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Clara Barcelar - Infectologia É um processo infeccioso que acomete o endocárdio. Geralmente envolve a superfície valvular, mas também pode ocorrer no endocárdio que reveste uma comunicação interatrial ou interventricular, em uma anormalidade cardíaca corda tendínea ou ainda no endocárdio mural. Dentre as causas, as principais são: ✓ Staphylococcus aureus ✓ Streptococcus do grupo viridans ✓ Streptococcus epidermidis ✓ Enterococcus ✓ Gram negativos É uma doença considerada rara, com incidência de 3-10 episódios/100000 pessoas-anos. A relação masculino/feminino é de 2:1, acometendo ainda mais homens que mulheres. Atualmente, ocorreu um aumento do aparecimento da doença em idosos, devido ao maior cuidado em saúde e colocação de próteses valvares em países desenvolvidos. Os principais fatores predisponentes são: Próteses valvares Alterações degenerativas Abuso de drogas por via intravenosa Aumento do uso de procedimentos invasivos de risco para bacteremia O quadro clínico é altamente variável de acordo com o microrganismo causador, presença ou ausência de doença cardíaca pré-existente e a forma de apresentação. Compreender o diagnóstico e o tratamento da endocardite infecciosa Pode-se apresentar como infecção aguda, rapidamente progressiva, subaguda ou doença crônica com febre baixa e os sintomas não específicos, o que pode frustrar ou confundir a avaliação inicial. Até 90% dos pacientes apresentam febre, muitas vezes associada a sintomas sistêmicos de calafrios, falta de apetite e perda de peso. Sopros cardíacos são encontrados em até 85% dos pacientes. Podem ocorrer fenômenos vasculares e imunológicos, como hemorragias, manchas de Roth e glomerulonefrite. Embolias para cérebro, pulmão ou baço ocorrem em 30% dos pacientes. Serve para direcionar o tratamento empírico e avaliar o prognóstico do paciente. Classifica-se em: 1) Quanto ao tipo de VÁLVULA acometida: o Nativa o Protética • Precoce < 2 meses • Intermediária 2 a 12 meses • Tardia > 12 meses 2) Quanto a fatores predisponentes específicos: o Usuário de droga endovenosas o Hemodiálise o Marcapasso endocárdico o Desfibrilador implantando 3) Quanto à evolução da doença: o Aguda o Subaguda 4) Quanto ao local de aquisição da infecção: o Comunitária o Na comunidade relacionada a procedimentos hospitalares o Nosocomial Devido às diversas apresentações possíveis da EI, seu diagnóstico depende de SUSPEITA e deverá se basear principalmente em dados clínicos e epidemiológicos, devendo ser confirmado por exames laboratoriais! 5) Quanto ao agente etiológico: o Staphylococcus aureus o Streptococcus do grupo viridans o Enterococcus faecalis o Streptococcus bovis o Staphylococcus coagulase negativo Coletar inicialmente: ✓ HEMOGRAMA: • Anemia normocítica e normocrômica • Leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda ✓ VHS elevada ✓ EAS: hematúria microscópica, proteinúria e menos comum, leucocitúria ✓ Bioquímica: IRA por deposição de imunocomplexos - GNDA ✓ Fator reumatoide e VDRL, quando “positivos” - FALSOS POSITIVOS podem colaborar para o diagnóstico ✓ Fundo de olho: encontrar manchas de Roth - DIAGNÓSTICO ✓ Hemoculturas HEMOCULTURAS: - EI aguda: 3 coletas de sítios diferentes com volume de 20ml (10 ml frasco aeróbio e 10nl frasco anaeróbio) por coleta. Total de 6 frascos (60ml) Intervalo de no mínimo 30 min entre as coletas: 0,30 min e 60 min Em até 1h, para iniciar ATB empírico Estafilococos, streptococos e enterococos. - EI subaguda: Colher 3 “sets” de hemocultura de sítios diferentes nas 24 horas e repetir nas próximas 24h, caso negativo Adiar o quanto puder o ATB Resultados: ✓ Hemocultura positiva: estafilococos, estreptococos e enterococos. ✓ Hemocultura negativa: Uso prévio de antibióticos Estreptococos, bacilos Gram-negativos do grupo HACEK, Fungos Bactérias intracelulares como Coxiella burnetii, Bartonella, Chlamydia e Tropheryma whipplei (Doença de Whipple) > até 5% somente com SOROLOGIA ECOCOARDIOGRAMA Muito importante para avalição de alterações sugestivas do coração. Pode encontrar diversas alterações que colaboram no diagnóstico e ajudar no tratamento. Os principais achados são: Vegetação Abscesso Deiscência nova de uma prótese da válvula Na suspeita de EI, o Ecocardiograma Transesofágico possui maior sensibilidade. Como o diagnóstico pré-cirúrgico nem sempre é possível, existem métodos após ressecção de tecido cardíaco. 1. Técnicas Histológica e Imunológica: Padrão Ouro: Exame patológico de ressecção de tecido valvular ou fragmentos embólicos. É demorado e caro. Coxiella burnetii e Bartonella detectadas por ELISA. 2. Técnicas de biologia molecular: A reação em cadeia da polimerase (PCR) permite a rápida e confiável detecção de agentes exigente e não cultiváveis em tecido de válvula. Extrema sensibilidade: Serve mais para epidemiologia CRITÉRIOS DE DUKE + O seguimento da Endocardite Infecciosa deve ser feito criteriosamente para não acontecer iatrogenias. + O ecocardiograma TransEsofágico é obrigatório para avaliar complicações cardiológicas. + As Hemoculturas devem ser diárias até NEGATIVAR. + A duração do tratamento deve ser no mínimo de 2 semanas após a cirurgia. + O eletrocardiograma deve ser solicitado, principalmente na EI de válvula aórtica pelo risco de BAV. Indicações de terapia empírica de acordo com a evolução: EI aguda → início do ABT imediatamente após a coleta das hemoculturas EI subaguda → inicia-se quando não se consegue definir o agente etiológico Antibioticoterapia Indicações: Insuficiência cardíaca Infecção descontrolada, com manutenção de sinais clínicos, septicemia e hemoculturas permanentemente positivas Prevenção de eventos embólicos Insuficiência Cardíaca – acompanhada pela clínica e EcoTE. Principal causa de morte. Embolia – principal causa de complicações. Complicações neurológicas – ao indício de qualquer alteração do nível de consciência, solicitar TC de crânio e Angiografia. Aneurismas infecciosos – Avaliado por Angiografia. Geralmente, remite com tratamento medicamentoso. Abscesso esplênico – Qualquer manifestação de dor abdominal no curso da doença, solicitar US de abdome para avaliar abscessos e possível abordagem. Miocardite e pericardite IRA Complicações reumáticas
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