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1 TBL D2 Doença Inflamatória Pélvica Definição de dip A doença inflamatória pélvica (DIP) se caracteriza por processos inflamatórios agudos ou crônicos que acometem os órgãos do trato genital superior, devido a colonização por micro-organismos a partir da vagina e colo do útero, podendo atingir as trompas uterinas, o endométrio, o peritônio, os ovários e estruturas adjacentes. A DIP, muitas vezes, se deve a complicações de doenças sexualmente transmissíveis e por isso pode-se citar como fatores de risco a vida sexualmente ativa e os comportamentos sexuais, como sexo desprotegido e múltiplos parceiros. Epidemiologia da doença inflamatória pélvica A DIP se caracteriza por uma doença oligossintomática ou assintomática e sua notificação não é obrigatória no Brasil, isso faz com que sua incidência seja desconhecida e difícil de determinar. Entretanto, sabe-se que é uma doença muito frequente e que a infecção pela Chlamydia trachomatis, agente mais comum no desenvolvimento da DIP (85% dos casos tratados), afeta 10,7% das mulheres entre 15 e 25 anos. Fisiopatologia O desenvolvimento da doença inflamatória pélvica se inicia com a proliferação do agente infeccioso primário no colo uterino, principalmente a clamídia, com posterior instalação da infecção nos órgãos superiores, sendo que a identificação na fase inicial aumenta a chance de tratar e prevenir o desenvolvimento da DIP. A propagação do colo para o trato genital superior geralmente ocorre durante ou após o período menstrual, acredita-se que isso se deve a mudança do muco cervical e as propriedades alcalinas do sangue menstrual. Após a ascensão, os micro-organismos se instalam e se inicia a reação inflamatória, dando origem a conteúdo purulento que pode atingir tubas uterinas (trompas), endométrio e até mesmo contaminar o peritônio, podendo evoluir para choque séptico caso acha derramamento de pus (exsudato purulento) devido à ruptura do abscesso tubo- ovariano (ATO) que pode ser formado. Além disso, os estágios da doença podem variar de dores abdominais esporádicas ou de pouca intensidade no início, ocorrendo geralmente a partir da entrada dos micro-organismo infectantes na cavidade uterina, até dores de grande intensidade em caso de ruptura do ATO. Como consequência para as mulheres que desenvolveram a DIP pode-se ter o aumento da chance de gravidez ectópica, o desenvolvimento de dor pélvica crônica e de infertilidade devido a obstrução tubária. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/infeccoes-sexualmente-transmissiveis/doenca-inflamatoria-pelvica-dip#:~:text=%C3%89%20uma%20s%C3%ADndrome%20cl%C3%ADnica%20causada,e%20ov%C3%A1rios%20e%20causando%20inflama%C3%A7%C3%B5es. 2 TBL D2 Quadro clínico da doença inflamatória pélvica A maioria das pacientes com DIP se apresentem oligo ou assintomáticas, a dor pélvica é sintoma recorrente, em sua maioria, começando como um desconforto e progredindo, geralmente bilateralmente. Os sinais e sintomas geralmente ocorrem durante ou após a menstruação, além da dor pélvica pode aparecer sintomas genitourinários, como sangramento vaginal, corrimento vaginal (com ou sem cheiro), disúria, dispareunia, uretrite, proctite, além de sintomas inespecíficos, como febre, calafrios, náuseas, vômitos e astenia. Também pode ocorrer aumento ou prolongamento da menstruação. Diagnóstico da doença inflamatória pélvica O diagnóstico deve ser feito a partir de exame físico e complementares. A anamnese e exame físico devem incluir exame abdominal para investigação de dor na descompressão súbita ou à pressão na região pélvica, verificação de aumento da temperatura, observação da presença de secreção purulenta, toque vaginal para avaliar a presença de dor. Além disso, deve-se realizar exames complementares para investigação do processo inflamatório e diagnóstico diferencial, como hemograma completo, exame de urina, exame bacterioscópico, teste de gravidez, ultrassonografia transvaginal e em alguns casos tomografia computadorizada do assoalho pélvico e ressonância magnética, sendo a laparoscopia usada em alguns casos para confirmação do diagnóstico da DIP. É preciso ressaltar, que em caso de confirmação da DIP o teste de HIV deve ser realizado. Os critérios mínimos para diagnóstico da doença pélvica inflamatória seguem a tabela abaixo: Ademais, tem-se como principais diagnósticos diferenciais: apendicite aguda, cisto ovariano, infecção urinária, gravidez ectópica, síndrome do intestino irritável, endometriose, outros Tratamento da doença inflamatória pélvica 3 TBL D2 O tratamento com antibiótico deve ser iniciado precocemente, desde que se tem a suspeita da DIP, com o intuito de resolver o quadro atual, além de prevenir e minimizar complicações futuras. É importante observar que o tratamento oral ou parenteral não apresenta significativas diferenças em casos leves a moderados. Algumas condutas também devem receber atenção: • Repouso, hidratação e analgesia. • Retirar dispositivos uterinos, se avaliado como necessário. • Certificar-se que o antibiótico seja eficaz para a maioria dos agentes patológicos, visto que eles são de difícil isolamento. Com duração mínima de 14 dias. • Na presença de abscesso tubo-ovariano ou pélvico, drenar se necessário. • Manter acompanhamento clinico e bacteriológico durante 4-6 semanas após fim do tratamento. A maioria das pacientes são tratadas em regime ambulatorial, no entanto, devem ser hospitalizadas em casos de: • Dúvida diagnóstica. • Gravidez. • Resposta ausente ou baixa ao tratamento oral. • Quadro clínico grave (febres elevadas, náuseas e vômitos). • Presença de abscesso tubo-ovariano ou pélvico. • Peritonismo ou sepse. • Suspeita de cirurgia emergencial. • HIV positivo e imunossuprimidas. Sangramento uterino anormal Definição O sangramento uterino anormal (SUA) é uma queixa ginecológica comum que afeta até 40% das mulheres no mundo. Apresenta um impacto negativo nos aspectos físicos, emocionais, sexuais e profissionais, piorando a qualidade de vida das mulheres. O SUA é definido como perda menstrual excessiva com repercussões na qualidade de vida da mulher. Pode estar associado a perda menstrual anormal em duração, regularidade, volume e frequência. Epidemiologia O SUA é uma condição clínica comum, mas a sua prevalência varia de acordo com a sua forma de avaliação. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-menstruais/sangramento-uterino-anormal-decorrente-de-disfun%C3%A7%C3%A3o-ovulat%C3%B3ria-sua-o https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-menstruais/sangramento-uterino-anormal-decorrente-de-disfun%C3%A7%C3%A3o-ovulat%C3%B3ria-sua-o 4 TBL D2 A avaliação subjetiva ou autorrelato, que incluem o impacto global na qualidade de vida, associam-se a taxas de prevalência mais elevadas em comparação às avaliações objetivas. Considerando uma PSM superior a 80 mL por ciclo, a prevalência varia de 9 a 14% das mulheres. Quando são incluídos avaliações subjetivas e autorrelatos, a prevalência varia de 8 a 52%. Uma pesquisa de base populacional dos Estados Unidos com mulheres de 18 a 50 anos relatou uma taxa de prevalência anual de 53 por 1000 mulheres. Principais causas As etiologias mais comuns são condições associadas à gravidez, patologia uterina estrutural (por exemplo, miomas, pólipos endometriais, adenomiose), disfunção ovulatória, neoplasia, tireodeopatias e utilização contracepção hormonal ou um dispositivo intrauterino. Os distúrbios hemorrágicos, particularmente a doença de von Willebrand (VWD), são comuns em pacientes em idade reprodutiva. Deve-se suspeitar de um distúrbio se a menstruação intensa ou prolongada tiver começado na menarca ou estiver associada a uma história familiar de coagulopatia ou outros sinais de diátese hemorrágica (por exemplo,hematomas fáceis ou sangramento prolongado das superfícies mucosas). Além disso, os anticoagulantes podem causar sangramento uterino intenso ou prolongado. Sangramento de escape Uma apresentação diferencial importante é o sangramento de escape, mais conhecido pela palavra em inglês “spotting”, que também é queixa frequente em todas as faixas etárias, e corresponde a qualquer sangramento genital fora do período menstrual. Tende a ser menor volume do que o sangramento menstrual e em algumas vezes pode apresentar uma cor diferenciada da menstruação com sangue vivo. A causa mais comum de sangramento de escape acontece nas mulheres que usam anticoncepcionais hormonais orais como sangramento esporádico, em geral em pequena quantidade que surge no meio do ciclo , fora da pausa entre as cartelas. Sinais e sintomas do sangramento uterino anormal O SUA varia da menstruação normal em termos de frequência, regularidade, volume ou duração. 5 TBL D2 Os padrões de sangramento anormais típicos incluem: menstruações regulares que são abundantes ou prolongadas, sangramento intermenstrual, sangramento irregular (geralmente associado à disfunção ovulatória) e amenorréia. O sangramento crônico pode causar anemia ferropriva e nos casos de sangramento intenso e agudo, pode gerar quadro hemorrágico grave. Diagnóstico de sangramento uterino anormal A abordagem inicial para avaliação de pacientes não grávidas em idade reprodutiva com SUA é confirmar se a origem do sangramento é o útero, excluir a gravidez e confirmar se a paciente está na pré-menopausa. Além disso, os pacientes com sangramento agudo devem ser avaliados em um serviço de atendimento de urgência. Uma história clínica deve ser direcionada para identificação da natureza do sangramento, identificação de possíveis causas estruturais ou orgânicas, impacto na qualidade de vida e avaliação das expectativas da mulher, especialmente em relação a necessidade de contracepção ou desejo de gravidez. O exame físico deve ser completo por meio de palpação abdominal, exame especular e toque bimanual. O hemograma completo deve ser solicitado para todas as mulheres com SUA para avaliar anemia ferropriva. O teste de gravidez deve ser solicitado para aquelas pacientes em idade fértil. Testes de coagulação devem ser solicitados nos casos de antecedentes de sangramento menstrual aumentado desde a menarca ou antecedentes pessoais e/ou familiares de sangramento anormal. A dosagem de hormônios tireoidianos deve ser realizada nos casos de suspeita clínica de tireoidopatia. Sangramento intermenstrual e pós-coito, dor pélvica associada e idade superior a 45 anos constituem indicadores de risco para câncer endometrial ou outras doenças estruturais nas mulheres em idade reprodutiva. A ultrassonografia transvaginal (USTV) constitui a primeira linha propedêutica para identificação de anomalias estruturais. A histeroscopia com biópsia dirigida pode ser indicada nos casos de USTV inconclusivos. A biópsia endometrial deve ser realizada no caso de sangramento intermenstrual persistente, falha do tratamento clínico e naquelas mulheres com idade superior a 45 anos. Tratamento do sangramento uterino anormal O objetivo do tratamento é diminuir as repercussões do SUA, por meio da redução da perda de sangue menstrual e melhora da qualidade de vida da paciente. A terapêutica nos casos de SUA ou pode ser medicamentosa ou cirúrgica, a depender da intensidade do sangramento e da característica aguda ou crônica da anormalidade. 6 TBL D2 O manejo da fase aguda dependerá basicamente da faixa etária, do estado geral da paciente e do volume de sangramento. A terapia hormonal é considerada a primeira linha de tratamento para pacientes com SUA aguda. As opções de tratamento incluem contraceptivos orais combinados (ACOs) e progestagênios orais. Se houver hipovolemia, indica-se o uso de altas doses de estrogênio na paciente jovem e/ou curetagem, se a paciente possuir fatores de risco para câncer de endométrio. Não dispomos de estrogênios endovenosos no Brasil. Além disso, recomenda-se ácido tranexamico 500 mg a cada oito horas, nos dias de maior sangramento, não excedendo cinco dias. Na abordagem inicial do SUA crônico, o primeiro passo é determinar se há ou não desejo de gravidez. Se houver, é preciso realizar abordagem da anovulação e/ou infertilidade porventura existentes. As opções terapêuticas, neste caso, incluem medicações não hormonais como AINES e ácido tranexâmico (TXA). Obviamente, o diagnóstico e tratamento de condições subjacentes que possam interferir no sangramento menstrual como o hipotireoidismo e anemia devem ser imediatamente implementados. A escolha entre tratamento hormonal ou não depende de fatores individuais, mas em casos de o sangramento irregular ou prolongado, o uso de tratamento hormonal regula o ciclo reduzindo a probabilidade de sangramento não programado ou aumentado, além de proteger o endométrio da hiperplasia/ câncer. As opções neste caso são os progestágenos, o sistema intrauterino de levonorgestrel. Demência Demência é uma síndrome adquirida de declínio de memória e de outras funções cognitivas, a partir de um nível prévio mais elevado, importante o suficiente para interferir nas atividades de vida diária (capacidade funcional) e na independência. Também é caracterizada pelo surgimento de alterações comportamentais em um indivíduo alerta. De forma típica, o aparecimento dos sintomas é insidioso, e o padrão de progressão é gradual. A definição de disfunção cognitiva da demência exige pelo menos três déficits entre os seguintes domínios: memória recente, comunicação verbal/linguagem, função visuoespacial, função executiva e humor/personalidade. Na maioria dos pacientes idosos com demência, o comprometimento de memória recente é o sintoma dominante. As demências podem ser divididas por diferentes categorizações: • Degenerativas e não degenerativas; 7 TBL D2 • Corticais e subcorticais; • Precoce (início antes dos 65 anos de idade) e tardio (após os 65 anos); • Potencialmente tratáveis e irreversíveis; • Rapidamente progressivas e lentamente progressivas. Demências Degenerativas ou Irreversíveis A causa mais comum de demência degenerativa é a Doença de Alzheimer (DA). Caracteriza-se pelo início insidioso de comprometimento da memória (com déficit predominante de aprendizado de novas informações), seguindo-se alterações nas funções executivas, visuoconstrutivas e de linguagem. Inicia-se mais frequentemente após os 65 anos; portanto é, caracteristicamente, uma demência de início tardio. Patologicamente caracteriza-se por degeneração neuronal, secundária ao acúmulo de proteínas anômalas, levando à formação das placas senis (proteína beta-amiloide insolúvel) e os novelos neurofibrilares (proteína tau hiperfosforilada). O diagnóstico se baseia na perda cognitiva suficiente para ter um comprometimento funcional e nas atividades sociais em relação ao nível prévio do indivíduo, pressupondo então o quadro demencial, desde que outras causas de comprometimento cognitivo sejam afastadas. A duração média da DA é de 1O anos, durante os quais as pessoas afetadas progridem de perda de memória discreta para necessidade de supervisão nas 24 horas do dia, total dependência e óbito², conforme Figura 1 abaixo. A segunda causa de demência de causa degenerativa em idosos é a demência com corpos de Lewy (DCL). A DCL tem como características histopatológicas os corpos de Lewy intracelulares e neuritos de Lewy com a presença abundante de placas senis e esparsos novelos neurofibrilares. A característica central – demência – é essencial para o diagnóstico de provável ou possível. O perfil cognitivo mescla características corticais e subcorticais. Predominam desde o início, déficits de atenção, funções executivas e funções visuoespaciais.A memória pode estar comprometida de modo mais leve, 8 TBL D2 nos casos iniciais. Outras características frequentes e importantes para o diagnóstico são as alucinações, flutuações da cognição e o parkinsonismo. Considera-se conveniente o período de um ano entre o início da demência e o parkinsonismo para o diagnóstico de DCL, diferenciando-a da Doença de Parkinson com demência em que o quadro motor precede em anos o comprometimento cognitivo. Demências não degenerativas e/ou potencialmente reversíveis A causa mais frequente de demência não degenerativa ou de demência secundária é a doença vascular cerebral (DV). A DV seria o estágio final do comprometimento cognitivo vascular (CCV), termo mais abrangente, que visa estabelecer o diagnóstico antes do aparecimento da demência. O quadro clínico do CCV depende do calibre dos vasos acometidos e dos territórios de irrigação afetados. Várias lesões podem levar ao quadro. Mecanismos que levam ao comprometimento cognitivo vascular: 1. Multi-infartos: Infartos grandes completos e múltiplos, de localização córtico- subcorticais, em geral com infarto incompleto envolvendo a substância branca. 2. Infartos estratégicos: Infarto único, frequentemente lacunar, com danos em áreas funcionalmente críticas do cérebro (giro angular, tálamo, prosencéfalo basal, territórios de artéria cerebral posterior e cerebral anterior). 3. Doença de vasos pequenos: Muitas dessas demências são consideradas potencialmente tratáveis ou reversíveis. Vários trabalhos têm verificado sua prevalência. 4. Hipoxia-isquemia 5. Hemorragia cerebral 6. Outros mecanismos ou combinação dos supracitados Com a prevenção primária e secundária de fatores de risco para doenças vasculares, a DV, ou melhor, o CCV pode ser considerado também uma demência potencialmente reversível, ou pelo menos, potencialmente estabilizável. Além da DV outras causas não degenerativas são: pós-trauma cranioencefálico, pós- infecciosa, porcarências vitamínicas, de causas metabólicas entre outras. Muitas dessas demências são consideradas potencialmente tratáveis ou reversíveis. Demências de Início Precoce Este tipo de demência caracteriza-se pelo início antes dos 65 anos de idade. Esta divisão foi convencional, baseando-se na idade em que as pessoas se aposentam. Em alguns estudos ainda recebe o nome de pré-senil. Sempre que se suspeita do diagnóstico de demência de início precoce, torna-se premente uma investigação ampla de possíveis causas reversíveis, principalmente metabólicas, infecciosas e de doenças autoimunes. Deve-se na investigação, sempre incorporar o teste para o vírus da imunodeficiência adquirida e o exame de líquido cefalorraquidiano. 9 TBL D2 Quadro clínico: sinais e sintomas de demência pela história e pelo exame do estado mental A avaliação de uma suspeita de demência compreende técnicas básicas de anamnese e exame do estado mental. Não há um único instrumento amplamente usado para aquisição de história da demência. A Figura 2 abaixo cobre as principais áreas de comprometimento que devem ser revisadas com um familiar, um amigo próximo ou o cuidador do paciente. Outras doenças clínicas podem ter papel importante ou contribuinte na síndrome demencial², conforme Figura 3: 10 TBL D2 Transtornos neuropsiquiátricos na demência Em termos de manejo dos pacientes, uma das evoluções mais importantes dos últimos anos foi o reconhecimento do papel dos transtornos psiquiátricos e comportamentais nas síndromes demenciais. Tais condições incluem transtornos afetivos (depressão, ansiedade e euforia), mudanças de personalidade, dificuldades comportamentais (agitação, apatia, irritabilidade, desinibição e comportamento motor aberrante), alucinações, ilusões e transtornos alimentares. Os transtornos neuropsiquiátricos, que ocorrem em até 90% dos pacientes com demência, são uma das causas principais de sobrecarga e estresse dos cuidadores e de institucionalização dos pacientes. No entanto, fornecem dicas extremamente importantes em reo lação aos processos subjacentes da demência e são peças- chave para o diagnóstico diferencial e o prognóstico², conforme a Figura 4: Diagnóstico: Exame Neurológico Além do exame do estado mental, o resto do exame neurológico é necessário principalmente para diferenciar a DV e a demência associada a Parkinsonismo da demência ligada à doença de Alzheimer. O exame neurológico em um paciente com DV pode ser inalterado ou pode haver evidência de hemiparesia, hemianestesia, hemianopsia, negligência unilateral, diplopia, disfagia, disartria, paralisia facial, ptose palpebral ou anormalidades pupilares. Nenhuma dessas alterações ocorre exclusivamente em decorrência de AVC; assim, o clínico necessitará colocar tais achados em uma perspectiva mais ampla, incluindo a história e o exame do estado mental. Além disso, essas alterações não provam em definitivo que a etiologia vascular é a causa da demência; elas são apenas suporte ao diagnóstico. 11 TBL D2 Achados de rigidez (aumento da resistência ao movimento passivo amplo dos membros e do pescoço), bradicinesia, postura encurvada, marcha de pequenos passos, comprometimento do equilíbrio (incapacidade de endireitar-se após ter sido empurrado) e tremor de repouso no cenário de demência apresentam peso diagnóstico mais alto. Assim que outras causas de sinais extrapiramidais possam ser excluídas (principalmente uso simultâneo de medicação antagonista de receptor dopaminérgico), esses achados no exame neurológico são basicamente diagnósticos da contribuição de uma doença de Parkinson à demência. Pode haver outros achados que apontem para etiologias específicas de demência, como coreia no caso de doença de Huntington ou disfunção do movimento ocular extrínseco vertical na paralisia supranuclear progressiva, mas essas condições são muito mais raras em uma unidade de cuidados primários e secundários do que doença de Alzheimer, DV ou demência com Parkinsonismo. Avaliação laboratorial diagnóstica Os critérios da Academia Americana de Neurologia para o diagnóstico de demência estipulam várias recomendações específicas², conforme a Tabela na Figura 5. Os testes para diagnóstico molecular e aconselhamento genético para famílias com demência autossômica dominante de início precoce são novos desenvolvimentos, e, assim, essa abordagem não é útil para demência de início tardio. Nesta última condição, a suscetibilidade dos genes do candidato identificado tem pequeno efeito de risco. O papel dos estudos de imagem também já foi exaustivamente debatido. Embora neuroimagem não seja recomendação de rotina, há algumas situações em que ela deve ser considerada. A presença de outros sinais ou sintomas neurológicos (cefaleia, crises convulsivas e achados motores anormais no exame), juntamente com comprometimento cognitivo, deve indicar estudo de imagem. A importância dos estudos de imagem aumenta de acordo com a duração da demência ou com a incerteza dessa duração pelo clínico. Nas situações em que o início da demência pode ter ocorrido em menos de seis meses, mas esse fato não é claro devido a falha na informação disponível, um exame de imagem é justificável para descartar neoplasia e hematoma subdural crônico. Diferentemente, considerando-se uma situação de um paciente com uma história típica documentada que cobre diversos anos de uma demência no momento avançada, parece difícil justificar um exame de imagem. Por outro lado, do ponto de vista dos critérios diagnósticos, no caso da DA e das demais causas de demência, a maioria dos sistemas diagnósticos exige um exame de imagem para completar os critérios. 12 TBL D2 Diagnóstico diferencial das demências O diagnóstico diferencial das demências no idoso envolve cinco síndromes principais (Figura 6) que incluem as apresentações frequentemente observadas com iníciodo comprometimento cognitivo subagudo ou gradual. O diagnóstico diferencial de demência não se aplica para pacientes mais jovens (indivíduos com idade entre 45 e 50 anos). Veja a tabela a seguir: 13 TBL D2 Importante lembrar Importante salientar que quando se trata do Diagnóstico de Demências, o clínico deve atentar-se a questionar a família sobre: como foi o início do quadro; como e quando a doença se instalou. Isso porque, com muitos anos de evolução, os quadros demenciais se tornam muito similares, dessa maneira, o início do quadro é de extrema importância para Diagnóstico Diferencial. Além disso, para que casos que possam ser reversíveis, recebam tratamento adequado. https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-doenca-inflamatoria-pelvica-dip-ligas https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-sangramento-uterino-anormal-completo-sanarflix https://www.sanarmed.com/demencias-colunistas https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-doenca-inflamatoria-pelvica-dip-ligas https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-sangramento-uterino-anormal-completo-sanarflix https://www.sanarmed.com/demencias-colunistas
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