Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
História | Rio de Janeiro Luana Zucoloto Mattos e Maria Bethânia de Araujo 3o. ano Anos Iniciais Curitiba 2021 Rio de Janeiro 3oo3oooo ano3oo3. ano3 anoano3. ano AnAnAnAnAnAAnAAAA osooososossos IIAnnnooososooo IIIIIniinininninn ciciccc aiiaiaia ssssssssssnos IniciicciiaaaaciaiiisssssisAAAAAAnAnAnAAAA ososososooo Ininininn ccciiiaiaiaia ssssssssAnosososoo Ininnnnnnos IniccciiiaaaciaiiisssssisIninnn ciiiaissssIniciais fic ha té cni ca Diretor-Geral Daniel Gonçalves Manaia Moreira Diretor Editorial Joseph Razouk Junior Gerente Editorial Júlio Röcker Neto Gerente de Produção Editorial Cláudio Espósito Godoy Coordenação Editorial Jeferson Freitas e Silvia Eliana Dumont Coordenação de Arte Elvira Fogaça Cilka Coordenação de Iconografia Susan R. de Oliveira Mileski Autoria Luana Zucoloto Mattos e Maria Bethânia de Araujo. Reformulação dos originais de Wilma de Lara Bueno Edição de Conteúdo Aline Suzana Camargo da Silva Cruz (Coord.), Siloé Souza e EPN Editoria e Projetos Edição de Texto Shirlei França dos Santos e Maria Helena Ribas Benedet Revisão Fernanda de Lara Edição de Arte Juliana Ferreira Rodrigues Projeto Gráfico Fabíola Castellar Ilustrações da folha de rosto: Ailustra Ilustração do sumário: Adilson Farias Imagens: ©Shutterstock/Creativika Graphics, Mika Besfamilnay, Moonnoon, olnik_y, yopinco, Sudowoodo, Sunward Art, SpicyTruffel, WongJogja, YummyBuum Ilustrações Bruna Assis Brasil, Caco Bressane, Divo Padilha, João Salomão, Renan Takeshita e Vanessa Alexandre Editoração Grafo Estúdio Pesquisa Iconográfica Juliana de Cássia Câmara Cartografia Luciano Daniel Tulio, Marilu de Souza, Talita Kathy Bora Engenharia de Produto Solange Szabelski Druszcz Produção PSD Educação S.A. Avenida Nossa Senhora Aparecida, 174 – Seminário 80440-000 – Curitiba – PR Tel.: (0xx41) 3312-3500 Site: www.sistemapositivo.com.br Impressão e Acabamento Gráfica e Editora Posigraf Ltda. Rua Senador Accioly Filho, 500 81310 -000 – Curitiba – PR Fax: (0xx41) 3212 -5452 E -mail: posigraf@positivo.com.br 2021 Contato editora.spe@positivo.com.br Todos os direitos reservados à PSD Educação S.A. © 2020 PSD Educação S.A. Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Angela Giordani / CRB 9-1262 / Curitiba, PR, Brasil) M444 Mattos, Luana Zucoloto. Sistema Positivo de Ensino: ensino fundamental : regional : 3º ano : história : Rio de Janeiro / Luana Zucoloto Mattos e Maria Bethânia de Araujo. – Curitiba : PSD Educação, 2021. : il. ISBN 978-65-5829-243-2 (Livro do aluno) ISBN 978-65-5829-210-4 (Livro do professor) 1. Educação. 2. História – Estudo e ensino. 3. Ensino fundamental. I. Araujo, Maria Bethânia de. II. Título. CDD 370 v História | 3 o. ano sumário 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro ..... 22 3. O trabalho e as relações sociais no Rio de Janeiro ..... 40 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro ..... 4 História | 3 o. anoo 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro Neste capítulo, vamos estudar a formação dos primeiros povoados e cidades que atualmente compõem o estado do Rio de Janeiro. Os grupos de pessoas, que contribuíram para o desenvolvimento do nosso estado, deixaram marcas nas construções, nos costumes, nas músicas, nas danças, na culinária, nas crenças, entre tantas outras. Essas marcas são heranças que fazem parte da história e da cultura de cada povo que viveu no Rio de Janeiro, e que continuam presentes em nossas cidades até a atualidade. Caco Bressane. 2020. Digital. CADA LUGAR TEM SUA HISTÓRIA A história do nosso estado apresenta aspectos particulares, que devem ser conhecidos e valorizados. Na unidade federativa do Rio de Janeiro, há uma população de aproximadamente 17 milhões de pessoas, espalhadas em 92 municípios. Nesse território, há diversas paisagens, constituídas por praias, rios, florestas, montanhas e cidades. A cidade do Rio de Janeiro já foi capital do Brasil e local de moradia da Família Real portu- guesa nos anos de 1800. Glossário unidade federativa: nome dado aos estados que, juntos, formam a República Federativa do Brasil. Diga aí Leia a imagem e responda às questões. Monumento inaugurado em 1973, em homenagem a Estácio de Sá, português fundador da cidade do Rio de Janeiro e primeiro governador-geral da Capitania do Rio de Janeiro (entre 1565 e 1567). A quem o monumento homenageia? Esse monumento representa todos os povos que ocuparam o território do Rio de Janeiro? Justifique a sua resposta. No município onde você mora, existem monumentos como o mostrado na imagem? Mencione quais.2 1 3 © Sh ut te rs to ck /S er gi o sh um of f Caco B ressan e. 2020 . Digita l. 5 Lugares de memória Existem muitos patrimônios culturais nas cidades do Rio de Janeiro. São heranças deixadas por nossos ancestrais, as quais têm valor porque repre- sentam a memória, as tradições, os costumes, a identidade e a história de um lugar e de um povo. As construções, os monumentos e os objetos fazem parte do patrimô- nio material. As canções, as danças, as festividades, as lendas e os modos de fazer são considerados patrimônios imateriais. Conheça agora alguns exemplos de patrimônios de nosso estado. O Museu de Arte Contemporânea é um projeto que integra a construção à paisagem natural, reunindo mar e concreto. As escolas de samba, que desfilam no Carnaval do Rio de Janeiro, são patrimônios culturais imateriais da cidade. O jongo, ou caxambu, manifestação artística que se desenvolveu no Sudeste, era praticado pelos africanos escravizados como forma de resistência. Na cidade de Petrópolis, D. Pedro II decidiu construir sua moradia de verão. Essa residência real atualmente abriga o Museu Imperial. Museu de Arte Contemporânea em Niterói na atualidade Museu Imperial de Petrópolis na atualidade © Sh ut te rs to ck /R an im iro © Sh ut te rs to ck /V an es sa ru ng © Pu ls ar Im ag en s/ Lu ci an a W hi ta ke r © Sh ut te rs to ck /A .p ae s 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro6 1 Vamos pesquisar sobre os patrimônios culturais de sua região? Siga as orientações a seguir. a) Escolha um patrimônio cultural da região e pesquise sobre ele em sites, livros ou informe-se sobre o assunto com um adulto de seu convívio. b) Ilustre esse patrimônio no espaço disponível no material de apoio. c) Nas linhas do material de apoio, escreva um pequeno texto para a ilustração com as seguintes informações: Ω nome do patrimônio; Ω indicação se o patrimônio é material ou imaterial; Ω em qual município está localizado o patrimônio; Ω por quais motivos foi reconhecido como patrimônio. 2 Apresente, ao professor e aos colegas, o resultado da pesquisa. O INÍCIO DA OCUPAÇÃO EUROPEIA As vilas e as cidades mais antigas do Brasil foram fundadas pelos coloni- zadores portugueses, quando eles chegaram a essas terras. A partir dos anos de 1530, Martim Afonso de Souza, enviado do Rei de Portugal, iniciou a co- lonização do Brasil. Naquela época, o espaço que forma o estado do Rio de Janeiro não tinha os contornos geográficos que conhecemos na atualidade. Nos anos 1500, o Rei português instalou o sistema de Capitanias Hereditárias, ou seja, distribuiu faixas de terras para pessoas de sua confian- ça com o objetivo de ocupar o território. Essas capitanias iam desde o litoral até o limite dos territórios portugueses, definido pelo Tratado de Tordesilhas. Como o próprio nome indica, essas terras passavam de pai para filho, isto é, eram herdadas pelos descendentes do proprietário. mãoLápis na 7História – Rio de Janeiro - 3o. ano Conectando com ... O mapa a seguir mostra a divisão das terras, organizadas em Capitanias Hereditárias, que pertenciam a Portugal conforme o Tratado de Tordesilhas (1494). Observe o mapa e depois responda às questões. Ω O território do Brasil ainda é dividido dessa forma? Ω O atual estado do Rio de Janeiro fazia parte de quaiscapitanias? Ω O que mais é possível perceber em relação ao espaço que atualmen- te forma o estado do Rio de Janeiro? Converse sobre essas questões com os colegas e o professor. Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 16. Adaptação. Brasil: Capitanias Hereditárias Lu ci an o D an ie l T ul io 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro8 Considerando as informações anteriores, responda a estas questões: 1 Por que os europeus estavam interessados em explorar o pau-brasil? mãoLápis na A riqueza de nossas florestas Após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao território que atualmente é o Brasil, as terras foram ocupadas pelos primeiros coloniza- dores portugueses. O interesse deles era encontrar ouro, o que não aconteceu nas primeiras décadas. Por isso, principalmente entre os anos 1501 e 1530, os primeiros exploradores se dedicaram à extração de pau-brasil, que existia em grande quantidade na Mata Atlântica. Na Europa, a madeira de pau-brasil era uti- lizada na produção de móveis e também para a extração de tinta para tingir tecidos. Para ob- ter essa matéria-prima, os portugueses fizeram alianças com alguns indígenas, que cortavam a madeira e a transportavam até os navios. Em troca desse trabalho, recebiam diversos obje- tos, como machados, espelhos, contas colori- das e tecidos. O pau-brasil é uma das espécies vegetais que forma a Mata Atlântica. Uma parte dessa floresta foi considerada Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural Mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). Os patrimônios naturais são áreas de importância cultural e ambiental. ©Shutterstock/Leo fernandes © Fl ic kr /F er na nd o Pa la ci os 9História – Rio de Janeiro - 3o. ano Portugueses e franceses se aliavam com diferentes povos indígenas para explorar o pau-brasil. Leia o registro do francês Jean de Léry sobre uma conversa que teve com um indígena tupinambá, no início da colonização do Rio de Janeiro. Neste texto, note que os indígenas chamavam os franceses de mairs, e os portugueses de peró. Outros olhar es 2 Quais problemas podem surgir com o desmatamento de florestas? 3 Existe algum patrimônio natural na região onde você mora? Esse local está preservado? Qual é a importância dele para a comunidade? Uma vez um velho perguntou-me : “Por que vindes vós outros ‘ma irs’ e ‘perós’ [franceses e portugues es] buscar lenha de tão longe p ara vos aquecer? Não tendes madeira e m vossa terra?” respondi que tí nhamos muita, mas não daquela qualida de, e que não queimávamos, co mo ele supunha, mas extraíamos tinta para tingir, tal qual faziam ele s com seus cordões de algodão e sua s plumas. [...] agora vejo sois grandes l oucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, com o dizeis quando aqui chegais, e traba- lhais tanto para amontoar rique zas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficien te para alimentá-los também? Temos p ais, mães e filhos a quem am amos; mas estamos certos de que, de pois de nossa morte, a terra q ue nos nutriu também os nutrirá, por is so descansamos sem maiores cu idados. Ω De acordo com o relato, o colonizador e o indígena tinham o mesmo ponto de vista sobre a exploração de riquezas naturais? Justifique sua resposta. CAMPOS, Raymundo. O Brasil quinhent ista de Jean de Léry. São Paulo: Atual, 19 98. p. 61. 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro10 A CHEGADA DE OUTROS EUROPEUS A localização geográfica e a formação do litoral fluminense favoreceram a vinda de outros europeus interessados em conhecer as terras brasileiras e explorar suas riquezas. Nos anos 1500, os franceses tentaram se estabelecer em nosso território, fundando uma colônia denominada França Antártica. Para isso, fizeram alian- ças com os indígenas que chamavam de “Tamoios”. Em troca de apoio contra indígenas inimigos, auxílio na busca por alimentos e no deslocamento pelas flo- restas, os franceses forneciam diversos objetos aos indígenas aliados. Inicialmente, cerca de 80 franceses vieram ao Brasil e se estabeleceram na Ilha de Serigipe (atualmente Villegagnon). Dois anos depois, mais 300 franceses chega- ram e se uniram aos que já haviam se fi- xado no local. Por volta de 1560, o governo de Portugal reagiu contra a presença de- les em nosso litoral, reunindo indígenas e portugueses para expulsá-los da região. O militar Estácio de Sá chegou à re- gião nesse período e fundou uma cidade com o objetivo de garantir a posse da terra para a Coroa Portuguesa. Foi esco- lhido o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro para o local, em homenagem ao então rei Sebastião, de Portugal. A re- gião se situava entre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão. Observe o mapa. TEIXEIRA, Luís; COSTA, Melba F. da. Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas e derrotas que ha na costa do Brasil: desde o cabo de Santo Agostinho até ao estreito de Fernão de Magalhães. Lisboa: Tagol, 1988. No mapa, tanto a escrita quanto os nomes de diversos locais eram diferentes dos usados na atualidade. A atual Ilha do Governador é indicada como “I. do Gato”, a atual cidade do Rio de Janeiro como “Cidade de S. Sebastiam" e o Pão de Açúcar como “Pão da Sucar”. ©Acervo da Biblioteca da Marinha 11História – Rio de Janeiro - 3o. ano A fundação de novas cidades Arariboia, chefe indígena do grupo Temiminó, ajudou os portugueses a ex- pulsar os franceses da região da Baía de Guanabara. Pelos serviços prestados nesse combate, Arariboia recebeu terras, que atualmente fazem parte do esta- do do Rio de Janeiro. A elas deu o nome de Niterói e nelas fundou a aldeia São Lourenço. Depois que os franceses foram derrotados e expulsos, os portugueses ini- ciaram o cultivo de cana-de-açúcar no local, ocupando a Baixada Fluminense. Na região, surgiram diversas vilas, como Paraty, Majé, Inhomirim e Iguaçu. No iní- cio dos anos 1600, havia sido fundada a cidade de Cabo Frio, onde foi construí- do o antigo forte francês de Villegagnon. Algumas décadas antes, foi instalada a Vila de Nossa Senhora da Conceição da Ilha Grande, atualmente o município de Angra dos Reis. A ocupação portuguesa prosseguiu para o interior, com a exploração dos campos e dos percursos dos rios que cortam o Rio de Janeiro. Isso ocorreu por meio da doação de terras feita pelos governantes às pessoas interessadas em construir engenhos, explorar ouro e estabelecer núcleos de povoamento. Nos Campos dos Goytacazes, foram instalados engenhos e fazendas de gado, que forneciam carne, couro e queijo para a cidade do Rio de Janeiro e sua vizinhança. Ainda nos anos de 1600 surgiu a Vila de São Sebastião dos Campos, destacando-se como um centro na produção de açúcar e de criação de gado. Va ne ss a Al ex an dr e. 2 02 0. D ig ita l. Muitas pessoas trabalha vam nos engenhos de cana-de-aç úcar 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro12 Ω O nome dessa cidade sig- nifica “água escondida”. Marque V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas. Os franceses se aliaram aos indígenas e expulsaram os portugueses do território do atual Rio de Janeiro. Arariboia ajudou os portugueses a derrotar os franceses. A colonização portuguesa desenvolveu-se perto de rios. A povoação do interior está relacionada com a produção de cana- -de-açúcar. Na região do Rio de Janeiro, a exploração de ouro foi mais importan- te do que as atividades das fazendas de gado. mãoLápis na brincar?Vamos 1 Decifre a carta enigmática para descobrir o nome de três cidades do es- tado do Rio de Janeiro que têm nomes de origem tupi. A Ó G RE U N TI Ç P Y Ω Parte do nome dessa cida- de significa “água grande”. Ω Esse local era chamado de “rio das tainhas” pelos indígenas. 13História – Rio de Janeiro - 3o. ano RIO DE JANEIRO: CENTRO ADMINISTRATIVO NO BRASIL COLONIAL A cidade de SãoSebastião do Rio de Janeiro se tornou o centro adminis- trativo da Colônia, principalmente em razão da localização geográfica e do formato do litoral, que favorecia a instalação de portos. Os navios levavam pau-brasil e produtos agrícolas em direção à Europa e traziam produtos eu- ropeus, que não existiam no Brasil. Nos anos 1570, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi a capital das terras do sul, chamadas Repartição Sul, o que possibilitou a criação de ser- viços administrativos, reunindo funcionários que cuidavam da aplicação da justiça, atendiam ao comércio e cobravam impostos. Para proteger a região de invasões estrangeiras, foi construída a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, inicialmente chamada de Nossa Senhora da Guia ou Forte Santa Cruz. ENDER, Thomas. Forte Santa Cruz na entrada do porto do Rio de Janeiro. 1 gravura, color., 14,8cm × 7,7cm. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. COLÉGIO dos jesuítas no Morro do Castelo. Século XVIII. 1 gravura, p&b. No final dos anos 1500, foi criada a Santa Casa de Misericórdia, primeiro hospital da cidade. Na mesma época, os jesuítas fundaram um colé- gio no Morro do Castelo, com o objetivo de cuidar da religiosi- dade e da educação dos mo- radores, além de catequizar indígenas. © Se ra fim L ei te © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro14 Rio de Janeiro: Estrada Real Até o fim do século XVIII (1701-1800), a comunicação entre as pessoas que estavam no litoral e as que estavam no interior do Brasil era feita por um antigo caminho formado por trilhas que passavam pelos atuais estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Esse caminho ficou conhecido como Estrada Real e por ele passavam as riquezas extraídas do interior em direção ao litoral. Aos poucos, esse caminho foi pavimentado com pedras, trabalho feito por africanos escravizados. Com a descoberta de ouro nas terras do atual estado de Minas Gerais, o chamado Caminho Novo foi aberto, ligando o interior diretamente ao porto do Rio de Janeiro. Estrada Real Fonte: INSTITUTO Estrada Real. Mapa da Estrada Real. Disponível em: <http://www.institutoestradareal.com.br/>. Acesso em: 17 mar. 2020. Adaptação. Por meio desse cami- nho, os moradores das mi- nas recebiam alimentos e outros gêneros de primei- ra necessidade trazidos de Portugal e do sul dos territórios portugueses na América. Esses produtos passavam pelo porto do Rio de Janeiro e eram le- vados até a região das mi- nas pelos tropeiros. Assim, o Rio de Janeiro cresceu com o transporte de cargas e surgiram vários tipos de serviço. Ta lit a Ka th y B or a 15História – Rio de Janeiro - 3o. ano A cidade tinha ainda a função de controlar toda a exploração de ouro e de diamantes da Colônia, concentrando, para isso, os serviços de transporte dessas riquezas, que saíam do Porto do Rio de Janeiro direto para o Reino de Portugal. Para melhor administrar e proteger essa arrecadação, a capital do Brasil foi transferida de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, o que ocor- reu em 1763. Ao ser elevada à capital da Colônia, os governadores estabelecidos no Rio de Janeiro passaram a priorizar o desenvolvimento da cidade. Dessa for- ma, cuidaram da segurança dos moradores, abriram ruas, construíram chafa- rizes para o abastecimento de água e pontes, entre outras melhorias. Assim, a cidade foi ganhando uma nova paisagem e desenvolvendo outro modo de viver. FRÜHBECK, Franz J. O Campo de Santana no centro do Rio de Janeiro. 1818. 1 gravura, color. Em busca de trabalho, muitas pessoas deixavam a capital e seguiam para a região de mineração, o que fez surgir outras cidades no estado do Rio de Janeiro, principalmente na região do Caminho Novo, como Vassouras, Cantagalo, Paraíba do Sul e Barra do Piraí. © Fo to ar en a/ Al am y/ Th e Pi ct ur e Ar t C ol le ct io n 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro16 Leia estas imagens da cidade de Cantagalo, mostrada em dois períodos diferentes: Interpretando a) Indique as principais semelhanças e diferenças entre as paisagens apresentadas nas imagens. b) Imagine como era a vida das pessoas que viviam em Cantagalo na época em que a primeira imagem foi produzida. Converse sobre esse assunto com os colegas e o professor. DEBRET, Jean-Baptiste. A colônia suíça de Cantagalo. 1827. 1 aquarela sobre papel, color., 16 cm × 22 cm. Biblioteca Pública de Nova Iorque, Nova Iorque. Cidade de Cantagalo em 1827 Cidade de Cantagalo na atualidade © Bi bl io te ca P úb lic a de N ov a Io rq ue , N ov a Io rq ue © W ik im ed ia C om m on s/ H al le y P ac he co d e O liv ei ra Br un a As si s B ra si l. 20 20 . D ig ita l. 17História – Rio de Janeiro - 3o. ano NOVAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS Em 1808, a cidade do Rio de Janeiro recebeu a Família Real portu- guesa, que veio de mudança para o Brasil. Com ela, vieram aproximada- mente 15 mil pessoas de Portugal para residir no Rio de Janeiro. Tal fato motivou as autoridades a expulsar muitos moradores de suas casas para serem utilizadas como residência dos portugueses. A Família Real foi morar na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, ocupando uma casa de campo transformada em Palácio Real. A vinda da Família Real movimentou o Porto do Rio de Janeiro, pois o príncipe regente Dom João permitiu, por meio de uma ação conhecida como Abertura dos Portos, que a Colônia passasse a comercializar com outras nações além de Portugal. Essa possibilidade intensificou as ativi- dades comerciais, principalmente com a Inglaterra. Naquele período, o café se destacou como produto econômico nas terras férteis do Vale do Paraíba. Com o passar dos anos, a lavoura de café se espalhou por todo o Vale, transformando esse produto na princi- pal riqueza do Brasil. O café era exportado do Porto do Rio de Janeiro para vá- rios lugares do mundo e, para transportá-lo, foi construída a primeira estrada de ferro bra- sileira. Essa obra favoreceu o surgimento de cidades em seu entorno, como Petrópolis. Caco Bressane. 20 20. Digital. a d t Caco Bressane. 20 20. Digital. 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro18 Com o lucro da venda do café, os fazendeiros construí- ram habitações luxuosas, cha- madas palacetes, e investiram em recursos para modernizar a cidade, como a instalação de iluminação a gás nas ruas e a criação das primeiras linhas de bondes para transportar os moradores. 1 Observe as ilustrações das páginas 18 e 19, depois responda. Ω O que essas ilustrações representam? Qual é a diferença entre elas? 2 Pesquise como são as áreas urbanas e as áreas rurais do estado do Rio de Janeiro na atualidade. Ilustre um elemento de cada uma dessas áreas. mãoLápis na Caco Bressane. 2020. Digital. 19História – Rio de Janeiro - 3o. ano Leia esta imagem: Interpretando DEBRET, Jean-Baptiste. Quinta Real da Boa Vista ou Praça de São Cristóvão. 1831. 1 litografia, 7,9 cm × 22,2 cm. De acordo com a imagem e com seus estudos, responda às questões. 1 A imagem representa a construção onde moraram os governantes portu- gueses D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, du- rante os anos de 1800. Em sua opinião, como era o interior desse palácio? 2 Nos anos de 1800, o Brasil foi governado por um rei e dois imperadores que viveram no Rio de Janeiro. Na atualidade, quem é o responsável por administrar o país? Onde essa pessoa vive? 3 No caderno, ilustre a atual residência do presidente da República do Brasil. Depois, compare-a com a residência da Família Real portuguesa, no século XIX (1801-1900), destacando as diferenças entre elas. © Bi bl io te ca P úb lic a de N ov a Io rq ue , N ov a Io rq ue 1. As primeiras povoações e cidades do Rio de Janeiro20 MINHA CIDADE TEM HISTÓRIA A cidade do Rio de Janeiro passou por muitas mudanças no decorrer do tempo.Isso também ocorreu na cidade onde você mora e pode ser obser- vado nas construções, na pavimentação de ruas, na ocupação dos espaços despovoados e na exploração da natureza local. Por isso, ao planejar as cons- truções e as obras de uma cidade, as autoridades devem avaliar os benefícios que essas interferências trazem para a população, assim como os prejuízos que podem provocar para a natureza. Os espaços públicos, ou seja, aqueles destinados à população, devem ser conservados pela prefeitura. Para cuidar desses locais e administrar a ci- dade como um todo, os prefeitos contam com o trabalho de várias pessoas: vice-prefeito, vereadores e outros funcionários que trabalham na prefeitura. Os serviços relacionados ao saneamento básico, à educação, à saúde, ao transporte público e à distribuição de energia elétrica, por exemplo, devem ser garantidos pelo governo para toda a população. Identifique os espaços públicos de acordo com as cores da legenda. Caso você desconheça a função de algum desses espaços, faça uma pesquisa para descobrir. Praça públicaEscola públicaHospital públicoPrefeitura Câmara dos vereadores Biblioteca pública Espaço público para convivência, lazer e prática de esportes. Local onde se pode ler e emprestar livros. Construção onde os representantes do povo elaboram as leis. Lugar público onde se estuda. Espaço onde os representantes do povo administram a cidade. Local onde profissionais cuidam da saúde da população. Eu, cidadão 21História – Rio de Janeiro - 3o. ano 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro Neste capítulo, vamos conhecer alguns dos diferentes povos que contribuíram para a formação da sociedade fluminense. Em especial, vamos estudar sobre alguns povos indígenas, africanos escravizados e portugueses, que foram os primeiros grupos a viver nas terras que formam o atual estado do Rio de Janeiro. Também vamos conhecer aspectos culturais deixados por esses povos no decorrer do tempo, e como influenciaram o modo de vida dos habitantes do nosso estado. p , g p g , africanos escravizados e portugueses, que foram os primeiros grupos a viver nas terras que formam o atual estado do Rio de Janeiro. Também vamos conhecer aspectos culturais deixados por esses povos no decorrer do tempo, e como influenciaram o modo de vida dos habitantes do nosso estado. Br un a A ss is Br as il. 20 20 . D igi ta l. VIVENDO NO RIO DE JANEIRO A sociedade do estado do Rio de Janeiro é formada por diferentes pes- soas, cada uma com determinada maneira de viver. Trabalhar, praticar espor- tes, passear em praias e por outras paisagens naturais e participar de rodas de samba, por exemplo, são algumas atividades que fazem parte da vida de muitos moradores das cidades fluminenses. Diga aí Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir. Praia de Ipanema Trilha na Serra da Mantiqueira no Parque Nacional de Itatiaia 1 O que essas fotograf ias representam? 2 Alguma dessas atividades faz parte do seu dia a dia? 3 Quais outros costumes são praticados entre os mo- radores da região onde você vive? O que você sabe sobre a origem desses costumes? ©Shutterstock/Vitormarigo ©Shutterstock/Lazyllama 23História – Rio de Janeiro - 3o. ano DIFERENTES POVOS E CULTURAS Ao estudarmos a sociedade da região que atualmente forma o Rio de Janeiro, podemos perceber que vários grupos contribuíram para sua forma- ção, destacando-se os indígenas, os africanos escravizados e os portugue- ses, que vieram como colonizadores, além de outros grupos de imigrantes europeus que começaram a chegar séculos depois. Todos esses povos fazem parte da formação da cultura do estado do Rio de Janeiro e influenciaram, por exemplo, há- bitos, festejos, religiosidades e receitas culinárias que fazem parte do dia a dia da população fluminense. TUPI-GUARANI PURI Tupi Paraíba Puri Coroado Coropó Guaru Goitacá Pitá Sacaru Caxiné Bocayú Bacunin Xumeto Tupiniquim Guarani Tupinambá ou Tamoio Temiminó ou Maracajá Agora, vamos estudar mais sobre esses povos e a influência deles em nosso modo de vida. ©Pulsar Imagens/Luciana Whitaker PPPPP SaSaSaSaaaSa 24 Os indígenas Antes da chegada dos europeus e durante o período de colonização, muitos grupos indígenas viviam no território que se tornaria o estado do Rio de Janeiro. Os nativos usavam pelo menos 20 idiomas diferentes; contudo alguns grupos falavam idiomas semelhantes. Esses idiomas semelhantes foram reunidos em grupos chamados de fa- mílias linguísticas. As famílias que têm uma origem comum foram reunidas em grandes troncos linguísticos. A classificação de idiomas em famílias lin- guísticas foi uma das formas que portugueses e pesquisadores encontraram para identificar e diferenciar os indígenas, que tinham também, muitas vezes, modos de vida diversos entre si. Conheça o nome das famílias linguísticas de grupos indígenas que habi- tavam o território que atualmente forma o Rio de Janeiro. Famílias linguísticas indígenas LÍNGUA NÃO CLASSIFICADA Botocudo, Aimoré ou Batachoa Goianá, Guaianá ou Guaianã MAXAKALÍ Maxakalí BOTOCUDO ©Pulsar Imagens/Luciana Whitaker Indígenas da etnia Guarani Mbyá na Aldeia Mata Verde Bonita em Maricá, Rio de Janeiro 25História – Rio de Janeiro - 3o. ano Os indígenas do passado Viajantes e cronistas europeus registraram a existência de muitas aldeias espalhadas pelo território que atualmente forma o estado do Rio de Janeiro. Os nomes das aldeias faziam referência a montanhas, animais, plantas e ele- mentos culturais da região. Na Ilha do Governador, existiam 36 aldeias; na Baía de Guanabara, foram encontradas 32 aldeias nos anos 1500; em Niterói, foram identificadas aldeias como as de Icaraí, Itauna e Caranacuy. Entre os povos indígenas do grupo Tupi, destacavam-se os Temiminó, os Tupiniquim e os Tamoio, ou Tupinambá (por vezes, os portugueses davam nomes diferentes para um mesmo grupo de indígenas). Todos esses grupos habitavam o litoral e foram os primeiros a entrar em contato com os euro- peus. Moravam em ocas cobertas de folhas, dormiam em redes e recolhiam da natureza boa parte dos alimentos de que necessitavam. Os Tupi costumavam migrar em busca de caça, de terras para plantar e de lugares onde pudessem praticar a coleta e a pesca. No caça-palavras, en- contre nomes de alguns grupos indígenas que vi- viam no território que for- ma o atual estado do Rio de Janeiro. brincar?Vamos U Y R F T U P I N A M B Á Y U Y T E G L I P K R J P O V H Y H E M L P O D R A K I T Y B H N M I G U A I M O R É O H D N V I E O Y G G U Y J N C B W V N M I I H B W A F O R U D Y N D I N A N N Q X Z M K D W H D W N F N V C O R O A D O S N W F Ó D Á E A L K M D J I T O M B W A F O L U T P P U R I K T A G L I N B E Q Z A K X P O U Glossário migrar: deslocar-se do lu- gar de origem para viver em outros lugares. 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro26 Os Tupi tocavam instrumentos musicais, cantavam e dançavam nas festas que ocorriam em momentos especiais da vida na aldeia. Nesses eventos, eles pintavam o corpo com tintas, obtidas de sementes, frutos, fo- lhas, etc. Muitas celebrações eram realizadas em homenagem a divindades relacionadas a elementos da natureza como o Sol, a Lua, o vento, a água, entre outros. Para a sobrevivência, plantavam mandioca, abóbora, amendoim, feijão, pimenta e árvores frutíferas. Pescavam e se dedicavam também ao cultivo do algodão, que transformavam em fios para tecer redes usadas para descansar e dormir. Confeccionavam utensílios como potes de cerâmica, cestos de pa- lha, arcos, flechas e instrumentos musicais. Eram guerreiros habilidosos. Sabe-se que os Goitacá, que habitavam a região onde atualmente se lo- caliza o município de Campos dos Goytacazes, eram excelentes nadadores e corredores. Esse grupo demonstrou grande resistência aos colonizadores que se estabeleceram em seu território. ECKHOUT, Albert. Índio tupi. 1643. 1 óleo sobre tela, color.,267 cm × 159 cm. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague. ECKHOUT, Albert. Índio tapuia. 1641. 1 óleo sobre tela, color., 272 cm × 161 cm. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague. Nessas reproduções de obras do pintor holandês Albert Eckout, é possível observar um indígena Tupi e um Tapuia (nome pelo qual os Tupi chamavam os grupos não Tupi). No início da colonização, os indígenas de famílias linguísticas diferentes da Tupi não tiveram tanto contato com os europeus e isso aconteceu porque eles viviam em regiões mais afastadas do litoral ou entre serras de difícil acesso. © W ik im ed ia C om m on s/ sc an ne d fr om th e bo ok A lb er t Ec kh ou t: ee n H ol la nd se ku ns te na ar in B ra zi lië © W ik im ed ia C om m on s/ G oo gl e Cu ltu ra l I ns tit ut e 27 Relacione as duas colunas. A Habitavam o litoral das terras flu- minenses e foram os primeiros a ter contato com os europeus. B Nome pelo qual os Tupi chama- vam os indígenas que não eram da mesma família linguística. C Eram bons nadadores e viviam na região que atualmente se cha- ma Campos dos Goytacazes. D Atividades praticadas pelos Tupi. E Práticas realizadas em dias de festas nas aldeias do povo Tupi. mãoLápis na Agricultura, cerâmi- ca e artesanato com materiais retirados da natureza. Tapuia. Pinturas corporais, danças e músicas. Tupi. Goitacá. Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas contam com a participação de et- nias nativas de diversos países. Entre as modalidades disputadas, há arremes- so de lança; uso de arco e flecha; disputa de cabo de força; canoagem; corrida; prática de peikrãn (peteca) e jikunahati (futebol de cabeça). O objetivo principal dessas competições é valorizar os esportes praticados pelas diversas etnias indígenas e va- lorizar a cultura dos povos nativos. Conectando com ... A primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas foi realizada em 2015 na cidade de Palmas, em Tocantins, e contou com a participação de indígenas de 24 países. Divo Padi lha. 2 020. 3D. ©Flickr/Tiago Zenero/PNUD Brasil 28 Grande parte dos indígenas que habitava o território fluminense desa- pareceu em guerras contra não indígenas, por causa da escravização ou por doenças trazidas pelos europeus. Apesar disso, ainda existem povos nativos habitando algumas aldeias no estado do Rio de Janeiro, entre elas, Bracuí, em Angra dos Reis; Rio Pequeno, Paraty Mirim, Mamanguá e Araponga, em Paraty; e Tekoá Mboy-ty, em Maricá. Na maioria das aldeias, vivem indígenas do grupo Guarani, falantes do idioma tupi, que chegaram à região a partir dos anos 1940. Nessas aldeias também vivem in- dígenas descendentes de outros povos nativos que habitam as terras fluminen- ses desde os anos 1800. Além de lutar para que suas tradi- ções e terras, que são heranças de seus ancestrais, sejam preservadas, muitos in- dígenas enfrentam ações de preconceito constantemente. Eu, cidadão 1 Pesquise e anote em seu caderno o nome de aldeias que existem na região onde você vive e do grupo indígena que habita essas áreas. Cole imagens ou ilustre o modo de vida desses grupos. 2 Em jornais, na internet ou perguntando a adultos de seu convívio, pesqui- se exemplos de situações de preconceito e dificuldades enfrentadas por indígenas que habitam a mesma região onde você vive. 3 Reúna-se a alguns colegas e criem um cartaz contra o preconceito e a discriminação de indígenas. O trabalho poderá ser exposto em um mural na escola. Na atualidade, a maioria dos indígenas vivem em áreas urbanas. Poucos ainda habitam áreas rurais. Na imagem, indígenas da aldeia Mata Verde Bonita, em Maricá, assistem a um jogo de futebol realizado na aldeia. ©Pulsar Imagens/Luciana Whitaker 29História – Rio de Janeiro - 3o. ano Os portugueses em nossas terras Os povos indígenas do Rio de Janeiro lutaram para preservar as terras que habitavam e combater os povos que chegavam de outros lugares e ameaça- vam tomar esses territórios, prejudicando o modo de viver das comunidades. Após muitos anos de constantes lutas, os colonizadores portugueses se es- tabeleceram definitivamente nas terras fluminenses e trouxeram costumes muito diferentes daqueles praticados pelos indígenas. Com os primeiros colonizadores, vieram também os missionários de ordens religiosas. Entre esses religiosos, destacaram- -se os jesuítas que se dedicaram à catequização dos indígenas, ensinando a eles a religião católica, a língua portuguesa e o modo de viver dos europeus. Os indí- genas eram batizados e então passavam a usar nomes de origem portuguesa. Os jesuítas também fundaram reduções para o aldeamento de indígenas, como aconteceu no município de São Pedro da Aldeia. Glossário missionários: pessoas que se dedicam a ensi- nar ou apresentar uma fé a outras pessoas. reduções: aldeamen- tos indígenas organi- zados pelos religiosos católicos. Embora pudessem ter diferenças, as reduções jesuíticas eram organizadas de maneira bastante semelhante. Cemitério Casa dos religiosos Local para tropas Praça Terreiro Depósito para mantimentos Casas dos indígenas Paiol D iv o Pa di lh a. 2 02 0. 3 D. 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro30 Observe como o pintor Firmino Monteiro representou o momento da fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565. historiadorEu, MONTEIRO, Firmino. A fundação do Rio de Janeiro. 1881. 1 óleo sobre tela, color., 200 cm × 300 cm. Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. (Detalhe). De acordo com a leitura dessa obra e com seus estudos, identifique os personagens indicados na imagem conforme esta legenda: 1 Indígenas 2 Colonizadores portugueses 3 Jesuítas © W ik im ed ia C om m on s/ H al le y P ac he co d e O liv ei ra 31História – Rio de Janeiro - 3o. ano Um novo modo de viver Com a fundação da cidade do Rio de Janeiro, funcionários portugueses foram trazidos para administrar e organizar a cidade, motivando a construção da câmara, da igreja e da cadeia. Os colonizadores construíram suas casas com madeira, barro e pedras. No interior das moradias, havia somente alguns bancos para se sentar e redes para dormir. O chão era de terra batida e o fogão enchia o ambiente de fuma- ça, pois, na cobertura, não havia chaminé. Nos fundos dessas construções, os portugueses reservavam espaços de terra para fazer um quintal com hortas e pomares. As roupas e demais objetos – livros, louças, talheres, espelhos e baús – vinham da Europa, mas poucas pessoas dispunham de recursos para comprar esses itens. Nos arredores das casas, foram criadas la- vouras de cana-de-açúcar. Na feitoria de Cabo Frio, os colonizadores armazenavam o pau-brasil que seria enviado para Portugal. Durante muito tempo, a vida nas cidades do Rio de Janeiro permaneceu sem grandes mudan- ças. No entanto, com a transferência da sede da administração colonial para a cidade do Rio de Janeiro, em 1763, as cidades do entorno, aos pou- cos, foram sendo modificadas. Na época, havia casas dispostas em quarteirões, com praças frequenta- das por muitas pessoas na cidade do Rio de Janeiro. Nas ruas, existia um siste- ma de iluminação obtido com a queima de óleo de baleia. A partir da chegada da Família Real portuguesa, em 1808, a cidade cresceu com o surgimento de diversas construções, a criação de monumentos e a organização de festejos e solenidades, realizados para o príncipe e a Corte. Nas cidades, as pessoas frequentavam a igreja para assistir a missas e participar de batizados, casamentos ou funerais. Os filhos e as filhas das famí- lias mais ricas estudavam em seminários e conventos das diversas congrega- ções religiosas. Glossário feitoria: organização esta- belecida pelos portugueses em pontos de interesse co- mercial (locais com acesso a bens como especiarias, me- tais precisos ou pau-brasil, no caso brasileiro) ou de in- teresse militar (para auxiliara proteger os navegantes por- tugueses que percorriam as rotas comerciais) no período das Grandes Navegações. 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro32 brincar?Vamos Re na n Ta ke sh ita . 2 02 0. D ig ita l. No labirinto a seguir, ajude o i mperador D. Pedro II a chegar a sua mo radia. 33História – Rio de Janeiro - 3o. ano A presença africana A cidade do Rio de Janeiro, por causa de sua localização geográfica, tor- nou-se um importante porto, onde chegavam navios que traziam africanos escravizados para trabalhar no Brasil. O tráfico de africanos escravizados era lucrativo para os portugueses, que o mantiveram por longos anos. A travessia do litoral africano para o Brasil durava aproximadamente dois meses, e as pessoas eram trazidas amontoadas no porão dos navios. Muitos africanos morreram durante a viagem, pois as condições de hi- giene e a alimentação no navio eram precárias, o que facilitava o aparecimen- to de doenças. Por isso, esses navios ficaram conhecidos como tumbeiros. No mapa a seguir, conheça as principais regiões de embarque e desem- barque de africanos escravizados trazidos ao Brasil. As regiões africanas de onde mais pessoas foram retiradas e trazidas como escravizadas para o Rio de Janeiro atualmente correspondem a diversos países, entre eles, Angola, Gabão, República Democrática do Congo e Moçambique. Fonte: SOUZA, Marina de M. e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. p. 82. Jo ão S al om ão . 2 02 0. M od el ag em 3 D. 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro34 Quem eram os africanos escravizados trazidos ao Rio de Janeiro? A maior parte dos escravizados africanos, es- tabelecidos na região fluminense, falava idiomas semelhantes, originados da língua banto. Na África, essas pessoas viviam organizadas em diversos clãs, reinos e impérios. Eram sedentários, ou seja, viviam em moradias fixas. Praticavam a pecuária e o cultivo de alimentos como o sorgo, o feijão e a me- lancia, caçavam, pescavam e também comercializavam marfim, ouro, ferro e pedras preciosas. Alguns povos africanos dominavam a metalurgia, como os minas, e a maioria deles cultuava divindades relacionadas às forças da natureza e a seus ancestrais. Esses povos trouxeram para o território brasileiro e fluminense seus mo- dos de vida: as línguas nativas, as danças, as religiões e os diversos preparos culinários, exemplos de aspectos culturais que se misturaram à cultura por- tuguesa e indígena formando a identidade dos habitantes do atual estado do Rio de Janeiro. Glossário sorgo: alimento de origem africana, rico em ferro, zin- co, proteínas, fibras e vi- taminas; é o quinto cereal mais consumido no mundo. DEBRET, Jean-Baptiste. E scravizadas negras de diferentes nações. 183 5. 1 litografia, color., 20,7 cm × 31,6 cm. Apesar de falarem idiomas semelhantes, os povos africanos que chegaram ao Rio de Janeiro tinham tradições religiosas, costumes e culturas diferentes. Nessas obras, o artista francês Jean-Baptiste Debret representou algumas etnias africanas, que se diferenciavam, por exemplo, por características físicas, uso de enfeites, penteados e marcas faciais. DEBRET, Jean-Baptiste. Diferentes nações negras. 1835. 1 litografia, color., 15 cm × 22 cm. © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro © Bi bl io te ca P úb lic a de N ov a Io rq ue , N ov a Io rq ue 35História – Rio de Janeiro - 3o. ano 1 Marque um X nas informações corretas. No passado, pessoas de diversos povos da África foram trazidas às terras fluminenses e trabalharam como escravizadas. Os navios que traziam os africanos escravizados para o Rio de Ja- neiro ficaram conhecidos como tumbeiros, por conta das mortes que ocorriam nas viagens. Os povos africanos que chegaram ao território fluminense a partir dos anos 1500 eram nômades, não praticavam agricultura. 2 No material de apoio, faça dois desenhos. O primeiro deve representar um dos diversos povos africanos que vieram para o Brasil na condição de escravizados em seu local de origem. No segundo desenho, represen- te como esses povos viviam no território fluminense. mãoLápis na O Reino do Congo O Reino do Congo era um dos diversos reinos que existiram na África. Foi uma das regiões de origem dos africanos trazidos como escra- vizados para o Rio de Janeiro. Nesse reino, havia uma grande população, chefiada por um governante (mani), que contava com um exército e fun- cionários que o ajudavam na defesa e na administração do reino. Outros olhar es Re na n Ta ke sh ita . 2 02 0. D ig ita l. 2. Os povos que formaram o Rio de Janeiro36 O rei morava na cidade de Banza. Cercada por muralhas, essa cidade era movimentada por uma intensa rota comercial. As atividades mais valorizadas eram a tecelagem e a metalurgia de ferro, as quais eram praticadas somente pelos membros mais nobres daquela sociedade. Os quilombos e os quilombolas do Rio de Janeiro Na região que originou o estado do Rio de Janeiro, muitos quilombos foram formados pelos escravizados, que não aceitavam a condição de ex- ploração e sofrimento que enfrentavam. Os quilombos eram espaços onde os africanos e seus descendentes podiam viver livres da escravidão e recriar parte de seus modos de vida e cultura de origem. Atualmente, existem algumas comunidades quilombolas no estado do Rio de Janeiro, e grande parte da população que vive nelas é formada por descendentes dos africanos que as fundaram. Inicialmente, essas comuni- dades foram organizadas em locais de difícil acesso nas matas, entretanto, em decorrência do crescimento urbano, na atualidade, muitas dessas comu- nidades se encontram próximo às cidades. A existência e a preservação dessas comunidades é muito importante para a manutenção da cultura afro-brasileira, e, conforme a Constituição do Brasil, os quilombolas têm direito às terras que ocupam. 1 O que são quilombos? 2 Quais são as dificuldades enfrentadas pelos quilombolas na atualidade? 3 Converse com os colegas e o professor sobre como combater situações de preconceito. 4 Pesquise informações a respeito de alguma comunidade quilombola da região onde você vive. Anote as características dessa comunidade e faça um desenho para representá-la. mãoLápis na 37História – Rio de Janeiro - 3o. ano INFLUÊNCIAS CULTURAIS DOS POVOS QUE FORMARAM O RIO DE JANEIRO Na atualidade, a cultura e o modo de viver dos fluminenses são marca- dos pela influência dos povos que viveram na região em tempos passados. Por meio das gerações, as tradições e as memórias que remetem aos ances- trais foram mantidas. Leia as imagens e os textos verbais corresponden- tes para saber mais informações sobre esse assunto. O biscoito de polvilho e o chá da erva-mate gelado são populares nas praias cariocas. Esses produtos são fabricados com ingredientes tipicamente indígenas: erva-mate e mandioca. Em 2012, o trabalho dos vendedores ambulantes de chá-mate, limonada e biscoito de polvilho foi declarado Patrimônio Cultural Carioca. Na fotografia, vemos o complexo lagunar de Jacarepaguá. Diversos lugares foram batizados com nomes indígenas, como Jacarepaguá, Pavuna, Maracanã e Ipanema. Além disso, muitas pessoas recebem nomes de origem indígena, como Cauê, Iara, Iracema, Iraci, Raoni, entre outros. A palavra carioca também é de origem indígena e significa “casa do homem branco”. A culinária fluminense recebeu influências indígena, africana, portuguesa entre outras. O milho e a mandioca são ingredientes tradicionalmente cultivados pelos indígenas. Esses produtos são a base para a produção de farinhas, tapioca, bolos, curau, pamonha, etc. O chuvisco é uma receita de origem portuguesa. Já o consumo de feijão-preto, melancia e café é de origem africana. MEUS ANCESTRAIS AFRICANOS INFLUENCIARAM A CULINÁRIA DO RIO DE JANEIRO E TAMBÉM O NOSSO IDIOMA. MUITAS PALAVRAS USADAS AQUI SÃO DE ORIGEM AFRICANA. POR EXEMPLO, BABÁ,BOBÓ, MOLEQUE, FAROFA, QUITUTE, BERIMBAU, MARIBONDO E DENGO. innnnfluêêêncii poportrtugugu ueeue e e a aa mamamam nn trtrrradadicicccioionnn ininnndídígegeg nanaa paparara aa ppp bobob lolos,s,s cccuuuu éé é umummmaa rereeee oo coconsnsnn umummmm cacaféfé éé ddd PALAVRAS USADAS AQUI SÃO DE ORIGEM PALAVRAS USADAS AQUI SÃ DE ORIGEO DDE ORIGEMM AFRICANA. POR EXEMPLO, BABÁ, BOBÓ, AFRICANA. POR EXEMPLO, BABÁ, BOBAAFRICANA. POR EXEMPLO, BABÁ, BOBÓÓ,, MOLEQUE, FAROFA, QUITUTE, BERIMBAU, MOLEQU FAROFA QUITUMOLEQUE, FFAROFA, QUITUUTE, BERIMBTETE, BERIMBAAUU, , MARIBONDO E DENGO.MARIBONDO E DEO E DENNGOO. Br un a As si s B ra si l. 2 02 0. D ig ita l. ©Pulsar Imagens/Luciana W hitaker ©Pulsar Imag ens/Chico Ferreira 38 Quais influências dos povos que formaram o estado do Rio de Janeiro estão presentes em seu dia a dia? A religião de muitos moradores do Rio de Janeiro é o candomblé. Essa tradição religiosa surgiu entre os africanos escravizados no Brasil. O hábito de jogar flores no mar em oferenda a Iemanjá, divindade do mar, no dia de Ano-Novo, é uma prática dos candomblecistas. O catolicismo, religião trazida pelos portugueses, também foi adotada por muitos fluminenses. Uma das atrações de nosso estado tornou-se conhecida em várias regiões do mundo: o Carnaval, evento em que ocorrem desfiles de blocos carnavalescos e de escolas de samba. Essa festa já existia na Europa, há muito tempo, sendo realizada por camponeses e artesãos que interrompiam sua rotina de trabalho para descansar e se divertir. Durante vários dias, essas pessoas comiam, dançavam e bebiam, fazendo brincadeiras umas com as outras. O Carnaval foi trazido pelos portugueses ao Brasil, mas o samba foi criado com base em ritmos africanos, assim como o chorinho, que também teve influência de povos da África. historiadorEu, ©Shutterstock/Cp dc Press © Sh ut te rs to ck /Is be l d ia s 39História – Rio de Janeiro - 3o. ano 3. O trabalho e as relações sociais no Rio de Janeiro Neste capítulo, vamos conhecer diversos espaços de lazer e identificar os espaços que fazem parte da comunidade onde vivemos. Também vamos estudar algumas das atividades econômicas de nosso estado e conhecer trabalhos e ofícios realizados no Rio de Janeiro em diferentes períodos, comparando semelhanças e diferenças. Va ne ss a Al ex an dr e. 2 02 0. D ig ita l. TRABALHO E LAZER O trabalho e o lazer são direitos que devem ser garantidos a todas as pessoas. Além de trabalhar, os adultos também têm direito de descansar e de se divertir. As crianças, por sua vez, devem frequentar a escola e brincar em espaços adequados e seguros. Diga aí Leia esta imagem: 1 3 2 Que tipo de espaço foi registrado nessa imagem? Na comunidade onde você vive, existem espaços como o mostrado na imagem? Você costuma frequentá-los? Há pessoas que t rabalham nesses espaços? Quem são essas pessoas? © Sh ut te rs to ck /N go c tr an 41História – Rio de Janeiro - 3o. ano O lazer no passado As formas de se divertir, assim como de trabalhar, mudaram com o pas- sar do tempo. Em outras épocas, as pessoas usavam o quintal de casa e as ruas como espaços de lazer. Entretanto, com o crescimento das cidades, em muitas comunidades isso não é mais possível. Leia as informações a seguir sobre algumas atividades de lazer realiza- das pelos moradores do Rio de Janeiro no passado. MALTA, Augusto. Multidão passeia pela Avenida Central no Carnaval. 1908. 1 fotografia, p&b. Arquivo George Ermakoff. ©Arquivo George Ermakoff Ω dançar e cantar no quintal de casa Ω pular corda Ω jogos com bola Ω pião Ω andar de bicicleta na rua As ruas da cidade também serviram como locais de diversão para a po- pulação do início dos anos 1900, quando muitas festas eram realizadas em espaços públicos. 42 1 As informações da página anterior trazem formas de lazer presentes na cidade onde você vive atualmente? Justifique sua resposta. 2 Quais formas de lazer presentes em sua comunidade são diferentes das registradas na página anterior? 3 Pesquise uma forma de diversão praticada no passado pelas famílias da comunidade onde você vive e desenhe essa prática no quadro a seguir. Escreva uma legenda para seu desenho. mãoLápis na 43História – Rio de Janeiro - 3o. ano PROFISSÕES, OFÍCIOS E OCUPAÇÕES EM OUTROS TEMPOS Na atualidade, existe uma grande diversidade de profissões nas cidades e no campo. Professores, dentistas, comerciantes, artesãos e agricultores são alguns exemplos de profissões que você já deve conhecer. Esses trabalhadores fazem parte das atividades econômicas desenvol- vidas em nossa região, ou seja, das atividades relacionadas à geração de ri- quezas e à prestação de serviços para a população. Existem trabalhadores que prestam serviços, é o caso dos médicos, dos coletores de lixo, dos motoristas de ônibus e dos policiais. Há também aque- les que trabalham com a produção de bens, como os operários de fábricas e os artesãos. Além deles, existem pessoas que trabalham com a produção de alimentos por meio do cultivo da terra, os agricultores. Por fim, existem os traba- lhadores do comércio, que vendem os mais variados produtos. Interpretando 1 Leia esta imagem: AVENIDA Passos no Rio de Janeiro. [ca.1925]. 1 fotografia, p&b. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. No passado, será que essas profissões já existiam? E na atualidade? Algumas profissões do passado ainda são desenvolvidas? ©Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 44 De acordo com sua leitura, responda às questões. a) Que trabalhadores aparecem na imagem? b) Nessa fotografia, é possível ver outras pessoas além dos trabalhado- res. Que tipos de trabalhos elas poderiam realizar naquela época? Converse com os colegas e o professor sobre esse assunto. 2 Desembaralhe as sílabas e identifique algumas profissões que eram bastante comuns no passado. Depois, circule o nome daquelas que ain- da existem. 3 No município onde você mora, existem profissões que desapareceram com o tempo? Converse com as pessoas de mais idade de sua família para descobrir quais profissões ou ofícios deixaram de existir. Registre o que descobriu e apresente essas informações aos colegas. NIS TE FO TA LE DE A CEN DOR DE PI LAM ÃO DE DOR VEN DE TAS FRU BEI BAR RO da existem. DDE EDEDEDEDEDEDEDEDEEDEDEDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDEEEEEEEEEEEEDE DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD ÃÃÃÃÃOOOOO Va ne ss a Al ex an dr e. 2 02 0. D ig ita l. 45História – Rio de Janeiro - 3o. ano O trabalho no campo No passado, as pessoas que viviam no campo se dedicavam à agricul- tura, praticando a lavoura, isto é, o cultivo de produtos agrícolas, tanto para abastecer os habitantes da propriedade, quanto para vender esses produtos nas cidades. Em muitos locais, também havia engenhos ou criação de gado. Proprietários de engenhos e de fazendas de gado usavam mão de obra escrava nos serviços de plantio, produção de açúcar e criação de animais. Durante as primeiras décadas dos anos 1800, a cultura do café se tornou muito importante na região do Vale do Paraíba, na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. A região se desenvolveu com a riqueza dessa atividade, e os fazendeiros daquela época ficaram conhecidos como barões do café. A mata nativa dessas áreas foi derrubada para dar lugar ao plantio do café, cultivado em grandes fazendas com o trabalho dos escravizados. Depois de colhido, torrado e ensacado, o café era transportado pelos tropeiros até o porto do Rio de Janeiro, onde era embarcado em navios para ser comerciali- zado na Europa. historiadorEu, 1 Leia a imagem ao lado, que retrata o trabalho nas fazendas de café no ano de 1882. FERREZ, Marc. Escravos em terreiro de uma fazenda de café na região do Vale do Paraíba. 1882. 1 fotografia, p&b. Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro. ©Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles 3. Otrabalho e as relações sociais no Rio de Janeiro46 De acordo com a imagem, responda às perguntas. a) Que tipo de fonte histórica foi reproduzida na página anterior? Uma fonte escrita. Uma fonte visual. b) Quem são as pessoas que aparecem na imagem? c) Que tipo de trabalho essas pessoas estão realizando? 2 As imagens a seguir representam algumas formas de transportar café durante os anos 1800 e início dos 1900. Leia essas imagens. De acordo com sua leitura, responda às questões. a) Que formas de transportar a produção de café foram registradas nas imagens? Qual seria a forma mais antiga? b) Na região onde você vive, ainda são usadas essas formas de transpor- tar mercadorias? Justifique a sua resposta. TEIVE, Joaquim L. Nº 39 Carregadores de café. 1841. 1 litografia, color., 23 cm × 19 cm. Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro. BARCA e trem chegando no pier Barão de Mauá, na Estação Guia de Pacobaíba. [s.d]. 1 fotografia p&b. © W ik im ed ia C om m on s/ Br as ili an a Ic on og rá fic a © W ik im ed ia C om m on s/ Its m ar tin s 47História – Rio de Janeiro - 3o. ano O TRABALHO ESCRAVIZADO A mão de obra escrava foi utilizada desde o início da colonização do Brasil. Inicialmente, os indígenas foram escravizados pelos portugueses. Entretanto, os jesuítas eram contra essa escravização e usaram sua influên- cia junto à Coroa portuguesa para que essa prática não continuasse. Nos al- deamentos dos jesuítas, os indígenas não eram escravizados e aprendiam, além da religião católica, os costumes europeus. A oposição dos jesuítas e a redução da população in- dígena causada por doenças trazidas pelos europeus, conflitos com os colonizadores e mi- gração de alguns povos para o interior do terri- tório dificultaram a escravização dos indígenas pelos portugueses. Assim, desde o final dos anos 1500, os portugueses começaram a trazer africanos para trabalhar como escra- vizados em todas as atividades rea- lizadas na Colônia: na agricultura, na pecuária e nos trabalhos domésticos, por exemplo. Muitos africanos que chegavam ao porto do Rio de Janeiro eram levados para trabalhar em outras regiões do Brasil. Nos engenhos de açúcar e nas fazendas de criação de gado e produção de café, os escravizados realizavam todos os tipos de trabalho. Eles plantavam, colhiam e transportavam a pro- dução. Na região de Campos dos Goytacazes, os escravizados cuidavam dos rebanhos e pro- videnciavam o transporte das cargas para a venda. Vanessa Alexandre. 2020. Digital. 48 Havia também escravizados na cidade. Alguns eram alugados por seus donos para realizar serviços para outras pessoas me- diante uma taxa paga diretamente aos pro- prietários. Essas pessoas eram chamadas de “escravos de ganho”. Nas cidades flumi- nenses, elas realizavam inúmeros tipos de trabalho: construíam casas, abriam ruas, montavam calçadas, entre outras obras pú- blicas. Trabalhavam também no transporte de car- gas e de pessoas, no comércio ambulante e como barbeiros, sapateiros, alfaiates, ferreiros, carpinteiros, entre outros ofícios. Diariamente, transitavam pelas ruas da cidade mulheres e crian- ças escravizadas com seus tabuleiros, que eram usados para vender frutas, refrescos, doces e salgados. As mulheres também trabalhavam como costureiras, cozi- nheiras, lavadeiras e fiandeiras, e as crianças levavam recados e faziam pequenos serviços domésticos. Glossário fiandeiras: pessoas que trabalham fiando, ou seja, produzindo fios para con- fecção de tecidos. 1 No diagrama, encontre palavras relacionadas a seis ocupações dos es- cravizados que viviam no Rio de Janeiro. 2 Agora, de acordo com o que foi estudado sobre o trabalho dos escravi- zados, escreva três frases com as palavras que encontrou. brincar?Vamos J M O E R Y N L R L R O Q L W S C L R E C A D O S Ç K G A N D O K I Q A L R O Q T W H V A R S M Z V K C O M É R C I O E N T R A N S P O R T E F H U G J U H V J Q S T U E W E O R T I R C O N S T R U Ç Ã O T A H P A R U T J R U O B E G D F A Vanessa Alexandre. 2020. Digital. 49História – Rio de Janeiro - 3o. ano O trabalho escravizado na capital do Império historiadorEu, Leia esta imagem: ENDER, Thomas. Vista da fonte da Carioca – 1 Convento de Santo Antônio – 2 Capella dos Terceiros (Ordem Terceira de São Francisco da Penitência). 1817. 1 aquarela, color. Academia de Belas Artes de Viena, Áustria. Após a chegada da Família Real portuguesa, em 1808, a cida- de do Rio de Janeiro passou por um grande crescimento popu- lacional que promoveu mudanças. Na cidade, aconteceram melhorias urbanas, com a construção de casas, abertura de ruas e desenvolvimento do comércio. Naquele tempo, não havia água encanada nem banhei- ros domésticos. As pessoas tomavam banho nos rios e usa- vam a água dos chafarizes para cozinhar e para a higiene pessoal. Os escravizados buscavam água nos rios, fontes e chafarizes para abastecer as residências e o comércio. Como também não existia rede de esgoto, eram os escravizados que transportavam os excrementos em grandes vasilhas para lançá-los nas praias, e, por isso, as águas do mar eram impróprias para banho. © W ik im ed ia C om m on s/ Ak ad em ie d er B ild en de n Kü ns te W ie n d p Re na n Ta ke sh ita . 2 02 0. D ig ita l. 3. O trabalho e as relações sociais no Rio de Janeiro50 Essa obra representa um local muito movimentado na época, o Largo da Carioca, na cidade do Rio de Janeiro. A respeito da imagem, responda às questões: a) Quem são as pessoas retratadas na imagem? b) Como essas pessoas estão vestidas? c) O que essas pessoas estão fazendo? Conectando com ... O abastecimento de água, a coleta e o tratamento de esgoto e o manejo de águas pluviais (da chuva), serviços também conhecidos como saneamen- to básico, ainda são deficientes em muitas cidades de nosso estado. No decorrer do tempo, foram realizadas obras públicas com o objetivo de melhorar esses serviços para a população; contudo, nem todos os bairros foram contemplados com essas obras. Os bairros mais pobres e de ocupa- ção desordenada sequer receberam esse tipo de serviço. A falta de sanea- mento básico resulta em riscos para a saúde da população. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008, os 92 mu- nicípios do estado ofereciam a seus habitantes os serviços de abastecimento de água e 85 deles ofereciam também os de tratamento de esgoto. O trata- mento de água e esgoto são direitos de todos os cidadãos, e é preciso exigir que esse direito seja garantido pelo governo. 51História – Rio de Janeiro - 3o. ano O TRABALHO LIVRE Com o fim da escravidão no Brasil em 1888, as relações de trabalho mu- daram, pois essa prática se tornou ilegal. No trabalho livre, o trabalhador recebe remuneração pelo serviço presta- do e tem liberdade de escolha, caso deseje mudar de empregador ou de tra- balho. A maioria das pessoas trabalha em troca de um salário, por isso se diz que é um trabalhador assalariado. O trabalho escravo é definido como um trabalho forçado, em que a pessoa não tem liberdade e é considerada propriedade de um senhor, o escravizador. Na atualidade, o trabalho escravo é proibido por lei. No entanto, ainda ouvimos notícias de pessoas submetidas a condições de trabalho análogo à escravidão, ou seja, semelhante à escravidão. Nesses casos, o poder público deve garantir ao trabalhador os direitos fundamentais e punir quem desobe- dece à lei. O principal órgão que regula as condições de trabalho no Brasil é o Ministério Público do Trabalho. É um órgão público cuja função é garantir os direitos dos trabalhadores, atuando para fiscalizar o cumprimento das leis tra- balhistas no campo e na cidade. Entre as funções desse órgão, também há a defesa da criança e do adolescente contra a exploração do trabalho infantil. Eu, cidadão Que tal ajudar na conscientização e na defesa dosdireitos dos trabalhadores? Formem grupos e busquem informações atuais sobre casos de trabalho análogo à escravidão. De acordo com o que pesquisaram, elaborem um cartaz para conscientizar a população sobre a im- portância de se combater essa prática. Lembrem-se de também indicar telefones ou sites para denúncia. 3. O trabalho e as relações sociais no Rio de Janeiro52 Material de apoio Pá gi na 7 – Pa tr im ôn io c ul tu ra l d a re gi ão 53História – Rio de Janeiro - 3o. ano Material de apoio Pá gi na 3 6 – Lá pi s n a m ão 55História – Rio de Janeiro - 3o. ano
Compartilhar