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OSCE - FLUXOS E CONDUTAS HABILIDADES MÉDICAS VII Júlia Figueirêdo – 2022 Júlia Figueirêdo – HABILIDADES MÉDICAS VII CRISES CONVULSIVAS E FEBRIS NA PEDIATRIA ABORDAGEM À CRISE CONVULSIVA NA EMERGÊNCIA: As crises epilépticas são resultado de descargas neuronais exageradas e agudas, seja a nível generalizado (crise tônico-clônica) ou focal (mioclônica, tônica, clônica, de ausência). Normalmente a criança não chega convulsionando ao atendimento, pois as crises são autolimitadas e de curta duração. A investigação recomendada a esses casos é: 1. Coleta sucinta de anamnese e exame físico orientados; 2. (Em caso de paciente em crise ativa) Medidas gerais de suporte básico de vida (ABCDE e manter a criança em posição de resgate) e monitorização contínua; 3. Manter oxigênio em FiO2 100%; 4. Garantir acesso venoso e gasometria arterial, além de dosagem de glicemia; 5. Solicitação de exames laboratoriais (hemograma, eletrólitos, função renal/hepática, glicemia). Apesar de menos observado, o manejo da crise ativa, deve ser implementado rapidamente, contando com: 1. Medidas de suporte (citadas acima); 2. Diazepam EV (0,3-0,5mg/kg) – NÃO FAZER INTRAMUSCULAR, devido à absorção errática; o Se não houver acesso venoso, prosseguir com o uso de Diazepam retal (0,5mg/kg) ou Midazolam IM ou nasal (0,2-0,5mg/kg). 3. Repetição da dose de Diazepam a cada 5 minutos (máximo de 2 a 3x); 4. Se não há resposta, administrar Fenitoína EV (20mg/kg); 5. Se ainda assim não houver melhora, aplicar Fenobarbital EV (20mg/kg). É importante estar atento a situações nas quais há crise > 5 minutos OU ausência de recuperação total do nível de consciência por período ≥ 30 minutos, pois sugerem a presença de mal epiléptico. Nesse cenário, deve-se implementar: 1. Midazolam IV (0,1-0,3mg/kg), seguido por infusão contínua (3mcg/kg/min); 2. Se não houve resolução, considerar como caso de mal epilético refratário: o Encaminhar paciente para a UTI; o Administrar sedativos, como Tiopental e Propofol. Algumas condições clínicas e situações específicas se tornam indicações para realização de tomografia após a resolução da crise convulsiva, a saber: Trauma cranioencefálico; Primeira crise afebril; Crise convulsiva focal; Déficit neurológico focal; Estrabismo persistente; Suspeita de maus tratos; Suspeita de hipertensão intracraniana. Júlia Figueirêdo – HABILIDADES MÉDICAS VII ABORDAGEM À CRISE FEBROL NA EMERGÊNCIA: As crises febris são o transtorno convulsivo mais comum na infância, especialmente entre s 6 meses e 5 anos de idade, em resposta a imaturidade cerebral em regular o controle de temperatura. Essa reação exagerada leva a mudanças na despolarização neuronal, principalmente no primeiro dia de febre. Clinicamente, esse quadro é definido por meio de febre associada a ausência de causas intracranianas ou distúrbios eletrolíticos/metabólicos, e em pacientes sem histórico prévio de crises enquanto afebril. Ainda é possível classificar as crises de acordo com sua complexidade e impactos, a saber: Crise febril simples (típica): o Convulsão generalizada breve, com duração < 15 minutos; o Não recorrente em 24h; o Ocorre na vigência de doença febril NÃO associada ao SNC; o Identificada em crianças de idade usual (descrita acima); o Não causa déficit neurológico. Crise febril complexa (atípica): o Apresentam padrão focal OU generalizado (e evoluções); o Duração por mais de 15 minutos; o Recorrência > 1 vez em 24h; o Sintomas neurológicos ou pós-ictais associados; o Requerem internamento para investigação. A conduta para as crises febris simples, sem sinais clínicos sugestivos de infecção do SNC, é expectante, com observação do paciente e tratamento da causa base. Para os episódios complexos ou em pacientes com suspeita de meningite, torna-se necessário internar a criança, orientando a realização de exames de imagem ou punção liquórica (OBRIGATÓRIA em > 12 meses ou na presença de sinais de infecção meníngea). As principais manifestações clínicas que exigem atenção são letargia, petéquias, instabilidade clínica, rigidez de nuca, irritabilidade e abaulamento de fontanelas. A indicação para realização de eletroencefalograma se direciona a quadros com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e/ou estado de mal epiléptico, ao passo que a ATENÇÃO: os principais fatores de risco para recorrência são idade de início das crises < 18 meses, histórico familiar positivo, presença de crises com febre baixa ou antes de 24h em estado febril ATENÇÃO: outras recomendações para punção lombar são crianças com < 12 meses, em primeira crise febril complexa, episódio depois de 2º dia de febre, com uso recente de antibióticos, com estado geral prejudicado, e período pós-ictal prolongado Júlia Figueirêdo – HABILIDADES MÉDICAS VII tomografia é orientada àquelas crianças com possível hipertensão intracraniana, anormalidades neurológicas focais e crises > 5 min. ANAFILAXIA EM PEDIATRIA A anafilaxia é uma reação multissistêmica aguda e potencialmente fatal desencadeada pelo contato com um alérgeno, conhecido ou não. Os sintomas mais comumente associados são: Cutâneos (encontrados em 90% dos casos): o Urticária e angioedema; o Erupções cutâneas; o Prurido sem rash cutâneo. Respiratórios (frequência de 40 a 60% das apresentações): o Dispneia e sibilos;; o Edema de glote; Pode ser precedido por rouquidão e tosse. o Espirros, coriza, obstrução e prurido nasal; o Prurido ocular, acompanhado ou não por hiperemia conjuntival e lacrimejamento. Cardiovasculares (presentes em 30 a 35% dos episódios): o Taquicardia, dor precordial; o Tontura/Síncope; o Hipotensão; o Choque. Digestórios (associados a 25 a 30% dos casos): o Náuseas e vômitos; o Diarreia. O diagnóstico dessa condição é clínico, sendo altamente provável na presença de algum dos seguintes fatores: Quadro de início agudo (minutos a poucas horas) com comprometimento da pele, tecido mucoso ou ambos, desde que ASSOCIADO A PELO MENOS UM: o Comprometimento respiratório, diminuição da PA, disfunção de órgãos-alvo ou manifestações gastrintestinais graves. Surgimento súbito de hipotensão, broncoespasmo ou desconforto laríngeo após exposição a um alérgeno conhecido ou altamente provável, mesmo na ausência de envolvimento cutâneo típico. A conduta frente a esses quadros deve ser rápida, baseada em: 1. Garantir realização do ABCDE e MOVD (monitorização, oxigenação, venóclide e dosagem de glicemia) na sala de emergência; 2. Administração de Adrenalina IM (0,01mg/kg em dose máxima de 0,3mg para crianças e 0,5mg/kg em adolescentes) no vasto lateral da coxa; Se necessário, repetir a cada 5-15 minutos, monitorando a FC. 3. Reavaliar status circulatório, vias aéreas e respiração; Júlia Figueirêdo – HABILIDADES MÉDICAS VII 4. Reposição volêmica (20mL/kg em 20-30 minutos, ou 10mL/kg para neonatos e crianças com distúrbios renais ou cardíacos); 5. Após a estabilização do quadro, manter uso de corticoides e anti-histamínicos por 5 dias, Em casos leves, a observação mínima e após a crise deve ser de 6 a 8h. Para manifestações de maior gravidade, recomenda-se acompanhamento hospitalar por 24 a 48h.
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