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unidade 1 - titulos e letras

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Fábio Bellote Gomes 
Colaboradoras: Profa. Elizabeth Nantes Cavalcante
 Profa. Angélica Carlini
Protesto de Letras e Títulos
Professor conteudista: Fábio Bellote Gomes
É bacharel (1998) em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mestre (2010) e doutor (2014) 
na área de concentração em direito comercial pela mesma instituição. Professor titular na UNIP há mais de 18 anos, 
nas disciplinas Direito Empresarial e Direito Administrativo. Atualmente, é coordenador do curso de pós-graduação 
em Direito Empresarial Corporativo. É autor de duas obras didáticas que hoje constituem bibliografia fundamental de 
diversos cursos de direito: Manual de Direito Empresarial e Elementos de Direito Administrativo. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G633p Gomes, Fábio Bellote
Protesto de Letras e Títulos / Fábio Bellote Gomes. – São Paulo: 
Editora Sol, 2019.
80 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-170/19, ISSN 1517-9230.
1. Títulos de crédito. 2. Crédito em espécie. 3. Títulos eletrônicos. 
I. Título.
CDU 342.245
U503.53 – 19
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Bruno Barros
 Vitor Andrade
Sumário
Protesto de Letras e Títulos
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 DIREITO CREDITÍCIO ..........................................................................................................................................9
1.1 Historicidade no Brasil ....................................................................................................................... 13
2 CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ..................................................................................... 16
3 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO .......................................................................................... 21
4 PRINCIPAIS EXPEDIENTES REFERENTES AO TÍTULO DE CRÉDITO ................................................ 24
4.1 Endosso..................................................................................................................................................... 24
4.2 Cessão de crédito ................................................................................................................................. 27
4.3 Aval ............................................................................................................................................................ 28
4.4 Aceite......................................................................................................................................................... 29
Unidade II
5 PROTESTO DE TÍTULOS DE CRÉDITO ......................................................................................................... 33
5.1 Procedimento aplicável ao protesto ............................................................................................. 35
6 TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE ............................................................................................................ 39
6.1 Letra de câmbio ..................................................................................................................................... 39
6.2 Nota promissória .................................................................................................................................. 43
6.3 Cheque ...................................................................................................................................................... 44
6.4 Duplicata .................................................................................................................................................. 47
6.4.1 Duplicata eletrônica .............................................................................................................................. 49
6.5 Cédulas de crédito rural .................................................................................................................... 50
6.6 Letras de crédito à exportação ....................................................................................................... 55
6.7 Warrants ................................................................................................................................................... 57
6.8 Debêntures .............................................................................................................................................. 62
7 OUTRAS ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO ......................................................................................... 64
7.1 Notas de crédito para atividades econômicas .......................................................................... 64
7.2 Títulos públicos ...................................................................................................................................... 65
7.2.1 Títulos públicos emitidos pela União .............................................................................................. 66
8 ASPECTOS GERAIS DOS TÍTULOS ELETRÔNICOS ................................................................................ 68
7
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto terá o escopo de capacitar o aluno a compreender os fundamentos do protesto de 
títulos e documentos. Permitirá ao aluno, também, o domínio do vocabulário técnico próprio da área 
de protesto de títulos e documentos, proporcionando a compreensão das responsabilidades inerentes à 
atividade e das especificidades dos atos praticados. 
Como objetivos, tem-se: estudar a história do protesto de títulos e documentos no Brasil e os 
principais atos praticados na atividade atual, conhecer os principais conceitos e princípios, compreender 
a relevância social e econômica e as principais responsabilidades de protesto de títulos e documentos.
INTRODUÇÃO
O estudo desta disciplina será feito com o intuito de manter uma linha de raciocínio didática e 
sistematizada, facilitando a compreensão. Quando for pertinente, haverá citações de doutrina e da 
jurisprudência das principais cortes do país, de modo a entendermos como os tribunais interpretam o 
conteúdo da lei ou sua aplicação. Além disso, nas ementas dos julgados, é comum haver definições de 
institutos jurídicos ou a explicação de artigos das leis.
Inicialmente, estudaremos a historicidade, os termos e as noções da teoria geral dos títulos de crédito 
e, consequentemente, os títulos em espécie. Posterior a esta etapa, serão analisados os procedimentos 
comuns na prática social e econômica, como o protesto.
De maneira sistemática, serãoconsultadas as leis com disposições mais genéricas acerca do tema 
e da prática, em especial o Código Civil de 2002, e, posteriormente, as leis especificadoras da matéria, 
trazendo à luz menções quanto à atualidade de eventual norma que possa pertencer originalmente a 
outra ordem constitucional.
8
9
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
Unidade I
1 DIREITO CREDITÍCIO
A palavra crédito provém do latim creditum, derivação do termo credere, cujo significado remete a 
confiar, manter a fé. O crédito consubstancia-se no voto de validade conferido a determinada obrigação 
assumida por um sujeito de direito, em geral, sendo instrumentalizada por um documento representativo 
do valor a ser adimplido.
Com essa noção básica, podemos vislumbrar o quão dinâmicas podem ser a escrituração e circulação 
dos tais títulos de crédito, principalmente no mundo do século XXI, em que milhares de agentes 
econômicos (empresas e consumidores) realizam inúmeras trocas comerciais.
Nesse escopo, temos o esclarecimento de Chagas, a seguir:
Com efeito, os direitos creditórios, que somente podiam ser exercidos 
pelos que figuraram nos documentos como seus titulares, passaram a ser 
transferidos a terceiros, os quais, de posse dos documentos, podiam exercer, 
como proprietários, os direitos mencionados nos papéis. À faculdade que 
tem o titular de um direito de crédito de transferir esses direitos a outra 
pessoa, com os documentos que os incorporam, deu-se o nome de cláusula 
à ordem, que marcou a fase histórica de circulação do título de crédito. 
Dessarte, o título de crédito possibilitou a transformação do crédito em 
dinheiro, de modo que o titular do crédito pôde fazê-lo circular. Passou a 
ser possível, assim, uma rápida transferência do capital, tornando-o ainda 
mais produtivo e útil. Daí a inequívoca importância dos títulos de crédito 
para a história da economia mundial, na qualidade de documentos que 
instrumentalizam o crédito e permitem a sua mobilização livre e segura. 
Portanto, forçoso convir, os títulos de crédito são – em apertada síntese – 
instrumentos de circulação de riqueza (2017, p. 368, grifos do original).
O crédito fornece dinamismo e metabolismo para as mais complexas e distintas atividades econômicas. 
Assim, uma pessoa que não possua dinheiro em espécie em determinado momento poderá realizar a compra 
de um bem, assumindo a promessa de pagar o acordado em outra data; um empreendedor pode captar 
recursos para sua atividade financeira e, posteriormente, pagar o que foi angariado acrescido de juros e outros 
valores adicionais preestabelecidos.
Entre as inúmeras definições encontradas, ater-nos-emos àquela contida no art. 887 da 
Lei n. 10.406/2002, também conhecida como Código Civil de 2002 (CC/2002), uma definição significativa 
acerca desse instituto comercial:
10
Unidade I
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do 
direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando 
preencha os requisitos da lei (BRASIL, 2002, grifo nosso).
O título creditício consiste, portanto, no documento que possibilita o exercício do direito literal 
contido no seu teor.
Porém, há críticas acerca da expressão “nele contido”, prevista no caput. Para tal propósito, 
prestaremos atenção aos comentários de Chagas:
Há uma séria crítica incidente sobre o texto do art. 887, do CC. 
A expressão “contido” é uma impropriedade, um erro grave. A expressão 
utilizada deveria ser mencionada. Por força do princípio da autonomia 
da obrigação cambiária, o título não gera novação, é autônomo com 
relação à causa debendi, desprendendo-se do negócio que deu origem 
à apresentação do título. A operação subjacente não se confunde com a 
obrigação consubstanciada no título, o que se confirma pelo Enunciado 
299, da Súmula do STJ, pois, ainda que não seja possível ao portador 
do título executar o devedor pelo crédito pendente em caso de cheque 
prescrito, por exemplo, o negócio jurídico que justificou o saque do título 
remanescerá passível de cobrança pela ação monitória, a confirmar que 
o negócio jurídico é mesmo autônomo em relação à criação de algum 
título de crédito (2017, p. 372, grifos do original).
O mesmo autor entende que o título não contém o crédito:
Cesare Vivante, o criador do referido conceito de título de crédito, 
empregou a palavra “mencionado” e demonstrou que não poderia ser 
“contido”. Por causa da autonomia, o título de crédito se desvincula do 
negócio que lhe deu origem. Ocorrendo uma compra de um caderno com 
um cheque, por exemplo, a emissão do cheque não extingue o negócio 
anterior. Por isso, ainda que prescrito o título de crédito, é possível cobrar 
a obrigação derivada da obrigação original, pois ela não ficou contida, 
nem aprisionada no título, estava apenas mencionada ali. 
O título não contém o crédito, apenas o menciona, por força da autonomia. 
Se contivesse o crédito, este estaria absorvido pela cártula, aí teríamos 
novação sempre que se pagasse uma obrigação utilizando-se de um título 
de crédito. Se estivesse contido, não haveria outro crédito senão aquele da 
cártula. Como dito, o título de crédito nunca contém o crédito, apenas o 
menciona – se não houvesse autonomia, aí sim a expressão “contido” estaria 
correta (CHAGAS, 2017, p. 372, grifos do original).
Dando escopo ao conteúdo etimológico do termo, temos as seguintes reflexões de Tomazette:
11
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
O crédito representa, em uma ideia geral, a confiança no cumprimento das 
obrigações, o que facilita extremamente as transações comerciais, que nem 
sempre representam trocas imediatas de valores. Sem o crédito, a atividade 
empresarial não teria chegado ao nível atual de desenvolvimento. Foi ele 
que permitiu a expansão e o desenvolvimento das principais atividades 
econômicas existentes no mundo moderno. A palavra crédito deriva do 
latim creditum, que por sua vez advém de credere, que significa confiar, 
ter fé. Assim sendo, o crédito representaria a confiança que alguém 
desperta em outrem. Daí, dizer-se que determinada pessoa tem crédito, 
no sentido de que esta pessoa desperta a confiança. Tal uso da palavra 
crédito pode ser entendido como sua acepção moral que, contudo, não é 
a única. Além da acepção moral, não há como negar a existência de um 
sentido econômico da palavra crédito. Luiz Emygdio da Rosas Júnior nos 
apresenta cinco conceitos econômicos de crédito: “a) crédito é a troca 
no tempo, e não no espaço (Charles Guide); b) crédito é a permissão de 
usar capital alheio (Stuart Mill); c) crédito é o saque contra o futuro; 
d) crédito confere poder de compra a quem não dispõe de recursos para 
realizá-lo (Werner Sombart); e) crédito é a troca de uma prestação atual 
por prestação futura”. A ideia essencial de todas essas acepções é a da 
troca de um bem atual por um bem futuro. (2017, p. 25-26).
É comum, ainda, haver algum debate de que o caput do art. 887 não configure uma definição 
necessária para o título cambial, mas meramente apresenta uma característica, como a literalidade e a 
cartularidade, estudadas no item a seguir.
O conteúdo do caput mencionado remete à definição clássica do jurista Cesare Vivante (1855-1944).
Já a Lei n. 13.105/2015, o novo Código de Processo Civil, caracteriza os títulos de crédito como 
títulos executivos extrajudiciais, especificadamente no inciso I do art. 784.
 Observação
O Código Processual Civil elenca duas naturezas distintas para títulos 
executivos: os judiciais e os extrajudiciais. Tais classificações servem para 
dar ensejo à execução dos valores ou cumprimento do seu teor, no aspecto 
jurídico. Os de natureza judicial são realizados no processo, em regra, por 
atos do juízo, como as decisões (art. 515); os de natureza extrajudicial 
são documentos alheios ao procedimento judicial, mas que dão ensejo 
à cobrança pelo judiciário, como os títulos de crédito, CDAs da Fazenda 
Pública ou contrato de seguro de vida em caso de morte (art. 784).
Detalhando um pouco mais, Coelho ratifica as distinçõespropícias do direito cambiário:
12
Unidade I
As obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem 
extracambial [...] ou de um contrato de compra e venda, ou de mútuo etc., 
ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista 
(2011, p. 266, grifo nosso).
No âmbito do direito empresarial, é comum o uso da expressão títulos cambiários, considerando que 
a letra de câmbio foi um dos primeiros títulos creditícios inventados.
Seu principal intuito é substituir o papel-moeda, consistindo em emitir ordens de pagamento. Para 
tal fim, o crédito demanda uma relação de confiança e constância do elemento temporal (cheque).
Tomazette nos exemplifica como a doutrina empresarial pode entender esses elementos cambiais:
Essa confiança se associa necessariamente a um intervalo de tempo entre 
duas prestações. Na troca imediata de valores, não há necessidade de 
confiança e, por isso, não se cogita de crédito na relação. O tempo entre as 
prestações é essencial para o desenvolvimento da economia, permitindo 
a mais rápida circulação de riquezas e, por isso, um maior número de 
negócios se realiza. É importante ressaltar que Arnaldo Rizzardo identifica 
dois elementos para o crédito: subjetivo (confiança) e objetivo (a própria 
prestação). Tal análise não se mostra diferenciada em relação àquela que 
fizemos, apenas enfrenta o crédito sob sua ótica mais jurídica e, além 
disso, liga o elemento tempo à confiança. Sérgio Carlos Covello identifica 
quatro elementos do crédito: a confiança, o prazo, o interesse e o risco. 
O interesse aqui referido é a remuneração pela concessão do crédito, 
ou seja, os juros pagos pelo crédito, o que se aplica sempre ao crédito 
bancário, mas não a todas as espécies de crédito. Quanto ao risco, ele 
efetivamente é inerente a todo tipo de crédito, mas se insere dentro das 
ideias mais amplas de tempo e confiança (2017, p. 27).
No direito e na prática econômica do Brasil, predominam como as principais modalidades de títulos 
cambiais as seguintes: letra de câmbio, nota promissória, duplicata e cheque. Há outros com finalidades 
específicas e não tão famosos como aqueles; a título de exemplo, podemos mencionar as cédulas 
creditícias rurais e warrant.
Cada uma atende a finalidades específicas, às vezes comuns, de determinadas práticas mercantis, 
expondo a versatilidade e a necessidade de sua circulação para promover maiores trocas econômicas.
Como analogia, podemos considerar que o dinheiro (a moeda metálica ou papel-moeda emitido por 
instituições como o Banco Central de um país) foi um dos primeiros modelos de representação titular de 
um valor. E o surgimento das agências bancárias, para depósito de ouro e outras especiarias, propiciou 
que as pessoas pudessem realizar câmbios mercantis trocando papéis representativos do valor em ouro ou 
outro material precioso, que o comprador havia guardado em banco. E, ainda nos dias de hoje, o dinheiro, 
seja em qual país for, tem um valor relativo ao dólar norte-americano ou outra moeda, como o euro.
13
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
A doutrina entende que o título creditício prova a existência de uma obrigação, podendo, inclusive, 
constituir uma forma de obrigação. Não podemos olvidar de considerar que os títulos mencionados 
instrumentalizam direitos de crédito, consolidando segurança aos credores.
Sucintamente, podemos contemplar algumas definições para categorizar tipos distintos de direitos 
cambiários. Considerando a garantia assegurada ao credor, a doutrina pode adotar as seguintes 
distinções: crédito real ou crédito pessoal.
Acerca do crédito real, a garantia envolverá bens móveis ou imóveis, podendo compreender 
institutos jurídicos e negócios, do penhor à hipoteca. Quando não houver cumprimento da obrigação, o 
credor se resguardará de receber o valor cambiário sobre a alienação do bem garantido.
O crédito pessoal tem como garantia o patrimônio da pessoa. Nesse caso, o vínculo jurídico orbita 
sobre a pessoa natural ou jurídica responsável pela obrigação.
Em razão da finalidade cambiária, rotularemos como crédito consumerista ou crédito de produção.
O primeiro se referem a valores destinados para satisfação pessoal do credor. Enquanto o último tipo, 
em especial, tido como o crédito rural e o industrial, são utilizados para produção ou alavancagem de 
atividades econômicas vinculadas à obrigação.
Evidentemente, cada doutrinador pode realizar decisões semelhantes ou outras completamente distintas.
As principais normas reguladoras do tema são, inicialmente, o CC/2002, tido como norma geral, nos 
seguintes dizeres:
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de 
crédito pelo disposto neste código (BRASIL, 2002).
A seguir, teremos normas específicas, como o Decreto n. 2.044/1908, que trata das letras de câmbio e 
das notas promissórias, além de regulamentar operações cambiais; a Lei n. 7.357/1985, que dispõe sobre 
o cheque; a Lei n. 5.474/1968, referente às duplicatas; e, por fim, o Decreto n. 57.663/1966, incorporador 
da Lei Uniforme de Genebra (LUG), de 1930, à qual o Brasil acordou em 1942. Esse tratado convenciona 
acerca da universalidade das letras de câmbio e das notas promissórias.
1.1 Historicidade no Brasil
O momento histórico tido como marco da criação e uso costumeiro dos títulos creditícios 
remonta aproximadamente à Idade Média, do século XIII até o século XVII. Destacam-se as cidades 
marítimas italianas, que no período renascentista os estudiosos denominam, também, como a época do 
renascimento comercial.
14
Unidade I
 Saiba mais
Acerca da mercancia no período renascentista, há um filme shakespeariano 
que ilustra muito bem as relações comerciais da época. Veja:
O MERCADOR de Veneza. Dir. Michael Radford. USA: UK Film Council, 
2004. 171 minutos.
O período seguinte remete às Ordenações Francesas, a partir de 1673, quando foram esculpidas 
normas e práticas mais sofisticadas até então, a exemplo do endosso.
Aproximadamente de 1840 a 1930, nasceu o chamado período germânico da história dos títulos 
cambiários. Esse período se coaduna com a Revolução Industrial.
 A partir de 1930, os países buscaram uniformizar as regulamentações para os títulos de crédito por 
causa do caráter cada vez mais global dos mercados. Com tal desiderato, foi realizada a Convenção de 
Genebra em 1930. E, basicamente, a partir desse momento, tem-se o marco legiferante no ordenamento 
jurídico brasileiro, mesmo havendo leis esparsas de datas anteriores.
A LUG, já mencionada, é fundamental fonte do direito creditício. Remontando ao contexto histórico, 
Chagas esclarece:
A mais relevante norma uniforme decorreu da Convenção de Genebra, 
realizada em 13 de maio e em 7 de junho de 1930, que tinha por objetivo 
unificar a legislação respeitante à letra de câmbio e à nota promissória, da 
qual participou um representante brasileiro (prof. Deoclécio de Campos). 
A convenção foi acolhida pelo Brasil, em 1942, aprovada por força do 
Decreto n. 54, de 1964, e, finalmente, promulgada mediante decretos (a Lei 
Uniforme de Genebra – LUG – formalizou-se no Brasil por meio do Decreto 
n. 57.663/66). O STF decidiu, no julgamento do RE 71.154/PR, que vigiam 
como leis internas as leis uniformes de Genebra, aplicando-se de forma 
imediata (2017, p. 371).
O Recurso Extraordinário mencionado foi julgado em 4 de agosto de 1971, e sua ementa consta da 
seguinte forma:
LEI UNIFORME SOBRE O CHEQUE, ADOTADA PELA CONVENÇÃO DE 
GENEBRA. APROVADA ESSA CONVENÇÃO PELO CONGRESSO NACIONAL, E 
REGULARMENTE PROMULGADA, SUAS NORMAS TÊM APLICAÇÃO IMEDIATA, 
INCLUSIVE NAQUILO EM QUE MODIFICAREM A LEGISLAÇÃO INTERNA. 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO (STF, RE n. 71.154/PR, 
Rel. Min. Oswaldo Trigueiro, j. 4-8-1971, DJ, 27-08-1971).
15
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
Considerando a diversidade legiferante do Brasil e as possíveis repercussões, Coelho contextualiza:
Contudo, nem todos os dispositivos da Lei Uniforme entraram em vigor no 
Brasil. Valendo-se de possibilidade oferecidapela própria convenção, o Brasil 
assinalou, quando de sua adesão, determinadas reservas. Isto quer dizer que 
o estado brasileiro havia-se reservado o direito de introduzir, parcialmente, 
em seu ordenamento interno, o texto da Lei Uniforme. Em virtude destas 
reservas, esse texto ficou relativamente lacunoso. Por outro lado, não houve 
lei qualquer que tivesse revogado, expressamente, o Decreto n. 2.044/1908. 
Teria, então, ocorrido uma revogação táctica, com a superveniência de lei 
disciplinando a mesma matéria. Neste sentido, permanecem vigorantes 
as disposições do referido diploma interno no que diz respeito à disciplina 
de assunto omitido na Lei Uniforme, seja por ausência de regulamento, seja 
em decorrência de reserva assinalada pelo Brasil.
De sorte que, presentemente, a legislação que se entende vigorante no Brasil, 
acerca de letra de câmbio e nota promissória, é a colcha de retalhos que se 
costura com dispositivos da Lei Uniforme de Genebra e da legislação interna, 
fonte de indesejáveis disputas e de incertezas jurídicas (2011, p. 275-276).
Assim, torna-se oportuno mencionar resumidamente a relação dos títulos de crédito com o CC/2002 
brasileiro hodierno.
Para os títulos cambiários típicos ou nominados, aplicar-se-á a legislação especial ou específica. Para esses 
títulos, o CC/2002 os regulará apenas de maneira suplementar ou residual, conforme art. 903 prescreve.
De forma contrária, quando tratarmos dos títulos de crédito atípicos ou inominados (os de nomes 
ou normas não especificados), a regra geral será o teor do CC/2002, quando admitidos.
Acerca das normas específicas, o Decreto n. 2.044/1908 disciplinará as letras de câmbio e as notas 
promissórias, regulamentando as operações cambiais. Quanto ao cheque, estará regido pela Lei n. 7.357/1985; 
quanto às duplicatas, temos a Lei n. 5.474/1968. A LUG foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro 
pelo Decreto n. 57.663/1966, mesmo o Brasil tendo acordado em 1942.
Podemos, então, esquematizar as normas da seguinte maneira:
Quadro 1
Normas dos títulos de crédito
Norma Matéria
Decreto n. 2.044/1908
Letras de câmbio
Notas promissórias
Operações cambiais
Lei n. 7.357/1985 Cheque
Lei n. 5.474/1968 Duplicatas
Decreto n. 57.663/1966 Incorporação da LUG
16
Unidade I
2 CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Ao iniciarmos este tópico, devemos entender características como elementos que atribuem 
praticidade e efetividade para a circulação da letra de crédito, validando, assim, sua principal finalidade: 
circulação e representação de valores. A rigor, as características são três: autonomia, cartularidade 
e literalidade. A doutrina pode elencar algumas outras, como a abstração e a independência. Pode 
ocorrer também que essas duas possam ser interpretadas como desdobramentos das três características 
mencionadas anteriormente.
Salienta-se que a autonomia, cartularidade e literalidade podem ser denominadas também como 
princípios jurídicos, muito comuns no sistema de direito.
 Lembrete
É comum haver algum debate de que o caput do art. 887 não configure 
uma definição para o título cambial, mas apresenta uma característica, 
como a literalidade e a cartularidade.
Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, os princípios podem ser entendidos como pressupostos 
éticos, prévios ou inspiradores para o direito positivado. O Decreto-lei n. 4.657/1942, a Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro – LINDB –, prevê que princípios gerais de direito serão norma integradora 
do direito brasileiro.
Por norma integradora, entende-se serem parâmetros para suprir uma lacuna do direito. Assim, 
se um juiz analisar alguma querela, ele não pode se furtar de aplicar o direito alegando inexistência 
ou ausência de lei para o caso em tela. Suas ferramentas para resolver esse conflito serão as normas 
integradoras do direito, que, segundo a LINDB, serão três: a analogia, os costumes e os princípios gerais 
de direito.
Vemos a magnitude dos princípios também em outros campos do direito, como na manutenção da 
ordem constitucional. Nesse sentido, o princípio da vedação ao retrocesso – construído doutrinariamente 
– determina que as alterações constitucionais, por emendas ou mudanças revolucionárias na sociedade, 
não podem retroceder no sentido de limitar direitos que já estivessem garantidos pela ordem 
constitucional vigente ou anterior – visão garantista, com fulcro no progresso da conquista de direitos. 
A título de exemplo, podendo sanar ou estimular novas polêmicas, quando a Constituição Federal 
determina que não há pena de morte, via de regra, uma nova Constituição ou Emenda Constitucional 
não poderá determinar a pena de morte como uma das possibilidades de penalidades ao fim do processo 
judicial penal.
Na seara empresarialista, devido à base das negociações serem muito dinâmicas e costumeiras, 
talvez conceituar características ou elementos de um instituto jurídico creditício possa aparentar muita 
robustez. De tal forma, a doutrina pode ser divergente quanto a essas nomenclaturas.
17
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
 Lembrete
Princípios não podem ser afastados ou relativizados pelo operador de 
direito. No conflito trazido à análise do Poder Judiciário, prioriza-se um, mas 
sem desconsiderar os demais, podendo minorar a aplicação de um deles.
Dando início, então, aos estudos das principais características, temos a autonomia, que garante 
a um novo titular do crédito a aquisição de um novo direito, como se fosse o credor originário. Dessa 
forma, podemos citar o art. 893 do CC/2002, que menciona claramente que transferir um título de 
crédito acarretará a transferência de todos os direitos que lhe são inerentes.
Aquele que adquirir o título de crédito de outrem tem resguardado um direito próprio com o título, 
não podendo ser limitado ou atacado em razão dos antigos titulares. No campo processual, gera direitos 
processuais distintos a cada titular à medida que vai circulando.
Obviamente, tal efeito se aplicará às transferências de boa-fé. O CC/2002 prevê algumas medidas a 
serem opostas pelo terceiro de boa-fé. Seriam ferramentas para preservar a autonomia e a circulação 
dos títulos e permitir a defesa contra aqueles que atuam de má-fé.
 Observação
Com base no art. 916, as exceções somente poderão ser opostas ao 
portador quando tiver agido de má-fé quando da aquisição do título. 
Porém, seus fundamentos estão narrados no art. 915, mencionando serem as exceções opostas 
baseadas em relações pessoais com o portador. As exceções serão, então, opostas em virtude da forma 
do título, do conteúdo literal, quanto à falsidade da assinatura, em relação a problemas quanto à 
capacidade ou representação no momento da subscrição e quanto à falta de requisito necessário ao 
exercício da ação.
A descrição mencionada se mostrou prolixa, da mesma forma que o dispositivo legal mencionado. 
Para facilitar a compreensão, seguem as exceções em rol:
• fundadas em relação pessoal (hipótese aberta);
• forma do título e ao seu conteúdo literal;
• falsidade da própria assinatura;
• defeito de capacidade ou representação no momento da subscrição;
• falta de requisito fundamental ao exercício da ação judicial.
18
Unidade I
Dando continuidade, cartularidade dirá respeito ao conteúdo formal ou transcrito, isto é, à cártula. 
O direito representado no título existirá enquanto houver forma. O art. 889 do CC/2002 menciona os 
requisitos para composição do título cambiário, de modo a nos permitir concluir que necessariamente 
demanda uma forma documental:
• data da emissão;
• indicação precisa dos direitos que confere;
• assinatura do emitente.
A referida norma traz mais características circunstanciais sobre os requisitos necessários, conforme 
podemos conferir:
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação 
precisa dos direitos que confere e a assinatura do emitente.
§ 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.
§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento,quando não indicado 
no título, o domicílio do emitente.
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador 
ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, 
observados os requisitos mínimos previstos neste artigo (BRASIL, 2002).
Graças à cartularidade é que se dá início ao rito de execução processual, ou cumprimento de sentença. 
Ela pode, também, receber a nomenclatura de incorporação, calcada na ideia de que o título incorpora 
o direito creditício, e a transferência do direito a outrem acarreta necessariamente na transferência da 
titularidade cambial. Isso retorna necessariamente à ideia já tratada anteriormente, quanto à autonomia: 
ter propriedade sobre o título é ter aquisição do respectivo direito.
Para formalização do título, é imprescindível o elemento da literalidade, dando sustentação acerca 
da segurança jurídica do título e direito creditício nele representado. Pela literalidade, fica plasmado que 
o direito contido na letra de crédito será literal naqueles termos expressos.
Para fins de esclarecimento, no caso do analfabeto ou deficiente visual, para que possam se obrigar em 
título de crédito, dependerá de procuração com poderes especiais para contrair obrigações cambiárias.
Cumpre mencionar que:
• o que está descrito no título gera obrigação;
• o que não está descrito no título não gera obrigação;
• no caso de o título possuir omissões ou estar em branco, a obrigação decorrerá do que o portador 
lançar no título.
19
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
Por oportuno, a Súmula n. 258 do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) prescreve que a nota promissória 
vinculada a um contrato de abertura de crédito não gozará da autonomia em virtude da iliquidez do 
título que a originou.
Dando continuidade, devido ao elemento da literalidade, o endosso e o aval deverão estar expressos 
no corpo da letra. Para o STJ, prova testemunhal não suprirá quitação ausente no título, conforme o 
REsp n. 707.460/MS.
Demais detalhes do título, ou vínculo a contratos, que possui encargos específicos, despertam 
questões jurisprudenciais de suma importância:
DIREITO CAMBIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA 
A CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE 
INDICAÇÃO DE DATA DA EMISSÃO DA NOTA. EXECUTIVIDADE. OMISSÃO 
SANADA PELO CONTRATO A ELA VINCULADO.
1. “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de 
prequestionamento não têm caráter protelatório” (Súmula 98). 
2. Descabe extinguir execução pelo só fato de inexistir data de emissão da 
nota promissória, quando possível tal aferição no contrato a ela vinculado, 
mesmo porque “a cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, 
pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do 
protesto” (Súmula 387/STF).
3. Resta inviabilizada a pretensão recursal, porquanto, deslocando-se o cerne 
da discussão da nota promissória em si para o contrato a ela vinculado, 
a não constatação de iliquidez pelas instâncias ordinárias está infensa à 
análise desta Corte, por força da Súmula 5.
4. Descabe condenação em honorários advocatícios em exceção de 
pré-executividade rejeitada (EREsp 1048043/SP, CORTE ESPECIAL). 
5. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(STJ, REsp 968.320/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 19-8-2010, DJe, 
3-9-2010).
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. TÍTULO DE CRÉDITO. NOTA PROMISSÓRIA 
VINCULADA A CONTRATO. ABSTRAÇÃO E AUTONOMIA. VIABILIDADE DA 
EXECUÇÃO. LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE DA DÍVIDA REPRESENTADA NO 
CONTRATO SUBJACENTE.
20
Unidade I
I – Não pode ser executada a nota promissória vinculada a contrato de 
abertura de crédito (Súmula 258/STJ), embora o possa vincular a contrato 
de confissão de dívida.
II – É que a vinculação do título de crédito a um contrato subtrai a autonomia 
cambiária, pondo em evidência o conteúdo do próprio contrato. O critério 
determinante parece ser, portanto, a liquidez ou iliquidez do contrato a que 
se liga o título cambiário.
III – A supressão da autonomia cambiária do título não implica, 
necessariamente, a supressão da sua executoriedade. Esta só será 
comprometida se o contrato respectivo não for capaz de refletir uma dívida 
líquida e exigível.
Recurso especial a que se nega provimento.
(STJ, REsp 861.009/SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 16-3-2010, DJe, 29-3-2010).
Por fim, conforme mencionado anteriormente, sobram menções acerca da abstração e da 
independência. Por abstração, entendemos a ruptura de vínculo entre a obrigação originária e o título 
de crédito, atingindo os seguintes propósitos:
• garantir a circulação do título;
• alcançar segurança jurídica;
• proteger terceiro de boa-fé, que é pressuposto de todos as características mencionadas.
Devemos dar maior atenção ao último item elencado, porquanto a abstração – a ruptura – ser uma 
caracterização necessária para proteção dos terceiros de boa-fé, adquirentes do título de crédito.
Quanto à independência, ela possui vínculo com a literalidade, ao determinar que o título vale per si. 
Em termos simples, garantirá ao título robustez e concretude necessárias para acompanhar um processo 
de execução, não necessitando, via de regra, de contratos e notas, entre outros meios documentais 
utilizados como prova.
Há ainda a necessidade de diferenciar característica de atributos. Essa, entendemos ser próxima 
dos princípios ou compô-los, conforme já dito. Quanto aos atributos, podemos denominá-los como 
meios de instrumentalização dos títulos. Pormenorizar tal dicotomia foge do escopo da proposta do 
curso, devido a uma maior abstração doutrinária.
Os atributos serão dois: a negociabilidade e a executividade.
21
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
A negociabilidade permite a circulação do crédito, sua função primordial. Nasce, então, a mudança 
entre credor e portador do título, em razão da transferência do crédito.
Já a executividade consubstancia-se quando o beneficiário execute a obrigação, independentemente 
de provocação judicial, pois, conforme já mencionado, títulos de crédito consistem em títulos 
executivos extrajudiciais.
3 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Com base na sistemática do direito positivado – expresso em lei –, há uma classificação, referente 
aos títulos de créditos, pertinente à previsão estabelecida: títulos de créditos típicos, que são os previstos 
em lei; e os atípicos, aqueles criados ou usados sem ter suas formalidades descritas em alguma norma – 
nominalmente, como também os que são a reunião de características dos títulos de crédito próprios – ou 
seu uso atrelado a determinadas finalidades.
Cumpre salientar que os títulos de crédito atípicos também deverão obedecer a princípios e requisitos 
comuns baseados na ética e na lei. Em face da natureza do título cambiário, a doutrina contempla duas 
classificações: os títulos causais e os títulos abstratos.
Os títulos causais são aqueles emitidos unicamente em razão de uma circunstância natural à sua 
emissão. Exemplo mais claro que temos consiste na duplicata, que corrobora o contrato de compra e 
venda de mercadorias.
Em contrapartida, os títulos abstratos não estão vinculados a determinadas circunstâncias negociais, 
não havendo uma justificativa para sua emissão.
Quanto à circulação do título, surge outra modalidade de definições. São os títulos de crédito à 
ordem, títulos de créditos nominativos e os títulos de crédito ao portador. 
Títulos de crédito à ordem circulam de acordo com a indicação, pelo atual credor, do nome da pessoa 
destinatária do pagamento. A indicação mencionada é chamada de endosso, consistindo na assinatura 
do credor beneficiário (o endossante) no verso ou anverso do título, transferindo sua propriedade ao 
endossatário. É admitida a possibilidade de limitar sua circulação por meio de endosso, quando houver a 
transcrição pelo emitente do termo não à ordem, podendo ocorrer apenas pelo instituto da cessão civil. 
A lei civil proíbe, no entanto, o endosso parcial (art. 912, parágrafo único).
A transferênciado título à ordem se dará por meio da tradição, que é um termo proveniente das 
obrigações no direito civil, consistindo na transferência de um objeto (bem) de um agente para outro. 
A título de exemplo, a concretude de um contrato de compra e venda de bens móveis é realizada pela 
tradição: o comprador dá o valor do produto, e o vendedor entrega o objeto nas mãos do cliente.
A principal norma referente à matéria se concentra no CC/2002, nos seguintes termos:
22
Unidade I
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso 
do próprio título.
§ 1º Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, 
dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura do endossante.
§ 2º A transferência por endosso completa-se com a tradição do título.
§ 3º Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou parcialmente 
(BRASIL, 2002).
A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito de cessão civil – uma forma 
de realização de transmissão de obrigações, conforme o CC/2002.
Os principais títulos de crédito contemporâneos são à ordem: letra de câmbio, duplicata e cheque.
Em relação aos títulos nominativos, o CC/2002 o definiu de maneira sistemática nos termos seguintes:
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste 
no registro do emitente.
Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do 
emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente (BRASIL, 2002).
O instituto visa proteger o titular contra a perda do crédito decorrente da perda do título. Quanto 
aos títulos ao portador, traduzem-se na óbvia literalidade: o pagamento da quantia expressa é efetuado 
a quem os tiver em posse, portando. Logo, sua transferência também ocorre pela tradição:
Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele 
indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor.
Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em 
circulação contra a vontade do emitente (BRASIL, 2002).
A lei civil dispõe sobre circunstâncias que validam o título, a despeito do estado documental:
Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito 
a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do 
primeiro e o pagamento das despesas.
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente 
desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir 
sejam pagos a outrem capital e rendimentos.
23
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida 
neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento 
do fato (BRASIL, 2002).
No ordenamento jurídico nacional, foi proibida a circulação de títulos de crédito ao portador na 
década de 1990. Nos dizeres do professor Gomes:
No Brasil, os títulos ao portador foram praticamente extintos no início 
dos anos 1990, e juntamente com eles foi proibido o endosso em branco. 
Exemplo: cheque ao portador.
Nesse sentido, a Lei n. 8.021/1990, editada à época do governo Collor, proibiu 
a emissão de ações ao portador pelas sociedades anônimas e de outros 
títulos ao portador na ocasião, em decorrência de motivações de ordem 
econômica e tributária, às quais se somaram, nos anos subsequentes, aquelas 
relacionadas a políticas governamentais voltadas ao combate aos crimes de 
lavagem de dinheiro e evasão tributária, motivo de sua manutenção em 
vigor até os dias atuais (2018, p. 230).
Excepcionalmente, há leis diversas que dispõem sobre exceções a essa proibição. A Lei n. 9.069/95, 
por exemplo, estabelece:
Art. 69. A partir de 1º de julho de 1994, fica vedada a emissão, pagamento 
e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem REAIS), sem 
identificação do beneficiário.
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto 
neste artigo (BRASIL, 1995).
Nos termos do Decreto-lei n. 204/67, temos também o bilhete de loteria, admitido na forma de título 
ao portador:
Art. 6º O bilhete de loteria, ou sua fração, será considerado nominativo e 
intransferível quando contiver o nome e endereço do possuidor. A falta 
desses elementos será tido como ao portador, para todos os efeitos (BRASIL, 
1967b).
E, no CC/2002, há a previsão de que o título nominativo se converta em título ao portador, nos casos 
em que não houver proibição expressa por leis:
Art. 924. Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser 
transformado em à ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à sua 
custa (BRASIL, 2002).
24
Unidade I
A última classificação pertinente aos nossos estudos refere-se à forma jurídica: ordens de pagamento 
ou promessas de pagamento.
Como exemplos de ordens de pagamento, teremos a duplicata, o cheque e a letra de câmbio. 
Os agentes envolvidos na circulação desses títulos são: 
• Sacador ou emitente: o emissor do título. 
• Sacado: agente responsável pela ordem de pagamento. 
• Beneficiário: o destinatário da quantia expressa no título.
A promessa de pagamento possui o nome autoexplicativo. Como exemplo, temos a nota promissória, 
situação em que há apenas dois agentes jurídicos envolvidos na circulação da letra: 
• o promitente – devedor; 
• o promissário – credor.
4 PRINCIPAIS EXPEDIENTES REFERENTES AO TÍTULO DE CRÉDITO 
Os expedientes mencionados referem-se a institutos jurídicos que permitem a circulação, a 
transferência de responsabilidade ou direito e a determinação de responsabilidade ou execução do valor 
constante no título. Temos, assim:
• endosso;
• aval;
• aceite;
• protesto; 
• cessão de crédito.
Os três primeiros podem ser denominados como declarações cambiárias, sendo manifestações 
acerca da dinâmica aplicável aos títulos de crédito. Quanto ao protesto e à cessão de crédito, são meios 
jurídicos próprios e distintos, também aplicáveis ao direito das obrigações.
4.1 Endosso
Endossar pode assumir diversos significados, como declarar transferência de algo a outrem, atribuir 
responsabilidade a terceiros e, ainda, ratificar ou prestar solidariedade. No que tange à transferência do 
título cambial, o endosso se consubstancia na forma de transferir a titularidade da cédula cambiária. 
Podemos vislumbrar duas formas de endossar: endosso em branco e endosso em preto.
25
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
Anteriormente mencionado a respeito da polêmica no direito brasileiro, o endosso em branco é a 
transcrição da assinatura do endossante, sem indicação de quem será o beneficiário do valor contido no 
título. Em sentido contrário, o endosso em preto é justamente o que possui indicação do endossatário. 
A LUG expõe como efeitos do endosso:
Art. 14. O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra.
Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da 
aceitação como do pagamento da letra.
O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o 
pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. 
Art. 16. O detentor de uma letra é considerado portador legítimo se justifica 
o seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo se o último for 
em branco. Os endossos riscados consideram-se, para este efeito, como não 
escritos. Quando um endosso em branco é seguido de um outro endosso, 
presume-se que o signatário deste adquiriu a letra pelo endosso em branco. 
Se uma pessoa foi por qualquer maneira desapossada de uma letra, o 
portador dela, desde que justifique o seu direito pela maneira indicada na 
alínea precedente, não é obrigado a restitui-la, salvo se a adquiriu de má-fé 
ou se, adquirindo-a, cometeu uma falta grave (BRASIL, 1966).
No mesmo diploma, encontramos dispositivos que preveem que o endosso terá natureza de cessão 
de créditos nas hipóteses excepcionais a seguir:
Art. 11. Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a 
cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador tiver 
inseridona letra as palavras “não a ordem”, ou uma expressão equivalente, a 
letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária 
de créditos. 
O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do 
sacador, ou de qualquer outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar 
novamente a letra.
[...]
Art. 20. O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que 
o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de 
pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o 
protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. 
26
Unidade I
Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito 
antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto (BRASIL, 1966).
As leis aqui citadas estabelecem algumas modalidades de endosso, como o endosso-mandato e o 
endosso-caução, ambos tidos como formas impróprias, porquanto não transferem a titularidade do crédito.
O endosso-mandato está constituído nos moldes do art. 917 do CC/2002 e do art. 18 da LUG, tendo 
este a definição mais clara:
Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere 
ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição 
expressamente estatuída.
§ 1º O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o 
título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu.
§ 2º Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não 
perde eficácia o endosso-mandato.
§ 3º Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as 
exceções que tiver contra o endossante (BRASIL, 2002).
Art. 918. Quando o endosso contém a menção “valor a cobrar” (valeur em 
recouvremente), “para cobrança” (pour encaissement), “por procuração” 
(par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples 
mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da 
letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador.
Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções 
que eram oponíveis ao endossante. 
O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte 
ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário (BRASIL, 1966, grifo nosso).
No que concerne à responsabilidade do endossatário do endosso, o STJ sumulou nos seguintes termos: 
Súmula n. 476. O endossatário de título de crédito por endosso-mandato 
só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os 
poderes do mandatário (BRASIL, 2012).
O dispositivo a seguir, do CC/2002, estabelece o endosso-caução, garantidor do cumprimento da 
obrigação pelo endossante por meio de penhor do título:
27
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao 
endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título.
§ 1º O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o 
título na qualidade de procurador.
§ 2º Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as 
exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de 
má-fé (BRASIL, 2002).
Por fim, cumpre mencionar, que nos moldes do CC/2002 e da LUG, o endosso compreenderá o valor 
total da quantia estabelecido no título cambiário, proibindo, então, a prática o endosso parcial. Tais 
disposições estão amparadas nos dois diplomas legislativos mencionados:
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o 
subordine o endossante.
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial (BRASIL, 2002).
Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja 
subordinado considera-se como não escrita. 
O endosso parcial é nulo. 
O endosso ao portador vale como endosso em branco (BRASIL, 1966).
4.2 Cessão de crédito
Configura-se como a transferência de um direito creditício a outrem, medida disciplinada pelos 
arts. 286 a 298 do CC/2002. Os artigos a seguir transcritos expõem suas principais características:
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza 
da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da 
cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do 
instrumento da obrigação.
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se 
todos os seus acessórios (BRASIL, 2002).
Institutos acessórios, mencionados anteriormente, são direitos ou deveres menores que orbitam em 
torno do principal. Assim, os juros são pagamentos acessórios a um empréstimo – o principal.
Uma das características mais peculiares do instituto da cessão de direito é que independe do 
conhecimento do devedor para ter eficácia, via de regra:
28
Unidade I
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão 
quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em 
escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
[...]
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode 
o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido (BRASIL, 2002).
Porém, o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem ou as que possua 
contra o cedente, no momento que tomou conhecimento da cessão (art. 294). Cumpre mencionar que o 
art. 296 estabelece que o cedente não responderá pela solvência do devedor.
No caso de ocorrerem várias cessões sobre um mesmo crédito, com o fim de solucionar confusões, 
a norma determina a prevalência daquela cessão de crédito que se completar com a tradição do título:
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se 
completar com a tradição do título do crédito cedido (BRASIL, 2002).
Com o intuito de esclarecer algumas confusões porventura existentes entre endosso e da cessão de 
crédito, podemos traçar as seguintes distinções:
Quadro 2
Endosso Cessão de crédito
Declaração unilateral de vontade Declaração bilateral de vontade
Endossante responde pela aceitação e 
pagamento (art. 15, LUG)
O cedente responde pela existência do crédito 
(art. 286, CC/2002)
Não admite exceções pessoais 
por parte do devedor
Admite exceções pessoais por parte do devedor 
(art. 294, CC/2002)
Efetiva pelo escrito no próprio título A cessão se efetiva por qualquer meio não defeso por lei, convenção ou pela natureza da obrigação
4.3 Aval
O aval consiste numa forma de garantia. Nos termos do art. 897 do CC/2002, o pagamento de um 
título de crédito poderá ser garantido por meio de aval, mas será vetado o aval realizado parcialmente. 
O aval deve ser dado no verso ou anverso do título em questão (art. 898). 
Quanto à determinação da validade do aval concedido, bastará a assinatura do avalista quando este 
for dado no anverso do título. Por fim, é permitido pela Lei Civil o aval posterior ao vencimento:
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do 
anteriormente dado (BRASIL, 2002).
29
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
4.4 Aceite
O aceite se configura como a responsabilização do pagamento do título por parte do sacado. 
Nas palavras de Tomazette:
Por questões de segurança e proteção do crédito, o credor da letra de 
câmbio tem a possibilidade de verificar se o sacado vai ou não efetuar 
o pagamento. Como se trata de uma opção do sacado pagar ou não, o 
credor pode indagá-lo, antes do vencimento, se ele realmente vai efetuar 
o pagamento ou não. O sacado tem ampla liberdade para dizer se vai 
efetuar ou não o pagamento.
Caso ele se manifeste no sentido de que vai pagar o título de crédito, ele 
deve expressar essa vontade no próprio título, assumindo a condição de 
obrigado pelo pagamento da letra de câmbio. Ao declarar sua vontade no 
sentido de que vai efetuar o pagamento, o sacado se torna devedor do título 
e pode ser eventualmente compelido a efetuar esse pagamento. Ele deixa de 
ser um mero nome indicado no documento e passa a ser um obrigado pelo 
pagamento, pois manifestou sua vontade nesse sentido. Essa declaração de 
vontade quetorna o sacado obrigado a pagar a letra de câmbio é chamada 
de aceite, que existe apenas nas letras de câmbio e duplicatas, não existindo 
no cheque ou nas promissórias (2017, p. 134).
Temos também algumas disposições importantes acerca do aceite na letra da LUG:
Art. 25. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra “aceite” ou 
qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado sacado. Vale como 
aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. 
Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista, ou quem deva 
ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por estipulação 
especial, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se o portador 
exigir que a data seja a da apresentação. À falta de data, o portador, para 
conservar os seus direitos de recurso contra os endossantes e contra o sacador, 
deve fazer constatar essa omissão por um protesto feito em tempo útil.
Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte 
da importância sacada.
Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra 
equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos 
termos do seu aceite (BRASIL, 1966).
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Unidade I
 Saiba mais
Para saber mais, leia:
CHAGAS, E. E. Direito empresarial esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2017.
COELHO, F. U. Manual de direito comercial: direito de empresa. 
São Paulo: Saraiva, 2011.
 Resumo
Os títulos cambiários são documentos que representam valores ou 
compromissos de pagamento e são facilmente transferidos a outros 
agentes como meio de valor, para realização de pagamentos.
A definição aceita pelo CC/2002 é de que o título creditício é o 
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo contido 
nele, devendo atender aos requisitos legais.
Será um título de crédito aquele que for composto das seguintes 
características: autonomia, cartularidade e da literalidade. Podem existir 
outras qualidades, como a abstração e a independência, sendo essas 
construções mais complexas ou desdobramentos das três primeiras.
Dentre as muitas normas de nosso ordenamento jurídico aplicáveis à 
matéria, temos o Decreto n. 2.044/1908, que trata das letras de câmbio 
e das notas promissórias, além de regulamentar operações cambiais; a 
Lei n. 7.357/1985, que dispõe sobre o cheque; a Lei n. 5.474/1968, referente 
às duplicatas; por fim, o Decreto n. 57.663/1966, incorporador da LUG, 
de 1930, à qual o Brasil acordou em 1942, convencionando acerca da 
universalidade das letras de câmbio e das notas promissórias.
Conforme visto, há muitos critérios para a classificação. Com relação à 
natureza do título cambiário, são denominados títulos causais e títulos abstratos. 
No tocante à circulação, podemos distingui-los entre títulos de crédito à ordem, 
nominativos e ao portador. E, por fim, em virtude da forma jurídica, podemos 
tratá-los como ordens de pagamento ou promessas de pagamento.
Alguns expedientes ou ações são necessários para que se dê a circulação 
e assunção de responsabilidades com o uso dos títulos, isto é, para lhes dar 
instrumentalização e utilidade. O endosso é a transmissão da titularidade 
de todos os direitos inerentes ao título cambiário. De maneira similar, há a 
cessão civil de direitos, estabelecida pelo CC/2002 como declaração bilateral 
31
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS
de vontade, um instrumento para as obrigações, sendo muito similar ao 
endosso em sua definição.
Aplicar-se-á também para a circulação de títulos de crédito o aval, que 
é uma forma de garantia prevista pelo CC/2002. Por fim, o aceite é a forma 
de responsabilização do sacado, quando este assume a obrigação pelo 
pagamento do título.
 Exercícios
Questão 1. Fabianildinho Mitocledes é devedor de Josetelido Nuntifique, da quantia de R$ 5.000,00, 
decorrente de empréstimo pessoal. O credor exigiu que o crédito fosse representado por uma nota 
promissória e o devedor concordou e assinou o título de crédito, na data do pagamento, o devedor 
constatou que o título de crédito não estava mais com o credor e sim com um terceiro, Sergelino 
Malangueta, que havia recebido o título como pagamento de uma dívida que Josetenildo tinha com ele. 
Fabianildinho, então, se recusou a pagar, sob a alegação de que nada devia para Sergelino e que ele não 
tinha direito de estar de posse daquela nota promissória. 
Veja as afirmativas e assinale a alternativa correta.
I – O devedor está correto porque o pagamento de um título de crédito só deve ser feito ao credor 
original, em razão de determinação da lei.
II – O devedor está correto porque as notas promissórias têm caráter pessoal e só podem ser pagas 
àquele cujo nome aparece no campo destinado ao credor.
III – O devedor está equivocado porque as notas promissórias são títulos de crédito de múltipla 
escolha e permitem que o devedor estipule para quem deseja efetuar o pagamento.
IV – O devedor está equivocado porque a nota promissória, como todo título de crédito, tem 
autonomia e pode ser transferida para outras pessoas que se tornam titulares do crédito.
É correto apenas o que se afirma em:
A) III e IV.
B) I.
C) II.
D) III.
E) IV.
Resposta correta: alternativa E.
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Unidade I
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a lei não determina que o título de crédito não possa circular, ao contrário, expressamente 
autoriza, conforme consta no art. 893 do Código Civil.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a nota promissória é um título de crédito e, como tal, é dotada de autonomia que lhe 
permite ampla circulação. O devedor deverá quitar o débito a quem tenha a cartularidade, ou seja, ao 
possuidor de boa-fé da nota promissória. 
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: as notas promissórias são títulos de crédito que podem circular, porém não são de 
múltipla escolha, ou seja, o devedor não pode escolher para quem deseja efetuar o pagamento do 
débito. Deve fazê-lo apenas para aquele que esteja de posse do título.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: uma das características essenciais dos títulos de crédito é a autonomia, que permite que 
um novo titular do crédito adquira um novo direito, como se fosse o credor originário, porque uma das 
funções do título de crédito é exatamente circular pelo mercado. À característica da autonomia somam-se, 
ainda, a abstração e a independência, a garantirem a possibilidade de circulação dos títulos de crédito.
Questão 2. Maria da Penha está sendo acionada judicialmente para quitar uma dívida que não 
reconhece como sua. Ela procurou o advogado responsável pela ação judicial e foi informada que o 
débito decorre de um aval que ela assinou em título de crédito emitido por seu filho. Caso ela não pague 
o valor do débito:
A) Nada acontecerá porque o devedor principal é seu filho, que foi a pessoa que assinou o título de 
crédito e assumiu a responsabilidade pela quitação.
B) Seu filho poderá ser preso em razão da ausência de quitação do título.
C) A demanda judicial vai prosseguir e ela poderá ter que responder com seu patrimônio pelo 
pagamento do débito, visto que ela é devedora solidária por ser avalista do título de crédito.
D) O título será devolvido ao credor e a justiça nada poderá fazer porque ela não é a devedora principal.
E) Ela poderá ser presa juntamente com seu filho, porque ambos são devedores solidários.
Resolução desta questão na plataforma.

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