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Hilário Oliveira T29 @hilarioof IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES O SUCESSO DO TRANSPLANTE AO LONGO DOS ANOS: O transplante de rins, fígado e coração é muito utilizado atualmente e o transplante de outros órgãos, tais como pulmão e pâncreas está se tornando mais frequente. RESPOSTA IMUNE RESPONSÁVEL PELA REJEIÇÃO: A rejeição do transplante é mediada por uma resposta imunológica adaptativa. Ao ser transplantado um enxerto de pele de um camundongo de linhagem A para um camundongo de linhagem B, o corpo irá identificar a diferença entre os dois pela composição dos MHC → ao entender que os MHC dos dois tipos de camundongo se diferem, o camundongo que recebeu o enxerto irá apresentar uma resposta → caso seja passado algum tempo e a imunidade inata que é a primeira a atacar não destruir, inicia-se uma resposta adaptativa. No quadro 1 → observa-se que após 10-14 dias houve a rejeição do enxerto transplantado, podendo assim, configurar uma resposta adaptativa pelo período de tempo → para que seja confirmado o tipo de resposta que ocorreu, deve-se observar as características (tais como especificidade e memória). Identifica-se se há memória na resposta do hospedeiro ao enxerto através de um novo transplante de enxerto do mesmo doador → se houver memória, a rejeição ao tecido será bem mais rápida que a primeira (10-14 dias). No quadro 2 → de 3-7 dias em que um novo enxerto foi transplantado já houve a rejeição, observando um menor período de tempo necessário, conclui-se assim que o hospedeiro está utilizando a memória da resposta adaptativa para atacar o novo enxerto. Isso se explica pois no primeiro enxerto houve a produção de células de defesa que ficaram em ‘stand by’, aguardando o momento em que outro invasor de mesma composição aparecesse. Além disso, pode ser identificado se a resposta é mediada por linfócitos. No quadro 3 → são retirados os linfócitos do animal hospedeiro do enxerto → os linfócitos retirados são transferidos para um animal de mesma linhagem, porém que está recebendo o enxerto pela primeira vez → caso o processo de rejeição seja acelerado pela injeção dos linfócitos, confirma-se que a imunidade era a adaptativa e mediada pelos linfócitos. Obs. Deve-se entender também, que a resposta adaptativa é especifica, então a rejeição só irá ocorrer de maneira mais rápida, através da células com memória, caso seja feito um novo enxerto de um animal de mesma linhagem, ou seja → em caso de um transplante de enxerto de um camundongo de linhagem C para um camundongo de linhagem B, a resposta seria demorada, pois o mesmo só desenvolveu a resposta adaptativa ao enxerto de camundongos de linhagem A. Obs 2. A imunidade inata também pode agir, de maneira que amplifica a imunidade adaptativa, porém, a principal se da através da imunidade adaptativa, pelo reconhecimento dos MHC do tecido. PRINCIPAIS TERMOS RELACIONADOS A TRANSPLANTES: Enxerto autólogo → transplante de um indivíduo para o mesmo indivíduo. Ex. transplantar um enxerto de pele de uma região do corpo para outra região em casos de acidente. Hilário Oliveira T29 @hilarioof Enxerto singênico → transplante entre dois indivíduos geneticamente idênticos. → entre dois irmãos gêmeos univitelinos. Enxerto alogênico (ou aloenxerto) → transplante entre dois indivíduos geneticamente diferentes da mesma espécie. Ex. indivíduos não relacionados. Enxerto xenogênico (ou xenoenxerto) → transplante entre indivíduos de espécies diferentes. Ex. transplante entre um suíno e um humano. RECONHECIMENTO DE ALOANTÍGENOS: 1) Células ou órgãos transplantados entre indivíduos geneticamente idênticos não são rejeitados. Esse caso trata-se de um enxerto singênico → os MHC são iguais, então não haverá resposta do hospedeiro. 2) Células ou órgãos transplantados entre indivíduos geneticamente não idênticos são SEMPRE rejeitados. No caso da figura 2, os MHC entre os camundongos diferem → ocorrendo a rejeição. Nesses casos são tomados os imunossupressores e corticoides. A descendência de um cruzamento entre duas linhagens puras diferentes de animais não vai rejeitar enxertos de qualquer um dos pais → o camundongo tem os MHC tanto do pai quanto da mãe, não estranhando se recebesse um enxerto de qualquer um dos dois. Isso NÃO ocorre da mesma maneira nos humanos → seres humanos não tem linhagens puras como os camundongos. Um enxerto derivado da prole de um acasalamento entre duas linhagens puras diferentes de animais será rejeitado por qualquer um dos pais. Ou seja, transplantar do pai pro filho (no camundongo) funciona, mas do filho pro pai não funciona. Logo, em humanos, deve ser feita uma tipagem, para que seja transplantado um órgão o mais compatível possível → mesmo assim, há a necessidade de tomar a medicação. A NATUREZA DOS ALOANTÍGENOS: Os antígenos que estimulam a resposta imunológica adaptativa contra aloenxertos são proteínas de histocompatibilidade, codificadas por genes polimórficos que diferem entre os indivíduos. Hilário Oliveira T29 @hilarioof Obs → aloantígeno e aloanticorpo são os antígenos e anticorpos desenvolvidos a partir de um aloenxerto. Ou seja, o que é rejeitado majoritariamente é o MHC (o aloantígeno é o MHC) → isso ocorre pelo princípio de que todos tem um MHC diferente. Obs. ao rejeitar um órgão está rejeitando-se um MHC, portanto, para minimizar o máximo a rejeição, busca-se o MHC mais compatível. VIAS DE RECONHECIMENTO DO ANTÍGENO PELO LINFÓCITO T São as maneiras de reconhecer o MHC VIA INDIRETA: Moléculas do MHC alogênicas são capturadas e processadas por APC receptoras e apresentadas em associação com moléculas do MHC próprias. O linfócito precisa do MHC para reconhecer um antígeno → logo, é normal que uma célula apresentadora de antígeno (APC) faça esse intermédio → por isso a via é dita como indireta. logo, ao ser transplantado um órgão alogênico, a célula dendrítica por exemplo, reconhece o MHC do órgão transplantado como um antígeno → engloba o MHC estranho e um pedaço desse MHC é apresentado ao linfócito → ativando o seu ataque ao órgão por uma apresentação indireta (através da APC). VIA DIRETA: As moléculas de MHC intactas exibidas pelas células do enxerto são reconhecidas pelas células T receptoras sem a necessidade de processamentos pelas APCs do hospedeiro. Ao se ligar diretamente com o MHC a célula T, ocorre uma sensibilização negativa com o MHC do órgão transplantado. A ATIVAÇÃO DE LINFÓCITOS T ALORREATIVOS: O órgão novo, ao ser transplantado inicia as suas funções, no caso do rim, começa a filtrar o sangue → as células presentes no rim começam a migrar pela circulação e caem nos linfonodos (ex. células dendríticas), porém por serem diferentes, os linfócitos irão ser sensibilizados contra elas e irão atacar o órgão transplantado. Controlando a população de células com medicamentos imunossupressores, a resposta negativa ao órgão transplantado diminui. FUNÇÃO DA COESTIMULAÇÃO EM RESPOSTAS DE CÉLULAS T A ALOANTÍGENOS: Hilário Oliveira T29@hilarioof Para ativar o linfócito deve haver um primeiro contato com o alvo (aloantígeno) e um segundo contato por moléculas coestimuladoras (um exemplo é a ligação entre B7 e CD28 como mostra a figura B) → logo, com o segundo contato, há a produção de IL-2, o que culmina na expansão clonal de células T. Obs. Órgãos precisam ser transplantados para o corpo do hospedeiro o mais rápido possível pois quanto mais tempo o órgão passa fora do corpo, mais padrões moleculares ao dano o órgão apresenta → ao ser colocado no corpo, a partir da resposta inata, células reconhecem esse padrão de dano e expressam B7, o segundo sinal necessário para que a célula T seja ativada, sendo maior a resposta adaptativa contra o órgão. FUNÇÕES EFETORAS DAS CÉLULAS T ALOANTÍGENOS: As células TCD4 diferenciam-se em células efetoras produtoras de citocinas que danificam os enxertos por meio da inflamação mediada por citocinas. → TH1 principalmente. As células TCD8 alorreativas diferenciam-se em CTLs, que matam as células do enxerto. → apoptose. Os anticorpos contra os antígenos do enxerto, chamados de anticorpos doador-específicos, também contribuem para a rejeição. → neutralização, ativação do sistema complemento, opsonização, citotoxicidade. MECANISMOS DE REJEIÇÃO DE ALOENXERTOS REJEIÇÃO HIPERAGUDA: Caracteriza-se pela oclusão trombótica da vasculatura do enxerto. Nesse caso, o órgão é agredido de maneira que as células que compõem o vaso do órgão doado ativam a resposta imunológica do hospedeiro → logo, o endotélio do rim, por exemplo, é atacado e ativa a sua cascata de coagulação, o que gera o trombo, causando a oclusão da região. Inicia-se minutos ou horas após a anastomose entre os vasos sanguíneos do hospedeiro e do enxerto. → por isso é caracterizada como subaguda, é a mais rápida das respostas. Essa resposta é adaptativa e inicia-se em pouco tempo pois os anticorpos já são pré-formados → por exemplo, os anticorpos sanguíneos, que já são pré-formados. É mediada por anticorpos pré-existentes na circulação do hospedeiro que se ligam aos antígenos endoteliais do doador. A rejeição hiperaguda geralmente ocorre por tipagem sanguínea, sendo menos comum hoje em dia → nas mulheres multíparas, ou seja: com múltiplas gestações → cada vez que gera- se um bebê metade do que vem dele é oriundo do pai, consequentemente a mãe pode ficar sensível a MHCs com características do pai → podendo gerar uma rejeição hiperaguda frente a uma outra gestação, portanto: nessa outra gestação ela já tem anticorpos que foram construídos na gestação anterior. Outra situação: Quem já fez muitos transplantes de órgãos e transfusões de sangue também pode ser acometido por rejeição hiperaguda. REJEIÇÃO AGUDA: É um processo de lesão do parênquima do enxerto e dos vasos sanguíneos. Nesse tipo de reação não há anticorpos pré-formados → mesma tipagem sanguínea, não é multípara e não foram feitas transfusões. Antes acontecia em dias a semanas, mas agora pode demorar anos → devido ao uso de imunossupressores e corticoides → porém não se pode usar sempre, nesse caso o órgão pode ser rejeitado. É mediado por células T alorreativas e anticorpos → são as células T e B pós- formadas. Reconhece-se o MHC → o anticorpo é produzido → o endotélio e os tecidos são atacados. Hilário Oliveira T29 @hilarioof REJEIÇÃO CRÔNICA: Desde 1990, a sobrevida de aloenxertos renais de 1 ano tem sido maior que 90%, mas a sobrevida de 10m anos permanece em aproximadamente 60%. Isso ocorre, pois mesmo os imunossupressores ajudando, os órgãos não deixam de ser agredidos ao longo dos anos, tendo suscetibilidade à lesão. Uma lesão dominante da rejeição crônica em enxertos vascularizados é a oclusão arterial e os enxertos falham devido ao dano isquêmico. As células lisas se multiplicam e causam oclusão do vaso → condição que demanda certo tempo, por isso é crônica. DOENÇA DO ENXERTO VERSUS HOSPEDEIRO (GVHD): É causada pela reação de células T maduras enxertadas no inóculo da medula contra aloantígeno do hospedeiro. → ocorre então em transplantes de medula óssea → ela ataca então as células ruins, mas também as células do hospedeiro → quanto maior a compatibilidade, menor o ataque ao hospedeiro. Pode se desenvolver também no transplante de órgãos sólidos como intestino delgado, pulmão e fígado → órgãos com muitas células T. Quando aguda, é caracterizada por morte de células epiteliais na pele, no fígado e no TGI e se manifesta por exantema, icterícia, diarreia e hemorragia gastrointestinal. Quando crônica, é caracterizada por fibrose e atrofia dos mesmos órgãos e pode promover obstrução das pequenas vias aéreas nos pulmões. Os esforços para eliminar as células T do inóculo da medula reduziram a incidência de GVHD, mas diminuíram o efeito enxerto versus leucemia. → ao enfraquecer a medula ela não ataca o paciente, mas não é eficiente contra a leucemia.
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