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Psoríase: Definição, Epidemiologia e Manifestações Clínicas

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Psoríase
Faculdade de Ciências de Saúde
Licenciatura em Medicina
Dermatologia e Venereologia
Estudantes:
Aldair Carlos Morais Mulavua
Daniel dos Santos Lourenço
Juleca Pinto Mundefa
Milagre Ezequias Nhabanga
Professor:
Marcelo J. Banquimane, M.D., Dermato-venereologista.
Nampula, junho de 2022
Resenha da apresentação
Marcos históricos.
Definição.
Epidemiologia.
Fisiopatologia.
Manifestações clínicas.
Classificação.
Diagnóstico.
Tratamento.
Diagnóstico diferencial.
Complicações.
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Marcos históricos
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460 a 377 a.C.: Hipócrates e sua escola agruparam as lesões escamosas secas em “lopoi”.
1879: Heinrich Köebner descreveu o desenvolvimento de lesões psoriáticas em locais com lesões cutâneas.
Entre 129 e 99 a.C.: Galeno usou pioneiramente o termo psora (= estado descamativo).
1809: Robert Willan apresentou a 1.ª descrição precisa da Psoríase.
1841: Hebra separou as caraterísticas da Lepra das da Psoríase.
Definição
Psoríase é uma dermatose poligénica, imunomediada, multifatorial, de curso crónico e recorrente, que se caracteriza por placa eritematosa claramente demarcada, com escamas micáceas, localizadas, disseminadas ou generalizadas.
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Epidemiologia
Ocorre mundialmente (prevalência 2%).
Há alta prevalência nas Ilhas Faroe (Reino da Dinamarca), que contrasta com a baixa prevalência nos africanos, afro-americanos e asiáticos (0,4% a 0,7%).
É transmitida de forma assintomática dominante com penetrância incompleta.
Pode aparecer em qualquer idade. Há dois picos de incidência: 1.º) 20 – 30 anos e 2.º) 50 – 60 anos.
A idade de início é menor nas mulheres.
Forma mais frequente em crianças: em placas (1.ª) e gutata (2.ª).
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Etiopatogenia
É de causa desconhecida.
Supõe-se que seja multifatorial e poligénica:
Predisposição genética: PSORS1 cromossoma 6p21. Indivíduos portadores de subtipos de HLA: Cw6, B13, Bw57, DR7.
Fatores desencadeantes: ambiental, psicogénico, infecioso, farmacológico, endócrino, metabólico. 
Imunológicos: imunoestimulação dos queratinócitos epidérmicos pela ativação de linfócitos T auxiliares (Th1, 17, 22).
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Imunopatogénese
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Manifestações clínicas
As lesões características são placas eritematosas com bordos bem delimitados, superfície coberta por escamas prateadas, pouco aderentes e secas, geralmente de localização bilateral e simétrica. Às vezes pode apresentar um halo pálido.
Há fenómeno de Köebner.
Se curetadas: Sinal da vela  Sinal de Duncan-Buckley  Sinal de Auspitz.
A
B
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Classificação
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Psoríase vulgar em placas.
Psoríase gutata.
Psoríase eritrodérmica.
Psoríase pustulosa.
Psoríase inversa.
Psoríase vulgar crónica em placas
Há distribuição relativamente simétrica de placas escamosas, eritematosas, bem definidas.
Localização: Couro cabeludo, cotovelos, joelhos e área pré-sacral, mãos e pés.
As placas podem persistir de meses a anos nos mesmos locais.
Há períodos de remissão. Pode chegar até 5 anos.
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Psoríase gutata
Mais frequente nas crianças e adolescentes, e é precedida de infeção do trato respiratório superior por S. pyogenes.
Caracteriza-se por pequenas placas eritematodescamativas sobre a parte superior do tronco e extremidades, com ligeiro prurido.
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Psoríase pustulosa
Pode ser localizada ou generalizada.
Localizada:
Palmoplantar: aparição repetida de pústulas estéreis sobre uma base eritematosa, simétrica nas palmas e plantas, mescladas a máculas amarelo-amarronzadas. 
Pústulas estéreis múltiplas entremeadas com máculas amarelo-amarronzadas na palma da mão. 
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Psoríase pustulosa
Pode ser localizada ou generalizada.
Localizada:
Psoríase acral ou acrodermatite continua de Hallopeau: é rara. Observam-se pústulas nas porções distais das mãos e abaixo da placa ungueal, e, às vezes dos pés, que é seguida de descamação e formação de crostas.
Eritema e ligeira descamação do dígito distal, com pústulas no leito ungueal, e desfolhamento parcial da placa ungueal.
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Psoríase pustulosa
B. Generalizada:
Psoríase pustulosa generalizada (von Zumbusch): erupção generalizada de início abrupto, com eritema e pustulação.
Padrão anular: lesões anulares com eritema, descamação e pustulação na borda. Expandem-se centrifugamente, e curam de forma central.
Grandes áreas de eritema com numerosas pústulas e formação de lagos de pus.
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Psoríase eritrodérmica
Caracteriza-se por eritema generalizado e descamação, de evolução gradual. Afeta todo o corpo, incluindo as mãos, pés, unhas, tronco e extremidades. 
Observa-se ao longo da região posterior do tronco eritema generalizado e descamação.
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Psoríase inversa ou flexural
Caracteriza-se por placas eritematosas, lisas e bem demarcadas, acometendo áreas intertriginosas como axilas, virilhas, região inframamária e sulco interglúteo.
 A pele pode estar húmida, macerada e pode conter fissuras que podem ser fétidas, pruriginosas ou ambas.
Observam-se nas regiões inframamárias placas (patch) de fina elevação, eritematosa, brilhante e bem demarcada.
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Diagnóstico
Clínico.
Laboratorial: na forma Gutata (títulos de ASLO elevados e cultura positiva para S. pyogenes). Em 50% dos casos há elevação da proteína C reativa, α-2-macroglobulina e ácido úrico. 
Exame histopatológico.
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Diagnóstico diferencial
Dermatite seborreica no couro cabeludo: 
A Dermatite Seborreica apresenta lesões difusas e mal delimitadas enquanto que a Psoríase tem lesões circunscritas e bem delimitadas.
Líquen plano hipertrófico:
Se a Psoríase acometer a região tibial pode ser erroneamente diagnosticada. Contudo, o Líquen apresenta lesões violáceas brilhantes, pruriginosas, geralmente em locais de flexão.
Eczema crónico: é muito pruriginoso.
Pitiríase rubra pilar:
As lesões localizam-se até o dorso dos dedos e são do tipo pápulo-foliculares acuminadas (ou pontilhadas).
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Complicações
Risco de desenvolvimento de linfoma.
Depressão.
Risco de eventos cardiovasculares adversos.
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Artrite psoriática
Ocorre em 5 a 30% dos pacientes com psoríase cutânea. Entre 10 e 15% dos pacientes os sintomas da artrite são anteriores aos da pele.
Caracteriza-se classicamente por artrite das articulações interfalangeanas distais com comprometimento da unha contigua, que se mantêm fixas em flexão.
Observam-se lesões difusamente distribuídas tipo placa eritematoescamosa no dorso das mãos; com aparente eritema e edema, de envolvimento assimétrico, das articulações interfalangeanas proximais e distais. Com o 3º dedo bilateralmente “em salsicha”. Adicionalmente, há hiperqueratose ungueal com perda brilho e onicólise.
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Tratamento
Fatores que influenciam na seleção do tratamento:
Idade: infância, adolescência, adulto jovem, > 60 anos;
Tipo de psoríase: gutata, em placas, eritrodérmica, pustulosa.
Local e extensão da lesão.
Tratamento prévio.
Tratamentos médicos concomitantes (infeção pelo VIH, p.ex.).
Indicações p/ tratamento sistémico: doença grave, lesões pustulosas ou disseminadas, artrite psoriática, psoríase em placas fase ativa c/ exacerbação.
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Tratamento
PSORÍASE LOCALIZADA:
Queratolíticos: ácido salicílico 3 a 4%; ureia a 10%.
Corticosteroides fluorados tópicos (POMADAS): Valerato de betametasona, Acetato de floquinolona, Propionato de betametasona, de clobetasol.
NOTA: Os corticoides são administrados após a remoção das escamas pela imersão em água ou uso de queratolíticos. Cobrir com uma película plástica durante a noite.
Efeitos adversos (após aplicação prolongada): atrofia cutânea, estrias irreversíveis, telangiectasias.
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2. PSORÍASE GUTATA:
Fototerapia ou balneofototerapia (sais hiperconcentrados >20% + exposição aos raios UVB).
Se cultura faríngea positiva: Amoxicilina ( + ácido clavulânico) 50 a 100 mg/kg/dia, a cada 8h, durante 7 ou 10 dias. OU Fenoximetilpenicilina (Penicilina V) 25 a 50 mg/kg/dia, a cada 6h, durante 7 dias.
Bom prognóstico.
Tratamento
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3. PSORÍASE VULGAR DO COURO CABELUDO:
Com descamação superficial sem placas espessas (forma branda):
Xampu de alcatrão ou Ketoconazol.
Valerato de betametasona, loção a 1%.
Se refratárias: aplicar Propionato de Clobetasol a0,05% no couro cabeludo.
b) Com placas espessas e aderentes (forma grave):
Remoção das escamas com ácido salicílico a 10%.
Fluocinolona e cobrir o couro cabeludo c/ saco plástico ou touca de banho.
Manutenção com Propionato de Clobetasol a 0,05% ou loção de Calcipotrieno.
Tratamento
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4 - Psoriase vulgar: tipo placas generalizadas
(excepto couro cabeludo e regiões anogenital)
 Placas finas
UVB de 311 nm + emolientes.
Placas espessas
UVB de 311 nm + emolientes; se for ineficaz mudar para: 
Fotoquimioterapia com PUVA; se for ineficaz mudar para:
Retinoides + Fotoquimioterapia com PUVA; se for ineficaz mudar para:
Metotrexato, 2,5 a 5,0 mg oral, a cada 12h, até completar 3 doses,1x/semana.
Ciclosporina A (CyA) como última alternativa, na
dose de 3 a 5 mg/kg/dia.
Tratamento
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5 - Psoriase vulgar: palmares e plantares
Fotoquimioterapia com PUVA (as mãos e os pés são imersos numa solução de 8-etoxipsoraleno (10 mg/1L de H2O morna);
 Retinoides (etretinato) oral, para a remoção da hiperqueratose espessa das mãos e dos pés;
 Retinoides + PUVA (Re-PUVA) é muito mais eficaz;
 Casos refratários tratar com Metotrexato.
Tratamento
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6 - Psoriase vulgar: aparelho ungueal
Injecção intradérmica de Acetonida de Triacinolona (3mg/ml) nas pregas ungueais.
 Fotoquimioterapia com PUVA.
 Retinoides sistémicos (acitretina, 0,5mg/kg).
Tratamento
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7. Psoríase pustulosa aguda generalizada (Von Zumbusch)
Internamento.
Igual ao das queimaduras extensas, NET ou eritrodermia esfoliativa.
Alguns entram em remissão espontânea sem tratamento.
Antibióticos e corticoides. Etretionato ou acitretina oral, 0,5 a 1,0 mg/kg.
Metotrexato parenteral dose de 15 a 25 mg/kg, 1x/semana.
Tratamento
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Referências bibliográficas
Bolognia JL, Schaffer JV, Cerroni L. Dermatology. 4th ed. New York: Elsevier Limited, 2018.
Falabella RF, Chaparro JV, Cabal MIB. Dermatología. 8ª ed. Medellín: CIB, 2017.
Saúl A e cols. Lecciones de Dermatología. 16ª ed. México: McGraw-Hill Interamericana Editores S.A., 2015.
 Foraster CF. Dermatosis eritematoescamosas (I): Psoriasis y Eritrodermias. In: Foraster CF. Dermatología Clínica. 4ª ed. Barcelona: Elsevier España, S.L., 2014.
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Referências bibliográficas
Gorostiaga G. Enfermedades Eritematoescamosas. In: Aldama A, Rivelli V e cols. Dermatología. 3ª ed. México, s/d.
Nair PA, Badri T. Psoriasis. [Updated 2022 Apr 6]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448194/ 
Imagens: https://dermnetnz.org/ e livros-texto referenciados.
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