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Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Apostila de direito penal Ciências Criminais As ciências criminais possuem dois componentes de estudos: Ciências criminais empíricas: estudam o “ser”, a realidade e estabelece medidas de combate aos crimes. São investigativas, não exatas e nem rígidas. São elas a criminologia e a política criminal. Ciências criminais normativas: estudam o “dever ser”, ou seja, a forma como a sociedade deveria ser e cria/impõe regras de convívio social. São elas o direito penal, direito processual penal e a execução penal. Empíricas Criminologia Tem por objetivo o estudo os fatores determinantes do crime, auxiliando na compreensão do problema do crime. Analisa autor e vítima, reúne informações sobre as infrações penais e a partir das informações coletadas, realiza seu trabalho estudando a realidade da sociedade. Além disso, a criminologia também analisa o funcionamento dos programas de prevenção do crime e ressocialização do infrator. É considerada uma ciência causal-explicativa, pois retrata a infração enquanto fato, perquirindo suas origens, razões de existência, contornos e formas de exteriorização. Esse estudo se divide em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. Estuda o delito, assim como seu autor, sob aspectos biológicos e sociológicos. Por isso é considerada uma ciência interdisciplinar, porém é uma área independente. Para ela, o delito não é somente um ato individual, mas um problema social. Política Criminal A política criminal tem o objetivo de estabelecer e indicar ao poder público as medidas mais adequadas de prevenção e combate ao crime. Possui um caráter teleológico, pois busca cuidar das estratégias e meios de controle social. Também sugere ao poder público reformas na legislação penal vigente. Normativas Direito Penal É o ramo do direito que regulamenta o exercício do poder punitivo do Estado, versando sobre as infrações penais, que são comportamentos considerados danosos à ordem social. Também tem o objetivo de garantir os direitos fundamentais e evitar abusos do estado. Características ➢ Positivo ➢ Autônomo ➢ Público ➢ Sancionatório ➢ Constitutivo ➢ Valorativo ➢ Coercitivo É regido pelo código penal e outras leis penais. Direito Processual Penal É o estudo da aplicação da jurisdição do direito penal. Apresenta as ferramentas necessárias para a realização e aplicação das sanções impostas pelo direito penal. No processo, impõe as regras de atuação das partes e do estado-juiz. É regido pelo código de processo penal e outras leis penais. Execução Penal Se apresenta após o trânsito em julgado e se dá sobre o cumprimento da pena. Ou seja, o poder punitivo do Estado não se esgota com a prolação da sentença, sendo necessário efetivar as decisões contidas no julgado. É neste momento que a pena Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas será cumprida. É regido pela Lei de Execução Penal (Lei nº 7210/84). Direito Penal Missão imediata: proteção aos bens jurídicos. Missão mediata: controle social e limitação do poder punitivo do Estado. Aspectos Formal: também chamado de estático é o conjunto de normas que qualificam as infrações penais e fixa as sanções a serem aplicadas. Material: se refere aos comportamentos considerados reprováveis em sociedade e que afetem ou produzam perigo aos bens jurídicos. Sociológico: também chamado de dinâmico. É o instrumento de controle social de comportamentos desviados, buscando a necessária disciplina social. O que diferencia uma norma penal das demais normas é o tipo de consequência jurídica, já que no direito penal, a consequência é a pena ou a medida de segurança. Funcionalismo É o estudo sobre a real função do direito penal. É dividido em dois tipos: Funcionalismo Teleológico: também chamado de moderado. Entende que a função do direito penal é a proteção dos bens jurídicos, que são os valores que reputamos como importantes para a vida em sociedade e que são protegidos por lei. É este o entendimento que a doutrina brasileira adota. Funcionalismo Sistêmico: também chamado de radical. Ele entende que a função do direito penal é assegurar o império da norma, dizendo que o direito posto, existe e não pode ser violado. Ele parte do princípio de que quando o direito penal é acionado, o bem jurídico já foi violado, então cabe ao DP fazer valer a norma. Desta linha, surge o chamado direito penal do inimigo, que entende que o que desrespeita a norma não oferece garantia de que não vai cometer uma infração penal novamente e não deve ser considerado como cidadão, mas combatido como inimigo. Categorias Do Direito Penal Direito penal substantivo e adjetivo: substantivo é o direito material, que cria as figuras criminais. O adjetivo é o direito processual penal, que fixa as normas de como o Estado deve agir para impor sanção a quem comete infração penal. Direito penal objetivo e subjetivo: o objetivo são as leis penais em vigor no país. O subjetivo é o poder-dever do Estado de punir o infrator. O poder do Estado em punir sofre limitações quanto ao modo (o Estado não pode punir como quiser, mas deve obedecer às regras de sanção), espaço (o Estado só pode punir crimes cometidos dentro de seu território) e o tempo (o poder de punir não é eterno e pode prescrever). Direito penal de emergência: é uma modalidade que afasta o direito penal da sua função primordial e cria leis focadas em punição em vez da prevenção. É uma forma de dar respostas rápidas à sociedade na tentativa de trazer uma segurança jurídica. Um exemplo é a lei nº 8.072/90 que categoriza alguns crimes como hediondos. Direito penal promocional: possui um caráter demagógico, pois é utilizado pelo Estado para promover seus próprios interesses de transformação social. Um exemplo é a lei de mendicância, revogada em 2009. Vai contra o princípio da intervenção mínima. Direito Penal de Intervenção: seria a utilização do direito penal somente para a proteção dos bens jurídicos e as infrações coletivas com menor grau ofensivo seriam tratadas por uma forma mais flexível, sem necessidade de privação de liberdade. Direito Penal Garantista: respeito máximo às garantias legais para evitar arbitrariedades do Estado e proteger o réu, que é inocente até o trânsito em julgado. Estabelece os limites do direito penal. As garantias são divididas em primárias (previne a violação das garantias) e secundária (derivam da não observância das garantias primárias). Direito penal comum e especial: se for a justiça penal comum, trata-se da Federal ou Estadual. Se for a justiça penal especial, trata-se da Militar ou da Eleitoral. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Fontes do Direito Penal É de onde o Direito Penal vem e como ele se revela. Se divide em: Fonte material ou de produção É de onde surge a norma penal, o órgão encarregado por essa produção, que é a União, como prevê o artigo 22 da Constituição Federal. Fonte Formal É o instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, o modo como as regras são reveladas. Classificam-se em: Imediata: a lei é a única fonte formal imediata do direito penal, pois é o único instrumento normativo capaz de criar lei penal. Porém, fala-se em lei ordinária (metade mais um dos presentes – maioria simples) ou em lei complementar (metade de todos os componentes – maioria absoluta). A CF também está no rol das fontes formais imediatas, apesar de não estabelecer diretamente as infrações penais, mas indica-as ao poder legislativo, chamadas de mandado de criminalização. Além disso, os tratados e convenções internacionais de direitos humanos (que na pirâmide de Kelsen estão em nível constitucional) são encarados como fonte formal do direito penal. Mediata: revelam o direito penal deforma indireta. É revelado pela doutrina, jurisprudência, princípios gerais do direito e os costumes. Características e classificação da lei penal A lei penal tem as seguintes características: Exclusividade: somente a lei define infrações e comina sanções penais. Imperatividade: é imposta a todos. Generalidade: todos devem aceitar a lei penal. Impessoalidade: se dirige a fatos e não a pessoas. A lei penal é classificada das seguintes formas Incriminadora: define as infrações penais e comina as sanções. É estruturada da seguinte forma: ➢ Preceito primário: onde está descrita a conduta indevida ➢ Preceito secundário: onde está descrita a sanção. Não incriminadora: também chamada de lei penal no sentido amplo. Não tem a finalidade de criar infrações penais e nem cominar sanções. Subdividem-se em ➢ Permissivas: justificante (viabiliza que uma conduta, a princípio indevida, seja aceita por algum motivo. Exemplo: legitima defesa.) e exculpante (elimina a culpabilidade. Exemplo: embriaguez completa acidental). ➢ Explicativa ou interpretativa: esclarece o conteúdo da norma. ➢ Complementar: delimita a aplicação das leis incriminadoras. ➢ Extensão ou integrativa: viabiliza a tipicidade de alguns fatos. Norma Penal Espécie do gênero norma jurídica, aquela que é imperativa e fixa sanção. Quando elaborada pelo órgão legislativo competente, assume forma de lei. A norma é pressuposto lógico da lei e esta é revestimento formal daquela. No sentido técnico-jurídico, a lei é a fonte do direito positivo, um meio ou instrumento de produção de normas jurídicas, um modo de revelação ou exteriorização racional da norma. A condição de norma jurídica é dada pela lei. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas A norma penal possui preceito jurídico obrigatório, em forma de mandamento ou proibição e não se confunde com a lei. Teoria de Binding Binding diz que quando o criminoso pratica a conduta descrita em lei, ele não viola a lei, mas sim a norma penal. A crítica é de que a norma é conteúdo da lei. Quando a lei é violada, a norma também é. Norma penal em branco Também chamada de “primariamente remetida”, são aquelas que necessitam de um complemento para que se possa compreender o âmbito de aplicação do seu preceito primário. Ou seja, necessita de um complemento para entender o preceito primário. De divide em: Norma penal em branco homogênea: o seu complemento é oriundo da mesma fonte legislativa. Pode ser homovitelina (complemento advindo do mesmo ramo do direito) ou heterovitelina (complemento advindo de outro ramo do direito). Norma penal em branco heterogênea: quando o seu complemento vem de outra fonte. Por exemplo: uma lei complementada por uma portaria. Norma penal incompleta ou imperfeita Também chamada de secundariamente remetida ou lei penal inversa ou ao avesso. Para saber a sanção imposta, o legislador nos remete a outro texto de lei. Anomia e antinomia Anomia é a ausência de normas para um assunto em específico ou, quando existe, a sociedade não lhe dá o devido reconhecimento. Antinomia ocorre quando duas normas são incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de validade. Para resolver a antinomia, a doutrina aponta os critérios: ➢ Cronológico: a norma mais recentemente editada revoga a anterior. ➢ Hierárquico: prevalece a hierarquia das normas de acordo com a pirâmide de Kelsen. ➢ Especialidade: a lei especial afasta a aplicação da lei geral. Concurso aparente de normas São casos em que em uma mesma conduta podem ser aplicados, aparentemente, mais de uma norma penal. É aparente porque verdadeiramente não há conflito de normas porque o ordenamento é harmônico. Princípios que regem o aparente conflito Especialidade Quando a norma penal é especial em relação à uma norma geral, pois reune todos os elementos desta, acrescidos de mais alguns elementos, chamados especializantes. A norma especial tem a finalidade de excluir a geral. Por exemplo, o crime de infanticidio é especial em relação ao homicídio. Subsidiariedade A norma principal deve ser aplicada em detrimento da subsidiária. Uma norma subsidiária é a que prevê uma conduta que é componente da norma principal. Pressupõe a existência de um tipo principal, que criminaliza uma ofensa mais grave, e um tipo subsidiário, que criminaliza uma ofensa menos grave, as duas ao mesmo bem jurídico. A norma subsidiária somente será aplicada quando não couber a aplicação da norma principal. Também chamada de “soldado de reserva”. Pode ser: ➢ Expressa: quaando a norma, em seu próprio texto, condiciona a sua aplicação a não aplicação de outra norma mais grave. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas ➢ Tácita: quando a lei não prevê, mas fica subintendida a análise do acontecido para ver se o fato não constitui crime mais grave. Exemplo: o crime de dano é subsidiário (menos grave) ao crime de furto com destruição ou rompimento de obstáculo. Consunsão Também conhecido como princípio da absorção. Em resumo, para cometer um crime (crime fim), é necessário que se cometa outro crime (crime meio). Pode-se falar em consunção nas seguintes hipóteses ➢ Crime progressivo: para cometer um crime, o agente passa por outro crime menos grave, chamado crime de passagem. ➢ Progressão criminosa: o agente quer primeiro praticar o crime menos grave, mas depois decide praticar o crime mais grave. ➢ Antefáto impunível: são fatos anteriores, não obrigatórios, mas que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave. ➢ Pós fato impunível: o agente, depois de ofender o bem jurídico, incrementa a lesão. Por exemplo: destruir o objeto roubado. Interpretação da lei penal Buscar o significado de um texto, delimitando o alcance da lei. São formas de interpretação: Quanto ao sujeito que à interpreta ou a origem Autêntica (ou legislativa): a interpretação é fornecida pela própria lei. Subdivíde-se em: ➢ Contextual: a própria lei fornece a interpretação ➢ Posterior: lei distinta e posterior que fornece a interpretação. Doutrinária (ou científica): interpretação feita pelos estudiosos e que não é de observância obrigatória. Jurisprudencial: significado dado às leis pelos tribunais a medida que analisam o caso concreto. Quanto ao modo Gramatical, filológica ou literal: considera o sentido literal das palavras. Teleológica: busca a finalidade da lei, ou seja, o que levou a sua edição. Histórica: é a interpretação que avalia o contexto histórico no momento da criação da lei. Sistemática: interpreta a lei considerando todo o sistêma jurídico, confrontando-a com outras leis e com os princípios gerais do direito. Progressiva: busca a interpretação da lei de acordo com a evolução da sociedade, científica e jurídica. Lógica: busca extrair a interpretação da lei de acordo com o raciocínio dedutivo. Quanto ao resultado Declarativa: o legislador disse exatamente o que pretendia, não ampliando e sem suprimindo o alcance da lei. Restritiva: restringe o alcance da lei por considerar que o texto foi além do que o legislador pretendia. Extensiva: amplia-se o alcance da lei por considerar que o legislador disse menos do que desejava. Interpretação conforme a constituição A validade da norma infraconstitucional deve ser buscada dentro da perspectiva constitucional, que tem um viés garantista. Extensiva: quando o interprete amplia o significado das palavras, considerante que o legislador disse menos do que queria. Não pode ser feito para prejudicar o réu. Contudo, não se pode afastar a interpretação extensiva se a interpretação restritiva causar um escândalo por sua notória irracionalidade. Quando o legislador quer restringir o alcance de uma norma, faz isso de forma expressa. Interpretaçãoanalógica Quando o legislador da exemplos de crimes, mas autoriza ao interprete a identificar outras situações similares. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas A integração da lei penal é quando não há legislação que discipline um fato, mas pela sua semelhança com outro fato disciplinado, utiliza outra lei “parecida”. Para utilizar a analogia, ela precisa ser favorável ao réu e ter a certeza que existe uma lacuna penal a ser preenchida. A analogia pode ser: Analogia legis: analogia feita a partir de outro dispositivo de lei. Analogia iuris: analogia com os principios gerais do Direito. Princípios do Direito Penal Os princípios representam o alicerce do Direito Penal, limitando o poder punitivo do Estado e garantindo a manutenção das garantias fundamentais. São mandamentos vinculantes tanto para o legislador quanto para o aplicador. Os princípios interagem entre si, dialogam, viabilizando a sistematização e harmonia do ordenamento jurídico. Os princípios podem ser: Explícitos: quando positivados no ordenamento jurídico. Implícitos: não previstos em lei, mas podem ser extraidos do ordenamento jurídico. Diferenças básicas entre princípio e lei. São duas diferenças. A primeira tem a ver com a forma de resolução de conflitos. Se há um embate de leis, somente uma prevalecerá, afastando as demais. É a regra do “tudo ou nada”. Ou uma lei é válida ou não. Nos princípios isso não acontece porque não existe revogação de princípios. Invoca-se a proporcionalidade e aplica-se os princípios em conjunto, na medida da sua compatibilidade. Os princípios também possuem dimensão de peso ou importância que as regras não tem. Quando à um conflito entre princípios, tem-se que levar em conta a força de cada princípio. Nenhum princípio é absoluto. A segunda forma de resolução está no plano de concretude. Os princípios possuem maior abstração quando comparados com a lei. A lei é elaborada para reger determinado fato e os princípios se aplicam a um grupo indefinido de hipóteses. Princípios que informam o direito penal Dignidade da pessoa humana Está previsto na CF e faz da pessoa fundamento e fim da sociedade e do Estado. Afirma a integridade física e espiritual do homem como aspectos irrenunciáveis, garante a identidade e a integridade através do desenvolvimento da personalidade, possibilita condições de existência mínimas, autonomia individual limitando os poderes públicos e igualdade de todos perante a lei. Exclusiva proteção dos bens jurídicos O direito penal presta-se à proteção dos bens jurídicos. Princípio da intervenção mínima O direito penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, ou seja, quando um ato oferecer lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico. Princípio da insignificância ou bagatela própria Aplica-se quando a ofensa concretada seja incapaz de atingir materialmente de forma relevante ou intolerável o bem jurídico. Não oferece periculosidade social e o grau de reprovabilidade do comportamento é reduzido. A insignificância pode ser ➢ Própria: insignificância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. A conduta é formalmente típica, mas materialmente atípica. ➢ Imprópria: a aplicação da pena torna-se desnecessária, considerando as circuntâncias do caso concreto e o histórico do autor. Princípio da adequação social Apesar de uma conduta se amoldar ao modelo legal, não será considerada típica se for Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas socialmente adequada ou reconhecida. Restringe o âmbito de abrangência do tipo penal e orienta o legislador na seleção dos bens jurídicos a serem tutelados, descriminalizando condutas. Princípio da exteriorização ou materialização do fato O direito penal só pode criminalizar fatos, vedando-se o direito penal do autor, que pune o individuo por seus pensamentos, desejos, aparência ou estilo de vida. Princípio da legalidade Limita o poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais e é expresso na CF. É também expresso no artigo 1º do CP. Possui três fundamentos: ➢ Político: garantia constitucional dos direitos fundamentais do homem, impedindo o poder punitivo arbitrário. ➢ Democrático: divisão de poderes, conferindo aos representantes do povo a missão de elaborar leis. ➢ Jurídica: lei prévia e clara produz efeito intimidativo. A legalidade deve ser compreendida sobre dois aspéctos: ➢ Formal: obediência aos trâmites procedimentais, fazendo da lei aprovada, sancionada e publicada, uma lei vigente. ➢ Material: para ser válida, a lei deve respeitar a CF e os tratados internacionais de direitos humanos. Princípio da lesividade ou ofensividade Só serão punidos os fatos em que ocorra lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos. Só será criminalizado quando ofender a integridade dos bens jurídicos de terceiros. Princípio da responsabilidade pessoal Somente o condenado terá que se submeter à sanção que lhe foi aplicada. Princípio da culpabilidade ou responsabilidade subjetiva Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, mas a responsabilidade penal decorre da existência de voluntariedade, dolo (intensional) ou culpa (não intensional). A culpabilidade pode ser critério de medição de pena. Princípio da Igualdade Deriva-se do artigo 5º da CF. Refere-se à igualdade formal e na material. Para todos os indivíduos com as mesmas características, devem prever-se, através da lei, iguais situações ou resultados jurídicos ou, ainda, deve-se tratar de forma igual o que é igual e desigualmente o que é desigual. Princípio da individualização da pena A pena é individual. Pode ser cominada pelo legislador, mas será aplicada pelo juiz. Deve ser observada em três momentos: ➢ Definição da figura típica pelo legislador ➢ Imposição da pena pelo juiz ➢ Fase de execução da pena Princípio da proporcionalidade Deve haver um equilíbrio entre o mal causado pelo agente e a aplicação da pena. Vedação do “bis in idem” ➢ Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime ➢ Material: ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo fato ➢ Execuconal: ninguém pode cumprir a mesma pena mais de uma vez pelo mesmo fato Princípio da fragmentariedade O direito penal não deve ser utilizado para tutelar qualquer situação, nem para proteger todo bem jurídico. Somente deve ser empregado em se tratando dos ataques mais graves aos bens jurídicos mais relevantes. Princípio da limitação das penas Não haverá pena de morte (salvo em casos de guerra declarada), perpétua, de trabalho forçado, de banimento ou cruéis, como dispõe a CF. Lei Penal no Tempo De acordo com o princípio da legalidade, descrito no artigo 1º do Código Penal, em regra a lei penal aplicada deve ser a vigente no tempo do crime e Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas não retroage. Entretanto, existem exceções chamadas extra atividade que é quando é permitida a retroatividade ou a ultratividade. Essas exceções só podem acontecer quando forem para beneficiar o réu. ➢ Retroatividade: lei penal aplicada a fatos anteriores a sua vigência. ➢ Ultratividade: lei penal aplicada após a sua revogação. Tempo do crime É necessário definir quando um crime se considera praticado. Existem três teorias, mas o Brasil adota a teoria da atividade no artigo 4º do CP. ➢ Teoria da Atividade: o tempo do crime é o da ação ou omissão, ainda que o resultado seja posterior. ➢ Teoria do resultado: o tempo do crime é o momento do resultado. ➢ Teoria mista ou ubiquidade: pode ser o da ação ou o do resultado. Pelo princípio da coincidência, todos os elementos do crime (fato típico, ilícito e culpável) devem estar presentes no momento do crime e o momento do crime que definirá qual lei regerá o caso concreto. Sucessão de leis no tempo Quandohá modificação da norma de conduta ou de suas consequências jurídicas entre a data do crime, o julgamento e término do cumprimento da pena. NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA Lei que não existia no momento da conduta e depois foi editada incriminando-a. Não retroage. NOVATIO LEGIS IN PEJUS Nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu. Não retroage. LEI POSTERIOR MAIS GRAVE EM CASO DE CRIME PERMANENTE OU CRIME CONTINUADO ➢ Crime permanente: consumação se prolonga no tempo. CRIIIIIIIMEEEEE. ➢ Crime continuado: dois ou mais crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, entre outras semelhanças. Para fins de pena, devem ser tratados como crime único, majorando a pena. CRIME, CRIME, CRIME, CRIME. A súmula 711 do STF diz que aplica-se a lei penal mais grave, ainda que prejudicial ao réu, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. ABOLITIO CRIMINIS Fato tratado como crime é descriminalizado. A lei retroage e cessão os efeitos penais e condenatórios. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS Nova lei que beneficia o réu. Pode ser aplicada mesmo após a condenação. Lei retroage. LEI MAIS BENÉFICA NO PERÍODO DE VACATIO LEGIS Existem duas correntes: ➢ Aplica-se a lei nova desde logo ➢ No período de vacatio legis, a nova lei não tem eficácia, prevalecendo a lei anterior. O Brasil adota a segunda corrente. Dúvida sobre qual lei é a mais benéfica O réu deve ser consultado para saber qual lei mais o favorece. Princípio da continuidade normativo- típica A conduta se mantém proibida, mas o conteúdo criminoso se desloca para outro tipo penal. Se difere da abolitio criminis. Lei intermediária A lei mais benéfica não é a do momento do crime e tampouco a última lei, mas uma lei intermediária. Deve-se aplicar a lei mais favorável. Fala-se em dupla extra-atividade. Combinação de leis penais Faculdade conferida ao juiz para conjugar critérios mais favoráveis da lei anterior e da lei posterior. O STF é favorável a esta modalidade, mas o STJ é contrário, pois entende que o juiz estaria assumindo o papel do legislador. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Lei temporária e lei excepcional ➢ Lei temporária: instituída por um prazo determinado, ou seja, a conduta só será criminalizada na vigência da lei. ➢ Lei excepcional: editada em virtude de uma necessidade estatal, a exemplo dos crimes de guerra. Ambas as leis são auto revogatórias e possuem ultratividade, ou seja, alcança fatos praticados durante a sua vigência, ainda que esta já esteja revogada. Retroatividade da norma penal em Branco Alteração no conteúdo da lei, posterior a conduta criminosa, que beneficia o agente. O STF entende que quando: ➢ Homogênea: sempre tem efeitos retroativos. A alteração do complemento é um quadro de normalidade. A situação que se buscava incriminar agora é irrelevante para o DP. ➢ Homogênea sem excepcionalidade: se revogada ou modificada, poderá conduzir também à descriminalização. Ocorreu em um quadro de normalidade. Retroage. ➢ Heterogênea com excepcionalidade: ocorreu em um quadro de anormalidade. Se revogado ou modificado, não conduz à descriminalização. Lei penal no espaço Fato que interessa dois ou mais países. O estudo das leis penais no espaço busca apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional, ou seja, quando ela pode ou não ser empregada. Princípios Territorialidade Aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico. Personalidade ativa Aplica-se a lei do país de nacionalidade do autor, sem importar com o local do crime, da vítima ou do bem jurídico. Personalidade passiva Aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido. Defesa Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico, não importando o local da infração penal ou nacionalidade do sujeito ativo. Justiça penal universal ou justiça cosmopolita O agente fica sujeito à lei do país onde foi encontrado, não importando sua nacionalidade, do bem jurídico ou o local do crime. Geralmente este princípio está nos tratados internacionais de cooperação de repressão a determinados delitos de alcance transnacional. Representação ou bandeira Lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro e ai não sejam julgados ou em alto mar. Princípio da territorialidade Artigo 5º CP A adoção deste princípio não é absoluta pois existem convenções, tratados internacionais e regras de direito internacional. Fala-se em territorialidade temperada. Existe também a possibilidade de aplicação de lei estrangeira a fato praticado em território brasileiro, chamado intraterritorialidade, como por exemplo a imunidade diplomática. Também existem as possibilidades em que a lei brasileira alcança condutas praticadas no estrangeiro, que é o caso da extraterritorialidade. Território Nacional Território físico Espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado além das 12 milhas marítimas de largura e o espaço aéreo correspondente Território por extensão, ficção, equiparação ou flutuante Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Embarcações e aeronaves brasileiras públicas ou a serviço do governo e aeronaves privadas com bandeira brasileira, ou seja, registradas no Brasil. Para as aeronaves ou embarcações estrangeiras, apenas quando privadas em território brasileiro. Embaixada As embaixadas são invioláveis, mas não constituem extensão do território do país que representam. Se ocorrer crime no interior da embaixada, aplica-se a lei brasileira, salvo em hipótese de imunidade diplomática ou algum tratado de direito internacional a respeito. Direito de passagem inocente Lei 8.617/1993 Navio privado que utiliza do mar territorial brasileiro como passagem para o seu destino sem atracar no território. Se ocorrer algum crime, a lei brasileira não será aplicada desde que não prejudique a paz, a boa ordem ou a segurança do Brasil, devendo a passagem ser contínua e rápida. Lugar do crime Quando uma mesma infração se desenvolve em dois ou mais países. É o chamado crime à distância. Exemplo: bomba fabricada no Brasil e enviada para explodir e matar vítima no Paraguai. A solução para saber onde o crime ocorreu é dada pelo artigo 6º do CP. Adota-se a teoria da ubiquidade, hibrida ou mista. Sempre que por força da ubiquidade o fato se deva considerar praticado tanto no território brasileiro quanto no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira. Extraterritorialidade Casos em que a lei brasileira pode alcançar crimes cometidos no estrangeiro. O artigo 7º, I e II e § 3º estabelecem quais crimes ficam sujeitos a lei brasileira mesmo praticados no estrangeiro. A extraterritorialidade pode ser: Incondicionada Artigo 7º §1º CP Alcança os crimes descritos no inciso I sem depender do preenchimento de qualquer requisito. Não importa se o agente foi condenado ou absolvido no estrangeiro. Condicionada Alcança os crimes previstos no inciso II desde que as condições do §2º sejam cumpridas. Hipercondicionada Artigo 7º § 3º CP Além das condições do § 2º, é preciso cumprir as condições do § 3º. Lei Penal em relação às pessoas Deriva de prerrogativas de função. É o conjunto de precauções que rodeiam a função e que servem para proteger o seu exercício. Requer lei estabelecendo- a e alcança funções vinculadas às instituições governamentais. Espécies IMUNIDADE DIPLOMÁTICA Alcança: ➢ Chefes de governo ou estado estrangeiro e sua família, bem como membros da comitiva. ➢ Embaixador e sua família. ➢ Funcionários do corpo diplomático e famílias. ➢ Funcionários das organizações internacionais em serviço. Isso foi determinado pela convençãode Viena de 1961, que foi incorporada no ordenamento jurídico pelo decreto 56.435/1965, art. 31, I. Os imunes devem obedecer a lei do país em que se encontram, mas escapam de consequências jurídicas e da intraterritorialidade. Esta inviolabilidade alcança prisão, residência, documentos, correspondências e bens. Imunidade parlamentar Artigo 53 CF/88 Exclui a responsabilidade penal e civil. Para o STF, sua natureza é de fato atípico. Deve ter havido vínculo entre opiniões, palavras e votos e o Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas exercício da função. Se o parlamentar estiver fora do Congresso Nacional, precisa demonstrar vínculo entre sua manifestação e o exercício do cargo. Relativa, formal, processual, adjetiva – artigo 53, § 1ºao § 8º CF/88 Relativa ao foro especial (STF): da diplomação ao fim do mandato. Apenas para crimes cometidos no exercício do mandato e em razão dele. Relativa à prisão (artigo 53, § 2º CF/88): restrita à prisão em flagrante por crimes inafiançáveis. Relativa ao processo: possibilidade de sustação do processo a pedido de partido político com representação na casa legislativa, por maioria absoluta dos seus membros. Válido apenas para crimes pós diplomação. Há também suspensão de prescrição – artigo 53, § 3º ao § 5º CF/88. Norma relativa à condição de testemunha: parlamentares testemunhas, salvo em relação as informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, resguardam o sigilo da fonte. Podem ajustar dia, local e horário para serem ouvidos. As imunidades subsistem mesmo no estado de sítio, mas não quando o parlamentar pede licença. Essas regras também são válidas para deputados estaduais. Para vereadores, apenas no exercício do mandato e na circunscrição do município de acordo com o artigo 29, VIII, CF/88. Pena cumprida no estrangeiro Artigo 8º CP É possível que o agente seja processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira, quanto pela lei estrangeira, cumprindo no estrangeiro pena total ou parcial. Hipóteses ➢ Pena cumprida no estrangeiro atenua pena imposta pelo Brasil pelo mesmo crime, quando diversas – pena privativa de liberdade e pena de multa. ➢ Pena cumprida no estrangeiro é computada na pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando idênticas – duas penas privativas de liberdade. As hipóteses levam em consideração a qualidade da pena e a quantidade da pena cumprida. É uma exceção ao princípio do non bis in idem. Eficácia da sentença penal estrangeira Artigo 9º CP O Brasil reconhece a sentença penal estrangeira nas seguintes hipóteses: ➢ Obrigar o condenado a reparação do dano, a restituição e outros efeitos cíveis, mas depende de requerimento da parte interessada. ➢ Sujeitar o condenado à medida de segurança – depende de tratado de extradição ou requisição do ministro da justiça. ➢ Sequestro de bens decorrentes de lavagem de dinheiro – artigo 8º lei 9.613/98 A sentença estrangeira deve ser homologada no Brasil pelo STJ – artigo 105, I, i, CF/88. Ele concede o cumpra-se para as sentenças estrangeiras, mas deve-se provar que houve trânsito em julgado no país proveniente – súmula 420 STF. Sentença homologada constitui título judicial no Brasil. Essa análise do STJ verifica se a sentença cumpre todos os requisitos do artigo 788 CPC e 15 LINDB. Se dispensa homologação, bastando sua prova pelos meios admitidos pelo Direito Penal, se a sentença produz efeitos com relação a reincidência, o sursi e o livramento condicional. O artigo 963 CPC/15 não exige mais a prova que houve trânsito em julgado, mas que a pena seja eficaz no país que ela foi proferida. Contagem de prazo Artigo 10º CP Os prazos penais são fatais e improrrogáveis e sua contagem é a partir do dia do seu começo. Se o fato ocorreu dia 19/03, o prazo começa a partir desta data, independente do horário. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Da mesma forma, o prazo é improrrogável e se finda automaticamente no último dia, seja dia útil ou não. Objetiva-se resguardar a liberdade da pessoa, impondo-lhe regra mais favorável à contagem de prazo. Os prazos penais são de duração das penas, do sursis, do livramento condicional, da prescrição, da decadência, etc. Um mês de prazo vai do dia do início até a véspera do mesmo dia do mês seguinte. Um ano de prazo vai do dia do início até a véspera do mesmo dia do próximo ano. Frações não computadas na pena Artigo 11 CP Desprezam-se as frações de horas das penas privativas de liberdade e de centavos nas penas pecuniárias. Legislação especial Artigo 12 CP Parte geral do CP – artigo 1º ao 120. O CP é a legislação penal comum e há outras leis penais tidas como especiais. A parte geral do CP é aplicada a toda a legislação penal especial, exceto quando esta trouxer disposição contrária. Em caso de conflito aparente de norma, utiliza-se o princípio da especialidade, subsidiariedade e consunção. Extradição Artigos 81 a 99 lei 13.445/2017 Obrigação feita pela solidariedade internacional na luta contra o crime, em que um país entrega a outro, alguém acusado ou condenado por um crime ou para que a pena seja executada. Pode ser: ➢ Ativa: em relação ao país que reclama ➢ Passiva: em relação ao país que concede ➢ Voluntária: quando o extraditando concorda ➢ Imposta: quando há oposição do extraditando ➢ Reextradição: quando um país requerente se torna requerido por um outro país, que solicita a entrega do extraditado pelo país que primeiro o solicitou. Princípios QUANTO AO DELITO Legalidade: o crime imputado ao extraditando deve estar previsto em tratado ou convenção. Mas isso pode ser mitigado pelo princípio da reciprocidade, ou seja, o país requerente promete dar o mesmo tratamento ao país requerido caso ocorra situação igual. Especialidade: o extraditando não pode ser julgado por fato diferente daquele que motivou a sua extradição. Identidade da norma: o fato que motivou a extradição também deve ser crime no país requerido, não pode haver extinção da punibilidade, em razão da prescrição, em algum dos países. QUANTO A PENA E A AÇÃO PENAL Comutação: o Brasil só concede a extradição condicionada a não aplicação de pena de morte, prisão perpétua ou pena corporal. Caso o país requerente aplique essas penas, deverá convertê-las em penas privativas de liberdade. Jurisdicionalidade: busca impedir que o extraditado seja julgado por tribunal de exceção. Non bis in idem: impede a concessão da extradição quando o Brasil for competente para julgar o caso. O requerente deve computar o tempo de prisão que no Brasil foi imposto, por força da extradição. Reciprocidade: conveniência aos dois países, porque o delito deve ser punido onde foi praticado e porque retira do território nacional uma pessoa de mau comportamento. Requisitos Exame prévio do STF: artigo 102 CF/88. O executivo irá avaliar (juízo de admissibilidade) se os requisitos estão presentes no pedido e mandará ao STF. Se o executivo não julgar procedente, o pedido será arquivado. Se o STF deferir, o país requerente tem 60 dias para retirar o acusado. Se o Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas STF indeferir, é em caráter definitivo. Enquanto há a avaliação, o extraditando poderá ficar preso cautelarmente. Existência de tratado com o Brasil ou reciprocidade entre os dois países. Existência de sentença final condenatória Ser o extraditando estrangeiro: o artigo 5ª, LI, CF/88 proíbe a extradição de brasileiro ato ou naturalizado, mas para o naturalizado existem exceções: ➢ Naturalização adquirida pós fato ➢ Tráfico ilícito de drogas, exigindo sentença penal condenatória com trânsito em julgado. O fato imputado deve constituir crime no Brasil e não contravenção penal. Artigo 82, II, lei 13445/17 Pena máxima para o crime imputadodeve ser a partir de dois anos e privativa de liberdade O crime imputado ao extraditando não pode ser político ou de opinião. O extraditando não pode estar sendo processado, nem pode ter sido condenado ou absorvido pelo mesmo fato no Brasil O Brasil tem que ser incompetente para julgar a infração O extraditando não pode ser submetido à tribunal de exceção Não pode estar extinta a punibilidade pela prescrição O extraditando não pode ser refugiado O extraditando não pode ser casado com brasileira ou ter filhos brasileiros. Repatriação Artigo 49 lei 13.445/17 Determinação de saída compulsória do Brasil, quando ocorre a devolução da pessoa em situação de impedimento de adentrar ao território. Volta ao país de procedência ou naturalidade. Deportação Artigos 50 a 53 lei 13.445/17 Saída do território de forma compulsória quando o estrangeiro se encontra de forma irregular, seja porque ingressou sem visto, este expirou ou exerceu atividade remunerada. O deportado poderá retornar assim que regularizar a sua situação. Expulsão Artigo 54 lei 13.445/17 Saída compulsória do território nacional com impedimento de reingresso por determinado tempo. Casos que não se admite expulsão ➢ Extradição inadimitida pela legislação brasileira ➢ Se tiver filhos ou pessoa brasileira sob sua tutela ➢ Casado com brasileira ➢ Ingressado no país até os 12 anos de idade ➢ Se for pessoa com mais de 70 anos que reside no Brasil a mais de 10 anos. Teoria geral do Delito Conceito clássico de delito – Von Liszts e Beling Movimento corporal (ação) que produz uma modificação (resultado) no mundo exterior. Aspecto objetivo: tipicidade e antijuricidade Aspecto subjetivo: culpabilidade Este conceito é derivado do positivismo científico, dizendo que tudo se resolve exclusivamente no âmbito do direito, desconsiderando outras áreas. ELEMENTOS 1. ação – movimento corporal que causa um resultado. É naturalística, objetivo-descritiva, valorativamente neutro e não se busca conteúdo da vontade. 2. tipicidade – é o caráter externo da ação. São fatos descritos na lei e nele não há nenhum elemento subjetivo do delito. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 3. antijuricidade – é objetivo-normativa, valorativa e formal. Há valoração da negativa da ação ao aspecto objetivo (resultados internos indesejáveis). Também há um juízo formal, ou seja, a conduta é típica e não há causa de justificação (excludentes de ilicitude). 4. culpabilidade – aspecto subjetivo, natureza descritiva (se limitava a comprovar a existência de um vínculo subjetivo entre o autor e o fato. Surge formas de culpabilidade dolosa e culposa. Conceito neoclássico de delito Sofreu influência de Kant. Conceito de delito voltado para os fins pretendidos pelo direito e perspectivas valorativas que o embasam. A ação deixou de ser puramente naturalística, já que por ela não dava para explicar os crimes omissivos, os culposos e os tentados. A tipicidade ganhou elementos subjetivos e normativos. A antijuricidade passou a ter conteúdo material, ou seja, exigência de danosidade social. A culpabilidade ganha ideia de reprovabilidade (ação de vontade contrária a um dever). Continuava sendo aspecto subjetivo do crime, mas passou a ter conteúdo normativo. Conceito de delito no finalismo Nasceu da oposição à teoria causal e a separação entre a vontade e seu conteúdo. Eliminou a separação desses aspectos e do próprio injusto, transformando o injusto naturalístico em injusto pessoal. Deslocou dolo e culpa da culpabilidade para a ação e a culpabilidade permaneceu apenas com o conteúdo normativo. Com o dolo e a culpa na conduta, tornou-se mais fácil identificar crime doloso e crime culposo. A culpabilidade tornou-se “puramente normativa”, permitindo aferir a censura do comportamento. Funcionalismo ou teoria teleológica – Roxin Esta teoria confere relevância a função do DP para estabelecer políticas penais que permitam o alcance do seu objetivo, que é a proteção dos bens jurídicos. O direito penal deve ser aplicado de maneira subsidiária, ou seja, apenas quando todas as medidas se mostrarem ineficazes na tutela dos BJ. As lesões menos graves devem ser tratadas por outros ramos do direito. Agregou-se ao conceito de culpabilidade a aferição da real necessidade de aplicação da pena. A teoria também contribuiu no âmbito do injusto penal (tipicidade e antijuricidade). A análise da conduta dolosa/culposa, do nexo de causalidade e do resultado deve ser feita junto com a aferição da criação de um risco proibido ou do aumento do risco em razão de uma conduta impetrada. O sistema jurídico não deve se alicerçar apenas em dados, mas aos fins do DP. Conceito analítico de crime Formal: crime é toda ação ou omissão proibida por lei sob a ameaça de penal. Material: crime é a ação ou omissão que contraria valores ou interesses do corpo social, exigindo sua proibição com ameaça de pena. Crime é a ação típica, antijurídica e culpável (teoria tripartida). ✓ Fato típico: ação/conduta (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva), resultado, nexo de causalidade e tipicidade. ✓ Antijuricidade: contrariedade da conduta em relação ao ordenamento jurídico, afastadas pelas excludentes de ilicitude. ✓ Culpabilidade: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Conduta é o comportamento humano, voluntário e consciente dirigido a um fim. FUNÇÕES DA CONDUTA Função de elemento básico ou unitário: necessidade de que o conceito de conduta seja suficientemente amplo para que compreenda todas as formas de comportamento relevantes para o DP. Função de elemento de união: enlace todas as fases do juízo jurídico-penal. Função limitadora: exclui as condutas irrelevantes para o DP. O resultado não pertence à conduta, mas ao tipo. A ação (viola uma proibição) e a omissão (descumpre Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas uma ordem) constituem duas formas básicas do fato punível. Teorias da Ação Teoria causal-naturalística da ação Movimento corporal voluntário que causa modificação no mundo exterior (desvalor do resultado). Integram-na a manifestação da vontade, o resultado e a relação causal. O conteúdo da vontade, dolo e culpa, estão na culpabilidade. A ação se fraciona assim: ✓ Processo causal “externo” e objetivo (ação e resultado) ✓ Processo causal interno (conteúdo da vontade – dolo e culpa) Nesta teoria importa o que foi causado pelo querer do agente, não importa se os efeitos deste querer são conteúdo da vontade, pois este só importam na culpabilidade. Interessa se o sujeito atuou voluntariamente e não o que quis. Teoria final da ação Colocou fim à separação entre “vontade” e seu “conteúdo” e entre os aspectos objetivos e subjetivos. A ação humana entendida como exercício da atividade final, pois toda ação é guiada por um querer. A finalidade é vidente e a causalidade é cega. A vontade é fundamental para a consecução do fim. A direção final tem duas fases: ✓ Subjetiva (intelectiva): interna. Antecipação do fim que se quer realizar, seleção dos meios para alcançar o fim e consideração dos efeitos concomitantes. ✓ Objetiva (ocorre no mundo real): externa. Execução da ação dominada pelo fim desejado. Tentativa caso não atinja o fim desejado. Compreende somente as consequências que o autor considera unidos para a obtenção do fim, mas ficam de fora aquelas que o agente confiou que não se reproduziriam. Nos crimes culposos, os fins são irrelevantes para o DP. Não são os meios escolhidos ou a forma de utilização que definem a conduta típica. CONSEQUÊNCIAS DO FINALISMO 1. dolo e culpa são incluídos no injusto penal, na conduta. 2. conceito pessoal de injusto. Desvalor pessoal da ação (derivado de dolo e culpa), gerando um resultadoconsistente na ofensa ou perigo de ofensa ao BJ. Diferente da teoria causal, onde o injusto é naturalístico: importa a modificação produzida no exterior quando se analisa a conduta. A culpabilidade é meramente normativa. Teoria social da ação – Schimidt, Maurach, Jescheck e Wessels Busca o sentido social da ação. A direção da ação de forma objetivamente genérica e não individual, como ocorre no finalismo. A ação como conduta socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana e dirigida a um resultado. Sedimentou o distanciamento da teoria causal, pois considerou a vontade final incerta na ação. Corrigiu o subjetivismo unilateral do finalismo, que corre o risco de se esquecer do desvalor do resultado, na medida em que somente se destaca a ação. O finalismo realça a ação em relação ao fenômeno humano interno. A teoria social da ação acrescenta um sentido social para aquele anteriormente apresentado pelo finalismo, de natureza individual. Ausência de ação Não se pune a simples vontade criminosa. Deve haver a execução da ação. Casos de ausência de ação: 1. coação física irresistível: o agente é mero instrumento idealizador da vontade do coator (artigo 22). Coação física exclui a ação e coação moral exclui a culpabilidade. 2. movimentos reflexos: estímulo ao sistema nervoso. Não há vontade. 3. estado de inconsciência: ausência de consciência gera falta de vontade. Sujeitos da ação Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Sujeito ativo: quem pratica o ato descrito como crime (execução total ou parcial do tipo) por vontade própria). Pessoa jurídica como sujeito ativo: não pode figurar como sujeito ativo, exceto nos casos de crimes ambientais (artigo 225 CF/88). Falta capacidade de ação e culpabilidade, que são próprios do ser humano. Os dirigentes se responsabilizam pessoalmente. Sujeito passivo: titular do BJ atingido ou ameaçado. Pode ser o Estado, a coletividade, a pessoa jurídica e a pessoa física. Omissão Infração às norma mandamentais, ou seja, não fazer o que foi ordenado. O agente não faz o que pode e deve fazer. 1. omissivo próprio: são de mera conduta. Não se atribui resultado derivado da conduta. Desobediência a uma norma mandamental que determina a prática de uma conduta que não é realizada, quando possível cumpri-la sem risco pessoal. Eventual resultado proveniente desta conduta é irrelevante para a sua consumação. 2. crime omissivo impróprio (comissivo por omissão): são crimes de resultado, não há uma causalidade fática, mas jurídica, em que o omitente, podendo e devendo, não impede o resultado. São elementos desta modalidade de omissão: ✓ Abstenção de atividade que a norma impõe ✓ A superveniência do resultado típico em decorrência da omissão ✓ Exigência da situação geradora do dever jurídico de agir Desobediência à norma proibitiva a todos – norma de dever de primeiro grau: não garantir a não ocorrência de um resultado – norma de dever de segundo grau. PRESSUPOSTOS DO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO ✓ Poder de agir ✓ Evitabilidade do resultado ✓ Dever de impedir o resultado Resultado O resultado pode ser jurídico (normativo) ou naturalístico (material). Naturalístico Modificação do mundo exterior decorrente da conduta do agente. Efeito da conduta do agente. Apenas crimes materiais pressupõem a realização do resultado naturalístico. Crimes materiais: consumação no resultado, que é necessário. Crimes formais: consumação na conduta e resultado desnecessário. Crimes de mera conduta não têm resultado. Crimes tentados não possuem resultado naturalístico. Os crimes omissivos próprios não exigem o resultado naturalístico para a sua consumação. Nos crimes de perigo, o próprio perigo é o resultado naturalístico. Há crimes sem resultado naturalístico e nestes o fato típico será constituído apenas pela conduta e pela tipicidade, inexistindo nexo de causalidade e resultado. Em crimes de resultado duplo há a conduta e mais de um resultado. Jurídico É a lesão ou exposição a perigo do BJ. O perigo pode ser concreto (risco real) ou abstrato (risco presumido pelo legislador). Quando ocorre violação ao conteúdo da lei penal incriminadora, estará presente o resultado jurídico. Todo crime possui resultado jurídico. Os crimes que lesionam mais de um BJ são chamados de “pluriofensivos”. Relação de causalidade Decorre da integração entre causa e efeito, é um dos elementos do fato típico e tem a ver com os crimes de resultado (artigo 13). Causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido e como ocorreu. Causa seria a soma das condições produtoras de um resultado. Juízo hipotético de eliminação Método que suprime mentalmente certo fato ou comportamento do contexto fático para ver se sem ele o resultado não teria ocorrido e como ocorreu. O fato ou comportamento deve-se mostrar indispensável para o resultado. Entretanto, este Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas resultado leva ao infinito, daí tem-se a necessidade de estabelecer limites a esse raciocínio. Limitações à teoria da conditio sine qua non 1. a causalidade deve ser aferida junto com o vínculo subjetivo – a causalidade relevante é aquela possível de ser mentalizada antecipada. Daí se diz que a cadeia causal está limitada pelo dolo e pela culpa. Se não for orientada pelo dolo ou pela culpa, será acidental, não caracterizando crime. 2. concausas – dependentes ou independentes a) dependentes: originam-se na conduta praticada e se inserem no desdobramento causal natural da conduta, ou seja, faz parte do seu curso normal. A relação de dependência entre os fatos antecedentes e os subsequentes que caracterizam a causa dependente. A causa dependente é marcada por dois fatores: ✓ Origina-se da conduta inicial, sem a qual não existiria. ✓ Atua com absoluta dependência da causa anterior. As causas dependentes não excluem o nexo causal, mas o integram. b) causas independentes: inesperado, não faz parte do curso normal da conduta. Podem ser absolutas ou relativamente independentes. O assunto relativo ao nexo causal ganha mais importância quando o resultado não é efeito de um só comportamento ou um outro fato. Quando se identifica mais de uma causa concorrendo para um resultado, falam-se em concausas. São espécies de concausas: Concausa absolutamente independente: a causa efetiva do resultado não se origina, direta ou indiretamente, do comportamento avaliado. Existe um outro comportamento ou outro fato que por si só produziu de maneira absolutamente independente o resultado examinado. A concausas pode ter sido dada antes (preexistente), durante (concomitante)ou depois (superveniente) do comportamento avaliado. Eliminando-se mentalmente o comportamento avaliado, o resultado teria se dado da mesma forma. ✓ concausa preexistente absolutamente independente: o outro comportamento ou outro fato acontece antes do comportamento avaliado ✓ concausa concomitante absolutamente independente: o outro comportamento ou outro fato é simultâneo ao comportamento avaliado ✓ concausa superveniente absolutamente independente: o outro comportamento ou outro fato é posterior ao comportamento avaliado Nas três hipóteses, usando-se a exclusão hipotética, o resultado não se alteraria. O agente responde apenas pelo seu dolo. Inexiste a relação de causalidade. Concausa relativamente independente: as causas se conjugam para produzir o evento final, mas isoladamente consideradas, não ocasionariam o resultado como aconteceu. O outro comportamento ou outro fato podem ter acontecido antes, durante ou depois do comportamento avaliado. Nos casos da concausa superveniente relativamente independente, podem ocorrer duas hipóteses: a) concausa que produziu resultado por si só: há uma nova condição que provocaum novo nexo de causalidade. A nova causa atua como se tivesse agido sozinha. Há uma causa superveniente que atua de maneira imprevisível em relação à conduta avaliada. A vítima somente estava no local em que o segundo fato ocorreu em decorrência do primeiro fato ou comportamento. b) concausa que não produziu resultado por si só: o agente também responderá pelo resultado. O resultado se insere na linha de desdobramento físico da conduta. Há o encadeamento causal e há o nexo de causalidade. Não há uma nova condição que provoca um novo nexo de causalidade. As concausas dependentes e as concausas supervenientes relativamente independentes que não produzem resultado por si só, levam o autor da conduta avaliada a responder pelo resultado final. Evolução do conceito de tipo Fase da independência – Beling Função descritiva, separada da antijuricidade e da culpa. Função: definir delitos. Ausência de Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas elementos normativos e subjetivos. Juízo de tipicidade: adequação típica. Fase da “ratio cognascendi” da antijuricidade – Mager 1915 Não tem apenas função descritiva (indício da antijuricidade. Função indiciária. Elementos normativos no tipo e o primeiro pressuposto da pena. Fase da “ratio essendi” – Mezger 1931 Incluiu-se a tipicidade na antijuricidade. Crime como ação tipicamente antijurídica e culpável. A tipicidade é a razão de ser da antijuricidade. Relaciona-se com a teoria dos elementos negativos do tipo. As causas de justificação são incorporadas no tipo, da qual seriam elementos negativos implícitos – negam o comportamento ilícito. Fase defensiva – Beling 1930 Elementos independentes e harmônicos do crime. Manteve o papel descritivo da tipicidade. Tipo de delito: todas as características internas e externas de cada figura legal. Todos os delitos-tipo são descritivos. Figura reitora (figura ideal): modelo conceitual extraído do acontecimento externo. Retrato de que se espera do sujeito diante da conduta-tipo. Com isso, se explica a criminalização da “tentativa” e da “participação”. Fase do finalismo Tipos dolosos e culposos. Dolo e culpa na conduta. Realidade complexa. Parte objetiva – componente causal Parte subjetiva – componente final que dirige o componente causal. Tipo: modelo abstrato que descreve o comportamento indevido. Função limitadora e individualizadora da conduta relevante. Cada tipo com elementos e características próprias que os distinguem dos outros. Não há possibilidade de analogia e tem-se o injusto penal. Juízo de tipicidade: adequação entre a conduta praticada e a conduta descrita na lei. Se não há essa adequação, fala-se em atipicidade. A adequação típica (juízo de tipicidade) pode ser: ✓ imediata: o fato se amolda perfeitamente no modelo legal ✓ mediata: para fazer o encaixe, é necessário fazer o emprego de uma norma de caráter extensivo. Funções do tipo Indiciária: a adequação típica leva à presunção de antijuricidade. Indício de uma conduta ilícita. Garantista: tudo que não corresponder a um determinado tipo de injusto será penalmente irrelevante. Diferenciadora do erro: o dolo do agente deve abranger todos os elementos constitutivos do tipo penal. Identificadora do BJ: a análise do tipo propicia a identificação do BJ que se busca proteger. Elementos estruturais do tipo Objetivos-descritivos: identificados pela simples constatação sensorial. Objetivos-normativos: são elementos que não se limitam a descrever a conduta indevida, mas implicam um juízo de valor. Serve para buscar um significado jurídico ou extrajurídico para uma palavra ou expressão ou antecipar a valoração da ilicitude. Subjetivos: busca entender o que o sujeito imaginou quando realizou o comportamento. Subjetivo geral: sujeito atuou de forma voluntária (dolo) e consciente no ato do núcleo do tipo. Subjetivo especial: enquanto o dolo deve se materializar no fato típico, o elemento subjetivo especial especifica o dolo, sem necessidade de se concretizar. A ausência do elemento subjetivo especial descaracteriza o tipo subjetivo e faz não existir conduta penalmente relevante. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas O elemento subjetivo especial comporta situações diferentes, que podem ensejar delitos de: ✓ intenção: agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado. Há uma finalidade que vai além da realização do tipo. “com o fim de” “com o intuito de”. ✓ Tendência: o sujeito deve conferir à ação típica um sentido subjetivo não expresso no tipo, mas deduzível. Exige-se o elemento subjetivo especial, mas ele não fica evidenciado na redação do tipo. Tipicidade formal e conglobante Tipicidade formal + tipicidade conglobante = tipicidade A conglobante exige que a conduta seja anormal no ordenamento como um todo. Antinormativo: conduta anormal no ordenamento como um todo e que não seja ordenada ou fomentada. Material: seleciona o BJ que o DP irá proteger. Princípio da insignificância. Tipo doloso Artigo 18, I, CP Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. DOLO = consciência + vontade Consciência Momento intelectual do dolo. O agente deve saber aquilo que ele faz e alcança/atinge os elemento objetivos do tipo. Deve haver consciência sobre as circunstâncias de fato necessárias para se configurar figura típica. Ausência de consciência leva ao erro de tipo e exclui o dolo. Vontade Elemento volitivo do tipo. É o querer livre de qualquer coação. A consciência dos elementos objetivos do tipo penal. A vontade vai além do mero desejo, pois faz com que o agente realize a conduta descrita na lei penal. Em regra, toda infração é dolosa e em alguns casos descritos em lei, admite-se a forma culposa (artigo 18, § único, CP). Se não existe a consciência dos elementos, não existe o dolo. Pode-se estar diante de um crime culposo. Teorias sobre o delito Teoria da vontade Dolo é a vontade livre consciente de querer praticar a infração penal. Teoria do assentimento Atua com dolo o agente que presume ser possível um resultado lesivo a partir de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com sua ocorrência e assume o risco de produzi-lo. Teoria da representação Fala-se em dolo quando o agente prevê o resultado possível (não desejado) e prossegue, não porque assumiu o risco, mas por acreditar, sinceramente ou levianamente, ser capaz de evita-lo. Teoria da probabilidade Basta que o sujeito considere provável a reprodução do resultado, trabalha com dados estatísticos e dolo eventual. O Brasil adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto (quis o resultado) e a teoria do consentimento ao dolo eventual (assumiu o risco de produzi-lo). Espécies de dolo Dolo direto O agente quer cometer a conduta descrita no tipo e a pratica visando um resultado. Seu querer abrange todos os elementos objetivos previstos no tipo penal. O dolo direto pode ser: a) Primeiro grau: em relação aos resultados pretendidos e aos meios escolhidos. b) Segundo grau: tem relação com os efeitos colaterais (resultados indesejados) Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas representados como necessários ou inevitáveis. Dolo indireto Não há vontade específica de produzir determinado resultado. Pode-se dividir em eventual ou alternativo a) Eventual: o agente visualiza mais de um resultado e direciona sua conduta para atingir um deles, mas não quer diretamente produzir o outro resultado, entretanto continua agindo, assumindo o risco de produzi-lo. b) Alternativo: o agente visualiza mais de um resultado e direciona sua vontade (aspecto volitivo) de maneira alternada, interessando-lhe qualquer um dos resultados possíveis, seja em relação ao resultado ouem relação à pessoa. Alternatividade objetiva: tem a ver com o resultado. O agente quer um resultado ou outro, contentando-se com qualquer deles. Misto de dolo direto com dolo eventual. Ex: matar ou ferir. Alternatividade subjetiva: tem a ver com a pessoa. O agente se contenta em atingir qualquer pessoa. Misto de dolo direto e dolo eventual. Característica do dolo 1. abrangência de todos os elementos objetivos do tipo. 2. atualidade, ou seja, está presente no momento da ação. 3. possibilidade de influenciar o resultado, ou seja, produzir o evento típico. Dolo: elemento subjetivo e elemento subjetivo especial. Nem todo tipo penal exige um elemento subjetivo especial. Dolo geral: hipótese de erro sucessivo ou “aberratio causae”. O autor acredita ter consumado o crime, mas na verdade o resultado somente se produz por uma conduta posterior, no qual visava encobrir o fato. Responde na forma dolosa. Dolo de propósito e dolo de ímpeto: dolo de propósito é a vontade, pensado e premeditado. Não necessariamente se reflete na lei. Resulta de uma premeditação. Pode aparecer como causa de diminuição de pena ou atenuante. Já o dolo de ímpeto é o que surge por impulso, sem prévia racionalização ou planejamento. Dolo de perigo: crimes que a consumação se verifica apenas com a existência de um risco. O agente atua com vontade consciente de criar essa situação. Pode ser perigo abstrato ou perigo concreto. Se a lesão ao BJ vier a acontecer, o aguente responde pelo crime de dano culposo. Tipo culposo Artigo 18, II, CP Conduta humana voluntária que produz um resultado antijurídico não querido, mas provável e excepcionalmente previsto, que podia ser evitado. Requer: 1. conduta humana voluntária 2. inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia) 3. resultado lesivo não querido (é preciso um resultado naturalístico) 4. nexo de causalidade 5. previsibilidade ✓ Objetiva: se leva em consideração como uma pessoa comum agiria na mesma situação. Se tivesse uma conduta diferente que alterasse o resultado, seria previsível. ✓ Subjetiva: possibilidade do agente prever a ocorrência do resultado pela análise das suas características pessoais. ✓ Objetivo-subjetivo: o juiz verifica como um homem médio comportaria e depois considera as condições do sujeito no caso concreto. 6. tipicidade O crime culposo é um tipo aberto, pois não há descrição completa e perfeita da figura típica. São complementados pelo julgador ou pela doutrina no caso concreto. Espécies de culpa Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Inconsciente e consciente: inconsciente quando o agente deixa de prever o resultado e consciente quando ele prevê o resultado, mas acredita que este não acontecerá. Imprópria: o agente acredita estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude, mas está equivocado. Obs: não se admite compensação de culpas, mas pode ocorrer concorrência de culpas. Não se cogita tentativa em crime culposo. Exclusão da culpa ✓ Caso fortuito ou força maior ✓ Princípio da confiança ✓ Erro profissional ✓ Risco tolerado Agravação pelo resultado Crime qualificado pelo resultado é o delito que possui um fato base e um evento subsequente (resultado) que torna a pena maior em razão da gravidade objetiva, existindo entre eles um nexo de ordem física subjetiva. O crime qualificado pelo resultado seria o gênero do qual é espécie o crime preterdoloso. antecedente consequente exemplo dolo dolo Artigo 157 § 3º, II dolo culpa Artigo 129 §3º culpa culpa Artigo 250 §2º c/c artigo 258 Obs: não se admite culpa no antecedente e dolo no consequente, nem dolo de perigo no antecedente e dolo de dano na consequente. Consumação Quando o tipo penal está inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se submete ao tipo abstrato da lei penal. São preenchidos todos os elementos objetivos do tipo. Momentos consumativos Material: com a produção do resultado naturalístico. Formal e de mera conduta: com a conduta (ação ou omissão). Culposo: com a produção do resultado naturalístico. Habitual: reiteração dos fatos, demonstrando um estilo de vida, algo cotidiano. Permanente: a consumação se estende no tempo até que o comportamento cesse. Omissivo próprio: no local e no momento que o agente poderia e deveria agir, mas não agiu. Omissivo impróprio: com a produção do resultado de dano ou perigo com a inatividade. Tentativa Realização incompleta da conduta indicada no tipo penal. Há prática de ato de execução, mas o sujeito não chega à consumação por circunstâncias independentes da sua vontade. O movimento criminoso cessa na fase da execução. Iter criminis – caminho do crime Fase interna: idealização Fase externa: preparação execução e consumação. Fases COGITAÇÃO Elaboração mental da conduta criminosa até se firmar a vontade cujo a concretização constituirá o crime. A lei penal não alcança. PREPARAÇÃO Arma-se dos instrumentos necessários, procura o local ideal, elege a vítima. Em regra, não são puníveis, pois falta tipicidade e antijuricidade. EXECUÇÃO Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Atos dirigidos diretamente à prática do crime. Quando o autor inicia a realização da conduta descrita no tipo penal. CONSUMAÇÃO Quando se reúnem todos os elementos constitutivos do tipo penal. Diferença entre atos preparatórios e executórios Crime material: o elemento diferencial é o momento que o bem jurídico é posto em perigo pelo atuar do agente. O crime se define materialmente como lesão ou ameaça a bem jurídico. Critério objetivo-formal: o começo da execução se dá quando o sujeito inicia a realização da conduta nuclear do tipo. É a predominante no Brasil. Natureza e tipicidade da tentativa A tentativa não é um tipo penal autônomo. É tipo ampliado, aberto e incompleto, é norma de extensão por natureza. Conjuga-se o tipo com o artigo 14 CP. Elementos da tentativa Possui tudo que caracteriza o crime, menos a consumação. 1. início da execução: ação que penetre na fase executória do crime. 2. não consumação do crime por circunstâncias independentes da vontade do agente. 3. dolo em relação ao crime total. Espécies de tentativa Imperfeita: o agente não consegue praticar todos os atos necessários à consumação por interferência externa. Perfeita: o agente realiza todos os atos necessários para obter o resultado, mas não o atinge. Punibilidade da tentativa Teoria subjetiva: a vontade do agente é completa, perfeita. Imperfeito é o delito. O agente deve sofre a mesma pena do crime consumado. Teoria objetiva: a repressão se justifica pelo início da execução do crime, pois o bem jurídico foi exposto a perigo. A tentativa é punida de forma mais branda. Em regra, pelo artigo 14 § único CP, se pune a tentativa com a pena prevista na lei penal, diminuída de 1/3 a 2/3. Infrações que não se admite forma tentada Culposa: não existe sem o resultado. Se o resultado não acontece, não há crime. Na tentativa há intenção sem o resultado esperado. No crime culposo há resultado sem intenção. Preterdoloso: o resultado vai além do que deseja o agente. Se a tentativa fica aquém do resultado desejado, ela é impossível nos delitos preterdolosos. Omissivo próprio: não exige um resultado naturalístico. Se o agente não age quando se devia, consuma-se o delito. Unissubsistente: impossibilidade de fracionamento dos atos de execução. Habitual: só se caracteriza pela prática reiterada dos atos. De atentado: não é possível tentativa de tentativa. Contravenção penal: artigo 4º LCP. Desistência voluntária Artigo 15, primeira parte, CP. Iniciada a realização da conduta típica, o agente VOLUNTARIAMENTE interrompe a execução, quando ainda poderia prosseguir. Basta que sejavoluntária e não precisa ser espontânea. É a tentativa abandonada. Somente é possível nas hipóteses que poderiam levar à tentativa imperfeita. É impunível. O agente só responderá pelos atos já praticados. Arrependimento eficaz Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas Artigo 15, segunda parte, CP. Após o agente ter esgotado todos os meios necessários e suficientes que dispunha, o agente arrepende-se e evita o resultado. Basta que seja voluntário, ainda que não espontânea. O êxito da atividade impeditiva do resultado é indispensável, caso contrário, responde pelo crime consumado. Não responderá por tentativa. Somente responderá pelos atos já praticados. Tentativa branca Quando o agente utiliza todos os meios que tinha a seu alcance, mas não consegue sequer atingir a pessoa ou coisa contra qual deveria recair a sua conduta. Considera-se dolo do agente. Natureza jurídica da desistência voluntária e arrependimento eficaz. Causa de extinção de punibilidade É renúncia do estado ao poder de punir em relação à conduta inicialmente desejada e que fez se iniciar a execução. Teoria menos aceita porque pressupõe a causa de punição, que seria a tentativa e aqui a tentativa não existe. Exclusão da adequação típica O fato, em relação à conduta inicialmente desejada, é atípico porque a vontade do agente é que determinou a cessação da atividade criminosa e não “o fato alheio a sua vontade”, o que consagraria tentativa, que não existe. É a teoria predominante. Crime Impossível Artigo 17, CP. Também chamado de tentativa inidônea, tentativa inadequada ou quase crime. O agente ingressa na fase executória, mas o comportamento é inapto para consumação do delito, quer em razão dos meios, quer por falta do objeto material. Teorias Sintomática: o agente demonstra ser perigoso, merecendo ser punido, ainda que o crime se mostre impossível de ser consumado. Subjetiva: havia vontade consciente de praticar o crime, portanto o agente deve sofrer a mesma pena cominada à tentativa, ainda que o crime seja impossível. Objetiva: crime é conduta e resultado. A execução deve ser idônea, ou seja, trazer potencialidade do evento. Se for inidônea, tem-se crime impossível. a) Objetiva pura: não há tentativa, mesmo que a inidoneidade seja relativa. Se houver ineficácia do meio ou impropriedade do objeto (absoluta ou relativa), inexiste responsabilidade penal. b) Objetiva temperada: não há tentativa apenas na absoluta ineficácia ou impropriedade do objeto. Se a ineficácia ou impropriedade forem relativas, o agente responde pelo ato, ainda que na forma tentada. Teoria adotada pelo CP. Elementos do crime impossível ✓ Início da execução ✓ Dolo na consumação ✓ Não há consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente ✓ Resultado absolutamente impossível de ser alcançado. O que torna diferente da tentativa é o último elemento. Espécies Ineficiência absoluta do meio: falta potencialidade causal, pois os instrumentos são ineficazes. Deve ser inteiramente ineficaz. Exemplo: envenenamento com substância não letal. Impropriedade absoluta do objeto: a pessoa ou coisa (objeto material) não serve para a consumação do delito. A idoneidade do objeto se verifica tanto peças circunstâncias que ele se encontra, quanto sobre a sua existência. Deve ser Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas absolutamente impróprio. Exemplo: tentativa de aborto em mulher que não está grávida. Crime Putativo Existe apenas no imaginário do agente, que supõe estar praticando uma conduta típica, mas o fato em si não constitui crime. O agente vente uma erva cuja comércio não é proibido, acreditando ser maconha. Arrependimento posterior Artigo 16, CP. Se diferencia do arrependimento eficaz, em que o autor consegue evitar o resultado. O arrependimento posterior pressupõe o crime consumado. Neste caso, a pena é diminuída de 1/3 a 2/3, e é um estímulo à reparação do dano ou restituição em favor da vítima. Requisitos ✓ Crime praticado sem violência ou grave ameaça ✓ Reparação do dano ou restituição da coisa ✓ Deve ocorrer antes do recebimento da denuncia ou queixa. Se depois, haverá apenas atenuante. Prevalece o entendimento de que a reparação feita por um dos agentes favorece todos os outros. Erro de tipo Artigo 20, CP Falsa percepção ou falta de percepção da realidade. Recai sobre elementares, circunstâncias ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica. Ocorre quando alguém não conhece, ao cometer o fato, um fato que pertence ao tipo penal. Exemplo: agente que subtrai coisa alheia pensando ser própria. Consequências Erro de tipo invencível, escusável, justificável, inevitável Erro ao qual se sujeitaria qualquer pessoa com diligência normal, dadas as suas particularidades. Afasta dolo e culpa, pois não há vontade e consciência, deixando de haver conduta tipicamente relevante. Erro de tipo vencível, inescusável, justificável, evitável O agente, com um pouco mais de diligência, poderia evita-lo. Responderá a título de culpa, se prevista a forma culposa. Apresenta duas formas principais Essencial Recai sobre todos os dados elementares, circunstâncias ou qualquer outro que se agregue à figura típica. Pode ser evitável ou inevitável. a) Erro ao relacionar uma elementar: a pessoa subtrai coisa alheia móvel pensando ser sua. Não responderá pelo furto. b) Erro relacionado a uma qualificadora: sujeito induz a própria filha, sem saber do grau de parentesco, a satisfazer lascívia de outrem. Responde pelo artigo 227, mas sem a qualificadora do §1º. Acidental Erro não recai sobre elementares ou circunstâncias do crime, mas sobre dado secundário irrelevante da figura típica. Não exclui dolo e o agente responde pelo crime. a) Erro sobre o objeto: o agente subtrai uma pulseira de latão pensando ser ouro b) Erro sobre a pessoa: ofende-se “A” pensando ser “B”. c) Erro na execução: erro na operacionalização da conduta criminosa. Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas d) Resultado diverso do esperado: por erro, o resultado recai sobre outra pessoa. Responde na forma culposa. e) Aberração na causa do resultado: o agente acredita ter consumado o delito, mas só se consuma por uma ação posterior que visa encobrir o primeiro fato. Descriminantes putativas O agente atua supondo encontrar-se em uma situação de excludente de ilicitude que justificaria a sua conduta. Efeitos 1. Erro invencível ou escusável: afasta o dolo e a culpa 2. Erro vencível ou inescusável: responde de forma culposa, se houver previsão. Teoria extremada da culpabilidade Todo erro que recai sobre uma excludente de ilicitude é erro de proibição. Teoria limitada da culpabilidade Se o erro recai sobre uma situação fática, é erro de tipo permissivo (artigo 20 §1º CP). Se recai a existência ou sobre os limites da causa de justificação é erro de proibição (artigo 21). Erro determinado por terceiro Artigo 20 § 2º CP Há uma terceira pessoa que induz o agente a erro. Pode haver punição ou não, conforme se trate de erro vencível ou invencível. Erro sobre a pessoa Artigo 20 § 3º CP Foi alvo de comentário quando da análise do erro acidental. Erro de proibição Artigo 21, CP Incide sobre a potencial consciência sobre a ilicitude do fato, ou seja, sobre o caráter proibitivo da norma. O agente atua sem consciência da ilicitude, o que exclui a culpabilidade. Ocorre por ignorância ou por representação imperfeita ou falsa da realidade. Implica atenuante. O erro de proibição pode ser: Inevitável, invencível desculpável ou escusável O agente atua ou se omite sem ter a consciência da ilicitude, e não é possível lhe exigir que tenha esta consciência. Afasta a culpabilidade. Evitável, vencível, indesculpável, inescusável O
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