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PMSUS 4 - DRC

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1 PMSUS 4 
A Doença Renal Crônica (DRC) é definida como a diminuição do ritmo de filtração glomerular (RFG) abaixo de 60 
ml/min/1,73m2 e/ou a presença de anormalidades na estrutura renal, com duração acima de 3 meses. Ao contrário 
do que se observa na maioria dos casos de Injúria Renal Aguda (IRA), na DRC não ocorre regeneração do parênquima 
renal, e por isso a perda de néfrons, por definição, é irreversível. 
1. Identificar os fatores de risco, epidemiologia e quadro clínico da DRC. 
Fator de risco 
Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são: 
• Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2). 
• Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90 mmHg em duas medidas com 
um intervalo de 1 a 2 semanas. 
• Idosos. 
• Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²). 
• Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular 
periférica, insuficiência cardíaca). 
• Histórico de Doença Renal Crônica na família. 
• Tabagismo. 
• Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de ajustes em pacientes com 
alteração da função renal. 
Um dos principais fatores de risco para doença renal crônica é a diabetes e a hipertensão, ambas cuidadas na Atenção 
Básica, principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), em uma das 42.885 Unidades Básicas de Saúde 
distribuídas em todo o Brasil. 
IMPORTANTE: Muitos fatores estão associados tanto à etiologia quanto à progressão para a perda de função renal. 
Por estes motivos, é importante reconhecer quem são os indivíduos que estão sob o risco de desenvolver a doença 
renal crônica, com o objetivo do diagnóstico precoce e início imediato do tratamento. 
Epidemiologia 
Em países desenvolvidos, o rastreamento estima prevalência de doença renal crônica entre 10 e 13% na população 
adulta, com mais de 4,5 milhões de adultos com a doença no mundo. No Brasil, a primeira causa de DRC é a 
hipertensão arterial sistêmica, a segunda é o diabetes, seguido pela glomerulonefrite crônica. Nos EUA, observa-se o 
diabetes como principal etiologia da DRC (45%), seguido pela HAS e glomerulopatias. 
No Brasil, estimativas da prevalência dessa enfermidade são incertas, contudo, de acordo com a caderneta de saúde 
coletiva de 2017 mais de 100 mil pacientes recebiam terapia dialítica no país, com uma taxa de internação hospitalar 
de 4,6% ao mês e uma taxa de mortalidade 17% ao ano. O mesmo estudo detectou maior predominância no sexo 
masculino com taxa de crescimento anual de 2,2% e, de 2% para o sexo feminino, raça/cor predominante é a branca 
(39,6%) em relação às raças/cor amarela (1,2%), indígena (0,1%), parda (36,1%) e preta (11,4%). 
Fisiopatologia da doença renal crônica 
A doença renal crônica é descrita inicialmente como a diminuição da reserva renal ou o comprometimento renal, que 
pode progredir para insuficiência renal (doença renal terminal). Inicialmente, à medida que o tecido renal perde a 
função, há poucas anormalidades porque o tecido remanescente aumenta seu desempenho (adaptação da função 
renal). 
A diminuição da função renal interfere na capacidade renal de manter a homeostase de líquidos e eletrólitos. A 
capacidade de concentrar urina diminui precocemente, sendo seguida da diminuição da capacidade de excretar 
fosfato, ácido e potássio em excesso. Com o avanço da insuficiência renal (taxa de filtração glomerular ≤ 15 
mL/min/1,73 m2), perde-se a capacidade de diluir ou concentrar de maneira eficaz a urina; assim, a osmolalidade 
urinária costuma ser fixada em 300 a 320 mOsm/kg, próxima à do plasma (275 a 295 mOsm/kg) e o volume urinário 
não responde prontamente a variações na ingestão de água. 
 
2 PMSUS 4 
Creatinina e ureia 
As concentrações plasmáticas de creatinina e ureia (que são muito dependentes da filtração glomerular) apresentam 
uma elevação hiperbólica à medida que o RFG diminui. Essas alterações são mínimas no início. Quando a RFG cai 
abaixo de 15 mL/min/1,73 m2 (normal > 90 mL/min/1,73 m2), os níveis de creatinina e ureia estão altos e, em geral, 
estão associados a manifestações sistêmicas (uremia). A ureia e a creatinina não são os principais contribuintes para 
os sintomas urêmicos; são marcadores para várias outras substâncias, algumas ainda não bem definidas, que causam 
os sintomas. 
Sódio e água 
Apesar da diminuição do RFG, o equilíbrio de sódio e água é bem conservado em razão de um aumento da fração de 
excreção de sódio na urina e uma resposta normal à sede. Assim, a concentração de sódio plasmático é tipicamente 
normal e a hipervolemia é infrequente, mas pode ocorrer se a ingestão de sódio e água for muito restrita ou excessiva. 
A insuficiência cardíaca pode decorrer da sobrecarga de sódio e água, em particular nos pacientes com doenças 
cardíacas subjacentes. 
Potássio 
Para substâncias cuja secreção é controlada principalmente pelo néfron distal (p. ex., potássio), a adaptação 
geralmente mantém concentrações plasmáticas normais até que a insuficiência renal esteja avançada ou a ingestão 
alimentar de potássio seja excessiva. Diuréticos poupadores de potássio , inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (ECA), betabloqueadores, AINEs, ciclosporina, tacrolimo, sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) ou 
bloqueadores do receptor de angiotensina II podem aumentar os níveis séricos de potássio nos pacientes com 
insuficiência renal menos avançada. 
Cálcio e fosfato 
Podem ocorrer alterações de cálcio, fosfato, paratormônio (PTH, parathyroid hormone) e metabolismo da vitamina D 
e também osteodistrofia renal. A diminuição da produção renal de calcitriol (1,25(OH)2D, o hormônio ativo da vitamina 
D) contribui para a hipocalcemia. Excreção renal diminuída de fosfato resulta em hiperfosfatemia. 
Hiperparatireoidismo secundário é comum e pode se desenvolver em insuficiência renal antes que ocorram 
anormalidades nas concentrações de Ca e ou fosfato. Por esse motivo, tem sido recomendada a monitorização do PTH 
em pacientes com doença renal crônica moderada, mesmo antes de a hipofosfatemia ocorrer. 
Osteodistrofia renal (mineralização óssea anormal decorrente de hiperparatireoidismo, deficiência de calcitriol, 
fosfato sérico elevado, ou cálcio sérico baixo ou normal) geralmente assume a forma de renovação óssea aumentada 
decorrente de doença óssea por hiperparatireoidismo (osteíte fibrosa), mas também pode envolver renovação óssea 
diminuída decorrente de doença óssea adinâmica (com supressão aumentada da paratireoide) ou osteomalacia. 
Deficiência de calcitriol pode causar osteopenia e osteomalacia. 
pH e bicarbonato 
Acidose metabólica moderada (bicarbonato plasmático de 15 a 20 mmol/L) é característica. Acidose provoca perda de 
massa muscular por causa do catabolismo das proteínas, perda óssea pelo tamponamento ósseo do ácido e progressão 
acelerada da doença renal. 
Anemia 
Anemia é característica de doença renal crônica moderada a avançada (≥ estágio 3). A anemia da doença renal crônica 
é normocítica e normocrômica, com hematócrito de 20 a 30% (35 a 40% em pacientes com doença renal policística). 
Em geral, é causada por deficiência na produção de eritropoetina em decorrência da redução da massa renal funcional 
(see page Anemias causadas por eritropoese deficiente). Outras causas incluem deficiências de ferro, folato e vitamina 
B12. 
Sinais e sintomas da doença renal crônica 
Pacientes com discreta diminuição da reserva renal são assintomáticos e a disfunção renal só pode ser detectada por 
exames de laboratório. Mesmo pacientes com insuficiência renal leve a moderada podem não apresentar sintomas, 
apesar das elevações de ureia e creatinina. Noctúria costuma ser observada, principalmente em decorrência da 
incapacidade de concentrar urina. Lentidão, fadiga, anorexia e diminuição da acuidade mental são geralmente as 
manifestações iniciais da uremia. 
 
3 PMSUS 4 
Na doença renal mais grave (p. ex., taxa de filtração glomerular estimada [TFGe]< 15 mL/min/1,73 m2), sintomas 
neuromusculares podem estar presentes, incluindo contrações musculares grosseiras, neuropatia periférica com 
fenômenos sensoriais e motores, cãibras musculares, hiperreflexia, síndrome das pernas inquietas e convulsões (em 
geral resultantes de encefalopatia hipertensiva ou metabólica). 
Anorexia, náuseas, vômitos, estomatite e gosto ruim na boca estão quase que uniformemente presentes. A pele pode 
tornar-se amarelo-amarronzada. Ocasionalmente, a ureia do suor se cristaliza na pele formando um sedimento 
urêmico. O prurido pode ser especialmente desconfortável. Desnutrição causando perda tecidual generalizada é uma 
característica proeminente da uremia crônica. 
Na doença renal crônica avançada, podem ocorrer pericardite ulceração e sangramento gastrintestinal. Hipertensão 
está presente em > 80% dos pacientes com doença renal crônica avançada, e costuma estar relacionada à 
hipervolemia. Insuficiência cardíaca por hipertensão ou doença coronariana e retenção renal de sódio e água podem 
provocar edema postural e/ou dispneia. 
2. Discutir as complicações e diagnostico de DRC. 
Complicações 
Independentemente da doença de base, os principais desfechos em pacientes com DRC são as suas complicações 
(anemia, acidose metabólica, alteração do metabolismo mineral e desnutrição), decorrentes da perda funcional renal, 
óbito (principalmente por causas cardiovasculares) e FFR. 
A FG é a melhor medida do funcionamento renal em indivíduos normais ou pacientes com doença renal.1,3-6 O nível 
da FG varia com a idade, sexo, e massa muscular. A FG diminui com a idade. FG menor que 60mL/min/1,73m2 
representa diminuição de cerca de 50% da função renal normal e, abaixo deste nível, aumenta a prevalência das 
complicações da DRC. 
Anemia: A anemia, definida como níveis de hemoglobina 20% e a ferritina >100 ng/dL.26,27 O uso de eritropoietina 
em pacientes com DRC pode associar-se a efeitos colaterais como hipertensão arterial e complicações trombóticas, 
particularmente quando as doses semanais ultrapassam 15.000 UI. 
Alterações do metabolismo mineral: A função renal normal é fundamental na manutenção do balanço do cálcio e do 
fósforo. A diminuição da FG se associa com hiperfosfatemia e hipocalcemia, alterações que exercem papel 
fisiopatológico na doença óssea e calcificação vascular nesses pacientes. Com a perda da capacidade funcional renal, 
diminui a 1a-hidroxilação da 25-hidroxivitamina D e, consequentemente, a síntese renal de 1,25-dihidroxivitamina D 
(calcitriol), forma ativa da vitamina D. A deficiência da produção de calcitriol determina hiperplasia das glândulas 
paratireoides, seguida de hiperparatireoidismo secundário. A monitorização do cálcio, do fósforo e do 
paratohormônio (PTH) deve ser realizada obrigatoriamente em todos os pacientes com DRC estágios 4 e 5 e nos 
pacientes no estágio 3 que apresentam perda progressiva da FG. 
Acidose metabólica: O rim é a principal via de eliminação de ácidos não- voláteis. Com a diminuição da FG, ocorre 
limitação na excreção da carga de ácidos gerados, resultando em acidose metabólica compensada (assintomática) ou 
descompensada.30,31 A correção da acidose metabólica deve ser realizada com bicarbonato de sódio oral, de maneira 
a manter o bicarbonato sérico (dosado em sangue venoso) acima de 22 mEq/L. Este procedimento parece se associar 
com menor velocidade de queda da FG. 
Desnutrição: é um grande problema na fase não-dialítica, e está diretamente relacionada à piora da função renal. A 
DRC, particularmente nas fases mais avançadas (estágios 4 e 5), pode levar a alterações importantes no estado 
nutricional e no metabolismo, por causar redução do apetite, distúrbios gastrintestinais, acidose metabólica, 
resistência à insulina, hiperparatireoidismo secundário e inflamação. Essas condições estão associadas à diminuição 
da ingestão alimentar e ao hipercatabolismo. Por essas razões, destacamos a importância da terapia nutrológica, 
baseada na orientação de dieta hipoproteica específica para DRC 
Diagnóstico da doença renal crônica 
• Eletrólitos, ureia, creatinina, fosfato, cálcio, hemograma completo 
• Exame de urina (incluindo exame de sedimento urinário) 
• Proteína quantitativa urinária (coleta de proteína de urina de 24 horas ou razão entre proteína e creatinina na 
urina) 
• Ultrassonografia 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/neuropatia-perif%C3%A9rica
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/neuropatia-perif%C3%A9rica
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/transtornos-de-sono-e-vig%C3%ADlia/dist%C3%BArbio-dos-movimentos-peri%C3%B3dicos-dos-membros-dmpm-e-s%C3%ADndrome-das-pernas-inquietas-spi
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/miocardite-e-pericardite/pericardite
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/hipertens%C3%A3o/hipertens%C3%A3o
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/vis%C3%A3o-geral-da-doen%C3%A7a-coronariana
 
4 PMSUS 4 
• Algumas vezes, biópsia renal 
Suspeita-se de doenças renais crônicas pela elevação da creatinina sérica. O passo inicial é determinar se a insuficiência 
renal é aguda, crônica ou aguda sobreposta à crônica (na doença aguda que compromete ainda mais a função renal 
em um paciente com DRC, ver tabela Diferenciação entre lesão renal aguda e doença renal crônica). A causa da 
insuficiência renal também é determinada. Às vezes, determinar a duração da insuficiência renal ajuda a determinar 
a causa; algumas vezes, é mais fácil determinar a causa do que a duração e determinar a causa ajuda a determinar a 
duração. 
Em geral, o diagnóstico pode ser feito com base em história, exame físico e exames simples de laboratório, como 
exame de urina com avaliação microscópica, eletrólitos, ureia, creatinina, fosfato, cálcio e hemograma. Algumas vezes, 
são necessários exames sorológicos específicos. A diferenciação entre lesão renal aguda e doença renal crônica é 
principalmente auxiliada pela história de creatinina elevada ou exame de urina anormal. Os achados do exame de 
urina dependem da natureza da doença subjacente, mas cilindros grandes (diâmetro > 3 leucócitos) ou 
particularmente cerosos (altamente refringentes) geralmente são proeminentes na insuficiência renal avançada de 
qualquer causa. 
Ultrassonografia renal costuma ser útil para ajudar a avaliar a uropatia obstrutiva e a diferenciar lesão renal aguda da 
crônica de doença renal crônicacom base no tamanho do rim. Exceto em certas doenças (ver tabela Principais causas 
da doença renal crônica), os pacientes com doença renal crônica têm diminuição do tamnho do rim por atrofia (em 
geral < 10 cm de comprimento), com córtex fino e hiperecoico. A obtenção de um diagnóstico preciso torna-se cada 
vez mais difícil na medida em que o paciente atinge a condição de doença renal em estado terminal. A ferramenta 
para o diagnósticos definitivo é biópsia renal, mas não é recomendada quando a ultrassonografia mostra rins fibróticos 
e pequenos; o alto risco do procedimento supera a baixa resposta diagnóstica. 
 
3. Conhecer os estágios da DRC, bem como o plano terapêutico e as metas de tratamento farmacológico e não-
farmacológico (prevenção e promoção). 
Segundo a Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO), a DRC é subdividida em estágios (0, 1, 2, 3a, 3b, 4 e 
5), com base no ritmo de filtração glomerular e em relação a proteinúria em A1, A2 e A3, antes, a doença era estadiada 
apenas pela TFG, porém, o risco de piora da função renal está intimamente ligado à quantidade de albuminúria, de 
modo que ela foi incorporada na classificação. 
 
5 PMSUS 4 
Essas duas classificações diferentes unidas estagiam a doença, assim como dão seuprognóstico. Conforme mostra a 
tabela, pacientes na faixa verde dificilmente tem complicações graves e pacientes na vermelha geralmente estão em 
diálise, para evitar outras complicações. 
 
Estágios da doença renal crônica 
Classificar a doença renal crônica é uma maneira de quantificar sua gravidade. A doença renal crônica pode ser 
classificada em 5 estágios. 
• Estágio 1: TFG normal (≥ 90 mL/min/1,73 m2) mais albuminúria persistente ou doença renal hereditária ou 
estrutural conhecida 
• Estágio 2: TFG de 60 a 89 mL/min/1,73 m2 
• Estágio 3a: 45 a 59 mL/min/1,73 m2 
• Estágio 3b: 30 a 44 mL/min/1,73 m2 
• Estágio 4: TFG de 15 a 29 mL/min/1,73 m2 
• Estágio 5: TFG < 15 mL/min/1,73 m2 
TFG (em mL/min/1,73 m2) na doença renal crônica pode ser estimada pela Chronic Kidney Disease Epidemiology 
Collaboration (CKD-EPI) creatinine equation (CKD-EPI) (1): 141 × (creatinina sérica)-1,209× 0,993idade. O resultado é 
multiplicado por 1,018 se o paciente é mulher e por 1,159 se o paciente é afro-americano. Para mulheres afro-
americanas, o resultado é multiplicado por 1,018 × 1,159 (1,1799). Por outro lado, pode-se estimar a TFG utilizando a 
depuração da creatinina com coleta cronometrada de urina (mais comumente por 24 horas) usando a creatinina sérica 
e urinária mensurada; essa equação tende a superestimar a TFG em 10 a 20%. É utilizado quando a avaliação da 
creatinina sérica não é muito precisa (p. ex., nos pacientes sedentários, muito obesos ou muito magros). A cistatina C 
sérica é um marcador endógeno da TFG alternativo usado como um teste confirmatório em pessoas com nível de 
creatinina sérica afetada por fatores não renais (p. ex., massa muscular extremamente alta ou baixa, ingestão de 
creatina exógena, amputações ou doenças neuromusculares e dieta rica em proteína ou exclusivamente vegetariana). 
Calcula-se a TFG usando a equação CKD-EPI baseada em cistatina C. 
 
6 PMSUS 4 
A fórmula CKD-EPI é mais precisa do que as fórmulas Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) e Cockcroft-Gault, 
particularmente para pacientes com valores de TFG próximos dos normais. A equação de CKD-EPI produz menos 
resultados falso-positivos que indicam doença renal crônica e prevê resultados melhores do que as outras fórmulas. 
Plano terapêutico 
Os tratamentos dirigidos às causas específicas da DRC incluem, entre outros, o controle rigoroso da glicemia dos 
pacientes diabéticos, o uso de agentes imunossupressores na glomerulonefrite e a utilização das novas modalidades 
de tratamento específico para retardar a cistogênese na doença renal policística. 
Em geral, a ocasião ideal para iniciar o tratamento, específico e não específico, é muito antes que haja declínio 
detectável da RFG e certamente antes que a DRC esteja bem estabelecida. 
O controle da hipertensão glomerular é importante para retardar a progressão da DRC. Além disso, a pressão arterial 
elevada agrava a proteinúria porque aumenta o fluxo através dos capilares glomerulares. Essa observação constitui a 
base das diretrizes terapêuticas que estabelecem o nível de 130/80 mmHg como meta de pressão arterial para 
pacientes com DRC e proteinúria. Os inibidores da ECA e os bloqueadores de receptores da angiotensina II (BRAs) 
inibem a vasoconstrição das arteríolas eferentes da microcirculação glomerular, que é induzida pela angiotensina, por 
isso são drogas de escolha para controle da PA. 
Já o manejo da nefropatia diabética consiste em prevenção por meio de controle da glicemia. O objetivo é manter a 
glicemia capilar pré-prandial entre 90 e 130 mg/ dL, pico pós-prandial < 180 e hemoglobina glicada < 7,0%. 
Pacientes com DRC devem ser encaminhados a um nefrologista quando a eTFG for <30 mL / min / 1,73 m 2 para 
discutir e, potencialmente, planejar uma terapia de substituição renal. As indicações clínicas para iniciar a diálise em 
pacientes com DRC incluem pericardite ou pleurite (indicação urgente); encefalopatia urêmica progressiva ou 
neuropatia, com sinais como confusão, asterixia, mioclonia, punho ou pé caído ou, em casos graves, convulsões; 
diátese hemorrágica clinicamente significativa atribuível à uremia; Sobrecarga de fluidos refratários a diuréticos; 
hipertensão pouco responsiva a medicamentos anti-hipertensivos; e distúrbios metabólicos persistentes que são 
refratários à terapia medicamentosa. 
Tratamento da doença renal crônica 
• Controle das doenças subjacentes 
• Possível restrição de proteína, fosfato e potássio na dieta 
• Suplementos de vitamina D 
• Tratamento da anemia 
• Tratamento das comorbidades que contribuem (p. ex., insuficiência cardíaca, diabetes mellitus, nefrolitíase, 
hipertrofia prostática) 
• Dosagens de todos os fármacos ajustadas conforme necessário 
• Diálise para taxa de filtração glomerular muito diminuída se os sinais de sintomas não forem adequadamente 
tratados por intervenções médicas 
• Manter o nível de bicarbonato de sódio no intervalo normal de 23–29 mmol/L 
As doenças subjacentes e os fatores contribuintes devem ser controlados. Em particular, o controle da hiperglicemia 
nos pacientes com nefropatia diabética e o controle da hipertensão em todos os pacientes tornam substancialmente 
mais lenta a redução do RFG. 
Na hipertensão, algumas diretrizes sugerem a meta de pressão arterial < 140 x 90 mmHg, mas a American Heart 
Association recomenda 130 x 80 mmHg e alguns autores continuam a recomendar cerca de 110 a 130 x < 80 mmHg. 
Os iinibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e os bloqueadores do receptor de angiotensina (BRAs) 
diminuem a velocidade de declínio do RFG em pacientes com a maioria das causas de doença renal crônica, 
particularmente naqueles com proteinúria. Evidências cada vez maiores sugerem que, em comparação com o uso 
isolado de um dos fármacos, o uso combinado de inibidores da ECA e ARBs aumenta a incidência de complicações e 
não desacelera o declínio da função renal, embora o uso combinado reduza mais a proteinúria. Inibidores do 
cotransportador de sódio-glicose-2 (SGLT2) retardam a progressão da doença renal crônica proteinúrica em pacientes 
com ou sem diabetes, embora esses fármacos sejam contraindicados em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. 
Não há necessidade de restringir atividades, apesar da fadiga e da lassidão geralmente limitarem a capacidade do 
paciente de realizar exercícios. 
 
7 PMSUS 4 
Prurido pode responder à restrição de fosfato na alimentação e a ligantes de fosfato se o fosfato sérico está elevado. 
Nutrição 
A restrição de proteínas intensa nas doenças renais é controversa. Entretanto, a restrição proteica moderada (0,8 
g/kg/dia) em pacientes com TFG estimada (TGFe) < 60 mL/min/1,73 m2 sem síndrome nefrótica é segura e bem 
tolerada pela maioria dos pacientes. Alguns especialistas recomendam 0,6 g/kg/dia para pacientes com diabetes e 
para aqueles sem diabetes se a TFG é < 25 mL/min/1,73 m2. Vários sintomas de uremia diminuem de forma 
significativa quando o catabolismo proteico e a geração de ureia são reduzidos. Além disso, a taxa de progressão da 
doença renal crônica pode desacelerar. Carboidratos e gordura suficientes são fornecidos para que se alcancem as 
necessidades energéticas e evitar a cetose. Pacientes para os quais se prescreveu < 0,8 g/kg/dia, devem ser 
monitorados por um nutricionista. 
Em razão de as restrições alimentares poderem reduzir a ingestão de proteínas, os pacientes devem utilizar um 
multivitamínico contendo vitaminas hidrossolúveis. A administração de vitaminas A e E é desnecessária. As vitaminas 
D2 (ergocalciferol) ou D3 (colecalciferol) não são administradas de rotina, mas são usadas de acordo com os níveis 
séricos da 25-OH vitamina D e do PTH. 
Deve-se tratar dislipidemia. A modificação alimentar pode ser útil para hipertrigliceridemia. Estatinas são eficazes para 
a hipercolesterolemia. Derivados do ácido fíbrico (clofibrato, genfibrozila) podem aumentar o risco de rabdomiólise 
na insuficiência renal, em especial se associados à estatina, ao passo que o ezetimibe(que reduz a absorção do 
colesterol) parece relativamente seguro na doença renal crônica. O objetivo da correção da hipercolesterolemia é 
reduzir o risco de doença cardiovascular, que aumenta em pacientes com doença renal crônica (3). 
Doenças minerais e ósseas 
Segundo as diretrizes atualizadas de prática clínica do KDIGO 2017 (3), recomenda-se que os níveis séricos de cálcio, 
fosfato, PTH, 25-OH vitamina D e a atividade da fosfatase alcalina sejam monitorados a partir do estágio 3a da doença 
renal crônica. A frequência do monitoramento depende da gravidade da doença renal crônica, da magnitude das 
alterações acima e da frequência das intervenções terapêuticas. A biópsia óssea é a avaliação mais definitiva para 
determinar o tipo de osteodistrofia renal. 
Deve-se tratar a hiperfosfatemia com 
• Restrição do fosfato alimentar 
• Aglutinantes de fosfato 
Restrição fosfato de 0,8 a 1 g/dia na alimentação normalmente é suficiente para normalizar o nível sérico de fosfato 
nos pacientes com TFGe < 60 mL/min/1,73 m2. Ligantes de fosfato intestinais adicionais (com ou sem cálcio) podem 
ser necessários para o controle adequado da hiperfosfatemia, que foi associada a maior risco cardiovascular. Ligantes 
não contendo cálcio são preferidos em pacientes com hipercalcemia, suspeita de doença óssea adinâmica ou 
evidências de calcificação vascular nas imagens. Se ligantes contendo cálcio são prescritos, então as fontes totais 
alimentares e farmacológicas de cálcio não devem exceder 2000 mg/dia nos pacientes com TFGe < 60 mL/min/1,73 
m2. 
Deve-se tratar a deficiência de vitamina D com colecalciferol (vitamina D3) ou ergocalciferol (vitamina D2) para 
alcançar um nível sérico de 25-OH vitamina D de aproximadamente 30 a 50 ng/mL, desde que não haja hiperfosfatemia 
ou hipercalcemia. 
O nível ideal de PTH nos pacientes com doença renal crônica nos estágios 3a a 5 que não estão em diálise não é 
conhecido. Entretanto, se os níveis de PTH aumentarem progressivamente ou se estiverem acentuadamente elevados 
(acima de 9 vezes o limite superior do normal do teste), apesar do tratamento da hiperfosfatemia e da deficiência de 
vitamina D, recomenda-se um análogo ativo da vitamina D (como o calcitriol). A dose inicial típica do calcitriol é de 
0,25 mcg por via oral 3 vezes/semana, escalonada para manter o PTH entre 2 a 9 vezes o limite superior do normal 
para o teste. Os níveis de PTH não são corrigidos até o normal porque isso pode precipitar doença óssea adinâmica. 
Líquidos e eletrólitos 
Restrição de ingestão de água só é necessária quando a concentração sérica de sódio for < 135 mmol/L ou em caso de 
insuficiência cardíaca ou edema grave. 
 
8 PMSUS 4 
Recomenda-se restrição de sódio de < 2 g/dia para pacientes com doença renal crônica com TFGe < 60 mL/m/1,73 m2 
que têm hipertensão, sobrecarga de volume ou proteinúria. 
Individualiza-se a restrição de potássio com base no nível sérico, TFGe, hábitos alimentares e uso de fármacos que 
aumentam os níveis de potássio (p. ex., ECA, bloqueadores dos receptores da angiotensina II ou diuréticos poupadores 
de potássio). Normalmente, a restrição de potássio não é necessária com TFGe > 30 mL/min/1,73 m2. Tratamento da 
hiperpotassemia leve a moderada (5,1 a 6 mmol/L) implica restrição alimentar (incluindo evitar substitutos do sal), 
correção da acidose metabólica e uso de diuréticos redutores de potássio e trocadores de cátions gastrointestinais. 
Hiperpotassemia grave (> 6 mmol/L) justifica o tratamento urgente. 
Deve-se tratar a acidose metabólica para que o nível sérico de bicarbonato se normalize (23–29 mmol/L) e para ajudar 
a reverter a perda muscular e perda óssea lentas a e progressão da doença renal crônica. A acidose pode ser corrigida 
com fontes alcalinas orais como bicarbonato de sódio ou uma dieta de cinza alcalina (principalmente frutas e legumes). 
Bicarbonato de sódio 1 a 2 g por via oral duas vezes ao dia, é dado e escalonado gradualmente até que a concentração 
de bicarbonato seja de cerca de 23 mmol/L ou até que existam evidências de sobrecarga de sódio impedindo a 
continuidade do tratamento. Se a dieta com cinza alcalina é utilizada, o potássio sérico é monitorado porque frutas e 
verduras contêm potássio. 
Anemia e distúrbios de coagulação 
Anemia é uma complicação comum da doença renal crônica moderada a avançada (≥ estágio 3) e, quando a 
hemoglobina for < 10 g/dL, é tratada com agentes estimuladores da eritropoiese (ESA), como a eritropoietina humana 
recombinante (p. ex., epoetina alfa). Devido ao risco de complicações cardiovasculares, incluindo acidente vascular 
encefálico, trombose e morte, a dose mais baixa desses agentes necessária para manter a hemoglobina entre 10 e 11 
g/dL é usada. 
Em razão do aumento de utilização de ferro com o estímulo da eritropoese, os depósitos de ferro devem ser repostos, 
geralmente necessitando administração parenteral de ferro. As concentrações de ferro, a capacidade de ligação de 
ferro e a concentração de ferritina devem ser seguidas rigorosamente. A saturação alvo de transferrina (TSAT), 
calculada dividindo o ferro sérico pela capacidade de fixação do ferro total e multiplicando por 100%, deve ser > 20%. 
A ferritina alvo em pacientes que não fazem diálise é > 100 ng/mL. Não devem ser realizadas transfusões, a menos 
que a anemia seja grave (Hb < 8 g/dL) ou sintomática. 
A tendência hemorrágica na doença renal crônica raramente necessita de tratamento. Quando necessário, podem-se 
utilizar crioprecipitado, transfusão de eritrócitos e desmopressina na dose de 0,3 a 0,4 mcg/kg (20 mcg, no máximo) 
em 20 mL de salina isotônica, intravenosa, em 20 a 30 minutos, ou estrógenos conjugados, 2,5 a 5 mg por via oral uma 
vez ao dia. Os efeitos desses tratamentos duram de 12 a 48 h, exceto para estrógenos conjugados, que podem durar 
vários dias. 
Insuficiência cardíaca 
A insuficiência cardíaca sintomática é tratada com 
• Restrição de sódio 
• Diuréticos 
• Algumas vezes, diálise 
Diuréticos de alça como a furosemida são eficazes, em geral, mesmo com redução significativa da função renal, apesar 
de doses maiores poderem ser necessárias. Se ocorrer depressão da função ventricular esquerda, devem-se utilizar 
inibidores da ECA (ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II) e betabloqueadores (carvedilol ou metoprolol). 
Recomendam-se antagonistas dos receptores da aldosterona para os pacientes insuficiência cardíaca avançada. Pode-
se acrescentar digoxina, mas sua dose deve ser reduzida com base no grau da função renal. 
A hipertensão grave ou moderada deve ser tratada para evitar seus efeitos deletérios sobre as funções cardíaca e 
renal. Pacientes que não respondem à restrição de sódio (1,5 g/dia), devem receber diuréticos. Pode-se combinar 
diuréticos de alça (p. ex., furosemida, 80 a 240 mg por via oral duas vezes ao dia) a diuréticos tiazídicos (p. ex., 
clortalidona 12,5 a 100 mg por via oral uma vez ao dia, hidroclorotiazida 25 a 100 mg por via oral em 1 ou 2 doses 
fracionadas/dia, metolazona 2,5 a 20 mg por via oral uma vez ao dia) se a hipertensão ou o edema não forem 
controlados. Mesmo na insuficiência renal, a associação de diurético tiazídico com diurético de alça é bastante potente 
e deve ser utilizada com cautela para evitar diurese excessiva. 
 
9 PMSUS 4 
Ocasionalmente, a diálise pode ser necessária para controlar a insuficiência cardíaca. Se a redução do volume do 
líquido extracelular não controlar a pressão arterial, adicionam-se anti-hipertensivos convencionais. A azotemia pode 
aumentar com esse tratamento e podem ser necessários para o controle adequado da insuficiência cardíaca e/ou 
hipertensão. 
Fármacos 
A excreção renal de fármacos costuma estar prejudicada nos pacientes com insuficiência renal. Os fármacos comuns 
que necessitam de revisão de dose são penicilinas, cefalosporinas, aminoglicosídeos, fluoroquinolonas, vancomicina 
e digoxina. A hemodiálise reduz a concentração sérica de alguns fármacos, que devem ser suplementadas apósa 
hemodiálise. Recomenda-se fortemente que os médicos consultem uma referência sobre as doses dos fármacos na 
insuficiência renal antes de prescrevê-los a esses pacientes muito vulneráveis. A maioria dos especialistas recomenda 
evitar AINEs (anti-inflamatórios não esteroides) em pacientes com doença renal crônica porque podem piorar a função 
renal, exacerbar a hipertensão e precipitar os distúrbios eletrolíticos. 
Deve-se evitar completamente certos fármacos em pacientes com doença renal crônica com TFGe < 60 
mL/min/1.73m2. Estes incluem a nitrofurantoína e a fenazopiridina. O gadolínio, um agente de contraste utilizado na 
RM, foi associado ao desenvolvimento de fibrose sistêmica nefrogênica em alguns pacientes com TFG estimada < 30 
mL/min/1,73 m2 no passado. Mais recentemente, os agentes de gadolínio classe II são considerados mais seguros e 
preferíveis quando o gadolínio é indicado para pacientes com TFGe < 30 ou em diálise. 
Diálise 
A diálise é geralmente iniciada com as manifestações de um dos seguintes: 
• Sintomas urêmicos (p. ex., anorexia, náuseas, vômitos, perda ponderal, pericardite, pleurite) 
• Dificuldade de controlar a sobrecarga de líquidos, a hiperpotassemia ou a acidose com fármacos e 
intervenções no estilo de vida. 
Esses problemas geralmente ocorrem quando o RFG estimado alcança ≤ 10 mL/min em um paciente sem diabetes ou 
≤ 15 mL/min em um paciente com diabetes; pacientes cujos valores de RFG estimado se aproximam desses valores 
devem ser monitorados cuidadosamente de tal modo que os sinais e sintomas seja reconhecidos precocemente. A 
diálise é mais bem antecipada de tal modo que as preparações possam ser feitas e a inserção urgente de um sonda de 
hemodiálise possa ser evitada. Essas preparações geralmente começam quando a doença renal crônica do paciente 
está no estágio 4 precoce ou leve; a preparação permite tempo para a educação do paciente, seleção do tipo de diálise 
e a criação hábil de uma fístula arteriovenosa ou colocação de um cateter de diálise peritoneal. 
Transplante 
Se houver disponibilidade de doador vivo de rim, os melhores resultados a longo prazo ocorrem quando o paciente 
receber o rim transplantado precocemente, mesmo antes de iniciar a diálise. Pacientes que são candidatos a 
transplante e não têm doadores vivos devem receber transplante de rim de cadáver o mais cedo possível após o início 
da diálise, porque o tempo de espera pode exceder a vários anos em muitas regiões dos EUA. 
Promoção e prevenção 
É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores de risco e proteção para a doença renal crônica. Os 
profissionais de saúde desse nível de atenção devem estar preparados para identificar, por meio da anamnese e do 
exame clínico, os casos com suspeita e referenciá-los para a Atenção Especializada para investigação diagnóstica 
definitiva e tratamento. 
A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unidades hospitalares e ambulatoriais, serviços de apoio 
diagnóstico e terapêutico responsáveis pelo acesso às consultas e exames especializados. 
Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em protocolos de regulação gerenciados pelas Secretarias Estaduais 
e Municipais de Saúde, as quais competem organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial, definindo os 
estabelecimentos para os quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser encaminhados. 
O Ministério da Saúde - por meio do Departamento de Atenção Especializada e Temática, da Secretaria de Atenção à 
Saúde (CGAE/DAET/SAS) - é o gestor, a nível federal, das ações na Atenção Especializada às pessoas com doenças 
renais crônicas. Compete à pasta definir normas e diretrizes gerais para a organização do cuidado e efetuar a 
 
10 PMSUS 4 
homologação da habilitação dos estabelecimentos de saúde aptos a ofertarem o tratamento aos doentes renais 
crônicos, de acordo com critérios técnicos estabelecidos previamente. 
Além disso, cabe ao Ministério da Saúde ofertar apoio institucional às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios no processo de qualificação e de consolidação da atenção em saúde, bem como promover 
mecanismos de monitoramento, avaliação e auditoria, com vistas à melhoria da qualidade das ações e dos serviços 
ofertados, considerando as especificidades dos serviços de saúde e suas responsabilidades. 
A prevenção das doenças renais crônicas está diretamente relacionada a estilos e condições de vida das 
pessoas. Tratar e controlar os fatores de risco como diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares e 
tabagismo são as principais formas de prevenir doenças renais. Essas doenças são classificadas como Doenças Crônicas 
Não Transmissíveis (DCNT), que respondem por cerca de 36 milhões, ou 63%, das mortes no mundo, com destaque 
para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica. No Brasil, corresponderam a 
68,9% de todas as mortes, no ano de 2016. A ocorrência é muito influenciada pelos estilos e condições de vida. 
O tratamento de fatores de risco das Doenças Crônicas Renais faz parte das estratégias lideradas pelo governo federal, 
previstas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil para 2011-2022. Entre as metas 
propostas no Plano, destacam-se aquelas que possuem associação entre fatores de risco e o desenvolvimento da DRC, 
como reduzir a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por Doença Renal Crônica em 2% ao ano; deter o 
crescimento da obesidade em adultos; aumentar a prevalência de atividade física no lazer; aumentar o consumo de 
frutas e hortaliças; e reduzir o consumo médio de sal. 
Para prevenção e tratamento da Doença Renal Crônica, o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com a Rede de Atenção 
à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, na Atenção Básica e Especializada, com a relização de transplantes. 
IMPORTANTE: Em relação ao uso de medicamentos, deve-se orientar que o uso crônico de qualquer tipo de medicação 
deve ser realizado apenas com orientação médica e deve-se ter cuidado específico com agentes com efeito 
reconhecidamente nefrotóxico. 
 
 
11 PMSUS 4 
4. Elucidar a linha de cuidados ao DRC (sistema de organização, desafios e potencialidades). 
A linha de cuidado para a DRC visa à manutenção da função renal, e quando a progressão é inexorável, a lentificação 
na velocidade de perda da função renal. 
 
 
12 PMSUS 4 
 
 
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Vigilância em saúde 
 
Pacientes com perda progressiva de função renal e sem diagnóstico estabelecido de DRC, devem ser avaliados quanto 
aos fatores de risco para DRC e encaminhados para avaliação na Atenção Primária à Saúde se aplicável. Especial 
atenção aos pacientes com HAS e/ou DM. 
Encaminhamento emergencial 
O encaminhamento deve ser EMERGENCIAL se o paciente apresentar: 
• Sinais e sintomas de lesão renal aguda (perda de função renal dentro de horas a dias - redução da taxa de 
filtração glomerular (TFG) e/ou do débito urinário (< 400 mL/dia no adulto) 
o Sintomas de uremia 
 
15 PMSUS 4 
▪ Gastrointestinais: Anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, sangramento digestivo 
▪ Cardiovasculares: Arritmia supraventricular, pericardite, hipervolemia, edema pulmonar ou 
cerebral, tamponamento pericárdico, hipertensão arterial sistêmica. Se crise hipertensiva, 
consulte a Linha de cuidado da HAS 
▪ Neurológicos: Letargia, confusão mental, convulsão, coma, agitação, tremor 
▪ Urogenitais: Anúria, oligúria, hematúria, dor lombar 
• Sinais e sintomas de infecção em pacientes em terapia renal substitutiva (TRS) 
• Sangramento na fístula arteriovenosa 
Aspectos gerais 
A Atenção Especializada, é composta por unidades hospitalares e ambulatoriais e serviços de apoio diagnóstico e 
terapêutico. 
Devem disponibilizar pelo menos uma modalidade de TRS para o tratamento da DRC: 
• Diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC) 
• Diálise peritoneal automática (DPA) 
• Diálise peritoneal intermitente(DPI) 
• Hemodiálise (HD) 
As unidades de atenção especializada em DRC com TRS devem: 
• Realizar o manejo inicial do paciente se intercorrência durante o processo de diálise 
• Oferecer sala para atendimento aos pacientes HbsAg+ 
5. Identificar as indicações para terapia renal substitutiva e seus impactos na vida da paciente. 
Muitas pessoas ao redor do mundo podem possuir “Doença Renal Crônica”: perda total e permanente das funções 
dos rins (falência renal). A falência renal pode afetar qualquer pessoa e pode ocorrer a qualquer momento da vida. A 
doença normalmente progride de forma gradual e os sintomas nem sempre são percebidos até que realmente se 
necessite de tratamento. 
Para o tratamento da doença renal crônica em fase terminal é necessário optar por algum tipo de Terapia Renal 
Substitutiva (TRS). A Terapia Renal Substitutiva é o tratamento que exerce as funções dos rins que, quando doentes, 
não conseguem mais executar. 
A perda da função renal não deve em hipótese alguma ser vista como um problema intransponível ou confundida com 
uma situação terminal de vida porque, uma vez diagnosticada, você pode optar por vários tratamentos. 
Esses serviços ofertam a Terapia Renal Substitutiva (TRS) por meio de duas modalidades terapêuticas – a hemodiálise 
e da diálise peritoneal. Além disso ofertam consultas multiprofissionais e exames necessários ao atendimento do 
doente renal crônico. 
Transplante Renal 
O rim a ser transplantado pode vir de: 
• Doador Vivo*: os resultados são melhores com este tipo de doador. Quando possível permite Transplante 
Preemptivo, que é o transplante renal que ocorre antes do início da diálise. 
*Doação de rim entre parentes é permitida pela legislação brasileira até o quarto grau de parentesco; e 
entre cônjuges desde que o doador seja maior de idade, tenha grupo sanguíneo compatível e testes de 
compatibilidade imunológica adequados. 
• Doador Falecido: Realizado com órgãos doados pelos familiares de pacientes que estão com quadro de 
morte encefálica. Estes órgãos são alocados pela Central de Transplantes para receptores compatíveis que 
https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/hipertensao-arterial-sistemica-(HAS)-no-adulto/
 
16 PMSUS 4 
estão na lista de espera. Nesse caso, se enfatiza a necessidade de autorização familiar para o processo de 
doação de órgãos para transplante. 
Como funciona: 
Através de intervenção cirúrgica um novo rim é inserido no recetor. De forma geral, não é necessária a remoção dos 
rins doentes. A indicação do transplante é feita pelo médico nefrologista e, apesar de todos os pacientes serem 
candidatos, existem situações clínicas específicas que podem limitar a realização do transplante. 
No prazo de noventa dias após o início do tratamento dialítico, as unidades de diálise devem obrigatoriamente 
apresentar ao paciente apto, ou ao seu representante legal, a opção de inscrição em uma equipe de transplante renal. 
Pacientes avaliados e inscritos em lista de espera para transplante com doador falecido podem ser chamados a 
qualquer momento, por isso é muito importante: 
• Passar em avaliação com a equipe do Grupo Única pré-transplante a cada seis meses para manter seus 
exames atualizados. 
• Manter o soro atualizado na Central de Transplante. O soro é renovado a cada noventa dias. 
• Em caso de transfusão de sangue na diálise, ou quando internado, avisar imediatamente a equipe do Grupo 
Única e enviar soro novopara central de transplante, após quinze dias da data da transfusão. 
• Manter o telefone atualizado para que sejam localizados com facilidade. 
O período de espera é variável e depende da oportunidade de surgir um doador que seja compatível com o receptor 
e aceito pela equipe de transplante. 
Diálise Peritoneal 
Diálise Peritoneal é o tratamento que consiste em remover toxinas e água retidas no organismo. Esse método oferece 
duas alternativas de procedimento: a manual (DPAC) e a automatizada (DPA), ambas são custeadas pelo SUS - Sistema 
Único de Saúde e pelos diversos convênios médicos. É um tratamento dialítico contínuo realizado em sua residência 
através do filtro natural existente no nosso corpo chamado peritônio. 
Hemodiálise 
É um tratamento dialítico intermitente realizado no hospital ou em clínicas com auxílio de uma máquina 
hemodialisadora e de um filtro artificial, chamado de dialisador. 
 
6. Compreender as Indicações e cuidados do transplante renal (fluxo de encaminhamento no SUS) e atenção ao 
transplantado. 
É uma opção terapêutica de escolha para pacientes com DRC em estágio 5 (terminal). O transplante renal proporciona 
melhor sobrevida, melhor qualidade de vida e menor custo no longo prazo quando comparado à diálise. 
Pode ser realizado a partir de um doador vivo ou doador falecido. Sua indicação deve seguir as orientações do 
Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes (Anexo I da Portaria de Consolidação nº 4/GM/MS, de 28 
de setembro de 2017, ou a que venha a substituir). Em 90 (noventa) dias após o início da TRS, as unidades de Atenção 
Especializada em DRC, devem obrigatoriamente, oferecer a opção de inscrição na Central de Notificação Captação e 
Distribuição de Órgãos (CNCDO) local ou de referência para o paciente apto/representante legal. Encaminhar o 
paciente ao estabelecimento escolhido para realização do transplante, com relatório de saúde atualizado. 
Trimestralmente: Enviar amostras do soro coletado, informar a situação clínica e o status em lista de espera 
O Brasil é referência mundial de financiamento público aos transplantes, desde a avaliação pré-transplante, cirurgia, 
distribuição dos medicamentos imunossupressores e acompanhamento pós transplante. 
O transplante de rim é uma opção para tratar pacientes com doença renal crônica em estágio já avançado. Ele é 
considerado a alternativa mais completa e efetiva para que essas pessoas recuperem sua qualidade de vida, já que 
recebem um rim saudável. Assim, o novo órgão exerce suas funções, como filtrar as toxinas do sangue. 
 
17 PMSUS 4 
DOENÇA RENAL CRÔNICA É A PRINCIPAL INDICAÇÃO DO TRANSPLANTE DE RIM 
Por ser silenciosa, ou seja, não apresentar sintomas logo no início de sua manifestação, a doença renal crônica 
geralmente é descoberta quando já está em fase avançada, com grande comprometimento do órgão e pouco tempo 
para programar um tratamento adequado que evite cirurgia. Dessa forma, a maior parte dos pacientes que se 
encaixam nesse quadro iniciam a hemodiálise para, então, entrar na lista de transplante. 
A indicação do transplante de rim é individualizada, de acordo com um conjunto de fatores, mas deve ser feita apenas 
quando: 
1. O paciente sofre de doença renal crônica com insuficiência do órgão; 
2. Está em diálise ou fase pré-dialítica; 
3. O quadro é comprovadamente irreversível. 
Informações como a causa da doença renal crônica e outras condições de saúde que o paciente apresenta também 
podem influenciar a indicação da cirurgia de transplante como tratamento a um indivíduo. 
O transplante de rim apenas é indicado para um paciente após uma análise física e emocional ser realizada por 
profissionais da saúde, considerando exames como o de sangue, de urina e de imagem. 
CONTRAINDICAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE UM TRANSPLANTE DE RIM 
De acordo com o quadro de saúde geral do paciente, o transplante de rim pode não ser encorajado, pois condições do 
organismo ou do comportamento do indivíduo irão comprometer os resultados da cirurgia. Veja em quais casos o 
procedimento é contraindicado: 
• Portadores de doenças hepáticas, cardiovasculares e infecções que não estão controladas e não recebem 
acompanhamento médico; 
• Pacientes desnutridos; 
• Pessoas com distúrbios psiquiátricos ou emocionalmente desestabilizados; 
• Pessoas que fazem uso abusivo de álcool, fumo ou outras drogas. 
TRANSPLANTES DE RIM NO BRASIL 
Apesar de ser o segundo país com maior número anual de transplantes renais no mundo - com cerca de seis mil 
transplantes ao ano -, o Brasil ainda seencontra na 25ª posição no ranking mundial de quantidade de doadores de 
rim. Cerca de dez mil novos pacientes entram na lista de espera por uma doação a cada ano e 130 mil realizam diálise 
no país. 
Receber o órgão permite uma rotina mais tranquila e menos limitada que a diálise, mas ainda é necessário 
acompanhamento e uso correto dos medicamentos, quando indicados. De uma forma geral, pessoas que passam por 
um transplante de rim possuem uma expectativa de vida maior quando comparadas a pacientes em diálise. A maior 
parte das pessoas passa mais de dez anos com os rins transplantados funcionando bem. Alguns fatores influenciam 
no tempo de funcionamento do rim recebido, como: 
• Doador vivo – geralmente, o rim recebido de um doador em vida tem maior sobrevida. 
• Uso correto de medicamentos imunossupressores - são remédios que o paciente transplantado deverá usar 
para o resto da vida para evitar rejeição do órgão. 
• Transfusão de sangue - deve ser evitada ao máximo até o transplante, para diminuir o desenvolvimento de 
anticorpos contra os possíveis doadores. 
 
7. Conhecer as políticas públicas e direitos dos pacientes com DRC.

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