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Curta e, se possível, salve este material! Vai me ajudar bastante :) β-talassemia Hematologia HEMATOLOGIA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE β-Talassemia Características gerais • A β-talassemia faz parte do grupo de alterações de síntese em genes que codificam a hemoglobina, resultando em uma diminuição na sua produção, levando a graus variados de anemia. É uma hemoglobinopatia hereditária. • Essa talassemia decorre da síntese deficiente de cadeia beta da hemoglobina, podendo ser homozigótica ou heterozigótica. É considera de herança autossômica recessiva [são necessários dois genes anormais da globina beta para produzir o fenótipo detectável] o Heterozigótica: acontece quando a lesão ocorre em um gene β [traço talassêmico ou talassemia menor] → o indivíduo herda somente metade da alteração genética o Homozigótica: lesão nos dois genes β – anemia de Cooley ou Talassemia maior, podendo causar: ▪ Ausência completa de síntese das cadeias β [talassemia β0] ▪ Supressão parcial da síntese [talassemia β+] – a síntese é pequena e insuficiente [síntese menor de cadeia beta → menor produção de Hb → anemia] Quadros vermelhos: síntese normal; azul: deleções gênicas/genes disfuncionais • São classificadas em: o β-Talassemia menor o β-Talassemia intermediária o β-Talassemia maior Hemoglobina e síntese das globinas • A Hb é um tetrâmetro composto por 2 pares de cadeias polipeptídicas [4 subunidades, apresentando o sítio de ligação c/ o O2 – à medida que são preenchidos, maior a afinidade pelo O2], cada uma contendo cerca de 141 aminoácidos ligados por um grupo heme. A sua função é transportar O2, distribuindo- o para todas as partes do corpo irrigadas por vasos sanguíneos; essa distribuição inicia-se através da interação Hb-O2, formando o complexo oxi-Hb que, ao chegar às células do organismo, libera o O2 e o sangue arterial transforma-se em venoso, caracterizado pela carboxi-Hb. • Durante o desenvolvimento, o individuo apresenta diversos tipos de Hb, cada uma com uma função. o Fase embrionária: Gower 1 [ε2ζ2; estágio embrionário inicial], Gower 2 [α2ε2], Hb de Portland [ζ2γ2] ▪ cadeias ε → cluster β – agrupados no braço curto do cromossomo 11 ▪ cadeias ζ → cluster α – agrupados no braço curto do cromossomo 16 As hemoglobinas embrionárias (Gower-1 e Gower-2) apresentam baixa afinidade ao O2, fato que permite rápida liberação de O2 na fase embrionária inicial. A Hb Portland, pelo fato de ter a globina gama em sua composição, apresenta-se com alta afinidade ao O2, e sua presença é mais representativa na transição entre embrião e feto o Fase fetal: Hb fetal [α2γ2] ▪ As cadeias γ serão substituídas pelas cadeias β e δ o Adultos: HbA1 [α2β2; é o tipo mais comum [97%]], HbA2 [α2δ2], HbF [α2γ2; < 1% → restrita a uma pequena quantidade de eritrócitos] Características laboratoriais das β-talassemias • Aumento de HbA2 – concentração variável de 4 – 7% • Hemácias apresentam-se microcíticas [↓ VCM] e hipocrômicas [↓ HCM] o A maioria dos portadores de talassemia beta heterozigota apresentam padrões hematológicos ▪ VCM: 61 a 73fl ▪ HCM: 20 a 24pg ▪ HbA2: 4 a 7% • Alterações morfológicas: esquizócitos, dacriócitos, pontilhados basófilos • Resistência osmótica aumentada na solução de NaCl a 0,36% • Hb fetal normal ou discretamente aumentada Aspectos clínicos gerais das β-talassemias • Anemia grave – 3 a 6 meses após o nascimento; ocorre possivelmente devido a mudança na produção de cadeia para o A criança passa a apresentar atraso no desenvolvimento, palidez progressiva e abdome inchado • Hepatoesplenomegalia – ocorre devido a destruição excessiva de hemácias, de hematopoiese extramedular e, posteriormente, da sobrecarga de ferro; também causa expansão do volume plasmático • Expansão dos ossos devido à hiperplasia eritroide da medula óssea – leva a uma fácies talassêmica e ao adelgaçamento do córtex dos ossos, com tendência a fraturar e a formar bossas no crânio, com aspecto radiológico de ‘’fios de escova’’ • Sobrecarga transfusional de ferro –ocorre o aumento de hepcidina dependente da liberação de proteínas como o fator de diferenciação 15 [GDF 15] do n° aumentado de eritroblastos primitivos da medula, aumentando a absorção de ferro o Na infância são comuns retardos de crescimento e da puberdade o Não é necessário transfusões por toda a vida se houver cura por transplante de células tronco; sem tratamento quelante de ferro, há morte por dano cardíaco precocemente na adolescência • Infecções – frequente na infância devido a reposição transfusional inadequada → predisposição a infecções bacterianas e/ou fúngicas o A esplenectomia também torna o indivíduo susceptível a infecções bacterianas, como ao pneumococo e ao meningococo • Doença hepática – geralmente se deve à hepatite C e B [onde o vírus for endêmico]; o vírus HIV tem sido transmitido por transfusão sanguínea. o A sobrecarga de ferro também pode causar dano hepático • Osteoporose – pode ocorrer em pacientes transfundidos; comum em pacientes diabéticos e com anomalias endócrinas • Carcinoma hepatocelular – incidência aumentada em pacientes com sobrecarga de ferro e hepatite crônica B ou C o Recomenda-se ultrassonografia e dosagem de alfafetoproteína sérica a cada 6 meses Quadro clínico geral • Assintomática quando mínima [talassemia menor] HEMATOLOGIA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE • A gravidade depende da mutação → as homozigóticas recessivas são as mais graves • Quando sintomático: o Fadiga o Falta de ar o Problemas de crescimento o Sobrecarga de ferro o Hepatoesplenomegalia o Susceptibilidade a infecções ▪ Isso ocorre devido ao fato de que as funções metabólicas estarão voltadas à expansão medular → déficit imunológico o Complicações cardíacas o Icterícia o Má formação óssea [hiperplasia medular] Fisiopatologia das β-talassemias Microambiente medular Microambiente sistêmico β-Talassemia menor | Traço • Observada em indivíduos heterozigóticos para a mutação [β/β0 e β/β+] • Concentração basal da Hb em torno de 9,5 – 10g/dL • Sintomas ausentes ou de leve intensidade devido à compensação medular a anemia causada pela discreta diminuição da produção de globinas β o Alguns indivíduos podem apresentar cansaço ou fraqueza quando submetidos a esforços prolongado • Nas formas β0 e β+ a redução da taxa de síntese da globina é menor, mas o suficiente para causar uma discreta anemia microcítica e hipocrômica com aumento de resistência osmótica dos eritrócitos • São indistinguíveis por exames laboratoriais; utiliza-se de técnicas de síntese de cadeias ou de biologia molecular com sondas de DNA, podendo diferenciar os heterozigotos o A doença, muitas vezes, é mal diagnosticada e os pacientes são tratados inadequadamente como se apresentassem anemia ferropriva [devido ao exacerbado consumo de ferro] β-Talassemia intermediária • Os indivíduos apresentam quadro clínico intermediário entre as formas leves [t. menor] e graves [t. maior] da talassemia o Hb apresenta-se entre 7 e 9g/dL – gravidade moderada s/ necessidade de transfusões regulares • Pode ser causada por: o β-talassemia homozigótica c/ produção de mais HbF do que o normal [mutações do gene BCL11A ou na síntese de cadeia β] o Traço β-talassêmico isolado de gravidade incomum [traço β- talassêmico dominante] o Traço β-talassêmico c/ leves anomalias na globina; ex: Lepore • A coexistência de traço α-talassêmico melhora o nível de Hb na β-talassemia homozigotia pela diminuição do grau de desequilíbrio de cadeias α : β e, assim, da precipitação de cadeias e da eritropoiese ineficaz o Ao contrário, pacientes com traço β-talassêmico e excesso [5 a 6] de genes α, tendem a ser mais anêmicos • Os indivíduos podem apresentar deformidades ósseas, hepatomegalia, esplenomegalia,eritropoiese extramedular, úlceras na perna, litíase vesicular, osteoporose e tromboses venosas • O aumento de absorção e transfusões ocasionais podem acarretar a sobrecarga de ferro; indicações na gestação, infecções ou diminuição de deformidades ósseas o A quelação de ferro com fármacos orais pode mostrar-se necessária, além de esplenectomia de forma a reduzir a necessidade de transfusões β-Talassemia maior • É a forma mais grave de β-talassemia, geralmente ocorrendo mutações nos dois genes da globina β, resultando em herança em heterozigose [herança de duas mutações diferentes] ou homozigose o São mais heterogêneas do que as do tipo α, e as mutações são mais pontuais, podendo ocorrer, ao invés de deleções, mutações dentro do complexo do próprio gene ou nas regiões promotoras ou amplificadoras • Concentração basal da Hb < 7,0g/dL • Causa anemia muito acentuada, fazendo com que os indivíduos afetados dependam de transfusões de sangue regulares • Os primeiros sintomas costumam surgir após o 6° mês, quando a quantidade de HbF diminui e a síntese de HbA1 não ocorre devido à falta de produção de cadeias beta o É recomendável que as crianças afetadas sejam acompanhadas desde o 1° mês • Pode ocorrer crossing-over desigual, produzindo fusão dos genes δβ → Hb Lepore o O crossing-over desigual produz uma cadeia polipeptídica que consiste em uma cadeia δ aminoterminal e uma cadeia β carboxiterminal → a cadeia de fusão é sintetizada de forma ineficiente → supressão da produção normal de cadeias δ e β Etiopatogenia da β-talassemia maior HEMATOLOGIA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE • As globinas alfas – sintetizadas normalmente – se acumulam nos eritroblastos e eritrócitos durante a eritropoiese → agregação → precipitação em quantidades variáveis → danos a membrana → interferência no mecanismo celular e susceptibilidade → eritropoiese ineficaz [comprometimento da atividade mitótica → destruição precoce dos eritrócitos na medula] → anemia [que pode evoluir para hemolítica] o A medula, em resposta a eritropoiese ineficaz, provoca uma hiperplasia eritroide c/ baixa produção de eritrócitos → hemácias microcíticas e hipocrômicas → hemólise extravascular crônica [fagocitose pelo baço] Aspectos clínicos das β-talassemia maior • Anemia grave 3 – 6 meses pós-nascimento → hepatoesplenomegalia → hematopoiese extramedular → sobrecarga de ferro [destruição das hemácias → estímulo; rim → síntese; EPO → maior absorção de ferro] e expansão do volume plasmático → regime transfusional de hemoderivados [se necessário] → toxicidade pelo ferro + hiperplasia eritroide + expansão óssea → eritropoiese ineficaz → risco de infecções Alterações laboratoriais • Pode também haver: o ↓ Haptoglobina [responsável por ‘’retirar’’ a Hb livre [tóxica]] Intercorrências comuns Diagnóstico laboratorial Hemograma • A distensão sanguínea apresenta hemácias hipocrômicas e microcíticas extremas • Reticulocitose [devido a compensação medular] • Presença de eritroblastos [células imaturas] • Anisopoiquilocitose • Presença de hemácias em alvo e pontilhado basófilo Exames laboratoriais • Molecular [patognomônico] – eletroforese e cromatografia líquida de alta eficiência [HPLC] o Ausência ou grande diminuição de HbA1 o Aumento de HbA2 e HbF [entre 20 e 80%] ▪ O aumento delas depende da diminuição da cadeia beta o HbA2 normal, baixa ou discretamente aumentada Padrões eletroforéticos da hemoglobina em sangue humano normal e em pacientes com traço ou anemia de células falciformes (Hb S), traço β- talassêmico, β-talassemia maior, hemoglobina S/β-talassemia ou hemoglobinopatia SC e hemoglobinopatia H Resultados de eletroforese de hemoglobinas em gel de agarose alcalina e cromatografia líquida de alta eficiência (do inglês, HPLC). (A) Da esquerda para a direita: 1, 2 e 7 – Hb AA; 3 – Hb AF; 4 – S/β0 talassemia; a – representa a fração de globina alfa-livre; b – é a meta Hb S; 5 – Hb A+A2 aumentada na talassemia beta menor; 6 – Hb AS. • Técnicas moleculares com DNA – utilizadas na identificação do defeito em cada cadeia Tratamento • Transfusões regulares [talassemia maior] de eritrócitos de forma a manter Hb > 10g/Dl com terapia quelante de ferro [de forma a evitar a hemocromatose] • Reposição de ácido fólico [se a dieta for pobre] o Pode ser necessária também devido ao grande consumo por conta da eritropoiese aumentada na tentativa de suprimir a anemia • Esplenectomia [recomendada em pacientes que realizam muitas transfusões] • Tratamento endocrinológico como reposição por falência dos órgãos periféricos ou de forma a estimular a hipófise [em puberdade retardada] • Imunização contra hepatite B • Transplante halogênico de medula óssea em pacientes bem quelados, sem fibrose hepática ou hepatomegalia Quadro clínico das β-talassemias em função de HbA e HbF Representação gráfica do quadro clínico do paciente com talassemia maior (médio, grave e piora do quadro) relacionados com a quantidade de HbA e HbF. Concentração de HbA ou HbF → melhora do quadro HEMATOLOGIA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Características hematológicas diferenciais para as talassemias Aspectos clínicos e laboratoriais das síndromes β-talassêmicas
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