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AULAS-01-A-10-Antropologa-e-Educação-1a 10

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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP 
http://faculdadefutura.com.br/
 
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1 ANTROPOLOGIA 
 
 
 Fonte: www.conceptodefinicion.com 
 
Antropologia é a ciência que estuda o homem e as implicações e 
características de sua evolução física (Antropologia biológica), social (Antropologia 
Social), ou cultural (Antropologia Cultural). 
A palavra Antropologia deriva das palavras gregas antropos (humano, ou 
homem) + logos (pensamento ou razão). 
Esta é uma ciência tardia que surgiu, ou se constituiu como disciplina 
científica, em meados do século XIX a partir das descobertas de Darwin e sua teoria 
evolucionista quando se concentrava na elaboração de teorias sobre a evolução do 
homem, sua sociedade e cultura. 
O homem não era mais fruto da criação Divina, então os cientistas começaram 
a procurar pela sua origem: o chamado “elo perdido”, que ligaria o homem moderno a 
seus ancestrais hominídeos. Com o tempo o estudo sobre o homem ganhou forma, 
os cientistas começaram a se interessar pelos grupos humanos primitivos e seus 
costumes, cultura e características, passando a entender o homem não mais como 
uma criação de Deus, mas da natureza. 
A Antropologia Biológica, ou física, é tida como uma ciência natural e se ocupa 
da análise de material colhido em escavações ou sítios arqueológicos, estando por 
isso profundamente relacionada com a Arqueologia e a Anatomia. Este ramo da 
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Antropologia se ocupa também da observação do comportamento dos macacos e 
símios e das diferenças aparentes entre os seres humanos (epidérmica, pele, cor dos 
olhos, estatura, etc.). 
Já a Antropologia Social é uma ciência social (tal qual a sociologia e a 
psicologia) que estuda as características culturais dos povos (“cultura” é tida aqui 
como a manifestação dos hábitos, rotinas ou costumes de um povo) e a evolução de 
seus costumes, crenças, religiões, relacionamento familiar, manifestações artísticas, 
etc. O que acaba englobando áreas como a linguística, a própria arqueologia e a 
etnologia. 
Os conhecimentos adquiridos por meio da Antropologia (Social, Cultural ou 
Biológica) podem ser aplicados por governos para facilitar o contato com povos 
específicos como os indígenas, quilombolas, através da chamada “Antropologia 
Aplicada”. 
Outros termos associados à Antropologia são: 
 
 Etnologia. 
 Etnografia. 
 
Segundo Claude Lévi-Strauss (1908) ambas não constituem disciplinas 
diferentes da antropologia, apenas concepções ou níveis diferentes do mesmo tipo de 
estudo e, por isso, não deveriam nunca estar dissociadas. Ainda segundo Lévi-
Strauss, a Etnografia seria o correspondente aos primeiros estágios da pesquisa, 
englobando o trabalho de campo e a observação; a Etnologia seria um nível acima, 
mais aprofundado, onde são feitas conclusões mais extensas que não seriam 
possíveis no primeiro momento (síntese), constituindo-se, pois, a Etnografia o passo 
preliminar à Etnologia. E, por fim, a Antropologia, seria o segundo e último passo da 
síntese, onde são abrangidas as conclusões da Etnografia e Etnologia. 
A Antropologia é a ciência que estuda o homem por inteiro, como um todo, 
preocupando-se com os vários aspectos da existência humana. 
 
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1.1. Ideias pioneiras 
 
Marcando o período da conquista colonial, no século XIX imigrantes europeus 
povoam a África, Austrália, Índia e Nova Zelândia, servindo como informantes sobre 
essas localidades, então o antropólogo passa a refletir sobre estes povos a partir dos 
dados recebidos dessa rede de informações, nascendo as primeiras obras. 
Com objetivos ambiciosos os estudiosos pioneiros acreditaram estar 
produzindo um “corpus etnográfico da humanidade”, mudando o centro das atenções 
dos indígenas, no século XVIII, para o “primitivo” considerado o ancestral do civilizado, 
propiciando a relação entre a antropologia e o estudo do primitivo o conhecimento 
sobre a origem da humanidade que teria passado das formas simples de organização 
social e de mentalidade para as formas mais complexas que seriam as da sociedade 
“civilizada”. 
Esta é a teoria do Evolucionismo: haveria uma espécie humana idêntica, 
porém com o desenvolvimento técnico, econômico, social e cultural em ritmos 
desiguais, passando pelas mesmas etapas para alcançar o nível final que é o da 
civilização. 
Um ícone dessa teoria é James Frazer, cuja obra o “Ramo de Ouro” relata 
pesquisas sobre crenças e superstições, retraçando o processo universal que conduz 
por etapas sucessivas da magia à religião, da religião à ciência. 
Estes estudiosos trabalhavam em cima do material recolhido pelos viajantes, 
mas ficavam no escritório, quando faltava documento para exemplificar o que queriam 
reconstituíam através da intuição. Demonstravam etnocentrismo em relação aos 
povos “atrasados”. 
Essa teoria caracterizou-se pela atividade intensa, tendo como mérito colocar 
a universalidade e diversidade das técnicas, instituições, comportamentos e crenças; 
buscou também a unidade da espécie humana e, sobretudo, serviu como teoria 
paradigma que pudesse ser refutada. 
 
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1.2. Início e fundadores 
 
Como a ciência que conhecemos atualmente surgiu no começo do século XX, 
com Frans Boas nos EUA participando da 1ª grande expedição antropológica com 
finalidade científica, para quem Antropologia devia ser rigorosamente científica. 
Boas foi um homem de campo, com ele teórico e observador se reúnem, 
estudou tribos na Colúmbia Britânica, utilizando a pesquisa microssociológica 
acreditava que tudo deve ser anotado e descrito minuciosamente e que só o 
antropólogo pode elaborar uma teoria científica de microssociedade, detectando 
através dos diferentes materiais a expressão da unidade cultural; com ele cada 
sociedade adquiriu estatuto de totalidade autônoma; foi o 1º a criticar o evolucionismo 
e a mostrar que costume só tem significado se relacionado com contexto no qual se 
inscreve, por isso também foi o 1º a salientar a necessidade de acesso à língua da 
cultura na qual se trabalha. 
O outro fundador foi Bronislaw Malinowski, criador do método científico 
fundamental na Antropologia, a observação participante, vivendo 4 anos nas Ilhas 
Trobriand estudou aspectos da vida dos melanésios como as práticas econômicas e 
de trocas, relações familiares, religião, mito e poesia. Considerava que a sociedade 
deveria ser estudada enquanto totalidade, tal como funciona no momento no qual é 
observada. 
Sua abordagem era analisar intensiva e continuamente a microssociedade 
sem se referir a sua história, pois acreditava que o que interessava não é saber como 
a sociedade chegou a ser o que é, mas saber o que é no presente momento através 
da interação dos aspectos constituintes (ou seja, uma sociedade deve ser estudada 
em si, independentemente de seu passado, tal como se apresenta no momento no 
qual é observada). 
Com Malinowski a Antropologia se torna a ciência da alteridade. As 
sociedades de costumes diferentes têm significados e coerência próprios, com 
sistemas lógicos perfeitamente elaborados. Preocupou-se em abrir fronteiras 
disciplinares, considerando que o homem deveria ser estudado articulando o social, 
biológico e psicológico. 
Para a teoria do funcionalismo, elaborada por Malinowski, o indivíduo sente 
necessidades e cada cultura vai satisfazê-las criando instituições (econômicas, 
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jurídicas, políticas, educativas) para dar resposta coletiva organizada, resultando em 
soluções para atender as necessidades. 
 
1.3. Diferenças entre as expressões 
 
 
 Fonte: www.visaoxpassaroazzul.files.wordpress.com 
 
A etnografia, a etnologia e a antropologia constituem os três momentos de uma 
mesma abordagem. A etnografiaé a coleta direta, e o mais minucioso possível, dos 
fenômenos que observamos, por uma impregnação duradoura e contínua e um 
processo que se realiza por aproximações sucessivas. A etnologia consiste em um 
primeiro nível de abstração: analisando os materiais colhidos, fazer aparecer a lógica 
específica da sociedade que se estuda. A antropologia, finalmente, consiste em um 
segundo nível de inteligibilidade: construir modelos que permitam comparar as 
sociedades entre si. 
 
1.4. Alteridade 
 
Descoberta proporcionada pela distância em relação a nossa sociedade: 
“aquilo que tomávamos por natural em nós mesmo é, de fato, cultural; aquilo que era 
evidente é infinitamente problemático” (Laplantine, 1996:21). 
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Daí a necessidade na formação antropológica do “estranhamento”, isto é, a 
perplexidade provocada pelo encontro das culturas que são para nós as mais 
distantes, levando tal encontro à modificação do olhar que se tinha de si mesmo. 
Presos a uma única cultura ficamos cegos às outras e míopes em relação a 
nossa. 
A experiência e elaboração da alteridade levam a ver aquilo que nem se 
consegue imaginar devido à dificuldade em prestar atenção ao que é habitual, familiar, 
cotidiano e considerado evidente. 
Através da experiência da “diferença” passa-se a notar que o menos dos 
comportamentos não é natural, causando surpresa sobre nós mesmos. 
O conhecimento antropológico de nossa cultura passa pelo conhecimento das 
outras culturas. 
Para a antropologia o que caracteriza “unidade” do homem é sua aptidão para 
inventar modos de vida e formas de organização social muito diversos. O que seres 
humanos têm em comum é a capacidade para se diferenciar uns dos outros, para 
elaborar costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições, jogos muito 
diversos. 
O projeto antropológico consiste no reconhecimento e conhecimento junto 
com a compreensão de humanidade plural. A abordagem antropológica provoca a 
revolução do “olhar”, implicando num descentramento radical, ruptura com a ideia de 
há um “centro do mundo”. 
Descoberta da alteridade é descobrir relação que nos permite deixar de 
identificar nossa pequena província de humanidade como a humanidade e assim 
deixar de rejeitar o presumido “selvagem” fora de nós. 
 
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 Fonte: www.galaxcms.com.br 
2 PERSPECTIVA HISTÓRICA DA ANTROPOLOGIA 
 
Ao contrário da crença popular, as explicações das origens não surgiram com 
Charles Darwin. A verdade, é que sua obra sobre a Origem das Espécies popularizou 
a teoria. Mas a ideia da evolução já era postulada por filósofos e cientistas antes de 
Darwin. Os conceitos dualistas de que a matéria é má e o espírito é bom, a eternidade 
da matéria, já eram esboçados numa forma incipiente de filosofia grega. 
Formas incipientes de evolução também são encontradas cerca de 500 anos 
antes de Cristo, nos escritos de pensadores gregos como Anaximander e 
Empédocles. O primeiro ensinava que o homem havia evoluído de peixes, o posterior 
que os animais evoluíram de plantas. 
 
2.1- Epicuro 341 a.C. – 270 a.C. 
 
 A matéria sempre existiu, mas sua constituição e forma atuais ficaram 
sujeitas a um autodesenvolvimento. Platão (428-347 a.C.) Aristóteles (384-322 a.C.) 
 A matéria é eterna, mas seu arranjo atual bem como sua ordem é obra 
de Deus. 
Na França, o naturalista Lamarck, publicou uma obra intitulada “Zoologia 
Filosófica”, publicada em 1809, nesta ele explica todos os animais, plantas e inclusive 
o homem se desenvolveram de germes originais simples. 
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O cristão nunca deve temer conhecer a verdade, e isso também diz respeito 
a realidade de que o evolucionismo está sempre em conflito com os fatos. Veja: 
Geologia. Revelou que os tipos inferiores e superiores de animais não seguem 
uns aos outros em sequências, mas existiram juntos por um longo período. 
Paleontologia. Não fornece nenhuma peça sequer de evidência conclusiva da 
existência de tipos transicionais entre os vários tipos de seres orgânicos. Apesar de 
todo esforço por encontrar algum humano com características simiescas nunca foi 
encontrado. 
Embriologia. Aponta para certas semelhanças entre os vários estágios do 
desenvolvimento do embrião humano e do embrião de outros animais. Mas essa 
similaridade é obviamente apenas externa visto que nunca nasceu um ser humano de 
um embrião animal nem vice-versa. 
Biologia. Até agora não conseguiu demonstrar que a vida possa ser gerada 
por si mesma, a ponto de muitos aceitarem a ideia de um a força ou energia especial. 
Nenhuma das antigas cosmogonias incluía o conceito de um Deus pessoal 
criando a partir do nada. Pelo contrário todas iniciam-se com algum material em que 
os deuses ou a força da natureza produz o mundo e seus habitantes a seu estado 
atual. 
 
2.2- Os pais fundadores da etnografia: boas e Malinowski 
 
 
 Fonte: www.manualdojedi.files.wordpress.com 
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Se existiam no final do século XIX homens (geralmente missionários e 
administradores) que possuíam um excelente conhecimento das populações no meio 
das quais viviam – e o caso de Codrington, que publica em 1891 uma obra sobre os 
melanésios, de Spencer e Gillen, que relatam em 1899 suas observações sobre os 
aborígines australianos, ou de Junod, que escreve A Vida de uma Tribo Sul-africana 
(1898) – a etnografia propriamente dita só começa a existir a partir do momento no 
qual se percebe que o pesquisador deve ele mesmo efetuar no campo sua própria 
pesquisa, e que esse trabalho de observação direta e parte integrante da pesquisa. 
A revolução que ocorrerá da nossa disciplina durante o primeiro terço do 
século XX e considerável: ela põe fim a repartição das tarefas, até então 
habitualmente divididas entre o observador (viajante, missionário, administrador) 
entregue ao papel subalterno de provedor de informações, e o pesquisador erudito, 
que, tendo permanecido na metrópole, recebe, analisa e interpreta – atividade nobre! 
– essas informações. 
O pesquisador compreende a partir desse momento que ele deve deixar seu 
gabinete de trabalho para ir compartilhar a intimidade dos que devem ser 
considerados não mais como informadores a serem questionados, e sim como 
hóspedes que o recebem e mestres que o ensinam. Ele aprende então, como aluno 
atento, não apenas a viver entre eles, mas a viver como eles, a falar sua língua e a 
pensar nessa língua, a sentir suas próprias emoções dentro dele mesmo. Trata-se, 
como podemos ver, de condições de estudo radicalmente diferentes das que 
conheciam o viajante do século XVIII e até o missionário ou o administrador do século 
XIX, residindo geralmente fora da sociedade indígena e obtendo informações por 
intermédio de tradutores e informadores: este último termo merece ser repetido. Em 
suma, a antropologia se torna pela primeira vez uma atividade ao ar livre, levada, 
como diz Malinowski, “ao vivo”, em uma “natureza imensa, virgem e aberta”. 
Esse trabalho de campo, como o chamamos ainda hoje, longe de ser visto 
como um modo de conhecimento secundário servindo para ilustrar uma tese, é 
considerado como a própria fonte de pesquisa. Orientou a partir desse momento a 
abordagem da nova geração de etnólogos que, desde os primeiros anos do século 
XX, realizou estadias prolongadas entre as populações do mundo inteiro. Em 1906 e 
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1908, Radcliffe-Brown estuda os habitantes das ilhas Andaman. Em 1909 e 1910, 
Seligman dirige uma missão no Sudão. 
Alguns anos mais tarde, Malinowski volta para a Grã-Bretanha, impregnado 
do pensamento e dos sistemas de valores que lhe revelou a população de um 
minúsculo arquipélago melanésio. A partir daí, as missões de pesquisas etnográficas 
e a publicação das obras que delas resultamse seguem em um ritmo ininterrupto. Em 
1901, Rivers, um dos fundadores da antropologia inglesa, estuda os Todas da índia; 
após a Primeira Guerra Mundial, EvansPritchard estuda os Azandés (trad. franc. 1972) 
e os Nuer (trad. franc. 1968); Nadei, as Nupes da Nigéria; Fortes, os Tallensi; Margaret 
Mead, os insulares da Nova Guiné, etc. 
Como não e possível examinar, dentro dos limites deste Inibalho, a 
contribuição desses diferentes pesquisadores na elaboração da etnografia e da 
etnologia contemporânea, dois entre eles, a meu ver os mais importantes, deterão 
nossa Hlenção: um americano de origem alemã: Franz Boas; o outro, polonês 
naturalizado inglês: Bronislaw Malinowski. 
 
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