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DJULIE H. M. DE ANDRADE 1 Doenças exantemáticas Epidemiologia ⎯ Vasculite febril, predominantemente em crianças < 5 anos, com idade média de 3 anos e predomínio em meninos. Rara antes dos 3 meses. ⎯ Compromete vasos de calibre médio. Manifestações clínicas Forma Clássica ⎯ Panvasculite dos vasos coronários → complicação cardíaca aguda. ⎯ Critérios: Febre alta e remitente (por pelo menos 5 dias) + 4 ou mais dos seguintes: conjuntivite, exantema, alterações de cavidade oral, alterações de mãos e pés e linfadenopatia cervical não supurada. • Conjuntivite bilateral: hiperemia, sem exsudato. • Cavidade oral: língua em framboesa, fissuras nos lábios, hiperemia, descamação e sangramento dos lábios. • Linfadenopatia: achado menos comum, linfonodo firme, doloroso e não flutua, pode ser uni ou bilateral. • Exantema polimórfico do tronco para extremidades. • Descamação periungueal. ⎯ Miocardite: manifestação mais importante da doença. Se manifesta pela taquicardia e pela diminuição da contratilidade miocárdica. Pode ter formação de aneurisma nas coronárias. Forma não clássica ⎯ Febre prolongada, mas apresenta menos de quatro dos demais critérios clínicos. ⎯ Diagnóstico: febre por tempo igual ou superior a 5 dias + 2 ou 3 dos demais critérios + proteína C-reativa (≥ 3 mg/dl) e/ou VHS (≥ 40 mm/h), na presença de alguma das duas condições laboratoriais abaixo: ≥ 3 dos seguintes: • Albumina ≤ 3 g/dl; • Anemia; • Elevação das transaminases; • Plaquetas ≥ 450.000/mm³ depois do 7°º dia (mas podem chegar até 1.000.000/mm³); • Leucócitos ≥ 15.000/mm; • Leucocitúria ≥ 10 leucócitos/campo. < 3 dos exames laboratoriais acima descritos e ECO compatível. Exames complementares ⎯ Anemia normocítica e normocrômica. ⎯ Leucocitose com desvio a esquerda na fase aguda. ⎯ Plaquetas normais na primeira semana e trombocitose com pico na terceira semana (pode ocorrer). ⎯ VHS aumentada. ⎯ PCR aumentada. ⎯ Ecocardiograma é obrigatório em todos os casos: momento do diagnóstico, repetir em duas a três semanas e, novamente, entre seis e oito semanas se os dois anteriores forem normais (período que o aneurisma aparece com mais frequência). Tratamento ⎯ Imunoglobulina IV 2g/kg por 12h + AAS, dose anti-inflamatória até 14° dia ou até 3 dias após desaparecimento da febre → AAS dose antiagregante (3-5mg/kg 1x ao dia). ⎯ Fazer ecocardiograma para controle. VHS para diagnóstico e acompanhamento para cura. Etiopatogenia DJULIE H. M. DE ANDRADE 2 ⎯ Família Paramyxoviridae e gênero Morbilivírus, transmissibilidade. ⎯ Transmissão: gotículas de saliva, espirros ou tosse e aerossóis. ⎯ Partículas virais podem ficar suspensas por até 1h. ⎯ Período de transmissibilidade: 3 dias antes há 6 dias após o aparecimento do exantema. Com pico 2 dias antes e 2 dias depois do exantema. Fisiopatologia ⎯ Vírus penetra no organismo através da mucosa do trato respiratório ou da conjuntiva ocular → linfonodos regionais → hiperplasia linforreticular → viremia primária. ⎯ Epitélio respiratório: necrose celular, vasculite de pequenos vasos, infiltrado linfocítico e formação de células gigantes de Wharthin-Finkeldey (patognomônica). Manifestações clínicas ⎯ 3 fases de desenvolvimento. ⎯ Sintomas prodrômicos → exantema. ⎯ Doença exsudativa. ⎯ Fase prodrômica: febre alta + conjuntivite com fotofobia + coriza + tosse intensa (pode ter vômitos) + manchas de Koplik (1 a 4 dias) → fase exantemática: exantema maculopapular morbiliforme, que começam na região retroauricular e desaparecem cefalocaudal com descamação furfurácea. ⎯ A febre tem seu pico no aparecimento do exantema, pode durar + 2 a 3 dias. Se a febre não cessar, pensar em complicações. ⎯ Tosse é a última a desaparecer. ⎯ Período toxêmico: queda da resistência imunológica e surgimento de complicações, como superinfecções bacterianas e virais, mais prevalentes em crianças menores de 2 anos e naquelas com desnutrição. ⎯ Forma leve da doença: sarampo inaparente – pode se desenvolver em crianças recém- vacinadas e lactentes pequenos amamamentados – sintomas leves e rash fugaz ou inexistente. Complicações ⎯ OMA é a principal. ⎯ Mais grave é a encefalite. ⎯ Pode ter pneumonia. Diagnóstico laboratorial ⎯ Hemograma: leucopenia com linfocitose. ⎯ Anticorpos IgM na fase aguda nos primeiros dias até quatro semanas após o aparecimento do exantema. ⎯ Coleta de espécimes é recomendada para identificação viral, para diferenciar um caso autóctone de um caso importado e diferenciar o vírus selvagem do vacinal. Tratamento ⎯ Suporte + vitamina A em altas doses. Se infecção bacteriana 2ª, usar atb. ⎯ Vitamina A: < 6 meses: 50.000 UI via oral no dia do diagnóstico e outra dose no dia seguinte. 6 a 12 meses: 100.000 UI via oral no dia do diagnóstico e outra no dia seguinte. > 12 meses: 200.000 UI via oral no dia do diagnóstico e outra no dia seguinte. Profilaxia ⎯ Pré-exp = vacina 12 (tríplice viral) e 15 (tetra viral) meses. ⎯ Pós-exp = vacina até 72h (vacinação de bloqueio) e imunoglobulina em até 6 dias. dose de 0,25-0,5 mg/kg, intramuscular, sendo as doses mais elevadas administradas em indivíduos com alguma forma de imunodepressão. indicada em contatos íntimos suscetíveis que tenham alguma contraindicação à vacina (< 6 meses, grávidas, imunodeprimidos), ou se houver mais de 72 horas até 6 dias da exposição. ⎯ Bloqueio de surto: identificar o caso índice, contactantes íntimos (8h) e vacinar todo mundo. DJULIE H. M. DE ANDRADE 3 5 coisas: notificar, isolar, colher exames (ver se é daqui ou se veio de fora), tratar e imunoprofilaxia. ⎯ Doença do beijo. Epidemiologia ⎯ Não é comum antes dos 4 anos. ⎯ Mais comum em adolescentes e adultos jovens. Etiopatogenia ⎯ Epstein-Barr Vírus (EBV). ⎯ Gotículas de saliva → vírus penetra nas células epiteliais da orofaringe → replicação → lise das células da mucosa oral → faringite/replicação → linfócitos B infectados → ativa sistema linforreticular → linfadenopatia generalizada – pode acometer fígado (10%) e baço (50%). Manifestações Clínica ⎯ Tríade clássica: fadiga + faringite + linfadenopatia. ⎯ EF: linfadenopatia generalizada, esplenomegalia e hepatogalia. ⎯ Febre + cansaço + mal-estar + fadiga + cefaleia + náuseas e dor abdominal + mialgia + odinofagia + edema palpebral (sinal de Hoagland). ⎯ Atipia de linfócitos. ⎯ Mononucleose like: toxoplasma gondii e citomegalovírus. ⎯ Uso de amoxicilina → rash cutâneo generalizado 90% dos casos. Complicações ⎯ Anemia hemolítica, rotura esplênica secundária a trauma (rara, mas muito grave), Síndrome de Ducan (imunodeficiência congênita herdada por uma alteração genética ligada ao X e com comportamento recessivo que cursa com infecção sistêmica e fatal pelo EBV. A maioria dos pacientes pertence ao sexo masculino e vem a falecer ainda na infância). Diagnóstico ⎯ Clínica + linfocitose atípica. ⎯ Confirmação por testes sorológicos. Tratamento ⎯ Sintomáticos. ⎯ Evitar AAS (síndrome de Reye). ⎯ Não fazer esportes de contato pelas primeiras 2 a 3 semanas ou até desaparecimento de esplenomegalia. ⎯ Corticoide: obstrução de vias aéreas por hipertrofia das amígdalas, anemia hemolítica, trombocitopenia com hemorragia, convulsões e meningite. Prednisona 1mg/kg/dia VO por 7 dias. Epidemiologia ⎯ Pré-escolares e escolares, 3-5 a 15 anos. ⎯ Mias associada a faringite. ⎯ Streptococcus Beta-hemolítico do grupo A. ⎯ Produção de toxinas eritrogênicas (A, B e C). Manifestações clínicas ⎯ Pródromo: febre alta + calafrios + vômito + cefaleia + prostração + amigdalite e dor abdominal. ⎯ Exantema: 24 a 48 horas após o pródromo. Exantema micropapular (em lixa), vermelho que desaparecea digitopressão, começa no tórax e poupa palmas e plantas + sinal de filatov (perioral) + sinal de Pastia → descamação laminar. ⎯ Língua em morango branco → framboesa. Diagnóstico ⎯ Clínico. Tratamento ⎯ Amoxicilina VO por 10 dias, benzilpenicilina IM (dose única) – 50.000 UI/kg. DJULIE H. M. DE ANDRADE 4 Epidemiologia ⎯ Comum em lactentes e pré-escolares, com pico dos 6 até os 15 meses de vida. Etiopatogênese ⎯ Herpes vírus humano 6 (+ frequente) e 7, família Herpesviridae. ⎯ Tem a capacidade de permanecer latente no organismo após a primo-infecção. ⎯ Transmissão: saliva de adultos saudáveis portadores às crianças pequenas pelas gotículas de secreção. Manifestações Clínicas ⎯ Pródromo: rinorreia + coriza leve + faringite + hiperemia conjuntival + dor de garganta → febre alta, que dura em média 3 a 5 dias (acontece em crises geralmente). ⎯ Exantema: 12-24h após desaparecimento da febre. Maculopapular róseo, começa no tronco, não pruriginoso e desaparece em 1-3 dias sem descamar. Diagnóstico ⎯ Clínico. ⎯ Hemograma não é indicado. Tratamento ⎯ Tratamento de suporte, sintomáticos. Epidemiologia ⎯ Vírus Varicela Zóster (VVZ) ⎯ Primo-infecção: catapora. A reativação do vírus latente anos depois resulta no herpes- zóster (cobreiro). ⎯ Abaixo dos 15 anos, pré-escolar e escolar. ⎯ Vírus termossensível. Etiopatogenia ⎯ Família Herpesviridae. ⎯ Altamente contagioso. ⎯ Transmissão 1 a 2 dias antes do exantema, através do contato com as secreções das lesões ou com gotículas de secreção respiratória. Na fase de crosta, não transmite. ⎯ Período de incubação: 10 a 21 dias. ⎯ Notificação, se grave. Manifestações clínicas ⎯ Pródromo: febre + cefaleia + mal-estar + dor abdominal leve + anorexia 24 a 48h antes do início do exantema. ⎯ Exantema polimórfico maculopapulovesicular numa mesma área, pruriginoso, inicia no couro cabeludo e dissemina para tronco e extremidades, de distribuição centrípeta (mais concentrado em face e tronco). ⎯ Máculas eritematosas pruriginosas → pápulas → vesículas → pústulas com umbilicação central → crostas. ⎯ Em vacinados: forma mais branda, menos de 50 lesões cutâneas, sem febre. ⎯ Varicela progressiva: envolvimento visceral (pulmão, fígado e SNC), coagulopatia, hemorragia e extensa disseminação cutânea. ⎯ Síndrome da Varicela Congênita: infecção primária da mãe nas primeiras 20 semanas de gestação, levando a crescimento intrauterino restrito, hipoplasia de extremidades, cicatrizes cutâneas, defeitos oculares, comprometimento do SNC. Complicações ⎯ Infecção bacteriana secundária: impetigo, celulite, abscessos cutâneos, linfadenite, erisipela, pneumonia viral, infecções no SNC. Diagnóstico ⎯ Clínico. Tratamento DJULIE H. M. DE ANDRADE 5 ⎯ Sintomáticos: antitérmicos e analgésicos (nunca salicilatos pelo risco de Síndrome de Reye). ⎯ Anti-histamínicos de 1°ª geração e sedativo (polaramine e histamin). ⎯ Antibióticos se infecção bacteriana secundária. ⎯ Aciclovir apenas em casos graves (gestantes, imunossuprimidos, desnutridos). Não usar AAS. ⎯ Afastamento das atividades até todas as lesões estarem em fase de crosta. Profilaxia ⎯ Vacina em 2 doses (15 meses – tetra viral – 4-6 anos - monovalente). ⎯ Pós-exp: vacinação de bloqueio até 120 horas (5 dias) após a exposição (+ ideal que seja feito até 3 dias após exposição). Imunoglobulina Humana Antivaricela-Zóster (IGHAVZ) é de 125 U para cada 10 kg de peso, sendo o máximo 625 U. Deve ser aplicada por via intramuscular em qualquer idade, até 96 horas após o contato com indivíduo com varicela. ⎯ Benigna e autolimitada quando adquirida no período pós-natal. ⎯ Rubéola congênita é grave, principalmente primo-infecção no primeiro trimestre de gravidez. Etiopatogenia ⎯ Vírus RNA muito sensível ao calor, pH extremo e agentes químicos. ⎯ Familia Togaviridae e gênero Rubivirus. ⎯ Transmissão: gotículas de secreção nasofaríngea e via transplacentária. ⎯ Período de maior transmissibilidade: 5 dias antes até 6 dias após o aparecimento do exantema. ⎯ Período de incubação: 14 a 21 dias. Manifestações clínicas ⎯ Febre baixa, mal-estar, anorexia, mialgia, dor de garganta e hiperemia. ⎯ Exantema maculopapular, róseo, putiforme + brando, craniocaudal, dura em média 3 dias e desaparece sem descamação (vai descendo e desaparecendo). Pode ter lesões rosadas (manchas de Forcheimer) + petéquias em palato mole e úvula. Linfonodos retroauriculares aumentados. Complicações ⎯ Encefalite pós-infecciosa: mais grave, inicia- se após o exantema com cefaleia, convulsões, confusão, coma e manifestações neurológicas focais. ⎯ Síndrome de Guillain-Barré, neurite periférica e miocardite, artrite, trombocitopenia pós infecciosa. ⎯ Complicações da rubéola congênita: não escuta, não olha (catarata, retinopatia e glaucoma) e me parte o coração. Diagnóstico ⎯ Hemograma: leucopenia, neutropenia e trombocitopenia. ⎯ Identificação do vírus para conhecer o padrão genético e diferenciar entre casos autóctones e casos importados. Tratamento ⎯ Suporte, analgésicos e antitérmicos. ⎯ Corticoide + imunoglobulina para tratamento de trombocitopenia que não remite. Profilaxia ⎯ Profilaxia pré-exp = vacina 1 ano e 4-6 anos. ⎯ Profilaxia pós-exp = imunoglobulina gestantes susceptíveis e expostas e vacina administrada até 72h do contato. Epidemiologia ⎯ Mais comum em escolares, entre 5 e 15 anos. DJULIE H. M. DE ANDRADE 6 Etiopatogenia ⎯ Parvovírus B19, família Parvoviridae, gênero Erythrovirus. ⎯ Transmissão: gotículas de secreção respiratória, via transplacentária ou sanguínea. ⎯ Célula alvo: precursores eritroides e células que tenham receptores para o antígeno P (endoteliais, placentárias e miocárdicas). ⎯ Frio, estresse, sol, pode fazer reincidir. Manifestações clínicas ⎯ Eritema + artrite + febre baixa + cefaleia + sintomas de IVAS (rinorreia, obstrução nasal...). ⎯ 1° estágio: face esbofeteada (predomínio em região malar) + palidez perioral → 2° estágio: exantema maculopapular rendilhado que começa do tronco para as extremidades e poupa palma e plantas, desaparece sem descamar → 3° estágio: recidiva do exantema rendilhado depois da melhora clínica (1 a 3 semanas). Diagnóstico ⎯ de hb. ⎯ Sorologia com identificação de IgM. Tratamento ⎯ Tratamento de suporte com sintomáticos. Complicações ⎯ Articulares. ⎯ Coxsackievirus A16 e enterovirus 71. ⎯ Odinofagia + disfagia + erupções em região plantar, palmar e genital + febre baixa. ⎯ O exantema parece queimadura de cigarro, halo avermelhado + vesícula central, que não estoura, murcha.
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