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COMUNICAÇÃO DE DADOS Ramon dos Santos Lummertz Questões de desempenho Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar o desempenho na comunicação de dados em redes. Diferenciar latência, throughput e largura de banda. Identificar o produto entre largura de banda e latência. Introdução O desempenho de rede é a análise e a revisão de dados gerados pelas redes, para definir a qualidade dos seus serviços. É um processo qualita- tivo e quantitativo, que mede e define o nível de desempenho de uma determinada rede. O desempenho orienta o administrador de redes na revisão, na medição e na melhoria dos serviços. Neste capítulo, você vai conhecer algumas medidas primárias de desempenho da rede, como o atraso, que é o tempo requerido para enviar um bit de um computador para outro, e a taxa de transferência, throughput, que representa o número de bits por segundo que pode ser transmitido pela rede. Além disso, vamos estudar algumas fórmulas para medir o desempenho da rede. Desempenho na comunicação de dados em redes Num mundo extremamente conectado, em que empresas, pessoas e coisas (internet of things) precisam de rede e internet, questões relacionadas ao desempenho são extremamente importantes. Geralmente, utilizamos o termo "velocidade", referenciando redes de alta e de baixa velocidade, entretanto, com o avanço das tecnologias, uma rede de alta velocidade pode, em alguns anos, tornar-se uma rede de baixa ou média velocidade. Por esse motivo, usar o termo alta velocidade ou baixa, às vezes, não condiz com o contexto das aplicações. Aliás, uma mesma rede pode ser de alta velocidade para a trans- missão e recepção de um e-mail, entretanto, para um serviço de streaming se torna lenta. Para padronizar e poder mensurar a qualidade de redes, medidas são usadas de forma a compreender melhor seus desempenhos. As principais medidas de rede são: latência, taxa de transferência, jitter e largura de banda. A latência ou retardo, conforme Forouzan (2006, p. 90), é “[...] quanto tempo leva para uma mensagem inteira chegar de forma completa no seu destino”. Esse tempo é medido no momento do envio do primeiro bit do emissor. A latência é formada por quatro componentes: tempo de propagação, tempo de transmissão, tempo de fila e retardo de processamento. A taxa de transferência, ou throughput, conforme Comer (2016), é a quan- tidade de dados transferidos com sucesso pela rede, em um determinado momento. A variabilidade, ou jitter, conforme Tanenbaum (1997), é a variação do atraso que leva um pacote ou dado de sair do emissor até chegar no receptor. O Quadro 1 resume essas medidas. A largura de banda, ou bandwidth, é a capacidade de um link de comunicação de rede, com ou sem fio, de transmitir a quantidade máxima de dados de um ponto para outro por uma rede de com- putadores, em certo período de tempo. Comer (2016) apresenta um resumo dessas medidas de qualidade, que é ilustrado, igualmente, no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Comer (2016). Medida Descrição Latência (atraso) Tempo necessário para transferir os dados pela rede. Taxa de transferência (throughput) Quantia de dados que podem ser transmitidos por unidade de tempo. Variabilidade (jitter) Variação do atraso e da duração dos atrasos. Largura de banda (bandwidth) Capacidade de um link de comunicação de rede, com ou sem fio, de transmitir a quantidade máxima de dados de um ponto para outro. Quadro 1. Medidas de desempenho de rede Questões de desempenho2 A importância de medir o desempenho Diariamente, as demandas das redes aumentam, por isso, a medição ade- quada do desempenho é primordial para uma boa rede. Uma rede com bom desempenho efetivo gera melhor satisfação para o usuário, seja na efi ciência interna das empresas, seja em serviços de rede voltados para o cliente, como, por exemplo, um e-commerce de venda de passagens aéreas. Isso justifi ca os testes de desempenho. Ao oferecer serviços e softwares aos usuários, problemas de largura de banda, de latência e de gargalos podem rapidamente gerar um grande trans- torno à equipe de tecnologia da empresa. Por isso, os gerentes de redes devem ter ações proativas, para garantir qualidade no desempenho da rede e para satisfazer continuamente o usuário. O desempenho de uma rede nunca pode ser totalmente previsto. É preciso, portanto, medir o seu desempenho antes, durante e depois de atualizações ou de modificações, assim como monitorar permanentemente seu funcio- namento. Esses são os únicos métodos válidos para garantir totalmente a qualidade da rede. Fatores que podem impactar no desempenho de rede O gerenciamento do desempenho da rede inclui práticas de monitoramento e de otimização das principais métricas de desempenho, como latência e perda de pacotes. Um bom gerenciamento de desempenho de rede deve considerar todas as categorias pelas quais os problemas podem se manifestar, como as listadas a seguir. Infraestrutura: inclui hardware de rede, como roteadores, switches e cabos, softwares de rede, incluindo segurança e sistemas operacionais, além de serviços de rede, como endereçamento IP e protocolos sem fio. Do ponto de vista da infraestrutura, é importante caracterizar os padrões gerais de tráfego e largura de banda na rede. Essa medição de desempenho da rede fornecerá uma visão sobre quais fluxos estão mais congestionados, criando gargalos. Identificar esses elementos pode levar às correções e às atualizações proativas, minimizando futuros problemas. Problemas de rede: as limitações de desempenho inerentes à própria rede são frequentes. Múltiplas peculiaridades podem contribuir para seu desempenho, e as deficiências, em qualquer uma dessas áreas, podem 3Questões de desempenho levar a problemas sistêmicos. Assim como os requisitos de hardware são essenciais para o planejamento da capacidade da rede, esses elementos devem ser projetados para atender a todas as demandas antecipadas do sistema. Por exemplo, memória insuficiente disponível pode, por sua vez, levar a um aumento na perda de pacotes ou a um desempenho de rede reduzido. O congestionamento da rede, tanto nos dispositivos ativos quanto nos links físicos (cabeamento), pode levar a velocidades reduzidas, se os pacotes forem enfileirados, ou à perda de pacotes, se nenhum sistema de enfileiramento estiver em vigor. Softwares: embora os problemas de infraestrutura e hardware de rede possam afetar diretamente a experiência do usuário em um determinado software, é importante considerar o impacto dos pró- prios softwares como elementos importantes da arquitetura geral da rede. Softwares com desempenho insatisfatório podem consumir em excesso a largura de banda e diminuir a experiência do usuário. À medida que os aplicativos se tornam mais complexos com o tempo, o diagnóstico e o monitoramento do desempenho do aplicativo ganham importância. Segurança de rede: protege a privacidade, a propriedade intelectual e a integridade de dados. O gerenciamento e a mitigação de problemas de segurança de rede exigem a verificação de dispositivos, a criptografia de dados, a proteção contra vírus, a autenticação e a detecção de intru- sões, que consomem valiosa largura de banda de rede e podem afetar o desempenho. Violações de segurança e tempo de inatividade devido a vírus estão entre os problemas de desempenho mais dispendiosos. Principais medidas de desempenho Para garantir o desempenho de rede, as métricas mais importantes devem ser conhecidas para medição. Muitos dos parâmetros para avaliar o desempenho de rede focam na velocidade dos dados e na sua qualidade. Ambas as cate- gorias podem afetar signifi cativamente a experiência do usuário fi nal e são infl uenciadas por vários fatores. Latência Com relação à medição do desempenho da rede, a latência é a quantidade de tempo que os dados demoram para viajar de um local defi nido para outro. Questões de desempenho4 Esseparâmetro é, por vezes, referido como atraso. Idealmente, a latência de uma rede é o mais próximo possível de zero. O limite absoluto, ou o fator regulador da latência, é a velocidade da luz. O enfi leiramento de pacotes, nas redes comutadas, e o índice de refração do cabeamento de fi bra óptica, são exemplos de variáveis que podem aumentar a latência. Embora o usuário final se preocupe com o atraso total de uma rede, um especialista em redes precisa de indicadores mais exatos, com relatos de atrasos máximos e médios e a divisão do atraso em vários tipos. Comer (2016) aborda, conforme apresentado no Quadro 2, os diversos tipos de atrasos que podem afetar a rede. Fonte: Adaptado de Comer (2016). Medida Descrição Latência (atraso) Tempo necessário para se deslocar no meio físico. Atraso de acesso Tempo necessário para obter acesso ao meio físico (por exemplo, cabo de rede). Atraso de comutação Tempo necessário para processar o encaminhamento de um pacote. Atraso de enfileiramento Tempo necessário que um pacote gasta na memória de um computador ou de um roteador esperando a transmissão. Atraso no servidor Tempo necessário para um servidor enviar uma resposta a uma requisição. Quadro 2. Tipos de atrasos A latência, conforme Forouzan (2006), é formada por quatro componen- tes: tempo de propagação, tempo de transmissão, tempo de fila e retardo de processamento. O tempo de propagação pode ser calculado conforme a seguinte fórmula, em que a velocidade de propagação depende do meio de transmissão. 5Questões de desempenho Já o tempo de transmissão pode ser obtido com a fórmula a seguir. Os sites Pingdom e o MapLatency são ótimas ferramentas para medir a latência de diferentes sites e serviços. A seguir você poderá acessar os links dos respectivos sites. https://qrgo.page.link/NnPFE https://qrgo.page.link/8n8uv Como exemplo, uma LAN de 10 Mbps, com comprimento de 1 km, tem uma velocidade de propagação de 200 m/s. Os dados a serem transmitidos são de 256 bits. As taxas de propagação e de transmissão são: Tempo de transmissão 256 b/10 Mbps = 25,6 s Tempo de propagação 1000 m / 200 m/s = 5 s Conforme Forouzan (2006), outro fator relacionado à latência é o jitter, uma vez que o jitter se manifesta em latência maior ou desigual entre os pacotes de dados, o que pode prejudicar o desempenho da rede e levar à perda de pacotes, bem como ao seu congestionamento. O jitter é definido como a variação no atraso de tempo para os pacotes de dados enviados por uma rede. Essa variável representa uma interrupção identificada no sequenciamento normal dos pacotes de dados. Throughput O throughput, ou "vazão", é uma das medidas usadas para o planejamento da capacidade de redes. Ele é defi nido como a quantidade de dados movidos com êxito de um lugar para outro, em um determinado período. Conforme Forouzan (2006), é uma medida da rapidez pela qual podemos realmente enviar dados pela rede. O throughput é fundamental para medir o desempenho das redes quan- titativamente. Para Comer (2016, p. 413), throughput é “[...] uma medida da Questões de desempenho6 velocidade na qual os dados podem ser enviados através da rede, em bits por segundo (bit/s)”. Forouzan (2006, p. 90) complementa que “Embora à primeira vista a largura de banda em bits por segundo e throughput pareçam a mesma coisa, elas são diferentes”. A taxa de transferência é medida por bits por segundo (bps). Atualmente, com as altas velocidades, os valores são expressos em megabits por segundo (Mbps), gigabits por segundo (Gbps) ou terabits por segundo (Tbps). Como analogia, podemos imaginar uma estrada que foi projetada para o tráfego de 100 carros por segundo, de um ponto A para B, entretanto, se houver um congestionamento na rodovia, e apenas 10 carros conseguirem trafegar, o throughput será de 10 por segundo e a largura de banda será de 100. Conforme Comer (2016), a taxa de transferência pode ser medida segundo sua: capacidade de um único ou de vários canais; capacidade teórica ou taxa de transmissão efetiva; taxa de transmissão de dados alcançada por uma aplicação. Por exemplo, se um pacote com um tamanho de 100 bytes leva 1 segundo para trafegar do ponto A para o ponto B, podemos dizer que a taxa de trans- ferência entre os dois dispositivos é de 800 bps. Comumente, quando você contrata um plano de internet, os anúncios da operadora são sobre ótimas condições do throughput. 1 byte equivale a 8 bits. Portanto, 100 bytes são 800 bits, resultando no cálculo da taxa de transferência de 800 bits por segundo. No link a seguir (em inglês), você pode acessar o site que oferece como ferramenta uma calculadora de throughput. https://qrgo.page.link/brokt 7Questões de desempenho Largura de banda A largura da banda é outra característica para medir o desempenho das redes. Ela pode ser usada em dois contextos: largura de banda em Hertz e largura de banda em bits por segundo. A largura de banda em Hertz é o intervalo de frequências incluso em um sinal composto, ou o intervalo de frequências que um canal permite. Podemos, por exemplo, dizer que a largura de banda Wi-Fi é 2.4 GhHz. O termo também pode se referir, conforme Forouzan (2006), ao número de bits por segundo que um canal, um enlace ou até mesmo uma rede é capaz de transmitir. Por exemplo, pode-se dizer que a largura de banda de uma rede ethernet composta de equipamentos gigabits é de no máximo 1 Gbps. Isso significa que essa rede pode enviar 1 Gbps, enquanto uma rede ethernet com equipamentos de 100 Mbps pode enviar no máximo 100 Mpbs. Ambas as larguras de bandas possuem uma relação, pois quando aumentamos a largura de banda em Hertz, aumentamos também em bits por segundo. Em suma, a largura de banda é a capacidade de um link de comunicação de rede transmitir a quantidade máxima de dados de um ponto para outro por uma rede, em um determinado período de tempo — geralmente, um segundo. Sinônimo de capacidade, a largura de banda descreve a taxa de transferência de dados. A largura de banda erroneamente é conhecida como uma medida da velocidade da rede, mas não é. Desempenho de um enlace Largura de banda e latência são duas medidas que podem ser usadas para medir o desempenho de um enlace, entretanto, na comunicação de dados, são o produto das duas medidas, ou seja, o produto da largura de banda-latência. A Figura 1, por exemplo, é um enlace com largura de banda de 1 bps, e suponhamos que o retardo do enlace seja de 5 s. Observando o exemplo, podemos dizer que esse produto 1 × 5 é o número máximo de bits que pode preencher esse enlace. Não pode haver no enlace mais de 5 bits, em qualquer instante. Seguindo, há o exemplo da Figura 2, agora com o aumento para 4 bits. Nos dois exemplos, mostra-se que o produto da largura de banda pela latência é o número de bits que pode ocupar o enlace. O produto entre largura de banda e latência é importante, caso seja preciso enviar dados em sequências e aguardar a confirmação de cada sequência antes de enviar o próximo. Questões de desempenho8 Figura 1. Exemplificando o produto entre largura de banda e latência. Fonte: Adaptada de Forouzan (2006). Figura 2. Exemplificando o produto entre largura de banda e latência. Fonte: Adaptada de Forouzan (2006). Fazendo uma analogia, podemos considerar os dois tubos de água, conforme a Figura 3, em que o fluxo de água aparentemente será maior no tubo A, mas isso dependerá de outras condições. 9Questões de desempenho Figura 3. Exemplificando o produto entre largura de banda e latência. Fonte: Adaptada de Aurora72/Shutterstock.com. Se a água estiver fluindo na capacidade máxima em ambos os tubos, o tubo A carregará mais água em um determinado momento. Mas e se mais água estiver chegando ao tubo B do que ao tubo A? E se houver detritos no tubo A que estão restringindo o fluxo de água dentro do tubo? Em resumo, podemos concluir que, em condições ideais e com capacidade máxima, o tubo A transportará mais água do queo tubo B. No entanto, qual- quer número de fatores pode fazer com que mais água flua através do tubo B por unidade de tempo. Usando a analogia acima, a largura de banda pode ser comparada com a largura dos tubos, isto é, a capacidade máxima e teórica do tubo, enquanto a vazão, ou throughput, é a quantidade real de água que flui por unidade de tempo. Portanto, mesmo que a largura de banda defina um limite de taxa de transferência, essa taxa pode ser afetada por vários outros fatores. No link a seguir, você terá acesso à página de suporte da Intel, que possui um breve resumo sobre o que foi trabalhado neste texto. https://qrgo.page.link/peSkt Questões de desempenho10 COMER, D. E. Redes de computadores e internet. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. FOROUZAN, B. A. Comunicação de dados e redes de computadores. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. TANENBAUM, A. S. Redes de computadores. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 11Questões de desempenho
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