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O Metodo Psicanalitico de Freud (1904[1903])

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li '1 ' '
O
J-?P i
NOTA DO EDITOR INGLÊS
"DIE FREUDSCHE PSYCHOANALYTISCHE METHODE"
(a) EDIÇÕES ALEMÃS:
(1903 Data provável de redação.)
1904 Cni L. Loewenfeld, Diepxychixchen Zwangserscheinungen, 545-
—— 551 (Wicsbadcn: Bcrgmann).
, 1906! S.K.S.N: I, 218-224. (19M, 2a ed., 213-219; 1920, 3= ed.TÍ-922,
z 4a ed.)
i y^-t i ecnnick una Meiapsychot., j-iu.
- 1925 G.S.,6,3-10.
•1942 G. W., 5, 3-10
.,j "•"'"'*
(b) TRADUÇÃO INGLESA:
• "Freud's Psvcho-Analytic Method"
J 924 C.P., !, 264-271. (Trad. de J. Berrava.)
Esta tradução [inglesa], com um novo título, "Freud's Psycho-Analytic Pro-
cedure", é uma versão consideravelmente alterada da que se publicou em 1924.
O livro de Loewenfeld. sobre os fenómenos obsessivos, para o qual esse
artigo constituiu originalmente uma contribuição, é mencionado por Freud
em seu caso clínico do "Homem dos Ratos" (\9Q9d, nota de rodapé no início
da Parte II) como o "manual padrão" sobre a neurose obsessiva. Loewenfeld
esclarece ter convenpido Freud a fazer essa contribuição em vista das grandes
modificações por que passara sua técnica desde que fora descrita nos Estudos
sobre u Kix teria {1895a"). O prefácio de Loewenfeid traz a data de "novembro
de 1903", sendo portanto presumível que o artigo de Freud tenha sido
redigido naquele mesmo anc, um pouco rnais cedo.
EssajexgojiçãojmosfraLâye p único .vestígio ..remanescente do método
hipnótico original era a solicitação de Freud de que o paciente se deitasse.
Quanto ao?, aspectos externes, sua técnica permaneceu inalterada desde
então. O livro de Loewenfeld foi resenhado pelo próprio Freud, conforme a
descoberta do Prot. Saul Rosenzweig, da Universidade Washington, em St
Louis. A resenha foi publicada no Journal jur Psychologie und Neurolosie.
3 (1904), pp. 190-1. (Freud, 1904/)
_
135
. .
O MÉTODO PSICANALÍTICO DE FREUD
O singular método psicoíerápico que Freud pratica e designa de psica-
nálise é jjroveniente do chamado.priXCfidinieatQ catártÍGQ.r-sobre-e-qual-
ft,,«ooí,,, — J~..:j-_ :-f- ~ ~
^ —««rtrotr,—oxfT7JTCr-U-CJ CTCTl \*L\J
as devidas informações nos Estudos sobre a Histeria, de 1895,
escritos em colaboração com .Toseph Breuer. A terapia catártica foi uma
descoberta de Breuer, que, cerca de dez anos antes, curara com sua ajuda uma
1 paciente histérica c obtivera, nesse processo, urna compreensão da patogê-
nese de seus sintomasrGraças a uma sugestão pessoa! de Breuer, Freud
retomou o procetiimeníOre o pôs à prova num número maior de enfermos.
OjDrocedimento catártico pressupunha que o paciente fcssc hipnotizávei
e se baseava na ampliação da consciência que ocorre na hipnose. Tinha pior
aívo a eliminação dos sintomas patológicos e chegava a isso levando o
paciente a retroceder ao. estado psíquico em que o sintoma surgira pela
pnãíeiraj/ez. jFe.iíojsso, emergiam no doente hipnotizado lembranças,.pen-
samentos e impulsos até então excluídos de sua consciência; e mal ele
comunicava ao médico esses seus processos anímicos, em meio a intensas
expressões afetivas, e sintoma era superado e se impedia seu retorno. Os dois >
autores, em seu trabalho conjunto, explicaram essa experiência reguiarrr
O método catártico já havia renunciado à sugestão, e Freud deu o passo
seguinte, abandonando também a hipnose. Atuaimente, trata seus enfermos
da seguinte maneira: sem exercer nenhum outro tipo de influência, convida-
ps a se deitarem de costas num sofá, comodamente, enquanto ele próprio
senta-se numa cadeira por trás deles, fora de seu campo visual. Tampouco
exige que fechem os olhos' e evita qualquer contato, bem como qualquer
outro procedimento que possa fazer lernbnír a hipnose. Assim a sessão
prossegue como uma conversa entre duas pessoas igualmentedespertas, uma
' das quais é poupada de qualquer esforço muscular e de qualquer impressão
sensória! passível de distraí-la e de perturbar-lhe a concentração da atenção
nrónrín otii/ irloríp»
k afirmando que e sintoma toma o. lugar de processos psíquicos ;
suprimidos que não chegam à consciência, ou seja, que ele representa uma j
transformação ("conversão") de tais processos. A eficáciajerapêutica de seu !
procedimento foi explicada em função da descarga do afeto, até ali como que
"estrangulado", preso às ações anímicas suprimidas ("ab-reação"). Mas esse
esquema simples da intervenção terapêutica complicava-se em quase todos
os casos, pois viu-se que participavam da génese do sintoma, não uma única
impressão ("traumática"), porém, na maioria dos casos, uma série delas,
difícil de abarcar.
Assim, a_principal característica do método catártico, em contraste com
l iodos os «uiros procedimentos dapsicoíerapia. reside em que, nele, a eficácia
j terapêutica não se transfere para uma proibição médica veiculada por suges-
J tão. Espera-se, antes, que os sintomas desapareçam por si, tão lo>>o a inier-
! yeíiçãi,., baseada ern certas premissas sobre o mecanismo psíquico, tenha
j Jxito eiíi fazer corn que os processos anímicos passem para um curso
j diferente uo que ate então desembocava na formação de sintoma.
' As.alterações que Freud introduziu no rnetódo catártico de Breuer foram,
a princípio, mudanças da técnica; estas, porém, levaram a novos rpsiiitnHnc
;ui stíguiaa, exigiram uma concepção diferente do trabalho terapêutico,
ernocra uao contraditória à anterior.
Como a hipnotizabilidade, por mais habilidoso que seja amédico, reside
sabidamente no arbítrio cio paciente, e como um grande número de pessoas
neuróticas não pode sgr colocado em estado de hipnose através de procedi-
mento algum, ficou assegurada, através da renúncia à hipnose, a aplicabili-
dade de método a um número irrestrito de enfermos. Por outro lado,
perdeu-se a ampliação da consciência que proporcionava ao incuieu justa-
mente o matéria! psíquico de lembranças e Tecresentacões corn a ajuda do
qua! se podia realizar a transformação dos sintomas e a liberação dos afetos.
Caso não fosse encontrado nenhum substituto-para essa perda, seria impos-
, sível falar em alguma influência terapêutica.
Freud encontrou um substituto dessa ordem, plenamente satisfatório, nas
associações dos enfermos, ou seja, nos pensamentos involuntários — quase
sempre sentidos como perturbadores e por isso comumente postos de lado
— que costumam cruzar a trama da exposição intencional. ,T ,rj{ WJ,.,.,.
Para apoderar-se dessas ideias incidentes, ele exorta os pacientes a se
deixarem Levar em suas comunicações, "mais ou menos como se faz numa
conversa a esmo, passando de um assunto a outro". Antes de exortá-los a um ^
..relato pormenorizado de sua história clínica, ele os instiga a dizerem tudo o
que lhes passar pela cabeça, mesmo o que julgarem sem importância, ou
irrelevante, ou disparatado. Ap_contrário. pede com esne.oi;ii insistência <yy.
não excluam de suas comunicações nenhum pensamento ou ideia pelo fato
uusiurrieiramenie desdenhado, íreud fez as observações que se tornaram
[i idCAuuoiví iM que iezue seu prouuunnemo cm A Interpretação dos Sonhos (!9UOa, Cap. II,
Ed. Standard. Vol. IV. r. ! ?•>,), —-— ^.H* recomendava que * ps^sus mariiivc^c 03 sihos
fechados.]
237
: • •
decisivas para toda a sua concepção. Já no re]ato.da.Mstóna ç]íniça__s_iirgem
{^«Ç?§.KLmemória do.doente^ ou seja, esquecem-se acontecimentos reais, ^
ÇWLíynçiem-se..as^elações de .tempo ou se rompem as conexões causa^dãí -
incompreensíveis. Jjãp^báripnhimnn história clinica de -
n f irw* r{ti n 11-..» Ar,'. „ f \ . . _ . _ _ ! _ _ • . i • „ ~" "'. ' ..^'/l^y neurose sem algum tipo de amnésia. Quando o paciente é insíado.a preencher"-..
'" ' ~J ! essas lacunas de sua memória através d.e um trabalho redobrado de atenção, •
verifica-se que as ideias que lhe ocorrem a esse respeito são repelidas por eje^ ty
coniuxla^os recursos da crítica, até que cie sente um franco mal-estar quandpj-- '
«J a lembrançaTêãÇnentê se instala. Dej^ajap_eriêjicja. Fjeu^^c^^ .
r'\, amnésjai|são;^íesu:|.tadO-de umproc^^^o_qua\eie_çhamaj^calcamento^è_'.cuia motivaçãoHsidentificada no sentido de desprazer. A» foiças psíquicas
que deram origem a esse recalcamentoestariam, segundo ele. na resistência
^que se opõe à restauração [das lembranças].
O, fatpr...da_.resistência tomou-se um dos fundamentos de sua teoria..
Quanto às ideias postas de lado sob toda sorte de pretextos (como as
enumeradas na fórmula acima), Freud as encara como derivados das forma-
ções psíquicas recalcadas (pensamentos e moções), como deturpações delas
provocadas peia resistência a sua reprodução.1 *'""•" ''•''"•'
pretação dos Sonhos, publicado por Freud em 1900, deve ser visto como o
precursor de tal introdução à técnica.
Dessas indicações sobre a técnica do método psicanalitico podcr-sc-ia
í H-1 .J
/ » t
. w vàlUl
ideias inintencionais para a técnica terapêutica reside nessa relação delas com
o material psíquico recalcado. Quando se dispõe de um procedimento que £•
permite avançar das associações até p recalcado, das.dis,torçõesaté p distpr- í
eido, ppde-se também tornar acessível,à consciência p flueeja^ajntes_incons-
ciente na vida anímica, mesmo sem a hipnose.
Com base nisso, Freud desenvolveu uma arte de interpretação à qual
compete a tarefa, por assim dizer, de extrair do minério bruto tias associações
ininíencionais o meta! puro dos pensamentos recalcados. São objeto desse
trabalho interpretativo não apenas as ideias que ocorrem ao doente, mas
também seus sonhos, que abrem a via de acesso rnais direta para o conheci-
' mento do inconsciente, suas ações inintencionais e desprovidas de planos
(atps sintomáticos), e os erros que ele comete na vida coticiiana (lapsos da
fala,,equívocos na sçã-j cie.). Os deiaiíics dessa técnica cie interpretação ou
tradução ainda não foram publicados poi Freud. Segundo suas indicações.
trata-se de uma série de regras empiricamente adquiridas para construir c
material inconsciente a partir das ocorrências de ideias, de instituições sobre
come é preciso entender a situação em que deixam de ocorrer ideias ao
ijaciciut;, e tie experiências sohre as resistências típica;; mais importantes que
surgem no decorrer desses tratamentos. Um volumoso livro sobre A Inter-
238 •
concluir que seu inventor deu-se um trabalho desnecessário .e fez mal em
abandonar o procedimento hipnótico, menos complicado. De um lado,"pó-"
rém, a técnica da psicanálise, uma vez aprendida, é muito mais fácil de
praticar \aO que moicana quaíquer Descrição dela, e de outio. nen.ium
caminho alternativo leva à meta desejada,--donde-o-eaminho trabalhoso é'
ainda o mais curto.-A hipnose é censurável portociiUar-aresistência c por ter
assim impedido ao médico o conhecimento do jogo idas forças psíquicas, Ji
não elimijia a resistência; apenas a ev2dg,_corn_c..que_fprnece tão-somente
uad_ys_ incompletos e resultados passageiros. .
A tarefa que o método psicanalitico se empenha em resolver pode
cxprcssar-sc cm diicçgatcs fórmulas, que em essência, no entanto, são
equivalentes. Ppde-"se dizer: a tarefa do tratamento é eliminar as amnésias.
. Preenchidas todas as lacunas da memória, esclarecidos todos os efeitos
^
a reprodução da doença. Pode-se ainda conceber a condição para isso da
seguinte maneira: todos os recalcamentos devem ser desfeitos: o estado
psíquico passa então a ser idêntico àquele em que todas as amnésias foram
preenchidas. De alcance, ainda .maioré outra formulação: trata-se de tornar p
iriconsçiente acessível à consciência, p que.se consegue mediante a superação
| das resistências. Mas não se deve esquecer que tal estado tampouco se.
7 apresenta no ser humano normal, e que só raramente fica-se em condições 'V'
i de jévar_o tratamento.a um ponto que se aproxime disso. Assim como a saúde
: e a doença não se diferenciam em princípio, estando apenas separadas por
.fronteiras quantitativas determináveis na prática, não se pode estabelecer\| • • ' - - - r. .. . - V .(.y.
; como meta de tratamento outra coisa senão o restabelecimento prático do / l
. "• o +" t ~ A ^'A A A A' A I I' sriTsriTiO, íi rss «.di.ir2.ciiO ds Scici. cÍIDCICIciseis de rendimento c cie 2020. 'H.ÍITI '
L tratamento incompleto ou havendo um resultado imperfeito, obtém-se sobre- '
tudo uma significativa melhora do estado psíquico geral, enquanto os sinto-
mas, embora com uma importância diminuída para o paciente, podem
....i,,..;.. ^^.,_ „, ,. ^„ „„^ „„.' m*, . í^j^ ,4„ „ i"^,_^_^
jJCl^lotii, SCiTi qiiC a pCSSOci SCja rOtulaua uC CaiCima.
O procedimento terapêutico, abstraídas algumas modificações insigni-
ficantes, mantém-se o mesmo para todos os quadros sintomáticos da histeria,
com suas múltiplas formas, e para iodas as configurações da neuruse uuses-
siva. Mas isso não implica que sua aplicabilidade seja irrestrita. A natureza
uu mccodo psicanaiíiico envbive indicações e contra-indicações, ianto em
' relação às pessoas a serem tratadas quanto com respeito ao quadro patológi-
239
:
í-:
ca Os mais favoráveis para psicanálise são os casos crónicos de psiconeurose
com poucos sintomas violentos ou perigo.sos, e portanto, em primeiro lugar,
todas as espécies de neurose obsessiva, pensamento^açãojjbses
eliBíã]ias desempenham o pape! principal;
SOBRE A PSiCOTERAPIA
e ainda todas as expressões somáticas da histeria, desde que a pronta
slirninação dos sintomas não seja a tarefa primordial do médico, como na
anorexia. Nos casos agudos de histeria, é preciso aguardar a chegada de unia
fase majsj;alma; em todos os casos em que o esgotamento nervoso domina
o quadro clínico, deve-se evitar um procedimento que por si só requer
esforço, traz apenas progressos lentos e, por algum tempo, nas pede levai
crn i-oiisitíeração a persistência dos sintomas.
Para que uma pessoa se submeta com proveito a psicanálise, são muitos
os requisitos exigidos. Em primeiro lugar, ela deve ser capaz de um estado
psíquico norma!; durante os períodos de confusão ou de depressão melancó-
lica, não se consegue nada nem mesmo num caso de histeria. Cabe ainda
exigir dela certo grau de inteligência natural e ue desenvolvimento ético; com
pessoas sem nenhum valor, c médico logo perde o interesse que lhe permite
' aprofundar-se na vida anímica do dcentr; As uiaiforrnriroes -~ caráter
acentuada», traços de uma constituição realmente degenerada, externam-se
no tratamento como fontes de uma resistência difícii de superar. Nesse
aspecto, a constituição estabelece um limite gerai para a capacidade curativa
da psicoíerapia. Também a faixa etária próxima dos cinquenta anos cria
condições desfavoráveis para a psicanálise. Nesse caso, já não é possível
dominar a massa do material psíquico, o tempo exigido para a cura torna-se
longo demais e a capacidade para desfazer processos psíquicos começa a
enfraquecer.
Apesar de todas essas limitações, é extraordinariamente grande o núme-
ro de pessoas aptas para a psicanálise, e a extensão trazida a nossos poderes
terapêuticos por esse procedimento é, segundo Freud, muito considerável.
Para um tratamento eficaz, Freud requer períodos longos, de seis meses a três
anos; contudo, jnforma que até f! gora, srrs. .visía de_diyersas_circunsíâncias
fáceis de imaginar, só esteve em condições de. testar _seu_íraíarneiitg, na
maioria das vezes, em casos mufío graves: em pessoas enfermas desde longa
data e .totalmente incapacitadas, que, frustradas por toda sorte de tratamen-
tos, foram buscar como que um último recurso err; seu procedimento novo e
recebido com mnita* M™; j™ *T:I: ._.tljUi3 jc uoença mais branda, a duração
do tratamento poderia encurtar-sc niuiío, obtendo-se em ganho extraordiná-
rio em termos de prevenção para o futuro.
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