Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Crime: Substratos CULPABILIDADE CRIME FATO TÍPICO ILICITUDE Conduta típica não justificada, espelhando a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como um todo. Ilicitude: Conceito Relação Entre Tipicidade e Ilicitude TEORIA DA INDICIARIEDADE OU RATIO COGNOSCENDI A existência de fato típico gera presunção de ilicitude. - Relativa dependência. FT ILIC Presunção Causas Excludentes da Ilicitude (Descriminantes) “Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.” 6 Redação antes da Lei 13.964/19 Redação depois da Lei 13.964/19 Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.” Requisitos: A legítima defesa depende de requisitos objetivos e um subjetivo. Requisitos Objetivos: 1- AGRESSÃO INJUSTA Conduta humana contrária ao direito que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém. Cuidado: Agressão injusta, não significa necessariamente fato típico. Ex.: 2- AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE Atual: está ocorrendo Iminente: prestes a ocorrer 3- USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS “Meio necessário”: meio menos lesivo à disposição do agredido no momento da agressão, porém, capaz de repelir o ataque com eficiência. Encontrado o meio necessário, deve ser utilizado de forma moderada. 4- SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO Direito próprio: legítima defesa própria Direito alheio: legítima defesa de terceiro Requisito Subjetivo: 13 “Legítima defesa (...) Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” A alteração não parece trazer reflexos práticos, servindo, quando muito, como instrumento para melhor compreensão do instituto da legítima defesa no dia a dia dos agentes policiais e de segurança pública. Com efeito, se a justificante só tem cabimento quando observados os requisitos do caput do art. 25, estamos, ao fim e ao cabo, diante de um simples exemplo. Em outras palavras, mesmo antes da alteração legal, justificaria a sua conduta pela legítima defesa o agente policial ou de segurança pública que, na situação descrita, usando moderadamente dos meios necessários, prevenisse injusta agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 16 Redação antes da Lei 13.964/19 Redação depois da Lei 13.964/19 Conversão da multa e revogação Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição Conversão da multa e revogação “Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Pagamento Voluntário da Pena de Multa (Art. 50 CP) “Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.” Não Pagamento da Multa (Art. 51 CP) Dá ensejo à execução forçada. Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. DISCUTIA-SE LEGITIMIDADE E COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO DA MULTA Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. STF: Nova redação do art. 51 do CP - Para adequar o texto legal à referida decisão do STF, a Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) alterou a redação do art. 51 do CP, que passou a prever expressamente a competência do juízo da execução penal, no qual, evidentemente, deve atuar o Ministério Público. Aboliu-se, também, a legitimidade subsidiária da procuradoria da Fazenda Pública. O rito a ser seguido é o estabelecido entre os artigos 164 e 170 da LEP, com aplicação da Lei 6.830/80 no que for cabível. Multa de valor irrisória deve ser executada? 22 Prescrição da pena de multa: Segundo dispõe o art. 114 do Código Penal, a prescrição da pena de multa ocorrerá: (A) em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; (B) no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. No que concerne à prescrição da pretensão punitiva (em abstrato, retroativa ou intercorrente), não há dúvida: aplicam-se integralmente as disposições do Código Penal 23 A multa é a única aplicada na sentença ou é aplicada cumulativamente com pena privativa de liberdade O prazo prescricional é o do art. 114, I (dois anos) ou II (mesmo prazo da pena privativa). Sobre as causas interruptivas e suspensivas se aplicam as regras penais e as normas específicas relativas à execução fiscal O prazo prescricional é o do art. 114, I (dois anos) ou II (mesmo prazo da pena privativa). Sobre as causas interruptivas e suspensivas se aplicam apenas as regras específicas relativas à execução fiscal O prazo prescricional é de cinco anos e as causas suspensivas e interruptivas são regidas pelas regras específicas da execução fiscal 24 Redação antes da Lei 13.964/19 Redação depois da Lei 13.964/19 Limite das penas Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. Limite das penas “Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. Vedação da pena de caráter perpétuo - Em sintonia com a garantia constitucional estampada no art. 5º, XLVII, “b” (vedação da pena de caráter perpétuo), dispunha o art. 75 do CP que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não poderia suplantar 30 (trinta) anos. Quando o agente fosse condenado a penas privativas de liberdade cuja soma fosse superior a 30 (trinta)anos, deveriam elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. Novo limite máximo de cumprimento de pena – A Lei 13.964/19 alterou o caput e o §1º do art. 75, ampliando o tempo máximo de cumprimento de pena, que agora não pode suplantar 40 anos. Por óbvio, a norma alterada é irretroativa, não alcançando os fatos pretéritos. Um problema deve ser resolvido: imaginemos um condenado que cumpre penas por crimes cometidos antes da Lei 13.964/19 e também por crimes cometidos após. O teto temporal da execução será de 30 (antiga redação do art. 75 do CP) ou de 40 anos (nova redação do art. 75)? Será o teto anterior ou posterior ao pacote anticrime? O teto deve corresponder à média simples, qual seja, 35 anos. Para tanto, o somatório das penas dos crimes cometidos após a Lei 13.964/19 deve alcançar, pelo menos, 5 anos. Caso contrário, prevalece o prazo anterior (30 anos). 50 anos, antes da Lei 13.964/19 3 anos por crimes cometidos após. Exemplo: Fulano foi condenado ao cumprimento de 50 anos por crimes cometidos antes da Lei 13.964/19, e 3 anos por crimes cometidos após. O limite máximo de cumprimento de pena deve observar 30 anos. 50 anos, antes da Lei 13.964/19 5 anos por crimes cometidos após. Exemplo: Fulano foi condenado ao cumprimento de 50 anos por crimes cometidos antes da Lei 13.964/19, e 5 anos por crimes cometidos após a Lei 13.964/19. O limite seria de 35 anos, média simples dos tetos antigo e novo. “Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. Confisco alargado - A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) introduziu no Código Penal o art. 91-A, que disciplina o chamado confisco alargado (confisco ampliado ou perda alargada), efeito extrapenal da sentença penal condenatória que consiste na perda de bens equiparados ao produto ou proveito do crime. A principal motivação deste tipo de medida é a despatrimonialização do criminoso de modo a incrementar um reproche econômico significativo aos tradicionais efeitos dissuasórios e retributivos da sanção penal, notadamente àquelas categorias delitivas altamente rentáveis. Trata-se de estratégia de enfrentamento à criminalidade que parte da ideia de que determinados crimes são permeados por um alto grau de escolha racional, em que o agente avalia e assume os riscos e benefícios decorrentes de sua prisão e do retorno proporcionado. O elevado saldo patrimonial nessa equação de custo-benefício serve de incentivo para o intento criminoso. A análise econômica do crime, dentre outras lições, indica que um sistema criminal eficaz deve impor riscos superiores às vantagens inerentes à prática do crime. O confisco alargado não é cabível em qualquer condenação. O dispositivo em estudo elenca alguns pressupostos necessários que delimitam seu cabimento. Importa desde já deixar assentado que esses pressupostos servem para demonstrar que a legislação não cria uma presunção legal, mas tão somente uma consequência anexa e direta do édito condenatório que, por opção político- criminal, se alastra para outras esferas jurídicas e produz outros efeitos jurídicos mandamentais previstos na norma. Pressupostos - Os pressupostos da medida são os seguintes: (A) condenação por crime com pena máxima superior a seis anos (B) Incompatibilidade do patrimônio com a renda lícita do agente Entende-se por patrimônio do condenado para os efeitos do confisco: (1) os bens de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; (2) os bens transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. Não é necessário que os dados constantes na denúncia sejam definitivos. É possível a apresentação de uma espécie de cálculo simplificado, baseado nas informações disponíveis até aquele momento, e, caso a instrução processual revele novas provas que possam incrementar os valores apurados, estes é que deverão ser considerados pelo juiz na sentença. Na sentença em que decreta a perda, o juiz deve: (a) declarar a diferença apurada entre o valor do patrimônio do condenado e aquele compatível com o seu rendimento lícito e (b) especificar os bens cuja perda está sendo decretada. 38 Redação antes da Lei 13.964/19 Redação depois da Lei 13.964/19 Roubo Art. 157 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (...) § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (...) § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Roubo Art. 157 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (...) VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (...) § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Arma branca Arma de fogo de uso permitido Arma de fogo de uso restrito ou proibido Aumento de 1/3 até 1/2 Aumento de 2/3 Aumento em dobro Arma branca? Fulano executa um crime de roubo com emprego de arma de fogo com numeração raspada. Responde pelo crime com a majorante do §2º.-A ou §2º.-B? 42 Redação antes da Lei 13.964/19 Redação depois da Lei 13.964/19 Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. (...) § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.” Ação penal – A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) inseriu no art. 171 o § 5º, que modifica a natureza da ação penal, antes pública incondicionada (com as exceções do art. 182 do CP). Atualmente, a ação penal é pública condicionada à representação, exceto se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Aspecto processual (condição de procedibilidade)Aspecto penal (causa extintiva de punibilidade)
Compartilhar