Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DJULIE H. M. DE ANDRADE 1 Púrpura de Henoch-Schonlein − Vasculite mais comum da infância. − Caracterizada por vasculite leucocitoclástica (ou vasculite de hipersensibilidade, vasculite de pequenos vasos) e deposição de imunoglobulina (Ig) A nos pequenos vasos da pele, articulações, TGI e rins. − Mais comum em meninos. − 90% dos casos ocorre em crianças, de 3 a 10 anos, pico de 4 a 6 anos, sendo rara em < 2 anos. − Mais comum no inverno e na primavera. − Segue uma infecção documentada do trato respiratório superior. − Biópsia: vasculite dos capilares e vênulas pós-capilares da derme. − Infiltrado inflamatório: monócitos e neutrófilos. − Histopatologia renal: glomerulonefrite endocapilar proliferativa que pode ser um processo focal segmentar ou ter um envolvimento crescêntico extensivo. − Imunofluorescência: deposição de IgA na parede dos pequenos vasos em todos os tecidos – pode ter deposição de C3, fibrina e IgM. − Patogênese exata é desconhecida. − Suspeita-se de gatilhos infecciosos devido à sazonalidade e a frequência de infecções prévias do trato respiratório superior. Estreptococos B-hemolíticos do grupo A; Staphylococcus aureus; Micoplasma; Adenovírus. − Deposição de imunocomplexos de IgA. − Contribuição de disfunção imune determinada geneticamente: pacientes com febre familiar do mediterrâneo, síndromes febris periódicas hereditárias e deficiências no complemento → tem um risco aumentado de desenvolver PHS. − Erupções cutâneas: púrpuras palpáveis que começam com máculas ou pápulas rosadas e evoluem para petéquias, púrpuras elevadas ou equimoses maiores. − Geralmente são simétricas e ocorrem em áreas dependentes da gravidade (MMII) ou em pontos de pressão (nádegas). − Evoluem em grupos, duram cerca de 3 a 10 dias e podem reaparecer até 4 meses após a apresentação inicial. − Edema subcutâneo localizado em dorso das mãos e pés, região periorbital, lábios, escroto ou couro cabeludo. − Envolvimento musculoesquelético: artrite e artralgias é comum (75%). Artrite: autolimitada e oligoarticular, com predileção pelos MMII e não leva a deformidades, que se resolve dentro de 2 semanas. DJULIE H. M. DE ANDRADE 2 − Manifestações TGI (80%): Dor abdominal; Vômitos; Diarreia; Íleo paralítico; Melena; Raras: intussuscepção, isquemia mesentérica e perfuração intestinal. − Envolvimento renal (50%): Hematúria microscópica; Proteinúria; Hipertensão; Nefrite franca; Síndrome nefrótica; Insuficiência renal aguda ou crônica; Progressão para estágio terminal é rara. − Manifestações neurológicas são causadas pela hipertensão ou vasculite do SNC: Hemorragia intracerebral; Convulsões; Cefaleias; Alterações de comportamento. − Menos comum: orquite, cardite, doença inflamatória ocular, torção testicular e hemorragia pulmonar. − Clínico. − Nenhum achado laboratorial é diagnóstico. − Comuns (não é específico!): Leucocitose; Trombocitose; Anemia leve; Elevações na velocidade de hemossedimentação (VHS); Elevação de PCR; Plaquetas normais; Albumina sérica podem ser baixos (já que pode ter perda de proteína renal ou intestinal); Valores séricos de IgA elevados (não são feitos de rotina). − Avaliação do envolvimento renal: verificação de PA, exames de urina e creatinina sérica. − DD: depende do envolvimento do órgão específico. Edema agudo hemorrágico (EAH): • Semelhante a PHS; • Acomete crianças com < 2 anos; • Natureza das lesões: equimoses maiores que da PHS na face e nos membros, poupando tronco; • Ausência de envolvimento de outros órgãos; • Biópsia. Síndrome papular-purpúrica em luvas e meias: • Parvovírus B19; • Edemas e eritema simétrico sobre as mãos e os pés inicialmente; • Não tem febre, lesões orais e leucopenia; • Adolescente são mais afetados. − PHS leve e autolimitada: suporte – assegurar hidratação, nutrição e analgesia. − Esteroides para envolvimento TGI significativo ou outras manifestações com risco de vida. − Dor abdominal e articular: prednisona 1 a 2 mg/kg/dia durante 1 a 2 semanas seguida de redução progressiva – diminui a dor, mas não altera o prognóstico geral nem previne doença renal. DJULIE H. M. DE ANDRADE 3 − Doença grave: imunoglobulina intravenosa e plasmaférese ou metilprenisolona 30 mg/kg/dia por 3 dias (pulsoterapia). − Doença renal crônica: agentes imunossupresorres – azatioprina, ciclofosfamida, ciclosporina e micofenolato de mofetila. − Doença renal é a principal complicação a longo prazo, pode se desenvolver até 6 meses após o diagnóstico – monitoramento seriado de PA e exames de urina durante vários meses após o diagnóstico. − TGI agudo e grave: perfuração intestinal. − Excelente. − Maioria das crianças tem o curso autolimitado da doença, com duração média de 4 semanas. − Pode ter recidivas – a cada recidiva os sintomas geralmente são mais leves que os da apresentação. DJULIE H. M. DE ANDRADE 4 Púrpura Trombocitopênica Idiopática (autoimune) − É uma forma adquirida de trombocitopenia causada principalmente pela destruição de plaquetas mediada por autoanticorpo. − Esses autoanticorpos também podem afetar magacariócitos e prejudicar a produção de plaquetas. − Caracterizada pela ocorrência de plaquetopenia adquirida, frequentemente observada na forma crônica ou recorrente em adultos. − Nas crianças o quadro é geralmente agudo e autolimitado, após um evento infeccioso. − Causa desconhecida – pode ser desencadeada por infecção viral ou gatilhos imunológicos ou ambientais. − Dividida em 2 grupos: PTI primária: PTI na ausência de outras causas ou distúrbios que possam estar associados à trombocitopenia; PTI secundária: trombocitopenia imunomediada com uma causa subjacente, incluindo induzida por drogas ou associada a doença sistêmica (LES, infecção por HIV, deficiência imunológica) ou outras causas. − Classificação: PTI crônica: acima de 12 meses; PTI aguda: < 12 meses; PTI seca: não tem fenômenos de sangramento visíveis; PTI molhada: tem os sinais de sangramento em mucosas. − Autoanticorpos (IgG) são direcionados contra antígenos da membrana plaquetária, como o complexo glicoproteína IIb/IIIa. − As plaquetas que são revestidas com anticorpo têm a meia-vida reduzida, devido à depuração acelerada por macrófagos teciduais, predominantemente no baço. − Os mesmos anticorpos podem reduzir a produção de plaquetas ou induzir a destruição de plaquetas mediada por complemento e inibir a função dos megacariócitos. − Dois picos em adultos: um entre 20 e 30 anos com discreta predominância feminina e após os 60 anos com distribuição igual entre os sexos. − Em crianças: uma das causas mais comuns de trombocitopenia sintomática. − Se apresenta em qualquer idade, mas tem pico entre 2 e 5 anos, com ligeira predominância de meninos. − Muitos assintomáticos. − Ocorre após um episódio de infecção viral, principalmente em crianças. − Quando há sintomas, são relacionados com a trombocitopenia e sangramento e pode ter algum grau de fadiga. − Plaquetopenia: alteração na hemostasia primária → acometimento cutâneo mucoso → petéquias (principalmente em MMII) e equimoses espontâneas. − Epistaxe, gengivorragia e hipermenorragia ou metrorragia são comuns. − Sangramento de TGI, hemorragia conjuntival e hematúria macroscópica são mais raros. − Não há evidência de outros sinais e sintomas de acometimento sistêmico. − Ocorrem principalmente em indivíduos com contagem de plaquetas < 30.000, mais evidente e grave quando < 10.000 ou quando há abrupta da plaquetometria → as plaquetas circulantesnos pacientes com PTI são mais jovens e com maior poder hemostático. − Classificação da gravidade em crianças: DJULIE H. M. DE ANDRADE 5 − Plaquetas < 100.000 em pacientes nos quais outras causas de trombocitopenia foram afastadas. − É um diagnóstico de exclusão! − Mulher, > 12 anos, chega com sinais de PTI: excluir outras causas (infecciosas, autoimunes, colagenoses). − Objetivo: fornecer contagem segura de plaquetas para evitar sangramentos clinicamente importantes, em vez de normalizar a contagem de plaquetas. − A escolha da terapia depende da rapidez com que a contagem de plaquetas precisa ser aumentada e dos diferentes perfis de toxicidade das terapias disponíveis. Glicocorticoides − Terapia padrão inicial. − a contagem de plaquetas aproximadamente em 2/3 dos pacientes. − Esquemas: Acima de 2mg/kg (dose imunossupressora); doses de dexametasona 40mg/dia VO por 4 dias (pulso de dexametasona); Prednisona 1 mg/kg/dia VO por uma a duas semanas, seguido por uma redução gradual. Imunoglobulina intravenosa − Pode a contagem de plaquetas em 24 a 48 horas na maioria dos pacientes → interfere DJULIE H. M. DE ANDRADE 6 na captação das plaquetas revestidas com autoanticorpos pelos macrófagos. − Esplenectomia, rituximab, agonistas do receptor de trombopoietina ou terapia imunossupressora: pacientes que continuam com sangramento clinicamente significativo, com contagem de plaquetas de < 10.000 a 20.000 e contagem com intervalo de 20.000 a 30.000 após terapia de primeira linha. − Eplenectomia: efetiva, deve ser considerada após 6 meses da evolução, naquele paciente com plaquetopenia persistente e grave, após falha com corticoesteroides ou em casos graves e refratários. − Qualquer injeção intramuscular é contraindicada no primeiro mês da doença e nada de vacinas por 6 meses.
Compartilhar