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Aborto: Tipos, Sujeitos e Penas

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MATERIAL DE 2016 
ABORTO – Arts. 124 a 128 CP. 
Introdução. 
É a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto que é resultado da concepção. 
Fases da gravidez: 
 Ovo → até o 2º mês; 
 Embrião → do 2º mês até o 4º mês; 
 Feto → a partir do 4º mês até o parto. 
 
O início da gravidez é na fecundação ou nidação (implantação do óvulo fecundado). 
 
Espécies de aborto: 
 
 Natural; 
 Acidental; 
 Criminoso; 
 Legal. 
 
Tipos de aborto criminoso: 
 
 Autoabortamento; 
 Consentimento para o aborto; 
 Provocação do aborto sem o consentimento da gestante; 
 Provocação do aborto com o consentimento da gestante. 
 
Autoabortamento é provocar o aborto em si mesma. O sujeito ativo é a própria gestante, é 
um crime de mão própria e somente a gestante pode fazer o autoabortamento. 
Caso a gestante tente o suicídio, a doutrina diverge no sentido de haver crime ou não. 
Esse tipo de crime admite o concurso de agentes na condição de partícipe. O coautor 
responde por delito próprio. O sujeito passivo é o feto, resultado da concepção. 
 
Consentimento para o aborto é consentir (permitir) que outra pessoa faça o aborto. O sujeito 
ativo é a gestante, é um crime de mão própria e somente a gestante pode consentir. Esse 
crime admite o concurso de agentes na condição de partícipe. O coautor responde por delito 
próprio. O sujeito passivo é o feto, resultado da concepção. 
 
Tipo objetivo é provocar o aborto. Para que o delito exista, é necessário que o feto esteja 
vivo. No caso do abortamento, ele deve ocorrer após o início da gravidez e antes do início do 
parto, para a configuração do tipo penal. No caso do autoabortamento, o crime normalmente 
é cometido por ingestão de medicamentos. No consentimento, a gestante procura uma pessoa 
que realize o aborto por ela. 
 
Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante adota a teoria pluralista. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Esse crime é considerado comum e admite-se a 
coautoria e a participação. O sujeito passivo é o feto, resultado da concepção. 
O tipo objetivo é provocar o aborto com o consentimento da gestante e a gestante deve ter 
capacidade de discernimento e deve ser de livre e espontânea vontade. Cuidado para os casos 
de consentimento viciado! 
 
Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante pode ser realizado por 
qualquer pessoa. O sujeito passivo é a gestante e o nascituro. O tipo objetivo é provocar o 
aborto sem o consentimento da gestante. 
 
Para todos os delitos o tipo subjetivo é o dolo de provocar o aborto. Caso o aborto for 
acidental ou por problemas naturais, o fato é atípico (má formação do feto, rejeição do 
organismo da gestante, patologia). 
As causas sociais ou econômicas não justificam o delito, mas é levado em consideração pelo 
legislador na fixação da pena. 
Esse crime é consumado com a morte do feto e é possível a tentativa. 
 
Curiosidades: 
 
 Na tentativa do aborto, é possível que o feto permaneça vivo no útero materno ou pode 
ser expulso do corpo da mãe e sobreviva; 
 Pode ocorrer uma manobra que provoca a expulsão do feto, esse pode sobreviver, mas 
em seguida é realizada nova manobra que mata o feto; 
 Por conta da manobra abortiva o feto é expulso do corpo da mãe, mas morre 
posteriormente; 
 Admite-se a forma omissiva quando tinha o dever de agir (no sentido de proteger o 
feto): médico e a própria mãe; 
 A pessoa realiza manobra abortiva, mas o feto já estava morto; 
 A pessoa realiza manobra abortiva, mas não estava gestante; 
 A pessoa utiliza uma medicação que acha ser abortiva, mas não produz nenhum risco 
ao feto; 
 Aborto de gêmeos. 
 
Penas: 
 
 Art. 124 – pena – detenção, de um a três anos. 
 Art. 125 – pena – reclusão, de três a dez anos. 
 Art. 126 – pena – reclusão, de um a quatro anos. 
 
Causas de aumento da pena: 
 
 Caso resulte lesão grave; 
 Caso resulte em morte. 
 
Art. 127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um 
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provoca-los, a 
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
Excludente da ilicitude (art.128) 
 
O aborto provocado por médico para evitar a morte da gestante é um aborto necessário. Pode 
ser terapêutico (risco imediato) ou profilático (iminente – preventivo). Não precisa de 
autorização judicial e se for praticado por outra pessoa, que não seja médico, estará 
acobertada pelo estado de necessidade. 
 
Aborto provocado por médico em vítima de estupro, aborto sentimental humanitário 
ou ético. 
 
Independente de autorização judicial a portaria nº 1.145/2005 do Ministério da Saúde 
dispensa o boletim de ocorrência, mas se exige a adoção do procedimento de justificação e 
autorização de interrupção da gravidez. Esse procedimento tem quatro fases: 
 
 1ª fase → termo de relato circunstanciado do evento criminoso realizado pela própria 
mulher perante dois profissionais de saúde (indica dia, hora, lugar, tipo e forma de 
violência, descrição dos agentes e testemunhas se houver); 
 2ª fase → o médico emite um parecer técnico e a mulher é encaminhada a uma equipe 
multidisciplinar, em que serão emitidas opiniões e se todos estiverem de acordo, 
lavrará um termo de aprovação do procedimento; 
 3ª fase → a mulher ou representante legal emitirá um termo de responsabilidade; 
 4ª fase → realiza-se o termo de consentimento livre e esclarecido. No município de 
São Paulo – Portaria 698/89 autoriza realizar. Se o médico foi induzido ao erro não 
responderá pelo delito. 
 
 
 
 
Aborto em feto anencefálico. 
 
Anencefalia é a malformação do tubo neural, caracterizada pela ausência de encéfalo e da 
calota craniana. Inexiste atividade cerebral. 
Existem vários precedentes jurisprudenciais no sentido de conceder a autorização. Seria um 
fato atípico, pois se não existe atividade cerebral, o feto não está vivo. 
No STF tramita a ADPF 54/2009, proposta pela CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS 
TRABALHADORES NA SAÚDE em que se discute a possibilidade de normatizar, em tese, 
a autorização para a interrupção da gravidez. O Relator é o Ministro Marco Aurélio que 
concedera a liminar, mas foi cassada. Desde 26/04/2011 está com o Relator. 
 
Abortos proibidos. 
 
 Eugenésico (ou eugênico): o feto possui anomalias graves, por herança dos pais. 
Ocorre que tem sido concedido alvarás nos casos de agnesia reanal (ausência de rim), 
abertura da parede abdominal e Síndrome de Patau – problemas renais, gástricos e 
cerebrais gravíssimos). 
 Social ou honoris causa ou econômico: pela situação financeira da gestante ou em 
face da gravidez ocorrida de relacionamento extramatrimonial. 
 
Classificação. 
 
 Simples → atinge um único bem jurídico – a vida; 
 Dano → exige-se a efetiva lesão de um bem jurídico; 
 Ação livre → prática de várias formas; 
 Comum ou próprio; 
 Material → momento consumativo ocorre com o evento morte ou lesão grave. 
 Instantâneo de efeitos permanentes → a duração do momento consumativo é 
instantâneo, mas por ser a morte irreversível, tem efeitos permanente. 
 
Ação penal de competência. 
 
 Trata-se de ação penal pública incondicionada. Na inércia, a vítima e seus sucessores 
(art.29 CPP); 
 Competência é do júri popular.

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