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1 Neurofisiologia e Farmacologia dos Anestésicos locais e Vasoconstrictores Anestesia local AN = SEM AISTHESIS = SEM SENSAÇÃO ” Perda da sensação em uma área circunscrita do corpo causada pela depressão da excitação nas terminações nervosas ou pela inibição do processo de condução nos nervos periféricos” ” Produção da perda de sensibilidade sem indução da perda da consciência” Propriedades desejadas: 1. Não deve ser irritante para o tecido no qual é aplicado. 2. Não deve causar qualquer alteração permanente na estrutura dos nervos. 3. Sua toxicidade sistêmica deve ser baixa. 4. Deve ser eficaz, independentemente de ser infiltrado no tecido ou aplicado localmente nas membranas mucosas. 5. O tempo de início da anestesia deve ser o mais breve possível. 6. A duração de ação deve ser longa o suficiente para possibilitar que se complete o procedimento, porém não tão longa que exija uma recuperação prolongada. 7. Deve ter potência suficiente para proporcionar anestesia completa sem o uso de soluções em concentrações nocivas. 8. Deve ser relativamente isento quanto à produção de reações alérgicas. 9. Deve ser estável em solução e prontamente submetido à biotransformação no corpo. 10. Deve ser estéril ou capaz de ser esterilizado pelo calor sem deterioração. O que exatamente os anestésicos fazem? Impedem geração e a condução do impulso nervoso, estabelecendo um bloqueio da via química entre a origem do impulso (corte de bisturi) e o cérebro. Portanto, o impulso abortado, impedido de chegar ao cérebro, não pode ser interpretado como dor pelo paciente. Quando um anestésico local é colocado em algum ponto entre o estímulo doloroso (p. ex., a broca) e o cérebro, o impulso nervoso ainda é propagado e segue até o ponto de aplicação do anestésico local e então “morre”, jamais chegando ao cérebro, não ocorrendo dor. O neurônio: Há dois tipos básicos de neurônios: sensoriais (aferentes) e motores (eferentes). Os neurônios sensoriais que são capazes de transmitir a sensação de dor consistem em três partes principais. O axônio faz sinapse com diversos núcleos no SNC para distribuir os impulsos que chegam (sensoriais) em seus locais apropriados dentro do SNC para a interpretação. O corpo celular do nervo sensorial, portanto, não está envolvido no processo de transmissão de impulsos, sendo sua função primária proporcionar suporte metabólico vital para o neurônio inteiro. As células nervosas que conduzem impulsos do SNC para a periferia são chamadas de neurônios motores. Seu corpo celular fica interposto entre o axônio e os dendritos. 2 Nos neurônios motores, o corpo celular não somente é componente integrante do sistema de transmissão de impulsos, mas também proporciona suporte metabólico para a célula O axônio: A fibra nervosa única, o axônio, é um longo cilindro de citoplasma neural (axoplasma) envolto por uma bainha fina, a membrana nervosa ou axolema. Atualmente, considera-se que a excitabilidade e a condução dos nervos sensitivos são atribuíveis a alterações que se desenvolvem no interior da membrana nervosa. Todas as membranas biológicas são organizadas para bloquear a difusão de moléculas solúveis em água, para ser seletivamente permeáveis a determinadas moléculas através de poros ou canais especializados e para transduzir in - formações por receptores proteicos responsivos à estimulação química ou física por neurotransmissores ou hormônios. A membrana nervosa: Em repouso tem uma resistência elétrica cerca de 50 vezes maior do que aquela dos líquidos intracelular e extracelular, impedindo assim a passagem de íons sódio, potássio e cloreto no sentido decrescente de seus gradientes de concentração. Com o aumento da condutividade permite a passagem de íons sódio e potássio ao longo de seus gradientes de concentração através da membrana nervosa. É o movimento desses íons que proporciona fonte de energia imediata para a condução de impulsos ao longo do nervo. Fisiologia dos Nervos Periféricos: Os potenciais de ação são despolarizações transitórias da membrana que decorrem de um breve aumento na permeabilidade da membrana ao sódio e geralmente também de aumento tardio na permeabilidade ao potássio.9 Os impulsos são desencadeados por estímulos químicos, térmicos, mecânicos ou elétricos Eletrofisiologia da Condução Nervosa: Um nervo possui um potencial em repouso. Este é um potencial elétrico negativo de –70mV que existe através da membrana nervosa, sendo produzido por diferentes concentrações de íons em cada lado da membrana. O interior do nervo é negativo em relação ao exterior. Um estímulo excita o nervo, levando à sequência de eventos: A. Uma fase inicial de despolarização lenta. O potencial elétrico no interior do nervo torna-se discretamentemenos negativo B. Quando o potencial elétrico em declínio atinge um nível crítico, resulta em uma fase extremamente rápida dedespolarização. Isso é denominado potencial de limiar ou potencial de descarga C. Essa fase de despolarização rápida resulta em uma inversão do potencial elétrico através da membrana nervosa. O interior do nervo agora é eletricamente positivo em relação ao exterior. Existe um potencial elétrico de +40 mV no interior da célula nervosa. Após essas etapas de despolarização, ocorre a repolarização (Fig. 1-7, Etapa 2). O potencial elétrico gradualmente se torna mais negativo no interior da célula nervosa em relação ao exterior, até que o potencial em repouso original Excitação da membrana Despolarização: A excitação de um segmento do nervo provoca aumento na permeabilidade da membrana celular aos íons sódio. Isso é realizado por um alargamento transitório dos canais iônicos 3 transmembrana, o suficiente para permitir a passagem sem obstáculos de íons sódio hidratados. O influxo rápido de íons sódio para o interior da célula nervosa causa despolarização da membrana nervosa de seu nível de repouso até seu limiar de descarga. Em um nervo normal, o limiar de descarga permanece constante. A exposição do nervo a um anestésico local eleva seu limiar de descarga. A elevação do limiar de descarga significa que mais sódio precisará atravessar a membrana para diminuir o potencial transmembrana negativo até um nível em que ocorra a despolarização. Repolarização: O potencial de ação é encerrado quando a membrana se repolariza. Isso é causado pela extinção (inativação) do aumento de permeabilidade ao sódio. Onde agem os anestésicos locais É possível que os anestésicos locais interfiram no processo de excitação da membrana nervosa por uma ou mais das seguintes maneiras: 1. Alterando o potencial de repouso básico da membrana do nervo 2. Alterando o potencial de limiar (nível de descarga) 3. Diminuindo a taxa de despolarização 4. Prolongando a taxa de repolarização Estabeleceu-se que os efeitos primários dos anestésicos locais ocorrem durante a fase de despolarização do potencial de ação. A membrana nervosa é o lugar em que os anestésicos locais exercem suas ações farmacológicas. A teoria do receptor específico, a mais aceita hoje em dia, propõe que os anestésicos locais agem ligando-se a receptores específicos nos canais de sódio. Assim que o anestésico local tem acesso aos receptores, a permeabilidade aos íons sódio é diminuída ou eliminada e a condução nervosa é interrompida. O único local em que as moléculas do anestésico local têm acesso à membrana nervosa é nos nodos de Ranvier, onde os canais de sódio são encontrados em abundância Como um impulso pode saltar ou desviar de um ou dois nodos bloqueados e continuar em sua trajetória, é necessário que pelo menos dois ou três nodos imediatamente adjacentesà solução anestésica sejam bloqueados para assegurar uma anestesia eficaz. Figura 10: Entrada do canal. À esquerda está um canal aberto, permeável à entrada para o íon sódio. O canal do centro está na configuração fechada de repouso; embora impermeável ao íon sódio, o canal permanece respondendo à voltagem. O canal à direita, embora em uma configuração aberta, está impermeável porque tem um cátion de anestésico local ligado ao sítio receptor no portão. Observe que o anestésico local entra no canal a partir do lado axoplásmico (inferior); o filtro do canal impossibilita a entrada direta através da boca externa. O anestésico local torna a membrana impermeável ao íon sódio e, portanto, não excitável às correntes locais de ação. Como funcionam os anestésicos locais Deslocamento de íons cálcio do sítio receptor dos canais de sódio, o que permite... 2. A ligação da molécula de anestésico local a esse sítio receptor, o que então produz... 3. O bloqueio do canal de sódio, e uma... 4. Diminuição na 4 condutância de sódio, que leva à... 5. Depressão da taxa de despolarização elétrica, e a... 6. Falha em obter o nível do potencial de limiar, juntamente com uma... 7. Falta de desenvolvimento dos potenciais de ação propagados, o que é chamado... 8. Bloqueio de condução. O bloqueio nervoso produzido por anestésicos locais é denominado bloqueio nervoso não despolarizante. Moléculas dos anestésicos locais Em sua maioria, os anestésicos locais injetáveis são aminas terciárias. Apenas alguns (p. ex., a prilocaína e a hexilcaína) são aminas secundárias. Todos os anestésicos locais são anfipáticos, ou seja, possuem tanto características lipofílicas quanto hidrofílicas, geralmente em extremidades opostas da molécula. Pater lipofílica: Difusão através da bainha nervosa Parte hidrofílica: Permite sua injeção nos tecidos Anestésicos locais sem parte hidrofílica não são adequados para injeção, mas são bons anestésicos tópicos (p. ex., a benzocaína). Os anestésicos locais são classificados como aminoésteres ou aminoamidas, de acordo com suas ligações químicas. Os anestésicos locais ligados a ésteres (p. ex., a procaína) são prontamente hidrolisados em solução aquosa. Os anestésicos locais ligados a amidas (p. ex., a lidocaína) são relativamente resistentes à hidrólise. Sabe-se bem que o pH de uma solução de anestésico local (e o pH do tecido em que é infiltrado) influencia muito sua ação no bloqueio do nervo. A acidificação do tecido diminui a eficácia do anestésico local. Clinicamente, esse pH mais baixo tem mais probabilidade de produzir sensação de ardência na infiltração, bem como início da anestesia um pouco mais lento. Adrenalina =Ardência A elevação do pH (alcalinização) de uma solução de anestésico local acelera o início de sua ação, aumenta sua eficácia clínica e torna sua infiltração mais confortável. No entanto, por ser instável, a base do anestésico local precipita nas soluções alcalinizadas, tornando essas preparações pouco adequadas para uso clínico. Amidas: Bases fracas, pouco solúveis em águas e instáveis quando expostas ao ar. Adição de ác. Clorídrico, formando um sal. Implicações clínicas do pH e da atividade do anestésico local A maioria das soluções de anestésicos locais preparadas comercialmente sem um vasoconstritor tem pH entre 5,5 e 7. As soluções de anestésico local contendo vasopressor (p. ex., adrenalina) são acidificadas pelo fabricante pela adição de (meta)bissulfito de sódio para retardar a oxidação do vasoconstritor, prolongando assim o período de eficácia da droga. Farmacologia dos anestésicos locais Absorção: Quando injetados nos tecidos moles, os anestésicos locais exercem uma ação farmacológica sobre os vasos sanguíneos da área. Todos os anestésicos locais apresentam algum grau de vasoatividade, a maioria deles produzindo a dilatação do leito vascular no qual são depositados, embora o grau de vasodilatação possa variar e alguns deles possam produzir vasoconstrição. Os anestésicos locais do tipo éster são também potentes substâncias vasodilatadoras. A procaína, o 5 vasodilatador mais potente entre os anestésicos locais. A cocaína é o único anestésico local que produz vasoconstrição consistente. A ação inicial da cocaína é de vasodilatação, que é seguida por vasoconstrição intensa e prolongada Um efeito clínico significativo da vasodilatação é um aumento da velocidade de absorção do anestésico local para a corrente sanguínea, diminuindo, assim, a duração e a qualidade (p.ex., profundidade) do controle da dor e aumentando a concentração sanguínea (ou plasmática) do anestésico e o potencial de superdosagem (reação tóxica). As velocidades em que os anestésicos locais são absorvidos para a corrente sanguínea e alcançam seu nível sanguíneo máximo variam de acordo com a via de administração. Via oral, tópica e injeção Via Oral: Com exceção da cocaína, os anestésicos locais são absorvidos pelo trato gastrointestinal após a administração oral de maneira insuficiente Via Tópica: Os anestésicos locais são absorvidos em diferentes velocidades após sua aplicação sobre as mucosas. Injeção: A velocidade de absorção dos anestésicos locais após a administração parenteral (subcutânea, intramuscular ou IV) está relacionada tanto com a vascularização do local da injeção quanto com a vasoatividade da substância. Distribuição: Depois de absorvidos pela corrente sanguínea, os anestésicos locais são distribuídos para todos os tecidos do corpo. Os orgãos (e áreas) altamente perfundidos, como cérebro, cabeça, fígado, rins, pulmões e baço, apresentam inicialmente níveis sanguíneos mais elevados do anestésico do que aqueles menos perfundidos. Meia vida de eliminação A velocidade em que o anestésico local é removido do sangue. Definida de forma simples, a meia-vida de eliminação é o tempo necessário para uma redução de 50% do nível sanguíneo. Todos os anestésicos locais atravessam com facilidade a barreira hematoencefálica. Eles também atravessam prontamente a placenta e entram no sistema circulatório do feto em desenvolvimento. Excreção: Os rins são os órgãos excretores primários tanto para os anestésicos locais quanto para seus metabólitos. Uma percentagem da dose do anestésico local é excretada inalterada na urina. Os pacientes com insuficiência renal significativa podem ser incapazes de eliminar do sangue o anestésico local original ou seus principais metabólitos, resultando em um ligeiro aumento dos níveis sanguíneos desse composto e, portanto, em aumento no potencial de toxicidade. Isso inclui pacientes que se submetem à diálise e aqueles portadores de glomerulonefrite ou pielonefrite crônica. Ações sistêmicas dos anestésicos locais. Os anestésicos locais são compostos químicos que bloqueiam de maneira reversível os potenciais de ação em todas as membranas excitáveis. O sistema nervoso central (SNC) e o sistema cardiovascular (SCV) são, portanto, particularmente suscetíveis a suas ações. A maioria das ações sistêmicas dos anestésicos locais é relacionada com seu 6 nível sanguíneo ou plasmático no órgão- alvo (SNC, SCV). Quanto maior o nível, mais intensa será a ação clínica. Sistema Nervoso Central: Os anestésicos locais atravessam facilmente a barreira hematoencefálica. Sua ação farmacológica no SNC é a depressão. Em níveis sanguíneos baixos (terapêuticos, não tóxicos), não ocorrem efeitos clinicamente significativos no SNC. Em níveis mais altos (tóxicos, superdosagem), a manifestação clínica primária é a convulsão tônico-clônica generalizada Mecanismo das Propriedades Anticonvulsivantes: Os pacientes epilépticos apresentam neurônios corticais hiperexcitáveis no local no cérebroonde o episódio convulsivo tem origem (designado como foco epiléptico ). Em virtude de suas ações depressoras no SNC, os anestésicos locais elevam o limiar convulsivo por meio da redução da excitabilidade desses neurônios, prevenindo ou interrompendo as crises. Analgesia: Existe uma segunda ação dos anestésicos locais no SNC. Quando administrados por via intravenosa, eles aumentam o limiar de reação à dor e produzem algum grau de analgesia. Elevação do Humor: A cocaína é usada há muito tempo por suas ações de indução de euforia e redução da fadiga. Sistema Cardiovascular: Os anestésicos locais têm ação direta no miocárdio e na vasculatura periférica. Entretanto, em geral, o sistema cardiovascular parece ser mais resistente aos efeitos de substâncias anestésicas locais do que o SNC. Os anestésicos locais produzem depressão do miocárdio que está relacionada com o nível sanguíneo do anestésico local. Os anestésicos locais diminuem a excitabilidade elétrica do miocárdio, a velocidade de condução e a força de contração. A cocaína é o único anestésico local que produz vasoconstrição de maneira consistente nas doses comumente empregadas. O efeito primário dos anestésicos locais sobre a pressão arterial é a hipotensão. A procaína produz hipotensão em maior frequência e em um grau mais significativo que a lidocaína. Farmacologia dos Vasoconstritores. Todos os anestésicos locais injetáveis clinicamente eficazes são vasodilatadores; Após injeção de um anestésico local nos tecidos, os vasos sanguíneos (principalmente arteríolas e capilares) da área dilatam-se, resultando em um aumento da perfusão no local e levando às seguintes reações: 1. Aumento da taxa de absorção do anestésico local pelo sistema cardiovascular, que por sua vez o remove do local de infiltração (redistribuição). 2. Maiores níveis plasmáticos do anestésico local, com consequente aumento do risco de toxicidade (intoxicação por dose excessiva) do anestésico local. 3. Diminuição da profundidade e da duração da anestesia devido à difusão mais rápida da solução anestésica para fora do local de injeção. 4. Aumento do sangramento no local do tratamento devido ao aumento da perfusão. Os vasoconstritores são fármacos que contraem os vasos sanguíneos e, portanto, controlam a perfusão tecidual. Eles são adicionados às soluções anestésicas locais 7 para equilibrar as ações vasodilatadoras intrínsecas dos anestésicos locais. Os vasoconstritores são adições importantes a uma solução anestésica local, pelas seguintes razões: 1. Por meio da constrição de vasos sanguíneos, os vasoconstritores diminuem o fluxo sanguíneo (a perfusão) para o local de administração do anestésico. 2. A absorção do anestésico local para o sistema cardiovascular torna-se mais lenta, resultando em níveis sanguíneos menores do anestésico. 3. Os níveis sanguíneos do anestésico local são reduzidos, diminuindo assim o risco de toxicidade do anestésico local. 4. Maiores quantidades de anestésico local penetram no nervo, onde permanecem por períodos mais longos, aumentando (em alguns casos de maneira significativa em outros minimamente) a duração de ação da maioria dos anestésicos locais. 5. Os vasoconstritores diminuem o sangramento no local da administração; portanto, eles são úteis quando é previsto sangramento elevado. Modo de ação: Os fármacos de ação direta, que exercem sua ação diretamente nos receptores adrenérgicos; os fármacos de ação indireta, que atuam através da liberação de noradrenalina das terminações nervosas adrenérgicas; e os fármacos de ação mista, com ações direta e indireta. Receptores Adrenérgicos: Os receptores adrenérgicos são encontrados na maioria dos tecidos do corpo. A ativação dos receptores a pôr um agente simpaticomimético comumente produz uma resposta que inclui a contração do músculo liso dos vasos sanguíneos (vasoconstrição). A ativação dos receptores b produz o relaxamento do músculo liso (vasodilatação e broncodilatação) e a estimulação cardíaca (aumento da frequência cardíaca e da força de contração). Os receptores b são ainda divididos em b1 e b2. Os receptores b1 são encontrados no coração e no intestino delgado e são responsáveis pela estimulação cardíaca e pela lipólise; os receptores b2 são encontrados nos brônquios, leitos vasculares e no útero, produzindo broncodilatação e vasodilatação. VER TABELA 22 Concentração dos Vasoconstritores: A concentração dos vasoconstritores é comumente referida como uma relação (p. ex., 1 para 1.000 [escreve-se 1:1.000]). Como as doses máximas dos vasoconstritores são apresentadas em miligramas, ou atualmente mais comumente em microgramas. Uma concentração de 1:1.000 significa que há 1 g (1.000 mg) de soluto (fármaco) contido em 1.000 ml de solução A noradrenalina, que não possui ações significativas nos receptores b2, produz intensa vasoconstrição periférica, com possível elevação dramática da pressão arterial, e é associada a um índice de efeitos colaterais nove vezes maior do que a adrenalina. Embora ainda disponível em alguns países em soluções anestésicas locais, o uso da noradrenalina como vasoconstritor em odontologia está diminuindo e não é recomendado. Agentes específicos ADRENALINA (EPINEFRINA): Mais utilizado no mundo; Agente de escolha da maioria das anestesias; 8 Modo de Ação: A adrenalina atua diretamente nos receptores a- e b- adrenérgicos; os efeitos b predominam. Aumento das pressões sistólica e diastólica. • Aumento do débito cardíaco. • Aumento do volume sistólico. • Aumento da frequência cardíaca. • Aumento da força de contração. • Aumento do consumo miocárdico de oxigênio. Efeitos Colaterais e Superdosagem: estão relacionadas com a estimulação do SNC e incluem aumento do temor e ansiedade, tensão, agitação, cefaleia pulsátil, tremor, fraqueza, tontura, palidez, dificuldade respiratória e palpitação. Disponibilidade em Odontologia: A adrenalina é o vasoconstritor mais potente e mais amplamente utilizado na odontologia. Doses Máximas: Deve ser usada a solução menos concentrada que produza controle eficaz da dor. Hemostasia: As soluções de anestésico local contendo adrenalina são utilizadas, através de infiltração no local da cirurgia, para prevenir ou minimizar a hemorragia duran - te procedimentos cirúrgicos ou outros. A concentração de adrenalina de 1:50.000 é mais eficaz neste aspecto Minimizado em pacientes cardíacos especialmente angina, doença isquêmica e infarto no miocárdio; • 1:50000, 1:100000 ou 1:200000; NORADRENALINA (NOREPINEFRINA): Mecanismo de Ação: As ações da noradrenalina são quase que exclusivamente sobre os receptores a (90%). Ela também estimula as ações b no coração (10%). A noradrenalina apresenta um quarto da potência da adrenalina. Disponibilidade na Odontologia. Nos Estados Unidos, a noradrenalina não é mais disponível nas soluções de anestésicos locais usados na odontologia Efeitos colaterais: cefaléia intensa, hipertensão arterial, necrose e descamação tecidual; Desuso na odontologia. FENILEFRINA: Há estimulação direta do receptor a (95%). Embora o efeito seja menor que o da adrenalina, sua duração é maior. A fenilefrina possui apenas 5% da potência da adrenalina. Aplicações Clínicas. A fenilefrina é utilizada como vasoconstritor em anestésicos locais. Disponibilidade em Odontologia: A fenilefrina era utilizada com a procaína a 4% em uma concentração a 1:2.500 (não é mais disponível em tubetes anestésicos odontológicos). É um excelente vasoconstritor, com poucos efeitos colaterais significativos FELIPRESSINA: Origem: A felipressina é um análogo sintético do hormônio antidiurético vasopressina. Ela é uma amina não simpaticomimética,classificada como um vasoconstritor. Aplicações Clínicas: A felipressina é utilizada como vaso - constritor em anestésicos locais para diminuir sua absorção e aumentar a duração de sua ação. Não é utilizada nos EUA; Vasoconstrição é decorrente dos receptores V1 da vasopressina presentes no músculo cardíaco; Ação na microcirculação venosa; Pouco hemostásico; Opção em pacientes com contraindicação para adrenalina. 9 Contraindicação adrenalina: Hipertensos (PA sistólica > 160 mmHg ou diastólica > 100 mmHg); História de infarto sem liberação pelo cardiologista; Período < 6 meses após AVC; Cirurgia recente de ponte ou stents; Angina no peito instável; Algumas arritmias cardíacas; Insuficiência cardíaca descompensada; Hipertireoidismo descompensado; Feocromocitoma; Alergia a sulfitos; Anfetaminas; Diabéticos tipo 1 Drogas ilícitas. Duração do Procedimento Odontológico: A adição de qualquer agente vasoativo a um anestésico local prolonga a duração (e a profundidade) da anestesia pulpar e dos tecidos moles da maioria dos anestésicos locais. Por exemplo, a anestesia pulpar e dos tecidos duros com lidocaína a 2% dura aproximadamente 10 minutos aumenta esse tempo para aproximadamente 60 minutos. Necessidade de Hemostasia: Portanto, como a fenilefrina não é um vasoconstritor tão potente quanto a adrenalina, a hemostasia durante o procedimento não é tão eficaz; contudo, devido à longa duração de ação da fenilefrina comparada com a da adrenalina, o período pós-operatório segue com menos sangramento. A fenilefrina não está incluída nos tubetes de anestésicos locais odontológicos. Ação Clínica de Substâncias Específicas Quais os sais anestésicos atualmente disponíveis no Brasil? Lidocaína - Mepivacaína - Articaína - Prilocaína – Bupivacaína; DURAÇÃO: Muitos fatores afetam a profundidade e a duração da ação anestésica da substância, prolongando-a ou (muito mais comumente) reduzindo-a. Esses fatores incluem os que se seguem, porém não se limitam a eles: 1. Resposta individual à substância (a curva “em forma de sino”) 2. Precisão no depósito do anestésico local: O bloqueio do nervo alveolar inferior (BNAI) é o principal exemplo de uma técnica na qual a profundidade e a duração da anestesia são bastante influenciadas pela precisão da injeção. A deposição do anestésico local próximo ao nervo fornece maior profundidade e duração da anestesia quando comparada com a deposição anestésica em uma distância maior do nervo a ser bloqueado. 3. Condição dos tecidos no local da infiltração da substância (vascularização, pH): Inflamação, infecção ou dor (aguda ou crônica) geralmente reduzem a profundidade e a duração esperada da anestesia 4. Variação anatômica 5. Tipo de injeção administrada Doses Máximas de Anestésico Local: As doses dos anestésicos locais são apresentadas em termos de miligramas da substância por unidade do peso corporal — como miligramas por quilogramas (mg/kg) ou como miligramas por libras (mg/lb) 10 Alterações na função hepática, na ligação a proteínas plasmáticas, volemia e outras funções fisiológicas importantes influenciam a maneira pela qual os anestésicos locais são distribuídos e biotransformados no organismo. 4 O resultado final dessas alterações é o aumento dos níveis plasmáticos da substância, elevando, assim, o risco relativo de uma reação de superdosagem. Soluções disponíveis no Brasil: Lidocaína Anestésico local mais empregado em todo o mundo, considerado como padrão do grupo, para efeito de comparação com os demais anestésicos. Início de ação (tempo de latência) entre 2- 4 min. Devido a sua ação vasodilatadora, o que promove sua rápida eliminação do local da injeção, a duração da anestesia pulpar é limitada a apenas 5-10 min. Por isso, praticamente não há indicação do uso da solução de lidocaína 2% sem vasoconstritor em odontologia. Quando associada a um agente vasoconstritor, proporciona entre 40-60 min de anestesia pulpar. Em tecidos moles, sua ação anestésica pode permanecer em torno de 120-150 min (3 a 5 h). É metabolizada no fígado e eliminada pelos rins. Sua meia-vida plasmática é de 1,6 h.5 Toxicidade: os níveis plasmáticos para o início de reações tóxicas são de 4,5 μg/mL no SNC e de 7,5 μg/mL no sistema cardiovascular. A sobredosagem promove a estimulação inicial do SNC, seguida de depressão, convulsão e coma. 1:100000 – 11 tubetes (60Kg). Mepivacaína. Potência anestésica similar à da lidocaína. Início de ação entre 3-4 min. Produz discreta ação vasodilatadora. Por isso, quando empregada na forma pura, sem vasoconstritor (na concentração de 3%), promove anestesia pulpar mais duradoura do que a lidocaína (por até 20 min na técnica infiltrativa e por 40 min na técnica de bloqueio regional). Sofre metabolização hepática, sendo eliminada pelos rins. Meia-vida plasmática de 1,9 h.5 Toxicidade semelhante à da lidocaína. Ação com vasoconstritor: 40-60 minutos pulpar 3 a 5 horas tecido mole Sem vaso: 20 -40 minultos pulpar 2 a 3 horas tecido mole. DMR: 6,6mg/kg 1:100000 – 11 tubetes (60Kg) / sem vaso – 7,5 tubetes (60Kg). Prilocaína Potência anestésica similar à da lidocaína. Sua ação tem início entre 2-4 min. Não há indicação sem vasoconstritor no Brasil; Ação com vasoconstritor: minutos pulpar 3 a 5 horas tecido mole. É metabolizada mais rapidamente do que a lidocaína, no fígado e nos pulmões. 11 Eliminação renal. Meia-vida plasmática de 1,6 h DMR: 8mg/kg – 7 tubetes Apesar de ser menos tóxica do que a lidocaína e a mepivacaína, em casos de sobredosagem produz o aumento dos níveis de metemoglobina no sangue. Portanto, é recomendado maior cuidado no uso deste anestésico em pacientes com deficiência de oxigenação (portadores de anemias, alterações respiratórias ou cardiovasculares). Articaína Rápido início de ação, entre 1-2 min. Potência 1,5 vezes maior do que a da lidocaína. Possui baixa lipossolubilidade e alta taxa de ligação proteica. É metabolizada no fígado e no plasma sanguíneo. Como a biotransformação começa no plasma, sua meia-vida plasmática é mais curta do que a dos demais anestésicos (~ 40 min), propiciando a eliminação mais rápida pelos rins.6 Por essas características farmacocinéticas, a articaína reúne as condições ideais de ser o anestésico de escolha para uso rotineiro em adultos, idosos e pacientes portadores de disfunção hepática. Sua toxicidade é semelhante à da lidocaína A presença de um anel tiofeno em sua estrutura química parece ser responsável pela maior difusão tecidual da articaína, permitindo seu uso em técnica infiltrativa, mesmo na mandíbula, dispensando assim o uso de técnicas anestésicas de bloqueio. Não há indicação sem vasoconstritor no Brasil; Ação com vasoconstritor: 60 a 75/ 45 a 60 minutos pulpar. 3 a 6/ 2 a 5 horas tecido mole Meia-vida: 27 minutos DMR: 7mg/kg – 11 tubetes Evitar bloqueios regionais pelo risco de parestesia. Bupivacaína Sua potência anestésica é 4 vezes maior do que a da lidocaína. Por ser mais potente, sua cardiotoxicidade também é 4 vezes maior em relação à lidocaína. Por isso, é utilizada na concentração de 0,5%. Ação vasodilatadora maior em relação à lidocaína, mepivacaína e prilocaína. Possui longa duração de ação. No bloqueio dos nervos alveolar inferior e lingual, produz anestesia pulpar por 4 h e em tecidos moles, por até 12 h. Meia-vida plasmática de 2,7 h.15 É metabolizada no fígado e eliminada pelos rins Embora seja indicada para o controle da dor pós-operatória, tem sido demonstrado que este é mais efetivo do que o proporcionado pela lidocaína apenas nas primeiras 4 h após oprocedimento cirúrgico. Após 24 h do procedimento, a bupivacaína promove aumento da concentração de prostaglandina E2 (PGE2) no local da aplicação, aumentando a intensidade da dor sentida pelo paciente. Dessa forma, seu uso para controle da dor pós-operatória tem sido questionado Não há indicação sem vasoconstritor no Brasil; Ação com vasoconstritor: 90 a 180 minutos pulpar. 4 a 12 horas tecido mole DMR: 2mg/kg – 3 tubetes Não recomendado para < 12 anos – risco de mordedura 12 Aplicação tópica – Benzocaína Único anestésico do grupo éster disponível para uso odontológico no Brasil. É empregada apenas como anestésico tópico ou de superfície. Embora as reações alérgicas aos anestésicos locais sejam raras, sua incidência é maior com o uso dos ésteres. Por isso, a benzocaína não deve ser empregada em indivíduos com história de hipersensibilidade aos ésteres. Na concentração de 20%, a benzocaína, após aplicação por 2 min, promove anestesia da mucosa superficial (previamente seca), diminuindo ou eliminando a dor à punção da agulha, especialmente na região vestibular. Baixa solubilidade em água; Pouca absorção pelo sistema cardiovascular; Inadequada para injeção; Contra-indicação TOTAL epinefrina Como já dito, a epinefrina é o vasoconstritor mais eficaz e seguro para uso odontológico. Mepivacaína 3% sem vaso (< 30 minutos) Prilocaína com felipressina 0,03UI/ml Hipertensos: 3,5 tubetes Armazenamento Os tubetes anestésicos devem ser armazenados na sua embalagem original, na temperatura ambiente, entre 20-25oC. Em cidades muito quentes, os tubetes podem ser mantidos nas partes mais baixas de uma geladeira, em temperatura não < 5 oC, bastando retirá-los 20-30 min antes do uso, sem necessidade de aquecê-los de nenhuma forma. O aquecimento não é recomendado, pois isso pode acarretar a degradação do agente antioxidante e do vasoconstritor, com consequente diminuição do pH, podendo resultar em aumento do tempo de latência e diminuição da duração da anestesia Desinfecção. Para a assepsia do tubete, com o auxílio de gaze estéril, basta friccionar álcool etílico 70%, iniciando pelo diafragma de borracha e deslizando por todo o corpo do tubete Manter na embalagem até o uso Não há indicação de medidas extraordinárias relacionadas à “esterilização” dos tubetes, mesmo porque eles não podem ser colocados em estufas ou autoclaves.
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