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Rose Anne | Medicina 1 Doença do Refluxo Gastroesofágico Definição • Doença crônica decorrente do fluxo retrógrado do conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos adjacentes • Espectro variável de sintomas/sinais esofágicos e/ou extraesofágicos Refluxo ≠ Doença do refluxo Fisiológico, principalmente após refeições Doença do refluxo Episódios de sintomas com maior frequência, maior duração e mais intensos Epidemiologia • Distúrbios mais comum do TGI alto • Prevalência: 20 a 40% da população mundial • Mais comum em países ocidentais • Pode acometer qualquer idade, mas a prevalência aumenta conforme a idade • Relação com obesidade • Ambos os sexos Fisiopatologia 3 tipos de refluxo • Ácido (mais comum) • Alcalino • Por gás Mecanismos que previnem ou atenuam o refluxo: • Produção de saliva • Deglutição intacta • Peristaltismo • Esfíncter esofágico inferior com tônus intacto e sobreposto ao diafragma • Motilidade gástrica eficaz Mecanismos que induzem ou promovem danos à mucosa pelo refluxo: • Xerostomia • Deglutição comprometida • Hipomotilidade ou motilidade ineficaz • Contratilidade ausente • Peristaltismo ineficaz • Relaxamento EEI frequente • EEI hipotensivo • Hérnia de hiato • Gastroparesia (esvaziamento gástrico lento) • Dismotilidade esofágica Fatores de risco: • Obesidade (principal) • Gestação (30 a 50% das gestantes) • Medicações Rose Anne | Medicina 2 • Bloqueadores de canais de cálcio, nitratos, antidepressivos • Alimentos (cafeína, gordura, chocolate) • Álcool • Tabagismo Sinais e sintomas Sintomas típicos: • Azia (pirose – queimação retroesternal) pós-prandial ✓ Relação com o tipo de alimentação; • Regurgitação; • Eruptação Menos frequentes: • Disfagia (pós-prandial) • Odinofagia Sintomas atípicos: • Dor torácica • Odinofagia • Tosse • Pigarro • Rouquidão • Sensação de “globus” faríngeo Para diagnóstico: sintomas principais – azia e regurgitação (suficientes para diagnosticar) Diagnóstico diferencial: • Acalasia ✓ Disfagia, perda ponderal, fatores de risco • Esofagite eosinofílica ✓ Impactação alimentar, disfagia, alterações endoscópicas e histológicas típicas • Divertículo esofágico ✓ Idosos, halitose, disfagia • Esofagite infecciosa • Eructações patológicas • Síndrome da ruminação • Síndromes funcionais Diagnóstico • Empiricamente em pacientes com sintomas de azia e regurgitação Exames complementares: (solicitar em casos de) • Falha no tratamento • Diagnóstico incerto • Tratar/prevenir complicações Rose Anne | Medicina 3 História clínica e questionários para DRGE Endoscopia Digestiva Alta Quando fazer? • Falha no tratamento com IBP; • Avaliar complicações; • Diagnóstico alternativo; • Antes da cirurgia. Indicações: Sinais de alarme – alerta para presença de malignidade • Odinofagia • Disfagia • Sangramento gastrointestinal • Anemia • Emagrecimento • Idade > 45 anos • Sintomas refratários ao tratamento • História prolongada de pirose com maior risco de esôfago de Barret Achados que confirmam DRGE: • Esôfago de Barret • Esofagite de alto grau (graus c/d – classificação de Los Angeles) • Estenose péptica • Hérnia hiatal Hérnias hiatais Esofagite • Complicação da DRGE • Apenas em 30% dos pacientes virgens de tratamento com azia e em < 10% quando já em uso de IBP Rose Anne | Medicina 4 • LA grau A: inespecífico – 5 a 7,5% dos assintomáticos • LA grau B: alta suspeição para DRGE – prosseguir com pHmetria pois a EDA depende do observado EDA e classificações das esofagites • Classificar a esofagite para avaliar a eficácia terapêutica e a gravidade da doença Classificação de Los Angeles Tamanho e tipos das erosões Grau A Erosões < 5 mm não congruentes Grau B Erosões > 5 mm não congruentes Grau C Erosões extensas e congruentes, ocupando menos de 75% da circunferência do esôfago Grau D Erosões extensas e congruentes, ocupando mais de 75% da circunferência do esôfago Classificação de Savary-Miller: Qual o exame padrão-ouro para o diagnóstico? pHmetria de 24 horas • Tempo de exposição ao ácido (TEA) • Demonstra o tempo excessivo de conteúdo ácido no esôfago • Confirma diagnóstico em pacientes com sintomas atípicos, com EDA normal • Avaliação antes da cirurgia Manometria • Não diagnostica, porém faz diagnóstico diferencial • Distúrbios motores associados • Dismotilidade esofágica pode predispor à DRGE Tratamento Não farmacológico • Mudanças no estilo de vida; • Perda ponderal em pacientes com obesidade; • Dormir com a cabeceira da cama mais elevada; • Não deitar logo após refeições; • Não ingerir líquidos nas refeições; • Medidas alimentares e medicamentosas. • A eliminação global rotineira de alimentos que podem desencadear refluxo não é recomendada no tratamento da DRGE Farmacológico Rose Anne | Medicina 5 • Principal classe: IBPs; • Bloqueio irreversível da via final secretória de conteúdo gástrico • Meia-vida: 1,5-2h • Tempo base de IBP: 8 semanas; • Alívio dos sintomas e cura da esofagite erosiva; • Terapia com IBP deve ser iniciada uma vez ao dia, antes da primeira refeição do dia • Os IBPs tradicionais de liberação retardada devem ser administrados 30 a 60 min antes da refeição para controle máximo do pH • Não há grandes diferenças na eficácia entre os diferentes IBPs • Novos IBPs podem oferecer flexibilidade de dosagem em relação ao tempo de refeição Em casos de esofagite de alto grau ou não responsividade do paciente, aumenta-se a dose Para pacientes com resposta parcial à terapia única diária, deve ser considerada uma terapia personalizada com ajuste do tempo da dose Duas vezes ao dia deve ser considerada em pacientes com sintomas noturnos, horários varáveis e/ou distúrbios do sono Complicações do uso crônico • Deficiência de vit B12 e Magnésio • Pneumonia • Supercrescimento bacteriano Tratamento Cirúrgico Antes da cirurgia: • pHmetria com manometria e EDA • Manometria esofágica – descartar doenças de motilidade do esôfago, como acalasia Técnicas cirúrgicas: Fundoplicatura laparoscópica • Correção de hernias hiatais e na criação de uma válvula unidirecional LINX • Aumentar o esfíncter esofágico inferior através de anéis magnéticos de titânio por via laparoscópica Rose Anne | Medicina 6 • Permite a passagem do alimento e impede seu fluxo retrógrado • Efeito colateral mais comum: disfagia Complicações da DRGE Fator de risco para câncer de esôfago Estenose péptica • Fase final da esofagite crônica de refluxo • 90% das estenoses esofágicas benignas • Prevalência: 7-23% dos pacientes com esofagite de refluxo • Infiltrado inflamatório → fibrose → cicatrização • Estreitamento luminal e encurtamento do esôfago ✓ Diâmetro normal: 30 mm ✓ < 13 mm (sintomas) • Tratamento: Dilatação endoscópica com dilatadores ou balões/injeção de corticosteroide Esôfago de Barret • Metaplasia intestinal • Substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago pelo epitélio colunar com células intestinais na área de transição esofagogástrica • Prevalência de 10 a 15% em indivíduos com sintomas crônicos de refluxo • Risco de desenvolver adenocarcinoma em 0,2-2,1% ao ano sem displasia e 30% em 5 anos se displasia • Mecanismo de defesa do esôfago para proteção contra o DRGE → epitélio cronicamente exposto altera as junções intercelulares e nas células do epitélio, com produção de citocinas e enzimas • Produção de muco pelas células caliciformes intestinais Fatores de risco para Esôfago de Barret: • DRGE > 5 anos; • Idade > 50 anos; • Homem; • Tabagismo;• Caucasiano; • Obesidade. Rose Anne | Medicina 7 Fatores de risco para o Adenocarcinoma em pacientes com Barret: • Idade avançada; • Extensão da metaplasia; • Obesidade; • Tabagismo; • Uso irregular de IBP.
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