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2012 ME-100 Fundamentos de Matemática Mauro S. de F. Marques – p. 1/63 CAPÍTULO 2 Elementos de teoria de conjuntos msdfm – p. 2/63 2.1 Introdução A Teoria de conjuntos é a base de quase toda a matemática moderna. Essa teoria foi iniciada Gerg Cantor (1845-1918) por volta de 1870. As idéias de Cantor sofreram muitas críticas dos matemáticos de então. Hoje, esta teoria é aceita plenamente e vista como uma mudança de para- digma da maior importância. Um referência interessante sobre a história da Teoria de Conjuntos é: Johnson, P.E (1972). A History of Set Theory. Prindle,Weber & Smith. Boston msdfm – p. 3/63 Aqui daremos um enfoque mais informal à Teoria dos Conjunto suficiente para os nossos objetivos. Um estudo mais rigoroso (“axiomático”) pode ser encontrado em Halmos,P.R (1972). Naive Set Theory. Springer-Verlag. “Definic¸a˜o”: Entendemos por conjunto uma coleção de objetos distinguíveis, chamados de elementos, pensada como um todo. O que ha´ de errado com essa definic¸a˜o? msdfm – p. 4/63 Não podemos usar a frase anterior como definição pois palavra colec¸a˜o não foi previamente definida! Poderiamos então definir: Uma colec¸a˜o é um conjunto de objetos distinguíveis, chamados de elementos, pensado como um todo. ?!?1?!?!?!?!?!? msdfm – p. 5/63 Assumiremos como um conceito primitivo as noc¸o˜es de conjunto e elementos. Um conjunto deve sempre ser bem definido no sentido que dado um objeto, somos capazes de dizer (concluir) se este objeto é ou não um elemento do conjunto. Para evitar discussões pertinentes a teoria geral de conjuntos, em uma dada situação, os conjuntos aqui considerados serão formados por elementos de um conjunto fixo, digamos Ω, chamado de conjunto universal (ou universo), conjunto ba´sico, ou espac¸o. msdfm – p. 6/63 Assim quando dizemos “todo elemento de A e´ um elemento de B” estamos dizendo (∀a em Ω,∀a em A)⇒ (a em B), para algum conjunto universal Ω. • Letras maiúsculas (Ω,X,Y, ..., A,B,C, . . .) serão usadas para denotar conjuntos. • Letras minúsculas (ω, x, y, . . . , a, b, c, . . .) denotarão elementos do conjunto. • Os elementos de um conjunto também são chamados de membros ou pontos msdfm – p. 7/63 Pertineˆncia: • “a e´ um elemento de A”, ou “a pertence a A”, ou “a e´ um membro de A”, ou “a e´ um ponto de A”, ou “a em A” será denotado por a ∈ A • A negação, “a não é um elemento de A”, será expressa por a 6∈ A. msdfm – p. 8/63 Se um conjunto tem “poucos” elementos, por exemplo, quando A é o conjunto formado pelos elementos ♣,♦,♥ e ♠, então A é representado na forma { ♣,♦,♥,♠ } Uma outra maneira de descrever um conjunto é usando alguma função proposicional p com domínio Ω; “A é o conjunto dos elementos ω em Ω tal que p(ω) é verdade” ou (∀ω ∈ Ω ∋ p(a))⇒ (ω ∈ A). Notação A = {ω ∈ Ω : p(ω)} ou A = {ω : p(ω)}. Exemplos: Seja R o conjunto dos “números reais”. • A = {x ∈ R : (x− 1)(x+ 1)(x− 2) = 0}. • A = {x ∈ R : x e´ um nu´mero par}. • A = {x ∈ R : 0 ≤ x < 1}. msdfm – p. 9/63 Um conjunto que merece destaque é aquele que não possue elementos. Ele é usualmente denotado por ∅ ou { } e chamado de conjunto vazio. Por exemplo, o conjunto definido da forma: {n : n e´ par e n e´ impar} é vazio. Note que: { } e {{ }} são conjuntos distintos!?!?!?!?!? msdfm – p. 10/63 Dizemos que A é um subconjunto de B ou que A esta´ contido em B, escreve-se A ⊂ B, se todo elemento de A é também um elemento de B, isto é, (A ⊂ B)⇔ ((∀ω ∈ Ω) ∧ (ω ∈ A)⇒ ω ∈ B) A negação de A ⊂ B, é dada por (A 6⊂ B) = ¬(A ⊂ B)⇔ ( ∃ω ∈ Ω,∋ (ω ∈ A)∧(ω 6∈ B) ) . msdfm – p. 11/63 Já usamos de forma empírica o símbolo de igualdade de conjuntos; para fazermos esta idéia precisa basta observar que como conjuntos são determinados pelos seus elementos, então A = B ⇔ ( A ⊂ B e B ⊂ A ) , ou seja, (A = B)⇔ ( (∀ω ∈ Ω, ω ∈ A⇒ ω ∈ B)∧(∀ω ∈ Ω, ω ∈ B ⇒ ω ∈ A) (∀ω, ω ∈ A⇔ ω ∈ B). A negação da igualdade é dada por: (A 6= B) = ¬(A = B)⇔ ( (∃ω ∈ A ∋ ω 6∈ B)∨(∃ω ∈ B ∋ ω 6∈ A) ) . msdfm – p. 12/63 Exercı´cio: 1. Demonstre os seguintes teoremas e em cada caso indique quais são as premissas e qual é a conclusão: (i) “O conjunto vazio e´ u´nico”. (ii) ∀Ω, ∀A,A ⊂ Ω, ∅ ⊂ A. (iii) ∀A,∀B, ∀C, (A ⊂ B) ∧ (B ⊂ C)⇒ A ⊂ C. (iv) (A ⊂ ∅)⇔ (A = ∅) (v) ∅ = {ω ∈ Ω : p(ω) ∧ ¬p(ω)}. (vi) ({ω ∈ Ω : p(ω)} ⊂ {ω ∈ Ω : q(ω)}) ⇔ (p(ω)⇒ q(ω)) (vii) ({ω ∈ Ω : p(ω)} = {ω ∈ Ω : q(ω)}) ⇔ (p(ω)⇔ q(ω)) Acima p e q são funções proposicionais quaisquer. msdfm – p. 13/63 2.2 Operações de conjuntos Os três operadores (conectivos) básicos são o complementar, a unia˜o e a intersecc¸a˜o. Sejam A e B subconjuntos de um universo Ω (A,B ⊂ Ω). 1. O complemento de A (com relação a Ω) é o conjunto Ac = {ω ∈ Ω : ω /∈ A}; 2. A unia˜o de A e B é dada por A ∪B = {ω ∈ Ω : (ω ∈ A) ∨ (ω ∈ B)} e 3. A intersecc¸a˜o de A e B é A ∩B = {ω ∈ Ω : (ω ∈ A) ∧ (ω ∈ B)}. msdfm – p. 14/63 Em outras palavras; 1. Um elemento de Ω que não é elemento de A é um elemento do complemento de A. 2. Um elemento da união de A e B é elemento de pelo menos um dos conjuntos 3. Um elemento da intersecção de A e B é elemento de ambos. Dizemos que A e B são disjuntos se A ∩B = φ, isto é, A e B na˜o teˆm elementos comuns. msdfm – p. 15/63 Sejam A, B e C subconjuntos de um conjunto universo Ω. As seguintes propriedades são facilmente verificadas: (i) Lei comutativa: A ∪B = B ∪ A; A ∩B = B ∩ A. (ii) Lei associativa: (A ∪B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C); (A ∩B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C). (iii) Lei distributiva: (A ∪B) ∩ C = (A ∩ C) ∪ (B ∩ C); (A ∩B) ∪ C = (A ∪ C) ∩ (B ∪ C). (iv) Lei de De Morgan: (A ∪B)c = Ac ∩Bc; (A ∩B)c = Ac ∪Bc. msdfm – p. 16/63 Exercı´cios: 2. Verifique as propriedades no “slide” anterior. 3. Sejam A e B subconjuntos de um conjunto universo Ω. Demonstre: (i) ∀A,∀B, (A ⊂ B)⇔ (A ∩B = A). (ii) ∀A,∀B, (A ⊂ B)⇔ (A ∪B = B). (iii) ∀A,A ∪Ac = Ω. (iv) ∀A,A ∩Ac = ∅. (v) ∀A,∀B, (A ⊂ B)⇔ (Bc ⊂ Ac). (vi) ∀A,A ∩ ∅ = ∅. (vii) ∀A,A ∪ Ω = Ω. (viii) ∀A,∀B,A ∩B ⊂ A. (ix) ∀A,∀B,A ⊂ A ∪B. (x) ∀A,∀B,A ∩B ⊂ A ∪B. (xi) ∀A, (Ac)c = A. Em cada caso acima identifique claramente premissa(s) e conclusão. msdfm – p. 17/63 Já vimos que um conjunto pode ser definido via uma função proposicional p; P = {ω ∈ Ω : p(ω)}. O conjunto P é algumas vezes referido com o conjunto verdade de p. De fato, (ω ∈ P )⇔ p(ω) e´ verdade. msdfm – p. 18/63 Exercício: 4. Sejam p e p funções proposicionais com domínio em Ω. Para P = {ω ∈ Ω : p(ω)} e Q = {ω ∈ Ω : q(ω)}, demonstre que: (i) P ∪Q = {ω ∈ Ω : p(ω) ∨ q(ω)}. (ii) P ∩Q = {ω ∈ Ω : p(ω) ∧ q(ω)}. (iii) P c = {ω ∈ Ω : ¬p(ω)}. (iv) (P = Q)⇔ (p⇔ q). (v) (∀ω ∈ A ⊂ Ω, p(ω))⇔ A = P . (vi) (∃ω ∈ Ω ∋ p(ω))⇔ P 6= ∅. msdfm – p. 19/63 Outros operadores: Sejam A e B subconjuntos de um conjunto universo Ω. 1 O conjunto dos elementos de A que não são elementos de B, chamado diferenc¸a entre A e B, é dado por A \B = A ∩Bc (= A−B). 2 O conjunto dos elementos que pertencem somente a um deles, chamado de diferenc¸a sime´trica, é dado por A△B = (A \B)∪ (B \A) = (A∩Bc)∪ (Ac∩B). msdfm – p. 20/63 2.3 Conjunto Potência Definic¸a˜o: Seja A um subconjunto qualquer de um espaço Ω. O conjunto cujos elementos são todos os subconjuntos de A, denotado por P(A) (ou 2A), é chamado conjunto poteˆncia ou conjunto das partes de A: P(A) = 2A = {B : B ⊂ A). Exemplo: Seja A = {a1, a2, a3}. P(A) = 2A = { ∅, {a1}, {a2}, {a3}, {a1, a2}, {a1, a3}, {a2, a3}, {a1, a2, a3} } . msdfm – p. 21/63 Exercı´cios: 5. ∅ ∈ P(A) ou ∅ ⊂ P(A)? Abaixo, Sejam A e B subconjuntos de um universo Ω. 6. Demonstre de modo direto os teoremas abaixo.(i) (A ⊂ B)⇒ (P(A) ⊂ P(B)). (ii) (P(A) ⊂ P(B)) ⇒ (A = B). (iii) Ω ∈ P (A)⇔ A = Ω. 7. Verifique, demonstrando ou dando um contra-exemplo, se as conjecturas abaixo são verdadeiras ou falsas. (i) (P(A) ∪ P(B)) ⊂ P(A ∪B). (ii) (P(A) ∩ P(B)) ⊂ P(A ∩B). (iii) P(A ∪B) ⊂ (P(A) ∪ P(B)). (iv) P(A ∩B) ⊂ (P(A) ∩ P(B)). (v) P(A ∩B) ⊂ P(A ∪B). msdfm – p. 22/63 2.4 Cardinalidade Um conjunto pode ter um número finito ou infinito de elementos. Definic¸a˜o: Se A é um conjunto com um número finito de elementos, o número de elementos de A é chamado de cardinalidade de A e denotado por ♯(A) ou card(A) ou |A|. A “cardinalidade” de um conjunto com infinitos elementos é um problema mais delicado e sua discussão será adiada. Para se ter um noção do problema, imagine o “número” de elementos dos conjuntos N = {1, 2, 3, . . .}, Z = {. . . ,−2,−1, 0, 1, 2, . . . }, [0, 1) = {x : 0 ≤ x < 1} e R = {x : −∞ < x < +∞}. msdfm – p. 23/63 Exercı´cio: Sejam A e B subconjuntos de um universo Ω, com número finito de elementos. 8. Demonstre que: (i) Se A ∩B = ∅, então ♯(A ∪B) = ♯(A) + ♯(B). (ii) Se A ⊂ B, então ♯(B\A) = ♯(B)− ♯(A). (iii) Se A ⊂ B, então ♯(A) ≤ ♯(B). (iv) Se ♯(Ω) = n, então ♯(Ac) = n− ♯(A). (v) Para todo A e para todo B, ♯(A ∪B) = ♯(A) + ♯(B)− ♯(A ∩B). 9. Verifique que: (i) Se ♯(A) = 2, então ♯(P(A)) = 4. (ii) Se ♯(A) = 3, então ♯(P(A)) = 8. (iii) Se ♯(A) = n, então ♯(P(A)) = 2n. msdfm – p. 24/63 Operações envolvendo um número infinito de subcon- juntos Considere An, n = 1, 2, . . . , subconjuntos de um universo Ω. 1 A união dos conjuntos An, n ≥ 1, é definida por A = ∪∞n=1An = ∪n≥1An = {ω ∈ Ω : ∃n ∈ N,∋ ω ∈ An} = {ω ∈ Ω : (ω ∈ A1) ∨ (ω ∈ A2) ∨ · · · } = {ω ∈ Ω : ω ∈ An para algum n ∈ N}. 2 A intersecção dos conjuntos An, n ≥ 1 é definida por B = ∩∞n=1An = ∩n≥1An = {ω ∈ Ω : ∀n ∈ N, ω ∈ An} = {ω ∈ Ω : (ω ∈ A1) ∧ (ω ∈ A2) ∧ · · · } = {ω ∈ Ω : ω ∈ An para todo n ∈ N}. 3 Analogamente Cn = ∪ ∞ k=n Ak = ∪k≥nAk = {ω ∈ Ω : ∃k ≥ n,∋ ω ∈ Ak}. Dn = ∩ ∞ k=n Ak = ∩k≥nAk = {ω ∈ Ω : ∀k ≥ n, ω ∈ Ak}. msdfm – p. 25/63 2.5 Relações Conjuntos são determinados por seus elementos, logo {♣,♦} = {♦,♣} Em muitas situações é importante distinguir os mesmos elementos listados em ordens diferentes. Nestes casos denotamos o par ordenado onde o primeiro elemento é ♣ e o segundo elemento é ♦ por (♣,♦). Assim, o par ordenado (♣,♦) é diferente do par ordenado (♦,♣): (♣,♦) 6= (♦,♣). msdfm– p. 26/63 Para mostrar a importância de considerarmos pares ordenados, considere a função proposicional p(n,m) = “n < m”. Enquanto p(1, 2) é verdadeira, p(2, 1) é falsa! Definic¸a˜o: Considere os pares ordenados (r, s) e (u, v); (r, s) = (u, v) ⇔ (r = u) ∧ (s = v). Em particular (r, s) 6= (s, r), a menos que r = s. msdfm – p. 27/63 Com base na noção de par ordenado podemos definir uma nova operação entre conjuntos. Definic¸a˜o: Sejam A e B dois conjuntos. O produto cartesiano de A com B , denotado por A×B, é o conjunto de todas os pares ordenados (a, b), onde a é elemento de A e b é elemento de B; A×B = { (a, b) : a ∈ A ∧ b ∈ B } . msdfm – p. 28/63 Exemplo: Para A = {♣,♦,♥,♠}, e B = {0, 1}. • A×B ={ (♣, 0), (♦, 0), (♥, 0), (♠, 0), (♣, 1), (♦, 1), (♥, 1), (♠, 1) } • B × A ={ (0,♣), (0,♦), (0,♥), (0,♠), (1,♣), (1,♦), (1,♥), (1,♠) } • Em particular, A× ∅ = ∅ e ∅ × A = ∅, ∀A. • Note que A×B 6= B × A. • Qual é o conjunto universo para o subconjunto A×B? msdfm – p. 29/63 Definic¸a˜o: Sejam A e B dois conjuntos. Uma relac¸a˜o de A para B é um subconjunto R de A×B definido por uma função proposicional p(a, b) com domínio A×B. R = {(a, b) ∈ A×B : p(a, b)}. Se R é uma relação de A para B e (a, b) ∈ R denotamos aRb (lê-se a se relaciona com b). O domı´nio de R é definido como sendo o conjunto Dom(R) = {a ∈ A : ∃b ∈ B ∋ (a, b) ∈ R} = {a : ∃b ∋ aRb}. e a imagem de R o conjunto Im(R) = {b ∈ A : ∃a ∈ A ∋ (a, b) ∈ R} = {b : ∃a ∋ aRb}. msdfm – p. 30/63 Exemplos: • Se A = {0, 1, 2, 3}, B = {−1, 1, 2, 3} e p(a, b) = “a < b”, então R = {(0, 1), (0, 2), (0, 3), (1, 2), (1, 3), (2, 3)}, Dom(R) = {0, 1, 2} e Im(R) = {1, 2, 3} • Se A é o conjunto de todas as mulheres, B é o conjunto de todos os homens e p(a, b) = “a e b sa˜o casados”. R = conjuntos de todos os casais casados, Dom(R) = conjuntos de todas as mulheres casadas, e Im(R) = conjuntos de todos os homens casados • Se A = B = R = {x : x e´ um nu´mero real} e p(x, y) = “y = x2”, então R = {(x, x2) : x ∈ R}, Dom(R) = R e Im(R) = {(y : y ≥ 0}. msdfm – p. 31/63 Seja R uma relação em A, isto é, uma relação de A em A. Dizemos que: (i) R é reflexiva se e somente se ∀a ∈ A, aRa. (ii) R é sime´trica se e somente se ∀a, b ∈ A, aRb⇒ bRa. (iii) R é transitiva se e somente se ∀a, b, c ∈ A, (aRb ∧ bRc)⇒ aRc. (iv) R é uma relac¸a˜o de equivaleˆncia se e somente se R é reflexiva, simétrica e transitiva. msdfm – p. 32/63 Exercı´cios: 10. Verifique se as proposições abaixo são verdadeiras ou falsas. Justifique as respostas! (i) Considere R o conjunto dos números reais e R definida por xRy ⇔ (x ≤ y). Então R é uma relação de equivalência. (ii) Considere P(Ω) o conjunto potência de um universo Ω eR definida por ARB ⇔ (A ⊂ B). EntãoR é simétrica e transitiva mas não é reflexiva. (iii) Seja A um conjunto, não vazio, qualquer e considere a relação dada pelo conjunto R = A×A. Então R não é uma relação de equivalência. (iv) Seja N = {1, 2, . . .} o conjunto dos números naturais e defina a relação nRm⇔ ( 5 divide (n−m) ) . Então R é uma relação de equivalência. msdfm – p. 33/63 Relac¸o˜es de equivaleˆncia e partic¸o˜es Definic¸a˜o: Dado um conjunto não vazio A, uma partic¸a˜o de A é um conjunto ΠA cujos elementos são subconjuntos de A e cada elemento de A é elemento de exatamente um desses subconjuntos. Note que se P e S são elementos de ΠA, então P = S ou P ∩ S = ∅. Além disto, a união de todos os elementos de ΠA é igual a A. msdfm – p. 34/63 Exemplos: • Se A = {a, b, c, d}, então { {a}, {b}, {c}, {d} } , { {a}, {b, c}, {d} } , { {a, d}, {b, c} } , entre outras, são partições de A. • Se A = N = {1, 2, . . .}, então { {1, 2, . . . , 10}, {11, 12, . . . , 20}, . . . } , { {n : n = 2k, k ∈ N}, {n : n = 2k − 1, k ∈ N} } , entre outras, são partições de N. msdfm – p. 35/63 Dizemos que uma partição Π′A é um refinamento da partição ΠA se ∀P ′ ∈ Π′A ⇒ ∃P ∈ ΠA,∋ P ′ ⊂ P. Exemplos: A = {a, b, c, d}: • { {a}, {b}, {c}, {d} } é um refinamento de { {a}, {b, c}, {d} } . • { {a}, {b, c}, {d} } na˜o e´ um refinamento de { {a, b}, {c, d} } . msdfm – p. 36/63 Definic¸a˜o: Seja R uma relação de equivalência em um conjunto não vazio A. A classe de equivaleˆncia de um elemento x de A, denotada por [x]R (ou resumidamente por [x]), é o subconjunto de A formado por todos os elementos de A que se relacionam com x; [x]R = { y ∈ A : xRy } msdfm – p. 37/63 Exemplo: Em N = {1, 2, . . .} seja a relação de equivalência nRm⇔ ( 5 divide (n−m) ) . Então: [1]R = {1, 6, 11, 16, . . .}, [2]R = {2, 7, 12, 17, . . .}, [3]R = {3, 8, 13, 18, . . .}, [4]R = {4, 9, 14, 19, . . .}, [5]R = {5, 10, 15, 20, . . .}, [6]R = {1, 6, 11, 16, . . .} = [1]R, [7]R = [2]R, [8]R = [3]R, [9]R = [4]R, [10]R = [5]R, . . . msdfm – p. 38/63 Teorema 1. Seja R uma relac¸a˜o de equivaleˆncia (reflexiva, sime´trica e transitiva) em um conjunto na˜o vazio A. Enta˜o (i) ∀x ∈ A, [x]R 6= ∅. (ii) ∀x, y ∈ A, [x]R ∩ [y]R 6= ∅ ⇔ xRy. (iii) ∀x, y ∈ A, [x]R = [y]R ⇔ xRy. (iv) ∀x, y ∈ A, [x]R 6= [y]R ⇔ [x]R ∩ [y]R = ∅. msdfm – p. 39/63 Demonstrac¸a˜o: (i) Como R é reflexiva,xRx⇔ x ∈ [x]R ⇒ [x]R 6= ∅. (ii) (→) ∀x, y ∈ A, [x]R ∩ [y]R 6= ∅ ⇔ ∃z ∈, [x]R ∩ [y]R ⇔ xRz ∧ yRz. Como R é simétrica, yRz ⇔ zRy. Temos então xRz ∧ zRy Segue pela transitividade de R que xRy. (←) Agora xRy ⇒ y ∈ [x]R Mas y ∈ [y]R, portanto [x]R ∩ [y]R 6= ∅. msdfm – p. 40/63 (iii) (→) Segue de (i) e (ii). (←) Vamos assumir xRy, ∀z ∈ [x]R ⇔ xRz. Por outro lado, pela simetria de R, xRy ⇔ yRx. Agora, pela transitividade yRx ∧ xRz ⇒ yRz. Logo, z ∈ [y]R e portanto [x]R ⊂ [y]R. Similarmente, trocando x por y, obtemos [y]R ⊂ [x]R, demonstrando que [x]R = [y]R. (iv) É uma consequência direta de (ii) e (iii). c.q.d msdfm – p. 41/63 Teorema 2. Seja R uma relac¸a˜o de equivaleˆncia (reflexiva, sime´trica e transitiva) em um conjunto na˜o vazio A. Defina [A]R = { [x]R : x ∈ A } . Enta˜o [A]R e´ uma partic¸a˜o de A. Demonstrac¸a˜o: ∀ ∈ A, x ∈ [x]r ∈ [A]R. Isto mostra que todo elemento de A pertence a pelo menos um elemento de [A]R Para demonstrar que [A]R é uma partição temos que verificar que cada elemento de A pertence a um e somente um elemento de [A]R. Vamos usar o método de demonstração por contradição. Suponhamos que ∃y ∈ A ∋ y ∈ [z]r ∩ [u]R, [z]r 6= [u]R. Pelo teorema anterior (iv), [z]r 6= [u]R ⇒ [z]r ∩ [u]R = ∅, o que contradiz a existência de y. c.q.d msdfm – p. 42/63 Teorema 3. Seja Π uma partic¸a˜o de A. Enta˜o Π define um relac¸a˜o de equivaleˆncia em A. Demonstrac¸a˜o: Consider a relação: xRy ⇔ ∃P ∈ Π ∋ {x, y} ⊂ P. Claro, com Π é uma partição, ∀x ∈ A,∃P ∈ Π,∋ {x} ∈ P. Logo xRx, o que mostra que r é reflexiva. A relação é claramente simétrica. xRy ⇔ P ∈ Π ∋ {x, y} ⊂ P ⇔ yRx. Para mostrar a transitividade considere (xRy ∧ yRz)⇔ (∃P ∈ Π,∋ {x, y} ⊂ P ) ∧ (∃S ∈ Π,∋ {y, z} ⊂ S). Logo y ∈ P ∩ S ⇒ P ∩ S 6= ∅ ⇒ P = S. Portanto {x, z} ⊂ P ⇒ xRz. Como R é reflexiva, simétria e transitiva, ela é uma relação de equivalência. c.q.d . A relação acima é usualmente denotada por A/Π (lê-se Amodulo Π). msdfm – p. 43/63 Exercı´cios: 11. Demonstre o Teorema: Teorema 4. Seja R uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em um conjunto A e Π uma partic¸a˜o de A. Enta˜o AR = Π se e somente se R = A/Π. 12. Considere A = {∗, ⋆, ◦, •, ⋄, ⊳} e Π = { {⋆, •, ⊳}, {∗, ⋄}, {◦} } . Liste os elementos de A/Π.Encontre [⋄]A/Π. 13. No intervalo [0, 2π) defina a seguinte relação: xRy ⇔ sen(x) = sen(y). (i) Mostre que R é uma relação de equivalência. (ii) Encontre [0, π)R. msdfm– p. 44/63 14. Seja A um conjunto não vazio. Considere as seguintes partições de A: Π1 = { {x} : x ∈ A } e Π2 = { A } . Determine as correspondentes relações de equivalência. msdfm – p. 45/63 2.6 Funções O conceito de função é usualmente introduzido nos cursos de matemática do segundo grau. Nesta secção daremos uma definição rigorosa desse conceiro. Definic¸a˜o: Uma func¸a˜o f é uma relação de um conjunto A em um conjunto B, denotada por f : A 7→ B (lê-se “f e´ uma func¸a˜o de A em B), que satisfaz: (i) Dom(f) = A. (ii) ∀x ∈ A,∀y, z ∈ B, (((x, y) ∈ f) ∧ (x, z) ∈ f)⇒ y = z). msdfm – p. 46/63 Em outras palavras, se f e´ uma relac¸a˜o de A em B tal que para cada x em A existe exatamente um y em B tal que (x, y) pertence a f , enta˜o f e´ dita ser uma func¸a˜o de A em B. Se f é uma função de A em B então a “propriedade funcional” que a cada x em A está relacionada com exatamente um y em B permite que usemos a notação usual y = f(x). Note que se f é uma relação mas não uma função, um dado x em A pode estar relacionado com vários (ou nenhum) elemento de B. msdfm – p. 47/63 Exemplos: • Considere A = { ♣,♦,♥,♠ } e B = { 1, 2, 3, 4, 5}. Defina (i) f = {(♣, 2), (♦, 3), (♥, 4), (♠, 5)}. (ii) g = {(♣, 2), (♣, 3), (♦, 4), (♥, 5), (♠, 5)}. (iii) h = {(♣, 1), (♦, 2), (♥, 3)}. Então f , g e h são relações de A em B mas somente f é uma função. • Considere A = { 1, 2, 3, 4, 5 } e B = { a, b, c, d } . f = { (1, b), (2, b), (3, a), (4, d), (5, a) } Claramente f e´ uma func¸a˜o! Observe que f(1) = f(2) = b, f(3) = f(5) = a e 6 ∃x ∈ A ∋ f(x) = c. ( 6 ∃ significa na˜o existe!) msdfm – p. 48/63 Um pouco de linguagem: Seja f : A 7→ B. • O nome da função é f , f(x) é um elemento de B. • Se y = f(x) dizemos que y é a imagem de x e x uma pre´-imagem de y. • A = Dom(f) e Im(f) ⊂ B. B é chamado contradomı´nio de f . • f é chamada injetora (ou uma injec¸a˜o) se e somente se ∀u, v ∈ A, f(u) = f(v)⇒ u = v. • f é chamada sobrejetora se e somente se Im(f) = B, isto é, ∀y ∈ B, ∃x ∈ A,∋ y = f(x). • f é chamada bijetora (ou biunı´voca, ou uma bijec¸a˜o) se e somente se ela é injetora e sobrejetora. msdfm – p. 49/63 Exemplos: • A = { ♣,♦,♥,♠ } e B = { ∗, ⋆, ◦ } f = { (♣, ∗), (♦, ◦), (♥, ◦), (♠, ⋆) } é sobrejetora mas não é injetora. • A = { ∗, ⋆, ◦ } e B = { ♣,♦,♥,♠ } f = { (∗,♦), (⋆,♣), (◦,♥) } é injetora mas não é sobrejetora. • A = { ∗, ⋆, ◦ } e B = { ∗, ⋆, ◦ } f = { (∗, ∗), (⋆, ◦), (◦, ◦) } não é injetora nem é sobrejetora. • A = { ♣,♦,♥,♠ } e B = { ♣,♦,♥,♠ } f = { (♣,♦), (♦,♥)(♥,♠), (♠,♣) } é bijetora. msdfm – p. 50/63 Teorema 5. Considere f : A 7→ B e g : A 7→ B. Enta˜o f = g ⇔ ∀x ∈ A, f(x) = g(x). Demonstrac¸a˜o: Suponhamos f = g. ∀x ∈ A⇒ ∃y ∈ B,∋ (x, y) ∈ f. Agora, (x, y) ∈ f ∧ (f = g)⇒ (x, y) ∈ g. Logo y = f(x) ∧ y = g(x)⇒ f(x) = g(x). Suponhamos agora que ∀x ∈ A, f(x) = g(x). Como f e g são relações, para mostrar que f = g temos que verificar que (f ⊂ g) ∧ (g ⊂ f ). Para tanto, ∀(x, y) ∈ f, y = f(x) = g(x)⇒ (x, y) ∈ g, mostrando que f ⊂ g. Analogamente, intercambiando f e g, temos g ⊂ f e consequentemente f = g. c.q.d msdfm – p. 51/63 Definic¸a˜o: Seja f : A 7→ B uma função (relação) bijetora. A função inversa de f , denotada por f−1, é uma função de B em A, f−1 : B 7→ A definida por; f−1 = { (b, a) : (a, b) ∈ f } . Teorema 6. f−1 esta´ bem definida como func¸a˜o, isto e´, (i) Dom(f−1) = B (ii) ∀y ∈ B, ∀x, z ∈ A, (((y, x) ∈ f−1) ∧ (y, z) ∈ f−1)⇒ x = z). Demonstrac¸a˜o: Inicialmente como f é sobrejetora, ∀y ∈ B,∃x ∈ A,∋ (f(x) = y) ∧ ( (x, y) ∈ f ) ⇒ (y, x) ∈ f−1 Logo, Dom(f−1) = B. Por outro lado, (y, x) ∈ f−1 ∧ (y, z) ∈ f−1 ⇒ (x, y) ∈ f ∧ (z, y) ∈ f Portanto, como f é injetora x = z. c.q.d msdfm – p. 52/63 Definic¸a˜o: Se f : A 7→ B e g : B 7→ C definimos a composição de g com f , denotada por (g ◦ f) (lê-se g composta com f ) por (g ◦ f) : A 7→ C, ∋ (g ◦ f)(x) = g ( f(x) ) . Note que que: (g◦f)(x) = z ⇒ (x, z) ∈ (g◦f)⇒ ∃y ∈ B,∋ (x, y) ∈ f∧(y, z) ∈ g. Ou seja, y = f(x) ∧ g(y) = z Portanto, z = g(y) = g(f(x)) = (g ◦ f)(x). msdfm – p. 53/63 Definic¸a˜o: A função IA : A 7→ A definida como ∀x ∈ A, IA(x) = x. é chamada func¸a˜o identidade em A. Exercı´cios: 15. Demonstre o teorema: Teorema 7. Se f−1 existe, enta˜o ela e´ bijetora e (f−1)−1 = f . 16. Demonstre o teorema: Teorema 8. Se f : A 7→ B e´ uma func¸a˜o bijetora, enta˜o (i) f−1 ◦ f = IA ∧ f ◦ f−1 = IB . (ii) f ◦ IA = f ∧ IB ◦ f = f. 17. Demonstre o teorema: Teorema 9. Se f : A 7→ B e g : B 7→ C sa˜o uma func¸o˜es bijetoras, enta˜o (i) (g ◦ f) e´ bijetora. (ii) (g ◦ f)−1 = (f−1 ◦ g−1) msdfm – p. 54/63 Imagens e imagens inversas Seja f : A 7→ B. Definic¸a˜o: Se C ⊂ A, a imagem de C é o subconjunto de B definido por f [C] = {y ∈ B : ∃x ∈ A,∋ y = f(x)}. Definic¸a˜o: Se D ⊂ B, a imagem inversa (ou pre´-imagem) de D é o subconjunto de A definido por f−1[D] = {x ∈ A : f(x) ∈ D}. Observe que a definição e imagem inversa na˜o assume a existência da função inversa. msdfm – p. 55/63 Exemplo: Considere A = {♣,♦,♥,♠}, B= {∗, ⋆, ◦} e f : A 7→ B, onde f(♣) = ∗, f(♦) = ∗, f(♥) = ◦ e f(♠) = ◦. Então, f [{♣,♥}] = {∗, ◦}, f [{♣,♦}] = {∗}, f [A] = {∗, ◦}, f [∅] = ∅; f−1[{∗, ⋆}] = {♣,♦}, f−1[{⋆}] = ∅ f−1[B] = A f−1[∅] = ∅. msdfm – p. 56/63 Teorema 10. Seja f : A 7→ B e considereD e F subconjuntos de B. Enta˜o (i) f−1[D ∪ F ] = f−1[D] ∪ f−1[F ] (ii) f−1[D ∩ F ] = f−1[D] ∩ f−1[F ] (iii) f−1[Dc] = (f−1[D])c. Demonstrac¸a˜o: (i) x ∈ f−1[D ∪ F ]⇔ f(x) ∈ (D ∪ F )⇔ (f(x) ∈ D) ∨ (f(x) ∈ F )⇔ (x ∈ f−1[D]) ∨ (x ∈ f−1[F ])⇔ x ∈ (f−1[D] ∪ f−1[F ]). (ii) x ∈ f−1[D ∩ F ]⇔ f(x) ∈ (D ∩ F )⇔ (f(x) ∈ D) ∧ (f(x) ∈ F )⇔ (x ∈ f−1[D]) ∧ (x ∈ f−1[F ])⇔ x ∈ (f−1[D] ∩ f−1[F ]). (iii) x ∈ f−1[Dc]⇔ f(x) ∈ Dc ⇔ f(x) 6∈ D ⇔ x 6∈ f−1[D]⇔ x ∈ (f−1[D])c. c.q.d msdfm – p. 57/63 Exercı´cios: 16. Mostre que f [·] : P(A) 7→ P(B) e f−1[·] : P(B) 7→ P(A) definem funções. 17. Demonstre o teorema: Teorema 11. Seja f : A 7→ B. SeD ⊂ F ⊂ B, enta˜o f−1[D] ⊂ f−1[F ]. 18. Seja f : A 7→ B. Demonstrando ou dando um contraexemplo, indique se as proposições abaixo são verdadeiras ou falsas. (i) C ⊂ D ⊂ A⇒ f [C] ⊂ f [D] ⊂ f [A]. (ii) (C ⊂ A) ∧ (D ⊂ A)⇒ f [C ∪D] = f [C] ∪ f [D]. (iii) (C ⊂ A) ∧ (D ⊂ A)⇒ f [C ∩D] = f [C] ∩ f [D]. (iv) (C ⊂ A)⇒ f [Cc] = (f [C])c. (v) (C ⊂ A)⇒ f−1[f [C]] = C. (vi) (D ⊂ B)⇒ f [f−1[D]] = D. msdfm – p. 58/63 19. Demonstre o seguinte teorema: Teorema 12. Considere uma func¸a˜o f : A 7→ B. Seja a relac¸a˜o em A definida por xRy ⇔ f(x) = f(y). Enta˜o R e´ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em A. Ale´m disto, se [A]R e´ a correspondente partic¸a˜o de A, defina duas novas func¸o˜es: α : A 7→ [A]R x α(x) = [x]R e f∗ : [A]R 7→ B [x]R f ∗ ( [x]R ) = f(x). Enta˜o f ∗ e´ bijetora e f = f∗ ◦ α. msdfm – p. 59/63 Relações binárias As operações aritiméticas usuais (+,−,×,÷), assim como os conectivos lógicos (∨,∧,→,⇔) e as operações de conjuntos (∪,∩, \) podem ser vistas como funções (relações). Para tanto considere a seguinte definição: Definic¸a˜o: Seja A um conjunto. Uma função • : A×A 7→ A é chamada uma operac¸a˜o bina´ria em A. Em outras palavras, uma operação binária em A associa a cada par ordenado de elementos de A um elemento de A. No caso onde a função de interesse é uma operação binária • a notação usual, • ( (a, b) ) = c será substituida por a • b = c. Por exemplo no caso de soma de números naturais, + : N 7→ N, no lugar de + ( (2, 10) ) = 12 escrevemos 2 + 10 = 12. msdfm – p. 60/63 Definic¸a˜o: Seja • uma operação binária em um conjunto A. Então: (i) • é comutativa se e somente se ∀a, b ∈ A, a • b = b • a. (ii) • é associativa se e somente se ∀a, b, c ∈ A, a • (b • c) = (a • b) • c. (iii) Uma elemento e de A é uma identidade para • se e somente se ∀a ∈ A, a • e = e • a = a. (iv) Se e é uma identidade para •, dizemos que um elemento a de A é invertı´vel se e somente se ∃b ∈ A,∋ a • b = b • a = e. Neste caso, um tal b é chamado inverso de a. (v) Uma elemento a de A é idempotente para • se e somente se a • a = a. msdfm – p. 61/63 Teorema 13. Seja • uma operac¸a˜o bina´ria em um conjunto A. Enta˜o existe no ma´ximo um elemento identidade para •. Demonstrac¸a˜o: Suponhamos que e e e′ são identidades para •. Então e = e • e′ = e′. c.q.d Teorema 14. Seja • uma operac¸a˜o bina´ria associativa com elemento identidade e em um conjunto A . Enta˜o cada elemento invertı´vel de A, tem no ma´ximo um elemento inverso. Demonstrac¸a˜o: Suponhamos que b e b′ são inversos de um elemento a de A. Então a • b = b • a = e ∧ a • b′ = b′ • a = e. Logo, b = b • e = b • (a • b′) = (b • a) • b′ = e • b′ = b′. c.q.d msdfm – p. 62/63 Exercı´cios: 20. Seja Ω um conjunto não vazio. O que voce pode dizer das operações binárias ∪, ∩ e \ definidas em P(Ω), o conjuntos das partes de Ω? 21. Seja Ω um conjunto não vazio. Defina em P(Ω) a seguinte operação binária: A •B = (A ∩Bc) ∪ (Ac ∩B), ∀A,B ∈ P(Ω). (i) Mostre que • é comutativa. (ii) Mostre que • é associativa. (iii) Qual é a identidade para •? (iv) Mostre que todo elemento em P(Ω) é invertível. (v) Se A ⊂ Ω, qual é o inverso de A? msdfm – p. 63/63 small 2.1 Introduc c~ao small 2.2 Operac c~oes de conjuntos small 2.3 Conjunto Pot^encia small 2.4 Cardinalidade small Operac c~oes envolvendo um n'umero infinito de subconjuntos small 2.5 Relac c~oes small 2.6 Func c~oes small Imagens e imagens inversas small Relac c~oes bin'arias
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