala-se em proposta. Quanto às leis ordinárias, resoluções, leis complementares, fala-se em projeto. 2.2.2) Fase constitutiva: Mesa da Câmara dos Deputados --------> encaminhada para a Câmara de Constituição e Justiça da CD. A CCJ elabora parecer quanto à ADMISSIBILIDADE da PEC. O relatório feito pela Mesa será posteriormente traduzido em um parecer a respeito da admissibilidade da PEC, analisando se a PEC preenche os requisitos necessários para sua tramitação. Esse juízo de admissibilidade feito pela CCJ não analisa apenas os requisitos formais, mas também os materiais. A CCJ possui um prazo de 5 sessões para emitir seu parecer. A CCJ, no seu juízo de admissibilidade da PEC, avalia sobretudo, a) a iniciativa: avalia se a autoridade que a apresentou é alguma das constantes no caput do art. 60, incisos I a III. b) os impedimentos circunstanciais. A Constituição proíbe ser emendada em casos de estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal (art. 60, parágrafo 1º). c) impedimentos formais. A Constituiçãoproíbe que seja reapresentada PEC com mesmo conteúdo, na mesma sessão legislativa, se uma PEC anterior com a mesma matéria tenha sido rejeitada ou tida como prejudicada. (Art. 60, parágrafo 5º). d) Impedimentos materiais (art. 60, parágrafo 4º): há análise do CONTEÚDO da PEC, cabendo recurso. Quem tem por último a competência para decidir a respeito de inadmissibilidade é o plenário da Casa. O recurso deve ser apresentado por, no mínimo, 1/3 dos membros da Casa. 42 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; não é cláusula pétrea o voto obrigatório, portanto isso pode ser alterado III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. São direitos e garantias fundamentais, não se excluindo daí os sociais e coletivos. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Data: 09/10/2014, às 7:38h. 2.2) Processo especial de emendas à Constituição 2.2.1) Rito especial 2.2.2) Controle jurisdicional A emenda à constituição é uma figura normativa primária que se consubstancia na mudança constitucional institucional (alteração da constituição dentro do sistema, feita nos termos da própria Constituição). O rito especial começa com a fase introdutória denominada iniciativa. Emendas à Constituição: art. 60, CR/88 : 43 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca 1) Iniciativa (PEC): 1/3 dos membros da CD ou do SF; Presidente da República ou mais da metade das assembléias legislativas (manifestando-se por maioria relativa). Em regra, a Mesa que recebe é a da Câmara, mas é possível excepcionalmente que seja a do Senado (quando a iniciativa parte de 1/3 dos membros do Senado). É distribuída à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que terá 5 sessões para emitir um parecer sobre a respeito da admissibilidade da PEC (não há análise de mérito, no entanto não é um parecer que necessariamente se furte da análise do conteúdo). 2) Constitutiva: CCJ da CD -> parecer: juízo de admissibilidade (Prazo de 5 sessões). 1. Iniciativa: art. 60, "caput". I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 2. Circunstância: art. 60, parágrafo 1º - a Constituição não pode ser emendada sob estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal. Caso haja a iniciativa a PEC ficará arquivada diante da impossibilidade de deliberação acerca de sua aprovação, havendo a retomada de seu trâmite após o encerramento da circunstância que motivou seu arquivamento. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 3. Impedimento: art. 60, parágrafo 5º - na mesma sessão legislativa ordinária não poderá se apresentar novamente PEC que tenha sido rejeitada ou tida como prejudicada. Sua recusa, no entanto, poderá ser total ou parcial, uma vez que há a possibilidade de se rejeitar apenas a parte anteriormente apreciada. 44 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 4. Limites materiais (cláusulas pétreas): art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Uma eventual emenda que venha estabelecer o voto facultativo é admissível, visto que a obrigatoriedade do voto não é uma das cláusulas pétreas constitucionais. O STF entende que a Constituição, ao falar de direitos e garantias individuais quer dizer direitos e garantias fundamentais. Nesse sentido, não há um limite constitucional que exclua os direitos e garantias coletivos. As propostas não são avaliadas quanto a sua admissibilidade a partir de um conteúdo estanque. O limite é só no que tende a abolir uma das cláusulas pétreas, sendo possível uma PEC que proponha novos direitos fundamentais, por exemplo. Em caso de inadmissão da PEC: recurso ao plenário (quórum de 1/3 dos membros da CD. Apesar de ele de fato ser interposto por 1/3 dos membros da CD, ele pode ser assinado pelos líderes (para a proposta de EC, não basta a assinatura dos líderes, apenas no recurso esse procedimento é cabível). Admissão após recurso ao plenário: criação de uma Comissão temporária, criada especialmente para apreciar a proposta anteriormente rejeitada pela CCJ. A Comissão especial fará um juízo de mérito, elaborando um parecer. Os deputados dessa comissão podem que não sejam relativos a qualquer requisito ou limite de admissibilidade, podendo julgá-la inconveniente ou inoportuna, por exemplo. O parecer da comissão especial não consubstancia uma decisão. É um parecer-recomendação que serve para munir o plenário dos argumentos necessários para que ele decida. O parecer da CCJ, ao contrário, 45 Caderno de Direito Constitucional II – Júlia de Oliveira Fonseca consubstancia em uma decisão, tanto decide que para rever sua decisão é necessário interpor recurso. A passagem da Comissão temporária ao plenário é automática, visto que não há decisão, é parte do procedimento legislativo. É possível apresentar "emendas" à proposta de emenda perante a comissão especial apenas nas 10 primeiras sessões. Para a apresentação de tais "emendas" é necessário a aprovação de no mínimo 1/3 dos membros. Comissão especial: parecer favorável ou não. |___ PLENÁRIO DA CÂMARA: Juízo de admissibilidade juízo de mérito Quando há muito interesse político, sobretudo por PEC apresentada pelo Presidente, o processo é bem rápido. Parte da apreciação como se fosse do zero, faz um juízo livre. Quórum: 3/5 . O quórum de instalação da sessão é de maioria absoluta (art. 47), e para aprovação da medida é de 3/5. Quórum para instalação - maioria absoluta, e quórum para deliberação - maioria relativa. É possível que tenhamos o quórum para instalar a sessão, mas não para instalar a deliberação sobre a PEC. Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Art. 60, § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. De acordo com o regimento interno, o procedimento será de dois turnos sucessivos em uma casa e dois turnos sucessivos na outra (CD-CD - SF - SF), havendo um lapso temporal mínimo de 5 sessões entre tais turnos. O STF já decidiu que o desrespeito a essa regra não
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