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1 Capa: Pierre Mendell Cartaz Institucional Arte Abre os Olhos Museus Públicos de Arte da Baviera, 1989 Material produzido exclusivamente para fins didáticos. Reservados todos os direitos. Proibida a reprodução integral ou parcial por qualquer meio (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia ou outros) sem autorização expressa dos autores. 2 FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE 2 Profa. Responsável: Flávia Rudge Ramos Organização: Flávia Rudge Ramos São Paulo 2012 3 ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE 2 Objetivos O curso tem como objetivo discutir a produção artística e o pensamento estético dos séculos XIX e XX, relacionando-a aos cenários históricos e sócio-culturais em que surgem os movimentos artísticos deste período. O curso pretende ainda abordar as relações da arte com a ciência e a tecnologia, estudando os novos meios de produção e circulação da arte. Apresenta também uma discussão dos fundamentos estéticos e historiográficos, aplicados pelos historiadores e críticos nas diversas manifestações artísticas estudadas, promovendo uma melhor compreensão das manifestações artísticas atuais. Ementa O curso tem como objetivo apresentar e discutir a produção artística e o pensamento estético dos séculos XIX e XX. Conteúdo - Introdução ao estudo da arte. Apresentação do conteúdo do curso e da bibliografia adotada. - Romantismo - Realismo - Impressionismo - As origens da Arte Moderna: Pós-Impressionismo - Modernismo: Arte e Indústria. Arts & Craftd e Art Noveau. - Polêmicas, rupturas e a valorização da imaginação e expressão no século XX: Expressionismo e Fovismo - O modernismo no Brasil - Figuração X Abstração: Dada, Cubismo, Futurismo, Surrealismo e Expressionismo Abstrato - Abstração geométrica: Construtivismo, Concretismo e Suprematismo - Arte Pop e as novas figurações Método Aulas expositivas, ilustradas com audiovisual e leitura de textos. Avaliação Trabalho em grupo com apresentação de seminário e prova dissertativa. trabalho em grupo (0-2,5) + fichamentos de textos e relatório (0-1,5) + prova (0-6) 4 Trabalho em Grupo – Tema: à definir 1- O grupo deverá escolher um tema relacionado à Arte Brasileira 2- Escrever um artigo de no máximo 8 paginas de texto (fora as imagens) e no mínimo 4 páginas. (fonte: Times New Roman 12, espaçamento 1,5). O artigo deverá ser escrito conforme as normas ABNT. 3- O conteúdo pesquisado será apresentado à classe com projeção de imagens. Duração da apresentação: aproximadamente 15 minutos. Relatório de visita à museu: os alunos deverão fazer visita a um museu paulista (MASP, MAC, MAM ou Pinacoteca) e apresentar a análise de uma obra abstrata exposta, juntamente com uma breve introdução sobre a exposição visitada e uma biografia resumida do artista. PROGRAMA 1° SEMESTRE – 2012 FEVEREIRO 10 - Apresentação do curso, da metodologia e da bibliografia adotadas. Introdução ao estudo da arte. Romantismo. Texto: RAMOS, Flávia Rudge, Introdução ao Estudo da Arte. In: Pennacchi e seu Templo, dissertação de Mestrado, São Paulo: ECA USP, 2007 17 – Realismo. Texto: ARGAN, Giulio Carlo, Auguste Rodin, Monumento a Balzac. Medardo Rosso, Impressão de menino diante de fogões econômicos. In: Arte Moderna, p. 145-148. 24 – Impressionismo. Fichamento de Texto: ARGAN, Giulio Carlo, O Impressionismo, Claude Monet, Renoir e Degas. In: Arte Moderna, p. 75-76 , 99-109 MARÇO 02 – Arte e Indústria: Arts and Crafts e Art Noveau. Textos: ARGAN, Giulio Carlo, O Modernismo. In: Arte Moderna, p. 185. Art Noveau. In: Idem, p.199 – 204 09- Pré entrega trabalho em grupo e orientação. 16- Pós-Impressionismo.Texto: GOMBRICH, E. H., Em busca de novos padrões, in A História da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988, p.: 544-549. 23- Polêmicas, rupturas e a valorização da imaginação e expressão no século XX: Expressionismo e Fauvismo. Texto: ARGAN, Giulio Carlo, Kandinsky: Primeira Aquarela Abstrata. In: Arte Moderna; São Paulo: Cia. das Letras, 1999, p: 445 a 447. 30- Figuração X Abstração: Cubismo. Texto: GOMBRICH, E. H., Arte Experimental, in A História da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988, p.: 570 - 578. ABRIL 5 13- Apresentação de Seminários 20- Apresentação de Seminários 27- A época da velocidade: Futurismo. Textos: GULLAR, Ferreira, O Futurismo I, O Futurismo II, Manifesto dos Pintores Futuristas, Manifesto Técnico da Pintura Futurista. In: Etapas da Arte Contemporânea: Do Cubismo à Arte Contemporânea, Rio de Janeiro: Ed. Revan, 1998, p: 91-99 Abstração geométrica: Neoplasticismo. MAIO 04- Visita à exposição em museu (à definir) 11- Surrealismo. Dadaísmo. Texto: ARGAN, Giulio Carlo, Dadá. In: Arte Moderna, p: 353-360 18 – Expressionismo Abstrato. Texto: GOMBRICH, E. H., Uma história sem fim, in A História da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988, p.: 602-608. Entrega do relatório: Arte Abstrata em museu paulista. 25- Prova JUNHO 01- Modernismo no Brasil. Texto: Texto: ZANINI, Walter, Os Artistas Plásticos na Semana de Arte Moderna. In: História geral da arte no Brasil, São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983. v. 2 p.: 533 a 540. RAMOS, Flávia Rudge, O Grupo Santa Helena. In: Pennacchi e seu Templo, dissertação de mestrado, São Paulo, ECA USP, 2007 15 – Pop Art. Texto: READ, Herbert Pop Art. In: História da Pintura Moderna, p: 293 a 303 22 – Correção e vista de prova 6 Introdução ao Estudo da Arte Flávia Rudge Ramos In: Pennacchi e seu Templo, dissertação de Mestrado, USP, 2007 Segundo o filósofo da arte R. G. Collingwood, ao contrário do desenvolvimento dos conhecimentos científicos e filosóficos, “a história da arte apresenta um espetáculo penoso e perturbador, porquanto parece normalmente caminhar não para frente, mas para trás”.1 Em arte quando um movimento ou uma escola se estabelece, deteriora-se normalmente no decorrer de sua continuidade após o seu ápice, quando atinge a excelência em seu gênero. Surge como um “surto de energia, um gesto demasiado rápido para que o historiador possa acompanhá-lo”.2 Desse modo, um determinado movimento quando consolidado, há a certeza melancólica de seu declínio. Se pudermos observar uma lei na história coletiva da arte, ela ocorre como na vida do artista individual, sendo uma “lei não do progresso, mas da reação. Seja em grande ou pequena escala, o equilíbrio da vida estética é permanente instável”.3 A pesquisa em ciência procura uma resposta única e exata aos problemas por ela investigados. Busca resultados mais incontestáveis possíveis, para os quais a interpretação também deverá ser única. Partindo-se das ciências exatas para as ciências humanas e sociais, se torna mais difícil a utilização de parâmetros quantificáveis e, necessária, a utilização de metodologias mais complexas com resultados menos exatos.4 A conclusão de uma pesquisa sobre arte não resulta, necessariamente, em uma verdade absoluta, ou em interpretação única e definitiva. O fundamento da arte esta em sua possibilidade de oferecer ao espectador a interpretação por meio da sua percepção pessoal e seus significados. 1 COLLINGWOOD, 1924, p: 82 2 Idem, ibidem 3 Idem, ibidem 4 ZAMBONI, Silvio, A Pesquisa em Arte: um paraleloentre arte e ciência, Campinas – SP: Autores Associados, 2001, p: 58 7 Hebert Head, em seu livro História da Pintura Moderna, faz a seguinte consideração sobre a natureza do artista: O artista é simplesmente o homem que possui a capacidade e o desejo de transformar a sua percepção visual numa forma material. A primeira parte de sua ação é perceptiva, a segunda é expressiva, mas na prática é possível separar esses dois processos: o artista expressa o que percebe; ele percebe o que expressa. 1 A pesquisa sobre arte deve, segundo Giulio Carlo Argan, “localizar a obra de arte no tempo e no espaço, coordená-la com outras obras com as quais tem uma relação, explicar a situação em que foi produzida e as conseqüências a que se deu”. 2 Para ele é importante que a história estabeleça juízo de valor para a arte, para que seja possível definir “as obras que caracterizaram uma época ou cultura, alterando-lhes por vezes o curso.”3 Os parâmetros do valor artístico em outros tempos eram claros: o belo, a fidelidade e o realismo na descrição da natureza, o respeito a certos cânones, entre outros.4 Na arte moderna o valor esta justamente, no rompimento com os parâmetros anteriores. O valor da arte está na liberdade de expressão. Argan considera que o parâmetro do juízo é a história. “Uma obra é vista como obra de arte quando tem importância na história da arte e contribuiu para a formação e desenvolvimento de uma cultura artística”.5 Nos tempos atuais, em que a arte se transformou em território livre, onde tudo é permitido, e em que a crítica, sobretudo no Brasil, tem seu espaço na mídia cada vez mais restrito, fica mais difícil atribuir juízo de valor às obras de arte. O crítico precisa sentir a obra de arte e intuir o seu valor. Essa intuição necessita de uma investigação histórica para validar seu juízo. Voltando a questão do esgotamento ou declínio das escolas artísticas colocada por Collingwood, esse tipo de problema pode ser observado também na trajetória individual dos artistas plásticos. É muito provável que um artista, após descobrir uma nova linguagem estética ou uma maneira muito pessoal e diferente de se expressar plasticamente, comece a se repetir, principalmente se essa descoberta resultar em notoriedade e sucesso. 1 HEAD, 1980, p: 10 2 ARGAN, 1977, p: 18 3 Idem, ibidem 4 ARGAN, 1977, p.: 19 5 Idem, ibidem 8 Entretanto, um artista deve ser avaliado pelo conjunto de sua obra. Cabe ao historiador atribuir valor a um artista considerando o seu percurso estético e seu valor histórico, e não avaliando somente uma obra ou fase de sua evolução artística. 9 10 11 12 13 Giulio Carlo Argan Auguste Rodin, Monumento a Balzac. Medardo Rosso, Impressão de menino diante de fogões econômicos. In: Arte Moderna, p. 145-148 14 15 16 17 IMPRESSIONISMO 1860 Introdução “O movimento impressionista, que rompeu definitivamente as pontes com o passado, formou-se em Paris entre 1860 e 1870; apresentou-se pela primeira vez ao público em 1874, com uma exposição de artistas ‘independentes’, no estúdio do fotografo Nadar. “¹ O aprimoramento da fotografia moveu a reformulação da pintura no sentido de redefinir sua essência e finalidade. O nome do movimento - Impressionismo – originou-se do título de um quadro de Monet Impression, soleil levant. Reação escandalizada da crítica e do público bem pensante. Manet, considerado um precursor, propunha libertar a percepção de qualquer convencionalismo, para manifestá-la em sua plenitude de ação cognitiva.² Características 1- Aversão pela arte acadêmica dos salões oficiais 2- Orientação realista 3- Recusa dos hábitos de ateliê de dispor e iluminar os modelos, de começar desenhando o contorno para depois passar ao claro-escuro e à cor ³ 4- Ausência de contornos nítidos 5- Trabalho ao ar livre 6- Estudo das sombras coloridas e das relações complementares. Influencia da teoria óptica de Chevreul sobre os contrastes simultâneos. Mistura óptica das cores 7- A cor varia conforme a luz 8- Técnica rápida e sem retoques 18 Pintores e obras Monet (1840 – 1926) Obras: Impressão do Sol Levante, Catedral de Rouen (série feita sob a luz solar em diferentes horários), Mulheres no Jardim, Gare St. Lazard, Niféias. Renoir (1841 –1919) Obras: Rosa e Azul (acervo MASP), La Grenoullière, Baile no Moulin de la Galette Degas (1834-1917) Pintor, que por problemas de visão, passa a se dedicar a escultura a partir de 1880. Obras: O Copo de Absinto, Mulher secando seu pé, A pequena bailarina de 14 anos (acervo MASP) Cézanne (1839-1906) Obras: A pequena ponte sobre Maincy, O Monte St. Victore Pissarro (1830-1903) Obras: O Boulevard Monmatre a noite, A vista da janela do artista, A colheita de batatas Sisley (1839 –1899) Obra: Enchente no Porto Marly 1- ARGAN, 1992, pg. 75 2- Idem, pg. 76 19 Giulio Carlo Argan O Impressionismo, Claude Monet, Renoir e Degas In: Arte Moderna, p. 75-76 , 99-109 20 MONET Catedral de Rouen: Harmonia em Azul e Ouro, 1894 EDGAR DEGAS L’Absinthe, 1876 21 22 MONET Regata em Argenteuil 1874 23 24 RENOIR La Grenoille, 1869 25 26 27 28 Definição O termo é utilizado para designar a pintura do período entre a ultima exposição impressionista até o surgimento do cubismo, abrangendo pintores com tendências diversas, que apenas no início de suas carreiras estavam ligados ao impressionismo. Gaughin e Van Gogh foram influenciados pela gravura japonesa. Cézanne (1839-1906) A busca da estrutura permanente da natureza, uma antecipação teórica do Cubismo, mas interpretado racionalmente. É preciso tratar a natureza conforme o cilindro, a esfera, o cone, o conjunto posto em perspectiva – Escreveu o artista em 1904, sem afirmar que se devam reduzir as aparências naturais a formas geométricas; ele não se refere a um processo, e sim a um resultado.¹ Obras: A Casa do Enforcado (1873), Jogadores de Carta (1890-2), O Monte St. Victoire (1904-196). Paul Gauguin (1848-1903) Além da influencia das gravuras japonesas, Gauguin estudou a arte medieval (escultura, tapeçaria e vitrais) e certos tipos de arte exótica que tinha visto na Feira Mundial de1889. Usava a cor de forma tanto simbólica como expressiva. Obras: De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? (1897), Auto-Retrato (1888), Jovens Taitianas com Flores de Manga (1899). Van Gogh (1853-1890) A cor é elemento fundamental na pintura de Van Gogh. Numa primeira fase, desenvolvida na Holanda, observa-se o claro-escuro e uma preocupação com os problemas sociais. As cores eram sombrias e os personagens melancólicos. Sob o sol intenso de Arles, o artista libertou-se de qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então pelas cores intensas e puras, sem matização, pois para ele, elas representavam emoções. Obras: A Igreja (1882), Trigal com uma cotovia (1887), Quarto de Vincent (1889). Tolouse-Lautrec (1864-1901) O pintor, que morreu aos 37 anos, teve uma vida curta porém intensa. Possuía um talento independente e absolutamente original. Com pinceladas rápidas, registrou de modo inconfundível a vida urbana e agitada de Paris. A principal característica do trabalho de Toulouse-Lautrec, é a capacidade de síntese, o contorno expressivo das figuras e dinâmica da realidade representada. Obras: Mulher sentada no divã (1883), Retrato de Van Gogh (1886), Os Embaixadores (1892). PÓS-IMPRESSIONISMO 1886-1907 29 E. H. GOMBRICH Em busca de novos padrões In: A História da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988, p.: 544-549. 30 31 32 33 VAN GOGH Quarto de Vincent 1889 34 AULA 2 Giulio Carlo Argan Modernismo. I In: Arte Moderna, São Paulo: Cia. das Letras, 1999, p.: 18 35 Contexto histórico Busca de integração entre a arte e a indústria. Em 1835 foram criadas escolas de desenho na Inglaterra com o objetivo de aprimorar o design das manufaturas e tornar a arte compatível com a industrialização. Em 1897, artistas, designers e arquitetos austríacos, entre eles, Gustav Klimt (1862-1918), Charles Rennie Mackintosh (1868-1928), Charles R. Ashbee e Henry van de Velde; fundaram uma associação que ficou conhecida como Secessão de Viena. A Secessão de Viena se opunha à sóbria tradição acadêmica então predominante, e introduziu formas naturalistas abstratas, no design curvilíneo. Arts and Crafts: Movimento britânico criado por designers e arquitetos progressistas, liderados por W. Morris, preocupados com as conseqüências sociais e ambientais, e com a baixa qualidade de produtos feitos à máquina; cujo objetivo era reformar o design através do retorno ao artesanato. Consideravam os produtos industrializados de baixa qualidade e com decoração excessiva, defendiam uma abordagem mais simples e ética do design. O Art Nouveau surgiu com o objetivo se satisfazer o que se acreditava ser a “necessidade da arte” da comunidade inteira, abrangendo o planejamento urbano de bairros inteiros, a arquitetura, equipamentos urbanos e domésticos, a arte figurativa e decorativa, o design de móveis, utensílios, adornos, vestuário, joalheria e o espetáculo. Atingiu países europeus e americanos onde se alcançou certo nível de desenvolvimento industrial, com cultura e costumes uniformes e de caráter moderno e cosmopolita. A difusão do Art Noveau se dá por meio de revistas de arte e moda, do comércio e seu aparato publicitário, das exposições mundiais e dos espetáculos. O movimento propõe uma verdadeira unidade das artes – a arquitetura, os móveis e a decoração eram concebidos a partir de uma mesma linguagem decorativista. Inspiração na natureza, devido às pesquisas científicas, como o tratado de Darwin (A origem das espécies, 1859), às ilustrações de botânica de Ernest Haeckel (1834-1919), e as fotografias de flores de K. Blossfeldt (1865- 1932). Características 1- Temática naturalista. 2- Influencia da arte japonesa. 3- A morfologia: arabescos lineares e cromáticos; preferência pelos ritmos baseados na curva e suas variantes (espiral, voluta, etc.), e, na cor, pelos tons frios, pálidos, transparentes, assonantes, formadas por zonas planas ou manchadas, esfumadas. 4- Recusa da proporção e do equilíbrio simétrico. 5- Busca de ritmos “musicais”. 5- Agilidade, leveza, juventude e otimismo. Alguns artistas, arquitetos e designers Charles R. Macknitosh (1868-1928) arquiteto e designer; René Lalique (1860- 1945) e Louis C. Tiffany (1848-1933) joalheiros e verriers, Émile Gallé (1846-1904), verrier; Antonio Gaudi (1852-1926) e Victor Horta (1861-1947), arquitetos; Gustav Klint (1862-1918) pintor. ART NOUVEAU ultima década do séc. XIX Flávia Rudge Ramos 36 37 38 39 40 41 Introdução “Na passagem entre os séculos XIX e XX, discute-se muito a figura psicológica, social e profissional do artista, indício seguro da crise de sua função concreta na sociedade. Os grandes pesquisadores como Cézanne, os inovadores como Van Gogh continuam a ser ignorados, mas não mais por culpa dos acadêmicos, que por toda parte estão em baixa: a sociedade moderna, que se vangloria de ser avançada, quer artistas avançados, contudo não lhe agrada a arte que levanta problemas. Governos, municípios, bancos se tornam mecenas, encomendam decorações em estilo moderno para seus edifícios. As grandes feiras de exposições que celebram o progresso industrial, oferecem oportunidades de sucesso mundano a arquitetos, pintores escultores e estimulam a busca de qualidade estética no produto industrial. Como a rica burguesia industrial não tem um interesse efetivo pela arte, ocupando-se dela apenas por prestigio social, ela utiliza o intermédio do mercado: alguns mercadores dotados de intuição e bom gosto, como o francês Vollard, muitas vezes se antecipam à crítica na descoberta de valores. Sabem que artistas ignorados ou ridicularizados pela crítica oficial (que era, afinal, a dos jornais) e pelo público serão celebrados mais tarde, e suas obras, que podem adquirir a um preço baixo, alcançarão uma grande valorização . (...) Surgem nas capitais os primeiros museus de arte moderna (...). Nasce (1895) a Bienal de Veneza, para incentivar a comparação e rivalidade entre as nações: nas três primeiras décadas do século, constitui o centro do modernismo moderado e desde então oficializado.” ¹ O Expressionismo teve origem em Dresdem (Alemanha), com um grupo chamado Die Brücke (A Ponte). Esse grupo era formado por: Ernst Luwig Kirchner (1880-1938), Erich Heckel (1883-1870) e Karl Schmidt-Rottluff (.1884-1976) Características Expressão dos sentimentos humanos e das angustias que caracterizam o homem do início do séc. XX. Essa tendência já vinha sendo realizada por Van Gogh, que procurava, através da cor e da deformação proposital da realidade, fazer com que os seres reais nos revelassem seu mundo interior. Pintores Ernst Kichener (1880-1938), Edvard Munch (1863-1944), Max Pechstein (1881-1955), W. Kandinsky (1866-1944), P. Klee, Emil Nolde (1867-1956), Egon Shiele BIBLIOGRAFIA Argan, Giulio Carlo, Arte Moderna – do Iluminismo aos movimentos contemporâneos, Cia das Letras, São Paulo, 1992 READ, Herbert, História da Pintura Moderna, Zahar Editores, Rio de Janeiro: 1980 PIPER, David, The Illustrated History of Art, Crescent Books, NY, 1994 1- ARGAN, 2008, pg. 208 EXPRESSIONISMO 1904 42 G. C. Argan Vassili Kandinsky: Primeira Aquarela AbstrataIn: Arte Moderna; p: 445 a 43 44 45 46 Herbert READ Os Fauves In: História da Pintura Moderna, p: 32-47. 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 URBANISMO, ARQUITETURA, DESENHO INDUSTRIAL E ARTE Flávia Rudge Ramos MONDRIAN, Composição em amarelo e azul, 1229 W. GROPIUS, Bauhaus Dessau, 1925-1925 61 Contexto histórico: 1917 Revolução Russa Período entre guerras Movimentos artísticos: dadaísmo, cubismo, surrealismo, concretismo, futurismo, entre outros. Introdução No começo do século, nas grandes cidades européias , chegavam todos os anos um grande número de migrantes vindos do campo para trabalhar como operários na industria. Essa nova classe social tornou urgente a necessidade de construir casas baratas e “não burguesas”. O desenvolvimento da engenharia estrutural, particularmente do concreto; e da industria de materiais de construção, especialmente metálicos e grandes chapas de vidro, deram as ferramentas necessárias para o surgimento de uma nova arquitetura , que pode ser chamada por vários nomes: Neo-Plasticismo, Purismo, Bauhaus, Estilo Internacional, Construtivismo, e tudo o mais que convencionou-se chamar de Arquitetura Moderna. Além da arquitetura, essas propostas envolviam a pintura, a escultura e o design, numa tentativa de unificar numa nova linguagem estética, todas as artes. Nessa época esses assuntos eram debatidos nos redutos com paixão, como acontecia antes apenas nas artes plásticas. São características desta nova arquitetura: formas geométricas puras, prédios em forma de caixas ou cubo, ou “caixas”, como preferia chamar Mies Van der Rohe; lajes planas, grandes janelas, planta livre (com o mínimo de paredes divisórias), ausência de qualquer tipo de ornamento, pilotis, fachadas brancas e lisas e estrutura aparente. Num primeiro momento esta arquitetura era dirigida à nova classe operária e estes futuros moradores, nunca eram consultados. Desde então essas caixas em formas de cubos foram trabalhadas de diversas formas: cortando, adicionando-se outros volumes retos ou curvos, erguendo-as sobre pilotis, etc... Nas grandes cidades americanas e depois no resto do mundo, as caixas (módulos apartamentos ou escritórios) empilhadas, tornaram-se grandes torres envidraçadas. Hoje, praticamente todos vivemos neste tipo de edifício. NEOPLASTICISMO OU DE STIJL A fundação de um jornal de arte chamado De Stijl na Holanda, por um pequeno grupo de arquitetos, artistas e designers marcou o início do Neo-Plasticismo. Este movimento, de organização livre, tinha um objetivo em comum, o da total abstração. LE CORBUSIER Vila Savoye, Poussi, 1931 62 O jornal, que não falava apenas da vanguarda holandesa, defendia uma purificação da arte e do design, através da adoção de uma linguagem universal do cubismo abstrato, ou, como preferia Mondrian, Neoplasticismo. Os membros deste grupo, acreditavam que a procura da honestidade e da beleza, acabariam por trazer harmonia e iluminação a humanidade. O Neo-Plasticismo acreditava que a arte deveria estar a serviço da sociedade, estabelecendo, portanto, uma nova relação entre a arte e a sociedade. Principais características: abstração geométrica, precisão, equilíbrio, realização criativa, racionalismo, ciência, objetividade, tendência coletivista por influencia do marxismo. G. GERRIT RIETVELD Casa Schroeder, 1927, Holanda 63 Introdução Influencia de Cézanne, segundo o qual, é “preciso tratar a natureza conforme o cilindro, a esfera, o cone, o conjunto em sua perspectiva.” Porém , diferentemente dos cubistas, Cézanne se referia a um processo e não a um resultado. Influencia da Arte Africana. Características Cubismo analítico 1) não distinção entre figura e fundo, a eliminação da sucessão dos fundos numa profundidade ilusória 2) decomposição dos objetos e do espaço segundo um único critério estrutural; a concepção da estrutura não mais como esqueleto ou armação fixa e sim como processo de agregação formal 3) a sobreposição e justaposição de múltiplas visões, a partir de diferentes ângulos, com o propósito de apresentar os objetos não só como se mostram, mas também como são, isto é, não só no aspecto que possuem de um determinado ponto de vista, como na relação entre sua estrutura e a estrutura do espaço 4) fragmentação da imagem: apresentação simultânea de imagens sucessivas no espaço 5) identificação entre a luz e os planos cromáticos, resultante da decomposição e integração entre os objetos e o espaço 6) busca de novos meios técnicos, como a colagem Cubismo Sintético 1) Recuperação da visibilidade da imagem, excessivamente fragmentada no Cubismo Analítico Pintores e obras Picasso (1871-1973) Obras: Les Demoiselles d’Avignon (1907), Mulher sentada com leque (1908), Retrato de Ambroise Vollard (1909) Georges Braque (1882-1963) Obras: Casas em L’Estaque (1908), Moça com Guitarra (1913), Natureza Morta com Peixe (1909) Juan Gris (1887-1927) Obras: Garrafa e copo (1914), The wash-stand (1912) Fernad Léger (1881-1955) Obras: Cidade (1919), O Grande Almoço (1921) Bibliografia: ARGAN, G. C: Arte Moderna – do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos, Cia. Das Letras, 1992, SP READ, Herbert: História da Pintura Moderna, Zahar, 1974, RJ CUBISMO – 1908 Flávia Rudge Ramos 64 FUTURISMO 1910 Flávia Rudge Ramos Primeiro movimento artístico a nascer já batizado, sob influencia do Manifesto do Futurismo de Marinetti, publicado em 1909, em Paris. O manifesto pregava o incêndio de museus e bibliotecas e afirmava: ... o esplendor do mundo enriqueceu-se de uma nova beleza: a beleza da velocidade.(...) Um automóvel de corrida com seus grandes tubos de descarga que, como serpentes de hálito explosivo, ornam-lhe o cofre (...) que parece mais veloz que uma metralhadora, é mais belo que a Vitória de Samotraces. O manifesto conseguiu sacudir a arte italiana, dominada pelo peso do passado que a impedia de se abrir à linguagem do novo tempo. No ano seguinte outro manifesto é assinado por cinco artistas: Boccioni, Carrà, Russolo, Balla e Severini. O florentino Ardengo Soffici aderiu ao movimento em 1913. Segundo Ferreira Gullar, muito se tem discutido se o futurismo (como o cubismo) é já um começo da arte abstrata ou um ultimo esforço da arte figurativa. Características: expressão do dinamismo, do movimento, da velocidade e da simultaneidade. Arte integrada a vida contemporânea. GIACOMO BALLA, Dinamismo de um cão na coleira, 1911 65 DADÁ 1915 DADÁ era a Antiarte,isto é o gesto de homens por demais entediados com a tragédia da vida. Trata-se de uns dos principais movimentos na Europa conturbada pela I Guerra Mundial. Esse terremoto cultural teve o seu palco em Zurique, a única cidade européia onde se podia viver tranquilo em 1915: tanto que aí, nessa mesma época, James Joyce escrevia Ulisses. Reuniam-se no Cabaret Voltaire, um grupo de cinco refugiados amantes da paz, mas revoltados contra a sociedade, pontificados por Tristan Tzara, boêmio trilingüe e de cultura francesa: liam poemas de Apollinaire, poemas expressionista alemães; e todos eles discutiam as idéias futuristas de Marinetti. O dicionário Larousse, consultado ao acaso, fornece o titulo do movimento DADÁ, que significa em francês, cavalinho de pau; para os alemães, carrinho de criança. Para Tzara, DADÁ não significa nada. O Dadaísmo foi o mais radical movimento intelectual da primeira metade do século XX, daí a frase de Gide: Dadá é o dilúvio após o que tudo recomeça. O Futurismo lançou-se contra o passado e sonhou uma superarte no século da “velocidade”. O Expressionismo via a destruição do mundo, mas sabia que do caos se organizaria uma estrutura superior, que era a verdadeira beleza. Para os Dadá, entretanto, não havia passado, nem futuro: o que havia era a guerra, o nada; e a única coisa que restava ao artista era produzir uma antiarte, uma anti cultura. NOJO DADAÍSTA do Manifesto Dadá de 1918, extratos. Todo produto do nojo susceptível de se tornar uma negação da família é DADÁ; protestos com os punhos de todo o seu ser em ação destruidora: DADÁ; abolição da lógica, dança dos impotentes da criação: DADÁ; abolição da memória: DADÁ; abolição da arqueologia: DADÁ; abolição dos profetas: DADÁ; abolição do DUCHAMP, Fonte, 1917 66 futuro: DADÁ; crença absoluta em cada deus produto da espontaneidade: DADÁ; salto elegante e sem prejuízo da harmonia à outra esfera; respeitar todas as individualidades na sua loucura do momento: sério, tenebroso, tímido, ardente, vigoroso, decidido, entusiasta; livrar sua igreja de todo acessório inútil e pesado; escarrar como uma cascata luminosa o pensamento descortês, ou amoroso, ou acariciá-lo – com a viva satisfação de que é inteiramente igual – com a mesma intensidade no espinhal, puro de insetos para o sangue bem-nascido e dourado de corpos de arcanjos, de sua alma. Liberdade. DADÁ, DADÁ, DADÁ, uivos das dores crispadas, entrelaçamentos dos contrários e de todas as contradições, dos grotescos, das inconseqüências: a VIDA. E. H. Gombrich Arte Experimental In: A História da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988, p.: 570 - 578. 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 Walter Zanini Os artistas plásticos na Semana de Arte Moderna I In: ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil, p.: 533 a 540. 78 79 80 81 82 83 84 85 86 NOTAS 87 88 Flávia Rudge Ramos O GRUPO SANTA HELENA In: Pennacchi e seu Templo, 2007, dissertação de mestrado, p.: 42-47 Palacete Santa Helena c. 1930, Praça da Sé, São Paulo Praça da Sé – São Paulo 89 Antes da reurbanização pela qual passou o centro de São Paulo, por causa das obras do metrô, havia um conjunto de prédios que separavam as duas praças mais centrais e conhecidas da cidade: A Praça da Sé e a Praça Clóvis Bevilácqua.1 Entre os prédios existentes, no número 43, ficava o Palacete Santa Helena,2 um edifício eclético, que conforme descreveu Paulo Medes de Almeida, ostentava um certo luxo, com florões, frisos, cornijas e estátuas esculpidas na fachada de pedra. Com sete andares, considerado imenso na época, possuía um teatro (posteriormente transformado em cinema), que fora o mais elegante da época. No interior do edifício, uma infinidade de pequenas salas, muitas delas ocupadas por sindicatos de trabalhadores, o que contribuiu, entre outros fatores, para que o prédio, em pouco tempo perdesse a classe de outrora.3 No começo dos anos 30, os profissionais da pintura, costumavam ficar na Praça da Sé, conversando enquanto aguardavam eventuais clientes.4 Entretanto Rebolo Gonzalez (1902-1980) e Mario Zanini (1907-1971), como pintores decoradores especializados que eram, em 1935 puderam ter o privilégio de montar seus escritórios para contratação de serviços e depósito de material na sala 231 do palacete. 5 Além de pintores de parede, ambos eram também amadores na pintura de cavalete, utilizando durante a noite a sala para essa atividade. Freqüentavam um curso livre noturno de desenho na Escola Paulista de Belas Artes, localizada próxima dali, na Rua 11 de Agosto. 1 PROENÇA, 1989, p.: 242 2 Projeto dos arquitetos Coberti e Sacchetti o Santa Helena foi construído em 1933 e demolido em 1971. 3 ALMEIDA, 1976, p.: 130 4 Idem, ibidem 5 AJZENBERG, 2002, p.: 40 Clóvis Graciano, Rebolo, Paulo Mendes de Almeida, Aldo Bonadei, Pennacchi e Manoel Martins, na homenagem prestada a Rebolo pela Câmara Municipal de São Paulo, em 1973. 90 No curso nasceu amizade entre eles e Volpi (1896-1988), Aldo Bonadei (1906- 1974) Clóvis Graciano (1907-1988) e Manoel Martins (1911-1979). Dada a proximidade entre o palacete e a escola, e a afinidade por serem todos jovens, de origem e classe social semelhantes, esses artistas passaram a freqüentar também a sala de Zanini e Rebolo.1 Pennacchi passou a integrar o grupo após conhecer Rebolo no I Salão Paulista de Belas, no qual ambos estavam expondo. Sobre esse encontro, anos mais tarde Rebolo deu o seguinte depoimento: Pennacchi falou sobre o meu quadro com tanta poesia e conhecimento sobre pintura que eu pensei: “estou diante de um mestre”. E não me enganei. Ficamos amigos inseparáveis e convidei-o a associar-se comigo no ateliê que eu tinha alugado no Santa Helena. (...) Fazia apenas um ano que eu tinha abandonado o futebol e evidentemente desconhecia muita coisa sobre pintura, Pennacchi ensinou-me então, até sobre arquitetura, pois ele tinha um aprendizado muito bom, feito na Itália, e pintava há muitos anos, desde antes de 1930.2 Uma segunda sala, ligada a primeira por uma porta, é alugada e Zanini passa então a dividi-la com Manuel Martins e Clóvis Graciano, enquanto Rebolo compartilha a sua com Pennacchi. A eles vieram ainda se juntar Humberto Rosa (1908-1988) e Alfredo Rullo Rizzotti (1909-1972). Eramimigrantes ou filhos de imigrantes e exerciam profissões artesanais diversas sendo que Rebolo, Zanini e Volpi eram pintores de parede. Na definição de Mario de Andrade: “Vindos todos do povo, senão diretamente proletários, pelo menos vindos de operários, ou de gente com pequenos recursos econômicos e culturais.”3 Os artistas dividiam as despesas das salas e dos modelos que contratavam para posar à noite, depois do expediente. Pensavam no coletivo, e desse modo partilhavam idéias, conhecimentos, experiências e oportunidades, ao mesmo tempo em que a individualidade de cada um era respeitada, trabalhando cada um a sua própria maneira. Nos domingos, saiam para pintar paisagens nos arredores de São Paulo. Não havia entre eles a intenção de formar um grupo, nem uma linha formal comum ao trabalho que desenvolviam. A denominação de Grupo Santa Helena foi 1 Idem, ibidem 2 Apud, LEITE, 1988, p.: 399 3 ANDRADE, 1939 91 dada posteriormente por alguns críticos que viam neles intenções artísticas semelhantes.1 Sobre sua experiência junto ao grupo, Pennacchi deu o seguinte depoimento: O prédio Santa Helena era o ponto de encontro de uma dezena de pintores, bem assim de alguns aficionados por desenho. Era também o local utilizado nas horas que tínhamos livres: eu era professor no Dante Aligheri Rebolo,Volpi e Zanini recebiam ali diariamente seus clientes, empresários, de pinturas de casas que vinham, depois do trabalho, combinar alguma decoração, que se usava na época nas casas mais abastadas. O Santa Helena era o local onde, além de nossas salas, existiam vários outros estúdios de pintores e escultores acadêmicos. Nós, os assim ditos “pintores proletários”, não concordávamos nem com os acadêmicos e muito menos com os presunçosos inovadores.2 Os integrantes do grupo, não precisando mais se ater aos preceitos acadêmicos, e não procurando posturas de vanguarda, queriam simplesmente pintar bem, e com grande cuidado técnico desenvolviam uma temática voltada principalmente para a paisagem e para a natureza morta, gênero que havia sido abandonado pelos primeiros modernistas. Já Pennacchi preferia a vida dos santos, de gente humilde e sofredora tendo como referencia Cézanne, Segall e Portinari, e os mestres do Trecento e do Quatrocento.3 Os artistas do Grupo Santa Helena viviam para a sua arte anonimamente, longe do público e da crítica, pois nunca chegaram a expor coletivamente. Até que Paulo Rossi Osir, que tinha transito livre e as melhores relações no meio artístico, viesse a descobri-los. Entusiasmado com trabalho dos humildes santelinistas, promove, no Grilroom do Hotel Esplanada, a I Exposição da Família Artística Paulista para divulgá-los. Além dos integrantes do grupo, participaram da exposição Anita Malfatti, Arnaldo Barbosa, Balloni, Arthur P. Krug, Hugo Adami, J. Figueira e Valdemar da Costa.4 O nome dado “Família”, procura estabelecer um paralelo com mostras realizadas na Itália.5 A Família Artística surge em oposição ao Salão de Maio, no qual participam artistas oriundos das classes mais abastadas. Além disso, Osir estava desgostoso com a busca inconseqüente de originalidade e o amadorismo que via em certos elementos ligados ao Salão de Maio.6 Infelizmente a primeira exposição da Família não alcançou a repercussão desejável, e os pintores do Santa Helena passaram quase despercebidos. 1 AJZENBERG, 2002, p.: 40 2 Apud, BARDI, 1980, p.: 14 3 Segundo depoimento do artista, apud BARDI, 1980, p.: 14 4 ALMEIDA, 1976, p.: 133 5 AJZENBERG, 2002, p.: 40 6 ALMEIDA, 1976, p.: 133 92 PENNACCHI Retratos de Manoel Martins, Clóvis Graciano e Volpi 1943, nanquim sobre papel 93 Somente após a segunda exposição da Família Artística Paulista, realizada em 1939, no Automóvel Clube (na rua Líbero Badaró) os artistas do Grupo saem do anonimato, graças a um entusiasmado artigo escrito por Mario de Andrade. O escritor, que havia retornado a São Paulo após morar um tempo no Rio, escreveu o seguinte no artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo: Esta claro que não vou logo afirmar sejam eles grandes expressões da plástica, mas a verdade é que todos esses paulistas estão pintando excelentemente bem. Muito melhor que no Rio.1 A partir de 1940, o Grupo Santa Helena começa a se dispersar, mas do período de convivência ficaram para todos os companheiros lições definitivas em torno da amizade genuína, do amor pela arte, dos conhecimentos, experiências e técnicas partilhadas. No Santa Helena nasceu uma profunda amizade entre Pennacchi, Bonadei e Rebolo que duraria a vida toda. BIBLIOGRAFIA: ANDRADE, Mário de, Esta Família Paulista, O Estado de S. Paulo, 2 jul. 1939 ___________. Um Salão de Feira I, Diário de S. Paulo, 21 out. 1941 ___________. Um Salão de Feira II, Diário de S. Paulo, 2 nov. 1941 ___________. Ensaio sôbre Clóvis Graciano, julho a dezembro de 1944. In: MOTTA, Flávio, A Família Artística Paulista, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, 1971 ALMEIDA, Paulo Mendes de, De Anita ao Museu, São Paulo: Perspectiva, 1976 AJZENBERG, Elza, Rebolo, São Paulo: Knorr/Mwm, 1987 BARDI, Pietro Maria, Fulvio Pennacchi, São Paulo: Raízes, 1980 LEITE, José Roberto Teixeira, Dicionário Crítico da Pintura no Brasil, Rio de Janeiro: Artlivre, 1988 PROENÇA, Graça, História da Arte, São Paulo: Ed. Ática, 1989 1 Idem, p.: 13 94 POP ART 1956 Flávia Rudge Ramos Introdução O inglês Richard Hamilton foi um pioneiro da Art Pop, surgida do seu interesse pela cultura popular e da apropriação de imagens de revistas populares e de publicidade. É o movimento de arte do pós guerra mais identificado com signos, consumismo e comunicação de massa.¹ Reação ao abstracionismo. Os centros da Pop Art foram Londres e Nova York . Alguns artistas eram designers gráficos ou cartunistas. Características Reprocessamento de imagens populares. Provocação. Eliminação da fronteira entre pintura e escultura. Subversão das imagens da cultura de massa e da sociedade de consumo. Visão fragmentada. Hedonismo. Utilização de elementos reais incorporados à pintura (como o bode embalsamado por Raushenberg) ou isolados. Artistas Ingleses: Richard Hamilton (nascido em 1922) Obras: O que torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?, 1956, colagem; Homenagem à Crysler Corporation, 1957, óleo, colagem e metal sobre painel; Swingeing London, 1967, litografia sobre papel. David Hockney (nascido em 1937) Obras: The splash, 1967; Homem no Chuveiro em Beverly Hills, 1964, pintura acrílica s/ tela. Americanos: Robert Rauschenberg (nascido em 1925) Obras: Cama, 1955; Monograma, 1959; Coleção, 1954 Jasper Johns (nascido em 1930) Obras: Alvo com quatro faces, 1955, encáustica sobre jornal e colagem sobre tela com moldes de gesso; Três bandeiras, 1958; bronze pintado II, 1964 Andy Warhol (1930-1987) Obras: Diptico de Marilyn, 1962; Caixa de sabão Brillo, 1964 Tom Wesselman (nascido em 1931) Obra: O Grande Nú Norte-Americano n° 44, 1963 Roy Lichenstein (nascido em 1932) Obras: Obra prima, 1962; Whaam! 1963 1- MC CARTHY, p: 6, 2002 95 Herbert Read Pop Art História da Pintura Moderna, Zahar Editores, Rio de Janeiro: 1980. p.: 293- 96 9798 99 100 101 102 103 Bibliografia: ALAMBERT, Francisco / CANHÊTE, Polyana: Bienais de São Paulo – da era do Museu à era dos curadores, São Paulo: Boitempo editorial, 2004 ARGAN, Giulio Carlo, Arte Moderna, São Paulo: Cia. das Letras, 1999 ____________________Guia de História da Arte, Lisboa: Ed. Estampa, 1977 BENJAMIM, Walter, A obra de arte no tempo de sua técnica de reprodução – Sociologia da Arte, Rio de janeiro: Zahar, 1969 BOTTON, Alain de, Arquitetura da Felicidade, Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 2006 CHIARELLI, Tadeu, Arte Internacional Brasileira, São Paulo: Lemos Editorial, 1999 COLLINGWOOD, R. G., The Map of Knoledge, Londres: Oxford,1924 DOMAGGIO, Adriano, Biennale di Venezia: um secolo di storia, Florença: Art e Dossier, 1988 DUBY, Georges e DAVAL, Jean-Luc (organizadores), Scuplture: From the Renaissance to the Present Day, Ed. Taschen, Londres: 2006 FISCHER, Ernst, A Necessidade da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 2002 GOMBRICH, E. H., A História da Arte, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988 ________________, Arte e Ilusão – Estudo da Psicologia da Representação Pictórica, São Paulo: Ed. Martins Fontes: 1986 GULLAR, Ferreira, Etapas da Arte Contemporânea: Do Cubismo à Arte Contemporânea, Rio de Janeiro: Ed. 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