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Apostila de direito penal 1 - Teoria do Crime

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Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Apostila de direito 
penal 
Ciências Criminais 
As ciências criminais possuem dois componentes 
de estudos: 
Ciências criminais empíricas: estudam o “ser”, a 
realidade e estabelece medidas de combate aos 
crimes. São investigativas, não exatas e nem 
rígidas. São elas a criminologia e a política 
criminal. 
Ciências criminais normativas: estudam o “dever 
ser”, ou seja, a forma como a sociedade deveria ser 
e cria/impõe regras de convívio social. São elas o 
direito penal, direito processual penal e a 
execução penal. 
Empíricas 
Criminologia 
Tem por objetivo o estudo os fatores determinantes 
do crime, auxiliando na compreensão do problema 
do crime. Analisa autor e vítima, reúne 
informações sobre as infrações penais e a partir das 
informações coletadas, realiza seu trabalho 
estudando a realidade da sociedade. 
Além disso, a criminologia também analisa o 
funcionamento dos programas de prevenção do 
crime e ressocialização do infrator. 
É considerada uma ciência causal-explicativa, pois 
retrata a infração enquanto fato, perquirindo suas 
origens, razões de existência, contornos e formas 
de exteriorização. 
Esse estudo se divide em quatro vertentes: delito, 
delinquente, vítima e controle social. Estuda o 
delito, assim como seu autor, sob aspectos 
biológicos e sociológicos. Por isso é considerada 
uma ciência interdisciplinar, porém é uma área 
independente. Para ela, o delito não é somente um 
ato individual, mas um problema social. 
Política Criminal 
A política criminal tem o objetivo de estabelecer e 
indicar ao poder público as medidas mais 
adequadas de prevenção e combate ao crime. 
Possui um caráter teleológico, pois busca cuidar 
das estratégias e meios de controle social. 
Também sugere ao poder público reformas na 
legislação penal vigente. 
Normativas 
Direito Penal 
É o ramo do direito que regulamenta o exercício do 
poder punitivo do Estado, versando sobre as 
infrações penais, que são comportamentos 
considerados danosos à ordem social. 
Também tem o objetivo de garantir os direitos 
fundamentais e evitar abusos do estado. 
Características 
➢ Positivo 
➢ Autônomo 
➢ Público 
➢ Sancionatório 
➢ Constitutivo 
➢ Valorativo 
➢ Coercitivo 
É regido pelo código penal e outras leis penais. 
Direito Processual Penal 
É o estudo da aplicação da jurisdição do direito 
penal. Apresenta as ferramentas necessárias para a 
realização e aplicação das sanções impostas pelo 
direito penal. 
No processo, impõe as regras de atuação das partes 
e do estado-juiz. 
É regido pelo código de processo penal e outras leis 
penais. 
Execução Penal 
Se apresenta após o trânsito em julgado e se dá 
sobre o cumprimento da pena. Ou seja, o poder 
punitivo do Estado não se esgota com a prolação da 
sentença, sendo necessário efetivar as decisões 
contidas no julgado. É neste momento que a pena 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
será cumprida. É regido pela Lei de Execução 
Penal (Lei nº 7210/84). 
Direito Penal 
Missão imediata: proteção aos bens jurídicos. 
Missão mediata: controle social e limitação do 
poder punitivo do Estado. 
Aspectos 
Formal: também chamado de estático é o conjunto 
de normas que qualificam as infrações penais e fixa 
as sanções a serem aplicadas. 
Material: se refere aos comportamentos 
considerados reprováveis em sociedade e que 
afetem ou produzam perigo aos bens jurídicos. 
Sociológico: também chamado de dinâmico. É o 
instrumento de controle social de comportamentos 
desviados, buscando a necessária disciplina social. 
O que diferencia uma norma penal das demais 
normas é o tipo de consequência jurídica, já que no 
direito penal, a consequência é a pena ou a medida 
de segurança. 
Funcionalismo 
É o estudo sobre a real função do direito penal. É 
dividido em dois tipos: 
Funcionalismo Teleológico: também chamado de 
moderado. Entende que a função do direito penal é 
a proteção dos bens jurídicos, que são os valores 
que reputamos como importantes para a vida em 
sociedade e que são protegidos por lei. É este o 
entendimento que a doutrina brasileira adota. 
Funcionalismo Sistêmico: também chamado de 
radical. Ele entende que a função do direito penal é 
assegurar o império da norma, dizendo que o 
direito posto, existe e não pode ser violado. Ele 
parte do princípio de que quando o direito penal é 
acionado, o bem jurídico já foi violado, então cabe 
ao DP fazer valer a norma. Desta linha, surge o 
chamado direito penal do inimigo, que entende que 
o que desrespeita a norma não oferece garantia de 
que não vai cometer uma infração penal novamente 
e não deve ser considerado como cidadão, mas 
combatido como inimigo. 
Categorias Do Direito Penal 
Direito penal substantivo e adjetivo: substantivo 
é o direito material, que cria as figuras criminais. O 
adjetivo é o direito processual penal, que fixa as 
normas de como o Estado deve agir para impor 
sanção a quem comete infração penal. 
Direito penal objetivo e subjetivo: o objetivo são 
as leis penais em vigor no país. O subjetivo é o 
poder-dever do Estado de punir o infrator. 
O poder do Estado em punir sofre limitações 
quanto ao modo (o Estado não pode punir como 
quiser, mas deve obedecer às regras de sanção), 
espaço (o Estado só pode punir crimes cometidos 
dentro de seu território) e o tempo (o poder de punir 
não é eterno e pode prescrever). 
Direito penal de emergência: é uma modalidade 
que afasta o direito penal da sua função primordial 
e cria leis focadas em punição em vez da 
prevenção. É uma forma de dar respostas rápidas à 
sociedade na tentativa de trazer uma segurança 
jurídica. Um exemplo é a lei nº 8.072/90 que 
categoriza alguns crimes como hediondos. 
Direito penal promocional: possui um caráter 
demagógico, pois é utilizado pelo Estado para 
promover seus próprios interesses de 
transformação social. Um exemplo é a lei de 
mendicância, revogada em 2009. Vai contra o 
princípio da intervenção mínima. 
Direito Penal de Intervenção: seria a utilização 
do direito penal somente para a proteção dos bens 
jurídicos e as infrações coletivas com menor grau 
ofensivo seriam tratadas por uma forma mais 
flexível, sem necessidade de privação de liberdade. 
Direito Penal Garantista: respeito máximo às 
garantias legais para evitar arbitrariedades do 
Estado e proteger o réu, que é inocente até o 
trânsito em julgado. Estabelece os limites do direito 
penal. As garantias são divididas em primárias 
(previne a violação das garantias) e secundária 
(derivam da não observância das garantias 
primárias). 
Direito penal comum e especial: se for a justiça 
penal comum, trata-se da Federal ou Estadual. Se 
for a justiça penal especial, trata-se da Militar ou da 
Eleitoral. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Fontes do Direito Penal 
É de onde o Direito Penal vem e como ele se revela. 
Se divide em: 
Fonte material ou de produção 
É de onde surge a norma penal, o órgão 
encarregado por essa produção, que é a União, 
como prevê o artigo 22 da Constituição Federal. 
Fonte Formal 
É o instrumento de exteriorização do Direito Penal, 
ou seja, o modo como as regras são reveladas. 
Classificam-se em: 
Imediata: a lei é a única fonte formal imediata do 
direito penal, pois é o único instrumento normativo 
capaz de criar lei penal. Porém, fala-se em lei 
ordinária (metade mais um dos presentes – maioria 
simples) ou em lei complementar (metade de todos 
os componentes – maioria absoluta). A CF também 
está no rol das fontes formais imediatas, apesar de 
não estabelecer diretamente as infrações penais, 
mas indica-as ao poder legislativo, chamadas de 
mandado de criminalização. Além disso, os 
tratados e convenções internacionais de direitos 
humanos (que na pirâmide de Kelsen estão em 
nível constitucional) são encarados como fonte 
formal do direito penal. 
Mediata: revelam o direito penal deforma 
indireta. É revelado pela doutrina, jurisprudência, 
princípios gerais do direito e os costumes. 
Características e classificação da lei 
penal 
A lei penal tem as seguintes características: 
Exclusividade: somente a lei define infrações e 
comina sanções penais. 
Imperatividade: é imposta a todos. 
Generalidade: todos devem aceitar a lei penal. 
Impessoalidade: se dirige a fatos e não a pessoas. 
A lei penal é classificada das seguintes formas 
Incriminadora: define as infrações penais e 
comina as sanções. É estruturada da seguinte 
forma: 
➢ Preceito primário: onde está descrita a 
conduta indevida 
➢ Preceito secundário: onde está descrita a 
sanção. 
Não incriminadora: também chamada de lei penal 
no sentido amplo. Não tem a finalidade de criar 
infrações penais e nem cominar sanções. 
Subdividem-se em 
➢ Permissivas: justificante (viabiliza que 
uma conduta, a princípio indevida, seja 
aceita por algum motivo. Exemplo: 
legitima defesa.) e exculpante (elimina a 
culpabilidade. Exemplo: embriaguez 
completa acidental). 
➢ Explicativa ou interpretativa: esclarece o 
conteúdo da norma. 
➢ Complementar: delimita a aplicação das 
leis incriminadoras. 
➢ Extensão ou integrativa: viabiliza a 
tipicidade de alguns fatos. 
Norma Penal 
Espécie do gênero norma jurídica, aquela que é 
imperativa e fixa sanção. Quando elaborada pelo 
órgão legislativo competente, assume forma de lei. 
A norma é pressuposto lógico da lei e esta é 
revestimento formal daquela. 
 
No sentido técnico-jurídico, a lei é a fonte do 
direito positivo, um meio ou instrumento de 
produção de normas jurídicas, um modo de 
revelação ou exteriorização racional da norma. A 
condição de norma jurídica é dada pela lei. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
A norma penal possui preceito jurídico obrigatório, 
em forma de mandamento ou proibição e não se 
confunde com a lei. 
Teoria de Binding 
Binding diz que quando o criminoso pratica a 
conduta descrita em lei, ele não viola a lei, mas sim 
a norma penal. A crítica é de que a norma é 
conteúdo da lei. Quando a lei é violada, a norma 
também é. 
Norma penal em branco 
Também chamada de “primariamente remetida”, 
são aquelas que necessitam de um complemento 
para que se possa compreender o âmbito de 
aplicação do seu preceito primário. Ou seja, 
necessita de um complemento para entender o 
preceito primário. 
De divide em: 
Norma penal em branco homogênea: o seu 
complemento é oriundo da mesma fonte legislativa. 
Pode ser homovitelina (complemento advindo do 
mesmo ramo do direito) ou heterovitelina 
(complemento advindo de outro ramo do direito). 
Norma penal em branco heterogênea: quando o 
seu complemento vem de outra fonte. Por exemplo: 
uma lei complementada por uma portaria. 
Norma penal incompleta ou 
imperfeita 
Também chamada de secundariamente remetida ou 
lei penal inversa ou ao avesso. Para saber a sanção 
imposta, o legislador nos remete a outro texto de 
lei. 
Anomia e antinomia 
Anomia é a ausência de normas para um assunto 
em específico ou, quando existe, a sociedade não 
lhe dá o devido reconhecimento. 
Antinomia ocorre quando duas normas são 
incompatíveis, pertencentes ao mesmo 
ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de 
validade. 
Para resolver a antinomia, a doutrina aponta os 
critérios: 
➢ Cronológico: a norma mais recentemente 
editada revoga a anterior. 
➢ Hierárquico: prevalece a hierarquia das 
normas de acordo com a pirâmide de 
Kelsen. 
➢ Especialidade: a lei especial afasta a 
aplicação da lei geral. 
Concurso aparente de normas 
São casos em que em uma mesma conduta podem 
ser aplicados, aparentemente, mais de uma norma 
penal. É aparente porque verdadeiramente não há 
conflito de normas porque o ordenamento é 
harmônico. 
Princípios que regem o aparente 
conflito 
Especialidade 
Quando a norma penal é especial em relação à uma 
norma geral, pois reune todos os elementos desta, 
acrescidos de mais alguns elementos, chamados 
especializantes. A norma especial tem a finalidade 
de excluir a geral. 
Por exemplo, o crime de infanticidio é especial em 
relação ao homicídio. 
Subsidiariedade 
A norma principal deve ser aplicada em detrimento 
da subsidiária. Uma norma subsidiária é a que 
prevê uma conduta que é componente da norma 
principal. 
Pressupõe a existência de um tipo principal, que 
criminaliza uma ofensa mais grave, e um tipo 
subsidiário, que criminaliza uma ofensa menos 
grave, as duas ao mesmo bem jurídico. 
A norma subsidiária somente será aplicada quando 
não couber a aplicação da norma principal. 
Também chamada de “soldado de reserva”. 
Pode ser: 
➢ Expressa: quaando a norma, em seu 
próprio texto, condiciona a sua aplicação a 
não aplicação de outra norma mais grave. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
➢ Tácita: quando a lei não prevê, mas fica 
subintendida a análise do acontecido para 
ver se o fato não constitui crime mais grave. 
Exemplo: o crime de dano é subsidiário 
(menos grave) ao crime de furto com 
destruição ou rompimento de obstáculo. 
Consunsão 
Também conhecido como princípio da absorção. 
Em resumo, para cometer um crime (crime fim), é 
necessário que se cometa outro crime (crime meio). 
Pode-se falar em consunção nas seguintes 
hipóteses 
➢ Crime progressivo: para cometer um 
crime, o agente passa por outro crime 
menos grave, chamado crime de passagem. 
➢ Progressão criminosa: o agente quer 
primeiro praticar o crime menos grave, mas 
depois decide praticar o crime mais grave. 
➢ Antefáto impunível: são fatos anteriores, 
não obrigatórios, mas que estão na linha de 
desdobramento da ofensa mais grave. 
➢ Pós fato impunível: o agente, depois de 
ofender o bem jurídico, incrementa a lesão. 
Por exemplo: destruir o objeto roubado. 
Interpretação da lei penal 
Buscar o significado de um texto, delimitando o 
alcance da lei. São formas de interpretação: 
Quanto ao sujeito que à interpreta 
ou a origem 
Autêntica (ou legislativa): a interpretação é 
fornecida pela própria lei. Subdivíde-se em: 
➢ Contextual: a própria lei fornece a 
interpretação 
➢ Posterior: lei distinta e posterior que 
fornece a interpretação. 
Doutrinária (ou científica): interpretação feita 
pelos estudiosos e que não é de observância 
obrigatória. 
Jurisprudencial: significado dado às leis pelos 
tribunais a medida que analisam o caso concreto. 
Quanto ao modo 
Gramatical, filológica ou literal: considera o 
sentido literal das palavras. 
Teleológica: busca a finalidade da lei, ou seja, o 
que levou a sua edição. 
Histórica: é a interpretação que avalia o contexto 
histórico no momento da criação da lei. 
Sistemática: interpreta a lei considerando todo o 
sistêma jurídico, confrontando-a com outras leis e 
com os princípios gerais do direito. 
Progressiva: busca a interpretação da lei de acordo 
com a evolução da sociedade, científica e jurídica. 
Lógica: busca extrair a interpretação da lei de 
acordo com o raciocínio dedutivo. 
Quanto ao resultado 
Declarativa: o legislador disse exatamente o que 
pretendia, não ampliando e sem suprimindo o 
alcance da lei. 
Restritiva: restringe o alcance da lei por considerar 
que o texto foi além do que o legislador pretendia. 
Extensiva: amplia-se o alcance da lei por 
considerar que o legislador disse menos do que 
desejava. 
Interpretação conforme a 
constituição 
A validade da norma infraconstitucional deve ser 
buscada dentro da perspectiva constitucional, que 
tem um viés garantista. 
Extensiva: quando o interprete amplia o 
significado das palavras, considerante que o 
legislador disse menos do que queria. Não pode ser 
feito para prejudicar o réu. Contudo, não se pode 
afastar a interpretação extensiva se a interpretação 
restritiva causar um escândalo por sua notória 
irracionalidade. Quando o legislador quer restringir 
o alcance de uma norma, faz isso de forma 
expressa. 
Interpretaçãoanalógica 
Quando o legislador da exemplos de crimes, mas 
autoriza ao interprete a identificar outras situações 
similares. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
A integração da lei penal é quando não há 
legislação que discipline um fato, mas pela sua 
semelhança com outro fato disciplinado, utiliza 
outra lei “parecida”. 
Para utilizar a analogia, ela precisa ser favorável ao 
réu e ter a certeza que existe uma lacuna penal a ser 
preenchida. 
A analogia pode ser: 
Analogia legis: analogia feita a partir de outro 
dispositivo de lei. 
Analogia iuris: analogia com os principios gerais 
do Direito. 
Princípios do Direito Penal 
Os princípios representam o alicerce do Direito 
Penal, limitando o poder punitivo do Estado e 
garantindo a manutenção das garantias 
fundamentais. São mandamentos vinculantes tanto 
para o legislador quanto para o aplicador. 
Os princípios interagem entre si, dialogam, 
viabilizando a sistematização e harmonia do 
ordenamento jurídico. 
Os princípios podem ser: 
Explícitos: quando positivados no ordenamento 
jurídico. 
Implícitos: não previstos em lei, mas podem ser 
extraidos do ordenamento jurídico. 
Diferenças básicas entre princípio 
e lei. 
São duas diferenças. A primeira tem a ver com a 
forma de resolução de conflitos. Se há um embate 
de leis, somente uma prevalecerá, afastando as 
demais. É a regra do “tudo ou nada”. Ou uma lei é 
válida ou não. 
Nos princípios isso não acontece porque não existe 
revogação de princípios. Invoca-se a 
proporcionalidade e aplica-se os princípios em 
conjunto, na medida da sua compatibilidade. Os 
princípios também possuem dimensão de peso ou 
importância que as regras não tem. Quando à um 
conflito entre princípios, tem-se que levar em conta 
a força de cada princípio. Nenhum princípio é 
absoluto. 
A segunda forma de resolução está no plano de 
concretude. Os princípios possuem maior abstração 
quando comparados com a lei. A lei é elaborada 
para reger determinado fato e os princípios se 
aplicam a um grupo indefinido de hipóteses. 
Princípios que informam o direito 
penal 
Dignidade da pessoa humana 
Está previsto na CF e faz da pessoa fundamento e 
fim da sociedade e do Estado. Afirma a integridade 
física e espiritual do homem como aspectos 
irrenunciáveis, garante a identidade e a integridade 
através do desenvolvimento da personalidade, 
possibilita condições de existência mínimas, 
autonomia individual limitando os poderes 
públicos e igualdade de todos perante a lei. 
Exclusiva proteção dos bens jurídicos 
O direito penal presta-se à proteção dos bens 
jurídicos. 
Princípio da intervenção mínima 
O direito penal só deve ser aplicado quando 
estritamente necessário, ou seja, quando um ato 
oferecer lesão ou perigo de lesão a um bem 
jurídico. 
Princípio da insignificância ou bagatela própria 
Aplica-se quando a ofensa concretada seja incapaz 
de atingir materialmente de forma relevante ou 
intolerável o bem jurídico. Não oferece 
periculosidade social e o grau de reprovabilidade 
do comportamento é reduzido. 
A insignificância pode ser 
➢ Própria: insignificância da lesão ou perigo 
de lesão ao bem jurídico. A conduta é 
formalmente típica, mas materialmente 
atípica. 
➢ Imprópria: a aplicação da pena torna-se 
desnecessária, considerando as 
circuntâncias do caso concreto e o histórico 
do autor. 
Princípio da adequação social 
Apesar de uma conduta se amoldar ao modelo 
legal, não será considerada típica se for 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
socialmente adequada ou reconhecida. Restringe o 
âmbito de abrangência do tipo penal e orienta o 
legislador na seleção dos bens jurídicos a serem 
tutelados, descriminalizando condutas. 
Princípio da exteriorização ou materialização 
do fato 
O direito penal só pode criminalizar fatos, 
vedando-se o direito penal do autor, que pune o 
individuo por seus pensamentos, desejos, aparência 
ou estilo de vida. 
Princípio da legalidade 
Limita o poder estatal de interferir na esfera das 
liberdades individuais e é expresso na CF. É 
também expresso no artigo 1º do CP. 
Possui três fundamentos: 
➢ Político: garantia constitucional dos 
direitos fundamentais do homem, 
impedindo o poder punitivo arbitrário. 
➢ Democrático: divisão de poderes, 
conferindo aos representantes do povo a 
missão de elaborar leis. 
➢ Jurídica: lei prévia e clara produz efeito 
intimidativo. 
A legalidade deve ser compreendida sobre dois 
aspéctos: 
➢ Formal: obediência aos trâmites 
procedimentais, fazendo da lei aprovada, 
sancionada e publicada, uma lei vigente. 
➢ Material: para ser válida, a lei deve 
respeitar a CF e os tratados internacionais 
de direitos humanos. 
Princípio da lesividade ou ofensividade 
Só serão punidos os fatos em que ocorra lesão ou 
perigo de lesão aos bens jurídicos. Só será 
criminalizado quando ofender a integridade dos 
bens jurídicos de terceiros. 
Princípio da responsabilidade pessoal 
Somente o condenado terá que se submeter à 
sanção que lhe foi aplicada. 
Princípio da culpabilidade ou responsabilidade 
subjetiva 
Não basta que o fato seja materialmente causado 
pelo agente, mas a responsabilidade penal decorre 
da existência de voluntariedade, dolo (intensional) 
ou culpa (não intensional). A culpabilidade pode 
ser critério de medição de pena. 
Princípio da Igualdade 
Deriva-se do artigo 5º da CF. Refere-se à igualdade 
formal e na material. Para todos os indivíduos com 
as mesmas características, devem prever-se, 
através da lei, iguais situações ou resultados 
jurídicos ou, ainda, deve-se tratar de forma igual o 
que é igual e desigualmente o que é desigual. 
Princípio da individualização da pena 
A pena é individual. Pode ser cominada pelo 
legislador, mas será aplicada pelo juiz. Deve ser 
observada em três momentos: 
➢ Definição da figura típica pelo legislador 
➢ Imposição da pena pelo juiz 
➢ Fase de execução da pena 
Princípio da proporcionalidade 
Deve haver um equilíbrio entre o mal causado pelo 
agente e a aplicação da pena. 
Vedação do “bis in idem” 
➢ Processual: ninguém pode ser processado 
duas vezes pelo mesmo crime 
➢ Material: ninguém pode ser condenado 
duas vezes pelo mesmo fato 
➢ Execuconal: ninguém pode cumprir a 
mesma pena mais de uma vez pelo mesmo 
fato 
Princípio da fragmentariedade 
O direito penal não deve ser utilizado para tutelar 
qualquer situação, nem para proteger todo bem 
jurídico. Somente deve ser empregado em se 
tratando dos ataques mais graves aos bens jurídicos 
mais relevantes. 
Princípio da limitação das penas 
Não haverá pena de morte (salvo em casos de 
guerra declarada), perpétua, de trabalho forçado, de 
banimento ou cruéis, como dispõe a CF. 
Lei Penal no Tempo 
De acordo com o princípio da legalidade, descrito 
no artigo 1º do Código Penal, em regra a lei penal 
aplicada deve ser a vigente no tempo do crime e 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
não retroage. Entretanto, existem exceções 
chamadas extra atividade que é quando é permitida 
a retroatividade ou a ultratividade. Essas exceções 
só podem acontecer quando forem para beneficiar 
o réu. 
➢ Retroatividade: lei penal aplicada a fatos 
anteriores a sua vigência. 
➢ Ultratividade: lei penal aplicada após a sua 
revogação. 
Tempo do crime 
É necessário definir quando um crime se considera 
praticado. Existem três teorias, mas o Brasil adota 
a teoria da atividade no artigo 4º do CP. 
➢ Teoria da Atividade: o tempo do crime é 
o da ação ou omissão, ainda que o resultado 
seja posterior. 
➢ Teoria do resultado: o tempo do crime é o 
momento do resultado. 
➢ Teoria mista ou ubiquidade: pode ser o da 
ação ou o do resultado. 
Pelo princípio da coincidência, todos os elementos 
do crime (fato típico, ilícito e culpável) devem estar 
presentes no momento do crime e o momento do 
crime que definirá qual lei regerá o caso concreto. 
Sucessão de leis no tempo 
Quandohá modificação da norma de conduta ou de 
suas consequências jurídicas entre a data do crime, 
o julgamento e término do cumprimento da pena. 
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA 
Lei que não existia no momento da conduta e 
depois foi editada incriminando-a. Não retroage. 
NOVATIO LEGIS IN PEJUS 
Nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu. 
Não retroage. 
LEI POSTERIOR MAIS GRAVE EM CASO 
DE CRIME PERMANENTE OU CRIME 
CONTINUADO 
➢ Crime permanente: consumação se 
prolonga no tempo. CRIIIIIIIMEEEEE. 
➢ Crime continuado: dois ou mais crimes da 
mesma espécie, praticados nas mesmas 
condições de tempo, lugar e maneira de 
execução, entre outras semelhanças. Para 
fins de pena, devem ser tratados como 
crime único, majorando a pena. CRIME, 
CRIME, CRIME, CRIME. 
A súmula 711 do STF diz que aplica-se a lei penal 
mais grave, ainda que prejudicial ao réu, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência. 
ABOLITIO CRIMINIS 
Fato tratado como crime é descriminalizado. A lei 
retroage e cessão os efeitos penais e condenatórios. 
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS 
Nova lei que beneficia o réu. Pode ser aplicada 
mesmo após a condenação. Lei retroage. 
LEI MAIS BENÉFICA NO PERÍODO DE 
VACATIO LEGIS 
Existem duas correntes: 
➢ Aplica-se a lei nova desde logo 
➢ No período de vacatio legis, a nova lei não 
tem eficácia, prevalecendo a lei anterior. 
O Brasil adota a segunda corrente. 
Dúvida sobre qual lei é a mais benéfica 
O réu deve ser consultado para saber qual lei mais 
o favorece. 
Princípio da continuidade normativo-
típica 
A conduta se mantém proibida, mas o conteúdo 
criminoso se desloca para outro tipo penal. Se 
difere da abolitio criminis. 
Lei intermediária 
A lei mais benéfica não é a do momento do crime 
e tampouco a última lei, mas uma lei intermediária. 
Deve-se aplicar a lei mais favorável. Fala-se em 
dupla extra-atividade. 
Combinação de leis penais 
Faculdade conferida ao juiz para conjugar critérios 
mais favoráveis da lei anterior e da lei posterior. 
O STF é favorável a esta modalidade, mas o STJ é 
contrário, pois entende que o juiz estaria assumindo 
o papel do legislador. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Lei temporária e lei excepcional 
➢ Lei temporária: instituída por um prazo 
determinado, ou seja, a conduta só será 
criminalizada na vigência da lei. 
➢ Lei excepcional: editada em virtude de 
uma necessidade estatal, a exemplo dos 
crimes de guerra. 
Ambas as leis são auto revogatórias e possuem 
ultratividade, ou seja, alcança fatos praticados 
durante a sua vigência, ainda que esta já esteja 
revogada. 
Retroatividade da norma penal em 
Branco 
Alteração no conteúdo da lei, posterior a conduta 
criminosa, que beneficia o agente. 
O STF entende que quando: 
➢ Homogênea: sempre tem efeitos 
retroativos. A alteração do complemento é 
um quadro de normalidade. A situação que 
se buscava incriminar agora é irrelevante 
para o DP. 
➢ Homogênea sem excepcionalidade: se 
revogada ou modificada, poderá conduzir 
também à descriminalização. Ocorreu em 
um quadro de normalidade. Retroage. 
➢ Heterogênea com excepcionalidade: 
ocorreu em um quadro de anormalidade. Se 
revogado ou modificado, não conduz à 
descriminalização. 
Lei penal no espaço 
Fato que interessa dois ou mais países. O estudo das 
leis penais no espaço busca apurar as fronteiras de 
atuação da lei penal nacional, ou seja, quando ela 
pode ou não ser empregada. 
Princípios 
Territorialidade 
Aplica-se a lei penal do local do crime, não 
importando a nacionalidade do agente, da vítima ou 
do bem jurídico. 
Personalidade ativa 
Aplica-se a lei do país de nacionalidade do autor, 
sem importar com o local do crime, da vítima ou do 
bem jurídico. 
Personalidade passiva 
Aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido. 
Defesa 
Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem 
jurídico, não importando o local da infração penal 
ou nacionalidade do sujeito ativo. 
Justiça penal universal ou justiça cosmopolita 
O agente fica sujeito à lei do país onde foi 
encontrado, não importando sua nacionalidade, do 
bem jurídico ou o local do crime. Geralmente este 
princípio está nos tratados internacionais de 
cooperação de repressão a determinados delitos de 
alcance transnacional. 
Representação ou bandeira 
Lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos 
em aeronaves e embarcações privadas, quando 
praticados no estrangeiro e ai não sejam julgados 
ou em alto mar. 
Princípio da territorialidade 
Artigo 5º CP 
A adoção deste princípio não é absoluta pois 
existem convenções, tratados internacionais e 
regras de direito internacional. Fala-se em 
territorialidade temperada. 
Existe também a possibilidade de aplicação de lei 
estrangeira a fato praticado em território brasileiro, 
chamado intraterritorialidade, como por exemplo 
a imunidade diplomática. 
Também existem as possibilidades em que a lei 
brasileira alcança condutas praticadas no 
estrangeiro, que é o caso da extraterritorialidade. 
Território Nacional 
Território físico 
Espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à 
soberania do Estado além das 12 milhas marítimas 
de largura e o espaço aéreo correspondente 
Território por extensão, ficção, equiparação ou 
flutuante 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Embarcações e aeronaves brasileiras públicas ou a 
serviço do governo e aeronaves privadas com 
bandeira brasileira, ou seja, registradas no Brasil. 
Para as aeronaves ou embarcações estrangeiras, 
apenas quando privadas em território brasileiro. 
Embaixada 
As embaixadas são invioláveis, mas não 
constituem extensão do território do país que 
representam. Se ocorrer crime no interior da 
embaixada, aplica-se a lei brasileira, salvo em 
hipótese de imunidade diplomática ou algum 
tratado de direito internacional a respeito. 
Direito de passagem inocente 
Lei 8.617/1993 
Navio privado que utiliza do mar territorial 
brasileiro como passagem para o seu destino sem 
atracar no território. Se ocorrer algum crime, a lei 
brasileira não será aplicada desde que não 
prejudique a paz, a boa ordem ou a segurança do 
Brasil, devendo a passagem ser contínua e rápida. 
Lugar do crime 
Quando uma mesma infração se desenvolve em 
dois ou mais países. É o chamado crime à distância. 
Exemplo: bomba fabricada no Brasil e enviada para 
explodir e matar vítima no Paraguai. 
A solução para saber onde o crime ocorreu é dada 
pelo artigo 6º do CP. Adota-se a teoria da 
ubiquidade, hibrida ou mista. 
Sempre que por força da ubiquidade o fato se deva 
considerar praticado tanto no território brasileiro 
quanto no estrangeiro, será aplicável a lei 
brasileira. 
Extraterritorialidade 
Casos em que a lei brasileira pode alcançar crimes 
cometidos no estrangeiro. O artigo 7º, I e II e § 3º 
estabelecem quais crimes ficam sujeitos a lei 
brasileira mesmo praticados no estrangeiro. 
A extraterritorialidade pode ser: 
Incondicionada 
Artigo 7º §1º CP 
Alcança os crimes descritos no inciso I sem 
depender do preenchimento de qualquer requisito. 
Não importa se o agente foi condenado ou 
absolvido no estrangeiro. 
Condicionada 
Alcança os crimes previstos no inciso II desde que 
as condições do §2º sejam cumpridas. 
Hipercondicionada 
Artigo 7º § 3º CP 
Além das condições do § 2º, é preciso cumprir as 
condições do § 3º. 
Lei Penal em relação às pessoas 
Deriva de prerrogativas de função. É o conjunto de 
precauções que rodeiam a função e que servem para 
proteger o seu exercício. Requer lei estabelecendo-
a e alcança funções vinculadas às instituições 
governamentais. 
Espécies 
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
Alcança: 
➢ Chefes de governo ou estado estrangeiro e 
sua família, bem como membros da 
comitiva. 
➢ Embaixador e sua família. 
➢ Funcionários do corpo diplomático e 
famílias. 
➢ Funcionários das organizações 
internacionais em serviço. 
Isso foi determinado pela convençãode Viena de 
1961, que foi incorporada no ordenamento jurídico 
pelo decreto 56.435/1965, art. 31, I. 
Os imunes devem obedecer a lei do país em que se 
encontram, mas escapam de consequências 
jurídicas e da intraterritorialidade. Esta 
inviolabilidade alcança prisão, residência, 
documentos, correspondências e bens. 
Imunidade parlamentar 
Artigo 53 CF/88 
Exclui a responsabilidade penal e civil. Para o STF, 
sua natureza é de fato atípico. Deve ter havido 
vínculo entre opiniões, palavras e votos e o 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
exercício da função. Se o parlamentar estiver fora 
do Congresso Nacional, precisa demonstrar 
vínculo entre sua manifestação e o exercício do 
cargo. 
Relativa, formal, processual, adjetiva – artigo 
53, § 1ºao § 8º CF/88 
Relativa ao foro especial (STF): da diplomação ao 
fim do mandato. Apenas para crimes cometidos no 
exercício do mandato e em razão dele. 
Relativa à prisão (artigo 53, § 2º CF/88): restrita à 
prisão em flagrante por crimes inafiançáveis. 
Relativa ao processo: possibilidade de sustação do 
processo a pedido de partido político com 
representação na casa legislativa, por maioria 
absoluta dos seus membros. Válido apenas para 
crimes pós diplomação. Há também suspensão de 
prescrição – artigo 53, § 3º ao § 5º CF/88. 
Norma relativa à condição de testemunha: 
parlamentares testemunhas, salvo em relação as 
informações recebidas ou prestadas em razão do 
exercício do mandato, resguardam o sigilo da fonte. 
Podem ajustar dia, local e horário para serem 
ouvidos. 
As imunidades subsistem mesmo no estado de 
sítio, mas não quando o parlamentar pede licença. 
Essas regras também são válidas para deputados 
estaduais. Para vereadores, apenas no exercício do 
mandato e na circunscrição do município de acordo 
com o artigo 29, VIII, CF/88. 
Pena cumprida no estrangeiro 
Artigo 8º CP 
É possível que o agente seja processado, julgado e 
condenado tanto pela lei brasileira, quanto pela lei 
estrangeira, cumprindo no estrangeiro pena total ou 
parcial. 
Hipóteses 
➢ Pena cumprida no estrangeiro atenua pena 
imposta pelo Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas – pena privativa de 
liberdade e pena de multa. 
➢ Pena cumprida no estrangeiro é computada 
na pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime, quando idênticas – duas penas 
privativas de liberdade. 
As hipóteses levam em consideração a 
qualidade da pena e a quantidade da pena 
cumprida. É uma exceção ao princípio do non 
bis in idem. 
Eficácia da sentença penal estrangeira 
Artigo 9º CP 
O Brasil reconhece a sentença penal estrangeira 
nas seguintes hipóteses: 
➢ Obrigar o condenado a reparação do 
dano, a restituição e outros efeitos 
cíveis, mas depende de requerimento da 
parte interessada. 
➢ Sujeitar o condenado à medida de 
segurança – depende de tratado de 
extradição ou requisição do ministro da 
justiça. 
➢ Sequestro de bens decorrentes de 
lavagem de dinheiro – artigo 8º lei 
9.613/98 
A sentença estrangeira deve ser homologada no 
Brasil pelo STJ – artigo 105, I, i, CF/88. Ele 
concede o cumpra-se para as sentenças 
estrangeiras, mas deve-se provar que houve trânsito 
em julgado no país proveniente – súmula 420 STF. 
Sentença homologada constitui título judicial no 
Brasil. 
Essa análise do STJ verifica se a sentença cumpre 
todos os requisitos do artigo 788 CPC e 15 LINDB. 
Se dispensa homologação, bastando sua prova 
pelos meios admitidos pelo Direito Penal, se a 
sentença produz efeitos com relação a reincidência, 
o sursi e o livramento condicional. 
O artigo 963 CPC/15 não exige mais a prova que 
houve trânsito em julgado, mas que a pena seja 
eficaz no país que ela foi proferida. 
Contagem de prazo 
Artigo 10º CP 
Os prazos penais são fatais e improrrogáveis e sua 
contagem é a partir do dia do seu começo. Se o fato 
ocorreu dia 19/03, o prazo começa a partir desta 
data, independente do horário. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Da mesma forma, o prazo é improrrogável e se 
finda automaticamente no último dia, seja dia útil 
ou não. 
Objetiva-se resguardar a liberdade da pessoa, 
impondo-lhe regra mais favorável à contagem de 
prazo. 
Os prazos penais são de duração das penas, do 
sursis, do livramento condicional, da prescrição, da 
decadência, etc. 
Um mês de prazo vai do dia do início até a véspera 
do mesmo dia do mês seguinte. Um ano de prazo 
vai do dia do início até a véspera do mesmo dia do 
próximo ano. 
Frações não computadas na pena 
Artigo 11 CP 
Desprezam-se as frações de horas das penas 
privativas de liberdade e de centavos nas penas 
pecuniárias. 
 Legislação especial 
Artigo 12 CP 
Parte geral do CP – artigo 1º ao 120. 
O CP é a legislação penal comum e há outras leis 
penais tidas como especiais. A parte geral do CP é 
aplicada a toda a legislação penal especial, exceto 
quando esta trouxer disposição contrária. Em caso 
de conflito aparente de norma, utiliza-se o princípio 
da especialidade, subsidiariedade e consunção. 
Extradição 
Artigos 81 a 99 lei 13.445/2017 
Obrigação feita pela solidariedade internacional na 
luta contra o crime, em que um país entrega a outro, 
alguém acusado ou condenado por um crime ou 
para que a pena seja executada. 
Pode ser: 
➢ Ativa: em relação ao país que reclama 
➢ Passiva: em relação ao país que concede 
➢ Voluntária: quando o extraditando 
concorda 
➢ Imposta: quando há oposição do 
extraditando 
➢ Reextradição: quando um país requerente 
se torna requerido por um outro país, que 
solicita a entrega do extraditado pelo país 
que primeiro o solicitou. 
Princípios 
QUANTO AO DELITO 
Legalidade: o crime imputado ao extraditando 
deve estar previsto em tratado ou convenção. Mas 
isso pode ser mitigado pelo princípio da 
reciprocidade, ou seja, o país requerente promete 
dar o mesmo tratamento ao país requerido caso 
ocorra situação igual. 
Especialidade: o extraditando não pode ser 
julgado por fato diferente daquele que motivou a 
sua extradição. 
Identidade da norma: o fato que motivou a 
extradição também deve ser crime no país 
requerido, não pode haver extinção da 
punibilidade, em razão da prescrição, em algum 
dos países. 
QUANTO A PENA E A AÇÃO PENAL 
Comutação: o Brasil só concede a extradição 
condicionada a não aplicação de pena de morte, 
prisão perpétua ou pena corporal. Caso o país 
requerente aplique essas penas, deverá convertê-las 
em penas privativas de liberdade. 
Jurisdicionalidade: busca impedir que o 
extraditado seja julgado por tribunal de exceção. 
Non bis in idem: impede a concessão da extradição 
quando o Brasil for competente para julgar o caso. 
O requerente deve computar o tempo de prisão que 
no Brasil foi imposto, por força da extradição. 
Reciprocidade: conveniência aos dois países, 
porque o delito deve ser punido onde foi praticado 
e porque retira do território nacional uma pessoa de 
mau comportamento. 
Requisitos 
Exame prévio do STF: artigo 102 CF/88. O 
executivo irá avaliar (juízo de admissibilidade) se 
os requisitos estão presentes no pedido e mandará 
ao STF. Se o executivo não julgar procedente, o 
pedido será arquivado. Se o STF deferir, o país 
requerente tem 60 dias para retirar o acusado. Se o 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
STF indeferir, é em caráter definitivo. Enquanto há 
a avaliação, o extraditando poderá ficar preso 
cautelarmente. 
Existência de tratado com o Brasil ou 
reciprocidade entre os dois países. 
Existência de sentença final condenatória 
Ser o extraditando estrangeiro: o artigo 5ª, LI, 
CF/88 proíbe a extradição de brasileiro ato ou 
naturalizado, mas para o naturalizado existem 
exceções: 
➢ Naturalização adquirida pós fato 
➢ Tráfico ilícito de drogas, exigindo sentença 
penal condenatória com trânsito em 
julgado. 
O fato imputado deve constituir crime no Brasil 
e não contravenção penal. Artigo 82, II, lei 
13445/17 
Pena máxima para o crime imputadodeve ser a 
partir de dois anos e privativa de liberdade 
O crime imputado ao extraditando não pode ser 
político ou de opinião. 
O extraditando não pode estar sendo 
processado, nem pode ter sido condenado ou 
absorvido pelo mesmo fato no Brasil 
O Brasil tem que ser incompetente para julgar 
a infração 
O extraditando não pode ser submetido à 
tribunal de exceção 
Não pode estar extinta a punibilidade pela 
prescrição 
O extraditando não pode ser refugiado 
O extraditando não pode ser casado com 
brasileira ou ter filhos brasileiros. 
Repatriação 
Artigo 49 lei 13.445/17 
Determinação de saída compulsória do Brasil, 
quando ocorre a devolução da pessoa em situação 
de impedimento de adentrar ao território. Volta ao 
país de procedência ou naturalidade. 
Deportação 
Artigos 50 a 53 lei 13.445/17 
Saída do território de forma compulsória quando o 
estrangeiro se encontra de forma irregular, seja 
porque ingressou sem visto, este expirou ou 
exerceu atividade remunerada. O deportado poderá 
retornar assim que regularizar a sua situação. 
Expulsão 
Artigo 54 lei 13.445/17 
Saída compulsória do território nacional com 
impedimento de reingresso por determinado 
tempo. 
Casos que não se admite expulsão 
➢ Extradição inadimitida pela legislação 
brasileira 
➢ Se tiver filhos ou pessoa brasileira sob sua 
tutela 
➢ Casado com brasileira 
➢ Ingressado no país até os 12 anos de idade 
➢ Se for pessoa com mais de 70 anos que 
reside no Brasil a mais de 10 anos. 
Teoria geral do Delito 
Conceito clássico de delito – Von Liszts e 
Beling 
Movimento corporal (ação) que produz uma 
modificação (resultado) no mundo exterior. 
Aspecto objetivo: tipicidade e antijuricidade 
Aspecto subjetivo: culpabilidade 
Este conceito é derivado do positivismo científico, 
dizendo que tudo se resolve exclusivamente no 
âmbito do direito, desconsiderando outras áreas. 
ELEMENTOS 
1. ação – movimento corporal que causa um 
resultado. É naturalística, objetivo-descritiva, 
valorativamente neutro e não se busca conteúdo da 
vontade. 
2. tipicidade – é o caráter externo da ação. São fatos 
descritos na lei e nele não há nenhum elemento 
subjetivo do delito. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
3. antijuricidade – é objetivo-normativa, valorativa 
e formal. Há valoração da negativa da ação ao 
aspecto objetivo (resultados internos indesejáveis). 
Também há um juízo formal, ou seja, a conduta é 
típica e não há causa de justificação (excludentes 
de ilicitude). 
4. culpabilidade – aspecto subjetivo, natureza 
descritiva (se limitava a comprovar a existência de 
um vínculo subjetivo entre o autor e o fato. Surge 
formas de culpabilidade dolosa e culposa. 
Conceito neoclássico de delito 
Sofreu influência de Kant. Conceito de delito 
voltado para os fins pretendidos pelo direito e 
perspectivas valorativas que o embasam. 
A ação deixou de ser puramente naturalística, já 
que por ela não dava para explicar os crimes 
omissivos, os culposos e os tentados. A tipicidade 
ganhou elementos subjetivos e normativos. A 
antijuricidade passou a ter conteúdo material, ou 
seja, exigência de danosidade social. A 
culpabilidade ganha ideia de reprovabilidade (ação 
de vontade contrária a um dever). Continuava 
sendo aspecto subjetivo do crime, mas passou a ter 
conteúdo normativo. 
Conceito de delito no finalismo 
Nasceu da oposição à teoria causal e a separação 
entre a vontade e seu conteúdo. Eliminou a 
separação desses aspectos e do próprio injusto, 
transformando o injusto naturalístico em injusto 
pessoal. Deslocou dolo e culpa da culpabilidade 
para a ação e a culpabilidade permaneceu apenas 
com o conteúdo normativo. 
Com o dolo e a culpa na conduta, tornou-se mais 
fácil identificar crime doloso e crime culposo. A 
culpabilidade tornou-se “puramente normativa”, 
permitindo aferir a censura do comportamento. 
Funcionalismo ou teoria teleológica – 
Roxin 
Esta teoria confere relevância a função do DP para 
estabelecer políticas penais que permitam o alcance 
do seu objetivo, que é a proteção dos bens jurídicos. 
O direito penal deve ser aplicado de maneira 
subsidiária, ou seja, apenas quando todas as 
medidas se mostrarem ineficazes na tutela dos BJ. 
As lesões menos graves devem ser tratadas por 
outros ramos do direito. 
Agregou-se ao conceito de culpabilidade a aferição 
da real necessidade de aplicação da pena. 
A teoria também contribuiu no âmbito do injusto 
penal (tipicidade e antijuricidade). A análise da 
conduta dolosa/culposa, do nexo de causalidade e 
do resultado deve ser feita junto com a aferição da 
criação de um risco proibido ou do aumento do 
risco em razão de uma conduta impetrada. O 
sistema jurídico não deve se alicerçar apenas em 
dados, mas aos fins do DP. 
Conceito analítico de crime 
Formal: crime é toda ação ou omissão proibida por 
lei sob a ameaça de penal. 
Material: crime é a ação ou omissão que contraria 
valores ou interesses do corpo social, exigindo sua 
proibição com ameaça de pena. 
Crime é a ação típica, antijurídica e culpável (teoria 
tripartida). 
✓ Fato típico: ação/conduta (dolosa ou 
culposa; comissiva ou omissiva), resultado, 
nexo de causalidade e tipicidade. 
✓ Antijuricidade: contrariedade da conduta 
em relação ao ordenamento jurídico, 
afastadas pelas excludentes de ilicitude. 
✓ Culpabilidade: imputabilidade, potencial 
consciência da ilicitude e exigibilidade de 
conduta diversa. 
Conduta é o comportamento humano, voluntário e 
consciente dirigido a um fim. 
FUNÇÕES DA CONDUTA 
Função de elemento básico ou unitário: 
necessidade de que o conceito de conduta seja 
suficientemente amplo para que compreenda todas 
as formas de comportamento relevantes para o DP. 
Função de elemento de união: enlace todas as fases 
do juízo jurídico-penal. 
Função limitadora: exclui as condutas irrelevantes 
para o DP. 
O resultado não pertence à conduta, mas ao tipo. A 
ação (viola uma proibição) e a omissão (descumpre 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
uma ordem) constituem duas formas básicas do 
fato punível. 
Teorias da Ação 
Teoria causal-naturalística da ação 
Movimento corporal voluntário que causa 
modificação no mundo exterior (desvalor do 
resultado). Integram-na a manifestação da vontade, 
o resultado e a relação causal. O conteúdo da 
vontade, dolo e culpa, estão na culpabilidade. 
A ação se fraciona assim: 
✓ Processo causal “externo” e objetivo (ação 
e resultado) 
✓ Processo causal interno (conteúdo da 
vontade – dolo e culpa) 
Nesta teoria importa o que foi causado pelo querer 
do agente, não importa se os efeitos deste querer 
são conteúdo da vontade, pois este só importam na 
culpabilidade. Interessa se o sujeito atuou 
voluntariamente e não o que quis. 
Teoria final da ação 
Colocou fim à separação entre “vontade” e seu 
“conteúdo” e entre os aspectos objetivos e 
subjetivos. A ação humana entendida como 
exercício da atividade final, pois toda ação é guiada 
por um querer. A finalidade é vidente e a 
causalidade é cega. A vontade é fundamental para 
a consecução do fim. 
A direção final tem duas fases: 
✓ Subjetiva (intelectiva): interna. 
Antecipação do fim que se quer realizar, 
seleção dos meios para alcançar o fim e 
consideração dos efeitos concomitantes. 
✓ Objetiva (ocorre no mundo real): 
externa. Execução da ação dominada pelo 
fim desejado. Tentativa caso não atinja o 
fim desejado. 
Compreende somente as consequências que o autor 
considera unidos para a obtenção do fim, mas ficam 
de fora aquelas que o agente confiou que não se 
reproduziriam. Nos crimes culposos, os fins são 
irrelevantes para o DP. Não são os meios 
escolhidos ou a forma de utilização que definem a 
conduta típica. 
CONSEQUÊNCIAS DO FINALISMO 
1. dolo e culpa são incluídos no injusto penal, na 
conduta. 
2. conceito pessoal de injusto. 
 Desvalor pessoal da ação (derivado de dolo e 
culpa), gerando um resultadoconsistente na ofensa 
ou perigo de ofensa ao BJ. 
Diferente da teoria causal, onde o injusto é 
naturalístico: importa a modificação produzida no 
exterior quando se analisa a conduta. 
A culpabilidade é meramente normativa. 
Teoria social da ação – Schimidt, 
Maurach, Jescheck e Wessels 
Busca o sentido social da ação. A direção da ação 
de forma objetivamente genérica e não individual, 
como ocorre no finalismo. A ação como conduta 
socialmente relevante, dominada ou dominável 
pela vontade humana e dirigida a um resultado. 
Sedimentou o distanciamento da teoria causal, pois 
considerou a vontade final incerta na ação. Corrigiu 
o subjetivismo unilateral do finalismo, que corre o 
risco de se esquecer do desvalor do resultado, na 
medida em que somente se destaca a ação. O 
finalismo realça a ação em relação ao fenômeno 
humano interno. A teoria social da ação acrescenta 
um sentido social para aquele anteriormente 
apresentado pelo finalismo, de natureza individual. 
Ausência de ação 
Não se pune a simples vontade criminosa. Deve 
haver a execução da ação. Casos de ausência de 
ação: 
1. coação física irresistível: o agente é mero 
instrumento idealizador da vontade do coator 
(artigo 22). Coação física exclui a ação e coação 
moral exclui a culpabilidade. 
2. movimentos reflexos: estímulo ao sistema 
nervoso. Não há vontade. 
3. estado de inconsciência: ausência de consciência 
gera falta de vontade. 
Sujeitos da ação 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Sujeito ativo: quem pratica o ato descrito como 
crime (execução total ou parcial do tipo) por 
vontade própria). 
Pessoa jurídica como sujeito ativo: não pode 
figurar como sujeito ativo, exceto nos casos de 
crimes ambientais (artigo 225 CF/88). Falta 
capacidade de ação e culpabilidade, que são 
próprios do ser humano. Os dirigentes se 
responsabilizam pessoalmente. 
Sujeito passivo: titular do BJ atingido ou 
ameaçado. Pode ser o Estado, a coletividade, a 
pessoa jurídica e a pessoa física. 
Omissão 
Infração às norma mandamentais, ou seja, não fazer 
o que foi ordenado. O agente não faz o que pode e 
deve fazer. 
1. omissivo próprio: são de mera conduta. Não se 
atribui resultado derivado da conduta. 
Desobediência a uma norma mandamental que 
determina a prática de uma conduta que não é 
realizada, quando possível cumpri-la sem risco 
pessoal. Eventual resultado proveniente desta 
conduta é irrelevante para a sua consumação. 
2. crime omissivo impróprio (comissivo por 
omissão): são crimes de resultado, não há uma 
causalidade fática, mas jurídica, em que o omitente, 
podendo e devendo, não impede o resultado. São 
elementos desta modalidade de omissão: 
✓ Abstenção de atividade que a norma impõe 
✓ A superveniência do resultado típico em 
decorrência da omissão 
✓ Exigência da situação geradora do dever 
jurídico de agir 
Desobediência à norma proibitiva a todos – norma 
de dever de primeiro grau: não garantir a não 
ocorrência de um resultado – norma de dever de 
segundo grau. 
PRESSUPOSTOS DO CRIME OMISSIVO 
IMPRÓPRIO 
✓ Poder de agir 
✓ Evitabilidade do resultado 
✓ Dever de impedir o resultado 
Resultado 
O resultado pode ser jurídico (normativo) ou 
naturalístico (material). 
Naturalístico 
Modificação do mundo exterior decorrente da 
conduta do agente. Efeito da conduta do agente. 
Apenas crimes materiais pressupõem a realização 
do resultado naturalístico. 
Crimes materiais: consumação no resultado, que é 
necessário. 
Crimes formais: consumação na conduta e 
resultado desnecessário. 
Crimes de mera conduta não têm resultado. Crimes 
tentados não possuem resultado naturalístico. Os 
crimes omissivos próprios não exigem o resultado 
naturalístico para a sua consumação. Nos crimes de 
perigo, o próprio perigo é o resultado naturalístico. 
Há crimes sem resultado naturalístico e nestes o 
fato típico será constituído apenas pela conduta e 
pela tipicidade, inexistindo nexo de causalidade e 
resultado. Em crimes de resultado duplo há a 
conduta e mais de um resultado. 
Jurídico 
É a lesão ou exposição a perigo do BJ. O perigo 
pode ser concreto (risco real) ou abstrato (risco 
presumido pelo legislador). Quando ocorre 
violação ao conteúdo da lei penal incriminadora, 
estará presente o resultado jurídico. Todo crime 
possui resultado jurídico. Os crimes que lesionam 
mais de um BJ são chamados de “pluriofensivos”. 
Relação de causalidade 
Decorre da integração entre causa e efeito, é um dos 
elementos do fato típico e tem a ver com os crimes 
de resultado (artigo 13). Causa é toda ação ou 
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido e 
como ocorreu. Causa seria a soma das condições 
produtoras de um resultado. 
Juízo hipotético de eliminação 
Método que suprime mentalmente certo fato ou 
comportamento do contexto fático para ver se sem 
ele o resultado não teria ocorrido e como ocorreu. 
O fato ou comportamento deve-se mostrar 
indispensável para o resultado. Entretanto, este 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
resultado leva ao infinito, daí tem-se a necessidade 
de estabelecer limites a esse raciocínio. 
Limitações à teoria da conditio sine qua 
non 
1. a causalidade deve ser aferida junto com o 
vínculo subjetivo – a causalidade relevante é aquela 
possível de ser mentalizada antecipada. Daí se diz 
que a cadeia causal está limitada pelo dolo e pela 
culpa. Se não for orientada pelo dolo ou pela culpa, 
será acidental, não caracterizando crime. 
2. concausas – dependentes ou independentes 
a) dependentes: originam-se na conduta praticada e 
se inserem no desdobramento causal natural da 
conduta, ou seja, faz parte do seu curso normal. A 
relação de dependência entre os fatos antecedentes 
e os subsequentes que caracterizam a causa 
dependente. A causa dependente é marcada por 
dois fatores: 
✓ Origina-se da conduta inicial, sem a qual 
não existiria. 
✓ Atua com absoluta dependência da causa 
anterior. 
As causas dependentes não excluem o nexo causal, 
mas o integram. 
b) causas independentes: inesperado, não faz parte 
do curso normal da conduta. Podem ser absolutas 
ou relativamente independentes. O assunto relativo 
ao nexo causal ganha mais importância quando o 
resultado não é efeito de um só comportamento ou 
um outro fato. Quando se identifica mais de uma 
causa concorrendo para um resultado, falam-se em 
concausas. São espécies de concausas: 
Concausa absolutamente independente: a causa 
efetiva do resultado não se origina, direta ou 
indiretamente, do comportamento avaliado. Existe 
um outro comportamento ou outro fato que por si 
só produziu de maneira absolutamente 
independente o resultado examinado. A concausas 
pode ter sido dada antes (preexistente), durante 
(concomitante)ou depois (superveniente) do 
comportamento avaliado. Eliminando-se 
mentalmente o comportamento avaliado, o 
resultado teria se dado da mesma forma. 
✓ concausa preexistente absolutamente 
independente: o outro comportamento ou 
outro fato acontece antes do 
comportamento avaliado 
✓ concausa concomitante absolutamente 
independente: o outro comportamento ou 
outro fato é simultâneo ao comportamento 
avaliado 
✓ concausa superveniente absolutamente 
independente: o outro comportamento ou 
outro fato é posterior ao comportamento 
avaliado 
Nas três hipóteses, usando-se a exclusão hipotética, 
o resultado não se alteraria. O agente responde 
apenas pelo seu dolo. Inexiste a relação de 
causalidade. 
Concausa relativamente independente: as causas 
se conjugam para produzir o evento final, mas 
isoladamente consideradas, não ocasionariam o 
resultado como aconteceu. O outro comportamento 
ou outro fato podem ter acontecido antes, durante 
ou depois do comportamento avaliado. Nos casos 
da concausa superveniente relativamente 
independente, podem ocorrer duas hipóteses: 
a) concausa que produziu resultado por si só: há 
uma nova condição que provocaum novo nexo de 
causalidade. A nova causa atua como se tivesse 
agido sozinha. Há uma causa superveniente que 
atua de maneira imprevisível em relação à conduta 
avaliada. A vítima somente estava no local em que 
o segundo fato ocorreu em decorrência do primeiro 
fato ou comportamento. 
b) concausa que não produziu resultado por si só: o 
agente também responderá pelo resultado. O 
resultado se insere na linha de desdobramento 
físico da conduta. Há o encadeamento causal e há 
o nexo de causalidade. Não há uma nova condição 
que provoca um novo nexo de causalidade. 
As concausas dependentes e as concausas 
supervenientes relativamente independentes que 
não produzem resultado por si só, levam o autor da 
conduta avaliada a responder pelo resultado final. 
Evolução do conceito de tipo 
Fase da independência – Beling 
Função descritiva, separada da antijuricidade e da 
culpa. Função: definir delitos. Ausência de 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
elementos normativos e subjetivos. Juízo de 
tipicidade: adequação típica. 
Fase da “ratio cognascendi” da 
antijuricidade – Mager 1915 
Não tem apenas função descritiva (indício da 
antijuricidade. Função indiciária. Elementos 
normativos no tipo e o primeiro pressuposto da 
pena. 
Fase da “ratio essendi” – Mezger 1931 
Incluiu-se a tipicidade na antijuricidade. Crime 
como ação tipicamente antijurídica e culpável. A 
tipicidade é a razão de ser da antijuricidade. 
Relaciona-se com a teoria dos elementos negativos 
do tipo. 
As causas de justificação são incorporadas no tipo, 
da qual seriam elementos negativos implícitos – 
negam o comportamento ilícito. 
Fase defensiva – Beling 1930 
Elementos independentes e harmônicos do crime. 
Manteve o papel descritivo da tipicidade. Tipo de 
delito: todas as características internas e externas 
de cada figura legal. 
Todos os delitos-tipo são descritivos. 
Figura reitora (figura ideal): modelo conceitual 
extraído do acontecimento externo. Retrato de que 
se espera do sujeito diante da conduta-tipo. Com 
isso, se explica a criminalização da “tentativa” e da 
“participação”. 
Fase do finalismo 
Tipos dolosos e culposos. Dolo e culpa na conduta. 
Realidade complexa. 
Parte objetiva – componente causal 
Parte subjetiva – componente final que dirige o 
componente causal. 
Tipo: modelo abstrato que descreve o 
comportamento indevido. 
Função limitadora e individualizadora da conduta 
relevante. Cada tipo com elementos e 
características próprias que os distinguem dos 
outros. Não há possibilidade de analogia e tem-se o 
injusto penal. 
Juízo de tipicidade: adequação entre a conduta 
praticada e a conduta descrita na lei. Se não há essa 
adequação, fala-se em atipicidade. 
A adequação típica (juízo de tipicidade) pode ser: 
✓ imediata: o fato se amolda perfeitamente 
no modelo legal 
✓ mediata: para fazer o encaixe, é necessário 
fazer o emprego de uma norma de caráter 
extensivo. 
Funções do tipo 
Indiciária: a adequação típica leva à presunção de 
antijuricidade. Indício de uma conduta ilícita. 
Garantista: tudo que não corresponder a um 
determinado tipo de injusto será penalmente 
irrelevante. 
Diferenciadora do erro: o dolo do agente deve 
abranger todos os elementos constitutivos do tipo 
penal. 
Identificadora do BJ: a análise do tipo propicia a 
identificação do BJ que se busca proteger. 
Elementos estruturais do tipo 
Objetivos-descritivos: identificados pela simples 
constatação sensorial. 
Objetivos-normativos: são elementos que não se 
limitam a descrever a conduta indevida, mas 
implicam um juízo de valor. Serve para buscar um 
significado jurídico ou extrajurídico para uma 
palavra ou expressão ou antecipar a valoração da 
ilicitude. 
Subjetivos: busca entender o que o sujeito 
imaginou quando realizou o comportamento. 
Subjetivo geral: sujeito atuou de forma voluntária 
(dolo) e consciente no ato do núcleo do tipo. 
Subjetivo especial: enquanto o dolo deve se 
materializar no fato típico, o elemento subjetivo 
especial especifica o dolo, sem necessidade de se 
concretizar. A ausência do elemento subjetivo 
especial descaracteriza o tipo subjetivo e faz não 
existir conduta penalmente relevante. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
O elemento subjetivo especial comporta situações 
diferentes, que podem ensejar delitos de: 
✓ intenção: agir com ânimo, finalidade ou 
intenção adicional de obter um resultado. 
Há uma finalidade que vai além da 
realização do tipo. “com o fim de” “com o 
intuito de”. 
✓ Tendência: o sujeito deve conferir à ação 
típica um sentido subjetivo não expresso no 
tipo, mas deduzível. Exige-se o elemento 
subjetivo especial, mas ele não fica 
evidenciado na redação do tipo. 
Tipicidade formal e conglobante 
Tipicidade formal + tipicidade conglobante = 
tipicidade 
A conglobante exige que a conduta seja anormal no 
ordenamento como um todo. 
Antinormativo: conduta anormal no ordenamento 
como um todo e que não seja ordenada ou 
fomentada. 
Material: seleciona o BJ que o DP irá proteger. 
Princípio da insignificância. 
Tipo doloso 
Artigo 18, I, CP 
Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a 
realizar a conduta prevista no tipo penal 
incriminador. 
DOLO = consciência + vontade 
Consciência 
Momento intelectual do dolo. O agente deve saber 
aquilo que ele faz e alcança/atinge os elemento 
objetivos do tipo. Deve haver consciência sobre as 
circunstâncias de fato necessárias para se 
configurar figura típica. Ausência de consciência 
leva ao erro de tipo e exclui o dolo. 
Vontade 
Elemento volitivo do tipo. É o querer livre de 
qualquer coação. A consciência dos elementos 
objetivos do tipo penal. A vontade vai além do 
mero desejo, pois faz com que o agente realize a 
conduta descrita na lei penal. 
Em regra, toda infração é dolosa e em alguns casos 
descritos em lei, admite-se a forma culposa (artigo 
18, § único, CP). 
Se não existe a consciência dos elementos, não 
existe o dolo. Pode-se estar diante de um crime 
culposo. 
Teorias sobre o delito 
Teoria da vontade 
Dolo é a vontade livre consciente de querer praticar 
a infração penal. 
Teoria do assentimento 
Atua com dolo o agente que presume ser possível 
um resultado lesivo a partir de sua conduta, mesmo 
não o querendo de forma direta, não se importa com 
sua ocorrência e assume o risco de produzi-lo. 
Teoria da representação 
Fala-se em dolo quando o agente prevê o resultado 
possível (não desejado) e prossegue, não porque 
assumiu o risco, mas por acreditar, sinceramente ou 
levianamente, ser capaz de evita-lo. 
Teoria da probabilidade 
Basta que o sujeito considere provável a 
reprodução do resultado, trabalha com dados 
estatísticos e dolo eventual. 
O Brasil adotou a teoria da vontade quanto ao dolo 
direto (quis o resultado) e a teoria do consentimento 
ao dolo eventual (assumiu o risco de produzi-lo). 
Espécies de dolo 
Dolo direto 
O agente quer cometer a conduta descrita no tipo e 
a pratica visando um resultado. Seu querer abrange 
todos os elementos objetivos previstos no tipo 
penal. O dolo direto pode ser: 
a) Primeiro grau: em relação aos resultados 
pretendidos e aos meios escolhidos. 
b) Segundo grau: tem relação com os efeitos 
colaterais (resultados indesejados) 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
representados como necessários ou 
inevitáveis. 
Dolo indireto 
Não há vontade específica de produzir determinado 
resultado. Pode-se dividir em eventual ou 
alternativo 
a) Eventual: o agente visualiza mais de um 
resultado e direciona sua conduta para 
atingir um deles, mas não quer diretamente 
produzir o outro resultado, entretanto 
continua agindo, assumindo o risco de 
produzi-lo. 
b) Alternativo: o agente visualiza mais de um 
resultado e direciona sua vontade (aspecto 
volitivo) de maneira alternada, 
interessando-lhe qualquer um dos 
resultados possíveis, seja em relação ao 
resultado ouem relação à pessoa. 
Alternatividade objetiva: tem a ver com o 
resultado. O agente quer um resultado ou outro, 
contentando-se com qualquer deles. Misto de dolo 
direto com dolo eventual. Ex: matar ou ferir. 
Alternatividade subjetiva: tem a ver com a 
pessoa. O agente se contenta em atingir qualquer 
pessoa. Misto de dolo direto e dolo eventual. 
Característica do dolo 
1. abrangência de todos os elementos 
objetivos do tipo. 
2. atualidade, ou seja, está presente no 
momento da ação. 
3. possibilidade de influenciar o resultado, 
ou seja, produzir o evento típico. 
Dolo: elemento subjetivo e elemento subjetivo 
especial. Nem todo tipo penal exige um elemento 
subjetivo especial. 
Dolo geral: hipótese de erro sucessivo ou 
“aberratio causae”. O autor acredita ter 
consumado o crime, mas na verdade o resultado 
somente se produz por uma conduta posterior, no 
qual visava encobrir o fato. Responde na forma 
dolosa. 
Dolo de propósito e dolo de ímpeto: dolo de 
propósito é a vontade, pensado e premeditado. Não 
necessariamente se reflete na lei. Resulta de uma 
premeditação. Pode aparecer como causa de 
diminuição de pena ou atenuante. 
Já o dolo de ímpeto é o que surge por impulso, sem 
prévia racionalização ou planejamento. 
Dolo de perigo: crimes que a consumação se 
verifica apenas com a existência de um risco. O 
agente atua com vontade consciente de criar essa 
situação. Pode ser perigo abstrato ou perigo 
concreto. Se a lesão ao BJ vier a acontecer, o 
aguente responde pelo crime de dano culposo. 
Tipo culposo 
Artigo 18, II, CP 
Conduta humana voluntária que produz um 
resultado antijurídico não querido, mas provável e 
excepcionalmente previsto, que podia ser evitado. 
Requer: 
1. conduta humana voluntária 
2. inobservância de um dever objetivo de cuidado 
(negligência, imprudência ou imperícia) 
3. resultado lesivo não querido (é preciso um 
resultado naturalístico) 
4. nexo de causalidade 
5. previsibilidade 
✓ Objetiva: se leva em consideração como 
uma pessoa comum agiria na mesma 
situação. Se tivesse uma conduta diferente 
que alterasse o resultado, seria previsível. 
✓ Subjetiva: possibilidade do agente prever a 
ocorrência do resultado pela análise das 
suas características pessoais. 
✓ Objetivo-subjetivo: o juiz verifica como 
um homem médio comportaria e depois 
considera as condições do sujeito no caso 
concreto. 
6. tipicidade 
O crime culposo é um tipo aberto, pois não há 
descrição completa e perfeita da figura típica. São 
complementados pelo julgador ou pela doutrina no 
caso concreto. 
Espécies de culpa 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Inconsciente e consciente: inconsciente quando o 
agente deixa de prever o resultado e consciente 
quando ele prevê o resultado, mas acredita que este 
não acontecerá. 
Imprópria: o agente acredita estar agindo 
acobertado por uma excludente de ilicitude, mas 
está equivocado. 
Obs: não se admite compensação de culpas, mas 
pode ocorrer concorrência de culpas. Não se cogita 
tentativa em crime culposo. 
Exclusão da culpa 
✓ Caso fortuito ou força maior 
✓ Princípio da confiança 
✓ Erro profissional 
✓ Risco tolerado 
Agravação pelo resultado 
Crime qualificado pelo resultado é o delito que 
possui um fato base e um evento subsequente 
(resultado) que torna a pena maior em razão da 
gravidade objetiva, existindo entre eles um nexo de 
ordem física subjetiva. O crime qualificado pelo 
resultado seria o gênero do qual é espécie o crime 
preterdoloso. 
antecedente consequente exemplo 
dolo dolo Artigo 157 § 
3º, II 
dolo culpa Artigo 129 §3º 
culpa culpa Artigo 250 §2º 
c/c artigo 258 
Obs: não se admite culpa no antecedente e dolo no 
consequente, nem dolo de perigo no antecedente e 
dolo de dano na consequente. 
 
Consumação 
Quando o tipo penal está inteiramente realizado, ou 
seja, quando o fato concreto se submete ao tipo 
abstrato da lei penal. São preenchidos todos os 
elementos objetivos do tipo. 
Momentos consumativos 
Material: com a produção do resultado 
naturalístico. 
Formal e de mera conduta: com a conduta (ação 
ou omissão). 
Culposo: com a produção do resultado 
naturalístico. 
Habitual: reiteração dos fatos, demonstrando um 
estilo de vida, algo cotidiano. 
Permanente: a consumação se estende no tempo 
até que o comportamento cesse. 
Omissivo próprio: no local e no momento que o 
agente poderia e deveria agir, mas não agiu. 
Omissivo impróprio: com a produção do 
resultado de dano ou perigo com a inatividade. 
Tentativa 
Realização incompleta da conduta indicada no tipo 
penal. Há prática de ato de execução, mas o sujeito 
não chega à consumação por circunstâncias 
independentes da sua vontade. O movimento 
criminoso cessa na fase da execução. 
Iter criminis – caminho do 
crime 
Fase interna: idealização 
Fase externa: preparação execução e consumação. 
Fases 
COGITAÇÃO 
Elaboração mental da conduta criminosa até se 
firmar a vontade cujo a concretização constituirá o 
crime. A lei penal não alcança. 
PREPARAÇÃO 
Arma-se dos instrumentos necessários, procura o 
local ideal, elege a vítima. Em regra, não são 
puníveis, pois falta tipicidade e antijuricidade. 
EXECUÇÃO 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Atos dirigidos diretamente à prática do crime. 
Quando o autor inicia a realização da conduta 
descrita no tipo penal. 
CONSUMAÇÃO 
Quando se reúnem todos os elementos 
constitutivos do tipo penal. 
Diferença entre atos preparatórios e 
executórios 
Crime material: o elemento diferencial é o 
momento que o bem jurídico é posto em perigo 
pelo atuar do agente. O crime se define 
materialmente como lesão ou ameaça a bem 
jurídico. 
Critério objetivo-formal: o começo da execução 
se dá quando o sujeito inicia a realização da 
conduta nuclear do tipo. É a predominante no 
Brasil. 
Natureza e tipicidade da tentativa 
A tentativa não é um tipo penal autônomo. É tipo 
ampliado, aberto e incompleto, é norma de 
extensão por natureza. Conjuga-se o tipo com o 
artigo 14 CP. 
 
Elementos da tentativa 
Possui tudo que caracteriza o crime, menos a 
consumação. 
1. início da execução: ação que penetre na fase 
executória do crime. 
2. não consumação do crime por circunstâncias 
independentes da vontade do agente. 
3. dolo em relação ao crime total. 
Espécies de tentativa 
Imperfeita: o agente não consegue praticar todos 
os atos necessários à consumação por interferência 
externa. 
Perfeita: o agente realiza todos os atos necessários 
para obter o resultado, mas não o atinge. 
Punibilidade da tentativa 
Teoria subjetiva: a vontade do agente é completa, 
perfeita. Imperfeito é o delito. O agente deve sofre 
a mesma pena do crime consumado. 
Teoria objetiva: a repressão se justifica pelo início 
da execução do crime, pois o bem jurídico foi 
exposto a perigo. A tentativa é punida de forma 
mais branda. Em regra, pelo artigo 14 § único CP, 
se pune a tentativa com a pena prevista na lei penal, 
diminuída de 1/3 a 2/3. 
Infrações que não se admite forma tentada 
Culposa: não existe sem o resultado. Se o resultado 
não acontece, não há crime. Na tentativa há 
intenção sem o resultado esperado. No crime 
culposo há resultado sem intenção. 
Preterdoloso: o resultado vai além do que deseja o 
agente. Se a tentativa fica aquém do resultado 
desejado, ela é impossível nos delitos 
preterdolosos. 
Omissivo próprio: não exige um resultado 
naturalístico. Se o agente não age quando se devia, 
consuma-se o delito. 
Unissubsistente: impossibilidade de 
fracionamento dos atos de execução. 
Habitual: só se caracteriza pela prática reiterada 
dos atos. 
De atentado: não é possível tentativa de tentativa. 
Contravenção penal: artigo 4º LCP. 
Desistência voluntária 
Artigo 15, primeira parte, CP. 
Iniciada a realização da conduta típica, o agente 
VOLUNTARIAMENTE interrompe a execução, 
quando ainda poderia prosseguir. Basta que sejavoluntária e não precisa ser espontânea. É a 
tentativa abandonada. 
Somente é possível nas hipóteses que poderiam 
levar à tentativa imperfeita. É impunível. O agente 
só responderá pelos atos já praticados. 
Arrependimento eficaz 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
Artigo 15, segunda parte, CP. 
Após o agente ter esgotado todos os meios 
necessários e suficientes que dispunha, o agente 
arrepende-se e evita o resultado. Basta que seja 
voluntário, ainda que não espontânea. O êxito da 
atividade impeditiva do resultado é indispensável, 
caso contrário, responde pelo crime consumado. 
Não responderá por tentativa. Somente responderá 
pelos atos já praticados. 
Tentativa branca 
Quando o agente utiliza todos os meios que tinha a 
seu alcance, mas não consegue sequer atingir a 
pessoa ou coisa contra qual deveria recair a sua 
conduta. Considera-se dolo do agente. 
Natureza jurídica da desistência 
voluntária e arrependimento eficaz. 
Causa de extinção de punibilidade 
É renúncia do estado ao poder de punir em relação 
à conduta inicialmente desejada e que fez se iniciar 
a execução. 
Teoria menos aceita porque pressupõe a causa de 
punição, que seria a tentativa e aqui a tentativa não 
existe. 
 
 
Exclusão da adequação típica 
O fato, em relação à conduta inicialmente desejada, 
é atípico porque a vontade do agente é que 
determinou a cessação da atividade criminosa e não 
“o fato alheio a sua vontade”, o que consagraria 
tentativa, que não existe. É a teoria predominante. 
Crime Impossível 
Artigo 17, CP. Também chamado de tentativa 
inidônea, tentativa inadequada ou quase crime. 
O agente ingressa na fase executória, mas o 
comportamento é inapto para consumação do 
delito, quer em razão dos meios, quer por falta do 
objeto material. 
Teorias 
Sintomática: o agente demonstra ser perigoso, 
merecendo ser punido, ainda que o crime se mostre 
impossível de ser consumado. 
Subjetiva: havia vontade consciente de praticar o 
crime, portanto o agente deve sofrer a mesma pena 
cominada à tentativa, ainda que o crime seja 
impossível. 
Objetiva: crime é conduta e resultado. A execução 
deve ser idônea, ou seja, trazer potencialidade do 
evento. Se for inidônea, tem-se crime impossível. 
a) Objetiva pura: não há tentativa, mesmo 
que a inidoneidade seja relativa. Se houver 
ineficácia do meio ou impropriedade do 
objeto (absoluta ou relativa), inexiste 
responsabilidade penal. 
b) Objetiva temperada: não há tentativa 
apenas na absoluta ineficácia ou 
impropriedade do objeto. Se a ineficácia ou 
impropriedade forem relativas, o agente 
responde pelo ato, ainda que na forma 
tentada. Teoria adotada pelo CP. 
Elementos do crime impossível 
✓ Início da execução 
✓ Dolo na consumação 
✓ Não há consumação por circunstâncias 
alheias a vontade do agente 
✓ Resultado absolutamente impossível de ser 
alcançado. 
O que torna diferente da tentativa é o último 
elemento. 
Espécies 
Ineficiência absoluta do meio: falta 
potencialidade causal, pois os instrumentos são 
ineficazes. Deve ser inteiramente ineficaz. 
Exemplo: envenenamento com substância não 
letal. 
Impropriedade absoluta do objeto: a pessoa ou 
coisa (objeto material) não serve para a 
consumação do delito. A idoneidade do objeto se 
verifica tanto peças circunstâncias que ele se 
encontra, quanto sobre a sua existência. Deve ser 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
absolutamente impróprio. Exemplo: tentativa de 
aborto em mulher que não está grávida. 
Crime Putativo 
Existe apenas no imaginário do agente, que supõe 
estar praticando uma conduta típica, mas o fato em 
si não constitui crime. O agente vente uma erva 
cuja comércio não é proibido, acreditando ser 
maconha. 
Arrependimento posterior 
Artigo 16, CP. 
Se diferencia do arrependimento eficaz, em que o 
autor consegue evitar o resultado. O 
arrependimento posterior pressupõe o crime 
consumado. Neste caso, a pena é diminuída de 1/3 
a 2/3, e é um estímulo à reparação do dano ou 
restituição em favor da vítima. 
Requisitos 
✓ Crime praticado sem violência ou grave 
ameaça 
✓ Reparação do dano ou restituição da coisa 
✓ Deve ocorrer antes do recebimento da 
denuncia ou queixa. Se depois, haverá 
apenas atenuante. 
Prevalece o entendimento de que a reparação feita 
por um dos agentes favorece todos os outros. 
 
Erro de tipo 
Artigo 20, CP 
Falsa percepção ou falta de percepção da realidade. 
Recai sobre elementares, circunstâncias ou 
qualquer dado que se agregue a determinada figura 
típica. 
Ocorre quando alguém não conhece, ao cometer o 
fato, um fato que pertence ao tipo penal. 
Exemplo: agente que subtrai coisa alheia pensando 
ser própria. 
Consequências 
Erro de tipo invencível, escusável, 
justificável, inevitável 
Erro ao qual se sujeitaria qualquer pessoa com 
diligência normal, dadas as suas particularidades. 
Afasta dolo e culpa, pois não há vontade e 
consciência, deixando de haver conduta 
tipicamente relevante. 
Erro de tipo vencível, inescusável, 
justificável, evitável 
O agente, com um pouco mais de diligência, 
poderia evita-lo. Responderá a título de culpa, se 
prevista a forma culposa. 
Apresenta duas formas principais 
Essencial 
Recai sobre todos os dados elementares, 
circunstâncias ou qualquer outro que se agregue à 
figura típica. Pode ser evitável ou inevitável. 
a) Erro ao relacionar uma elementar: a 
pessoa subtrai coisa alheia móvel pensando 
ser sua. Não responderá pelo furto. 
b) Erro relacionado a uma qualificadora: 
sujeito induz a própria filha, sem saber do 
grau de parentesco, a satisfazer lascívia de 
outrem. Responde pelo artigo 227, mas sem 
a qualificadora do §1º. 
 
 
Acidental 
Erro não recai sobre elementares ou circunstâncias 
do crime, mas sobre dado secundário irrelevante da 
figura típica. Não exclui dolo e o agente responde 
pelo crime. 
a) Erro sobre o objeto: o agente subtrai uma 
pulseira de latão pensando ser ouro 
b) Erro sobre a pessoa: ofende-se “A” 
pensando ser “B”. 
c) Erro na execução: erro na 
operacionalização da conduta criminosa. 
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas 
d) Resultado diverso do esperado: por erro, 
o resultado recai sobre outra pessoa. 
Responde na forma culposa. 
e) Aberração na causa do resultado: o 
agente acredita ter consumado o delito, mas 
só se consuma por uma ação posterior que 
visa encobrir o primeiro fato. 
Descriminantes putativas 
O agente atua supondo encontrar-se em uma 
situação de excludente de ilicitude que justificaria 
a sua conduta. 
Efeitos 
1. Erro invencível ou escusável: afasta o dolo e a 
culpa 
2. Erro vencível ou inescusável: responde de 
forma culposa, se houver previsão. 
Teoria extremada da culpabilidade 
Todo erro que recai sobre uma excludente de 
ilicitude é erro de proibição. 
Teoria limitada da culpabilidade 
Se o erro recai sobre uma situação fática, é erro de 
tipo permissivo (artigo 20 §1º CP). 
Se recai a existência ou sobre os limites da causa 
de justificação é erro de proibição (artigo 21). 
Erro determinado por terceiro 
Artigo 20 § 2º CP 
Há uma terceira pessoa que induz o agente a erro. 
Pode haver punição ou não, conforme se trate de 
erro vencível ou invencível. 
Erro sobre a pessoa 
Artigo 20 § 3º CP 
Foi alvo de comentário quando da análise do erro 
acidental. 
Erro de proibição 
Artigo 21, CP 
Incide sobre a potencial consciência sobre a 
ilicitude do fato, ou seja, sobre o caráter proibitivo 
da norma. O agente atua sem consciência da 
ilicitude, o que exclui a culpabilidade. Ocorre por 
ignorância ou por representação imperfeita ou falsa 
da realidade. Implica atenuante. 
O erro de proibição pode ser: 
Inevitável, invencível desculpável ou 
escusável 
O agente atua ou se omite sem ter a consciência da 
ilicitude, e não é possível lhe exigir que tenha esta 
consciência. Afasta a culpabilidade. 
Evitável, vencível, indesculpável, 
inescusável 
O

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