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Nosso aparelho respiratório é formado por tubos e foles elásticas. traqueia é o tubo principal que leva ar para dentro dos pulmões. Ela sofre uma série de dicotomizações até chegar em bronquíolos terminais para bronquíolos respiratórios e unidades respiratórias (ductos alveolares e sacos alveolares), que é onde ocorre a troca respiratória. Essa estrutura não difere na criança e no adulto. Bom lembrar de uma diferença significativa. A resistência é inversamente proporcional ao raio. Ou seja, quanto menor o raio, maior a resistência. Temos um menor volume pulmonar na criança, já que a arvore respiratória está em crescimento. ela tem um diâmetro/raio de brônquio e bronquíolo muito menor do que no adulto. se temos um raio menor, a resistência ao fluxo aéreo vai ser maior. Fazendo com que criança seja mais propensa a complicações graves de infecções respiratórias. Crianças possuem respiração exclusivamente nasal, não sabem respirar pela boca principalmente os mais novinhos. Quando tem uma obstrução nasal em quadro gripal, podemos ter comprometimento da mecânica resp. membranas mucosas ligadas frouxamente, significa que há maior facilidade em colabarem, tanto a parte da arvore respiratória superior quanto posterior. (imagem da menina com letras) Alterações anatomofisiologicas A criança dessatura muito mais rápido que um adulto, isso porque ela tem um consumo mais alto de O2 e tem um metabolismo mais acelerado proporcionalmente a quantidade de massa que ela tem. Tem uma baixa reserva de oxigênio devido a questões fisiopatológicas, como o metabolismo acelerado explicado acima. risco maior de apneia, principalmente os RN, lactantes jovens e prematuros, em razão do controle centro respiratório, localizado no tronco cerebral, ainda imaturo. as crianças possuem uma resistência maior das vias aéreas quando comparadas ao adulto, devido ao pequeno calibre dos brônquios e bronquíolos. Além disso há aumento da tendencia ao colapso e aumento da complacência. O nosso organismo tem forças elásticas que mantem o pulmão tanto expandido quanto diminuído de volume quando necessário. A complacência é a tendencia do pulmão colapsar/colabar. A criança tem o pulmão altamente complacentes, ou seja, a via área está sempre tentando fechar, tendo esse movimento de retorno facilitado. A criança também uma capacidade residual funcional um pouco menor do que os adultos, tendo também uma redução da eficiência dos músculos respiratórios. A criança depende muito do diafragma e ela também tem uma alta complacência da parede torácica. Ela tem menos fibras Apo 1 na musculatura respiratória e tem costelas alinhadas mais horizontalmente. Isso tudo diminui a eficiência da musculatura respiratória acessória. Ou seja, isso significa que a criança tem um risco maior para insuficiência respiratória. Uma pneumonia que no adulto pode não gerar um comprometimento significativo, na criança pode gerar hospitalização, insuficiência respiratória e óbito. Uma das principais causas de mortalidade infantil são as doenças respiratórias, tanto as virais quanto bacterianas. Mãos Começamos a inspeção sempre pelas mãos! • Observar se há presença de hipocratismo digital. Nada mais é do que mudança do angulo entre a cutícula e a unha, que se torna maior quando encostamos um dedo no outro - Teste da janela de Schmroth. É um sinal muito significativo de doenças respiratórias mais graves que podem levar a hipóxia crônica. • Uma pessoa normal consegue encostar as duas falanges distais dos indicadores ou dos dedos médios, formando um discreto losango entre as falanges. Já quando a pessoa tem Baqueteamento digital esse – 2 losango não é formado porque o angulo vai estar maior, mais aberto. Tórax: Vamos analisar se a criança tem um formato de tórax diferente do esperado. • Tórax atípico/normal: ✴ RN: Discretamente arredondado ✴ Lactante: Elíptico ✴ A partir dos 7 anos: Cilíndrico. Igual do adulto. Tórax típico/anormal: ✴ Peito de pombo ou caraneiforme: Também chamado de tórax em quilha de navio ou Pectus carinatum. É uma deformidade normalmente congênita do esterno, adquirindo um formato mais protuso. Pode acarretar alguma alteração da dinâmica respiratória dependendo do grau de deformidade, sendo até passível de intervenção cirúrgica. ✴ Sino: Mais comum em bebês. Podemos perceber que o tórax possui um diâmetro no polo superior bem menor no pulo superior e maior no polo inferior, se abrindo para a cavidade abdominal. Pode ser característico de distrofia muscular asfixiante, doença congênita que leva a uma dificuldade na expansão da caixa torácica por alterações das fibras musculares. Pode ainda ser causado por um aumento o volume abdominal, então se a criança tem uma hepatoesplenomegalia volumosa, vamos ter visualmente um tórax em formato de sino. ✴ Barril ou tonel: Ocorre quando há aumento do diâmetro Antero-posterior do tórax. Característico de doença pulmonar obstrutiva no adulto (DPOC), que cursa com aprisionamento aéreo crônico. Crianças ou adolescentes com doenças respiratórias graves podem apresentar esse formato de tórax, como a fibrose cística, que tem caráter genérico, e causa destruição das paredes brônquicas e bronquiectasia, levando ao aprisionamento aéreo crônico. ✴ Tórax em funil ou pectus escavado: É uma alteração anatômica da região esternal, normalmente congênita. Na maioria das vezes é leve, mas pode ser grave levando ao comprometimento da mecânica respiratória e ser passível de correção cirúrgica. ✴ Assimetrias torácicas: Causadas principalmente por deformidades da coluna vertebral. Ex: Escoliose ou cifoescoliose muito significativas podem levar a uma assimetria torácica, que deve ser descrito no exame físico. Outra assimetria é a presença de nodulações na junção da parte óssea com a parte cartilaginosa das costelas, chamadas de rosário raquítico. É causada por uma hipovitaminose severa de vit D. Na foto ao lado as nodulações estão presente em praticamente todos os arcos costais, porém nem sempre isso acontece. É algo raro. O RN tem uma respiração periódica, ou seja, é muito comum que ele faça pausas respiratórias ao longo do seu ritmo respiratório. É importante diferenciar pausa respiratória x apneia. Pausa respiratória é uma alteração normal, fisiológica, do ritmo respiratório do RN, que chamamos de respiração periódica do RN. Alterações do ritmo resp. • Taquipneia: FC maior do que o habitual. • Dispneia suspirosa: O ritmo respiratório é normal, com um volume normal, mas as inspirações são forçadas, seguidas de expirações forçadas. Isso normalmente tem fundo psicogênico. 3 • Ritmo de Biot.: É um ritmo anárquico da respiração. O ritmo respiratório aumenta, depois diminui, podendo haver pausas e apneias. Normalmente está relacionado com lesões cerebrais graves que comprometem o funcionamento do centro respiratório. • Ritmo de Cantani: É uma hiperpneia, com uma hiperventilação constante. Normalmente é causada por uma acidose metabólica, que vai ativar o centro respiratório e numa tentativa de compensar aquela quantidade toda de H+ no organismo, o centro respiratório vai tentar lavar (ou levar?) o máximo de CO2 possível através dessas hiperpneias. • Ritmo de Kussmaul: É bem característico da cetoacidose diabética, de alterações também de fundo metabólico. Também faz uma hiperpneia, mas entre uma inspiração e a expiração seguinte existe um período de pausa respiratória. • Cheyne- Stokes: Podemos perceber o aumento do volume corrente aos poucos, depois vai diminuindo e culmina as vezes com um período de apneia. Relacionado com lesões cerebrais e ICC graves. Não é um ritmo comum de encontrarmos em crianças. Os ritmos de Cantani e Kussmaul encontramos mais frequentemente na pediatria por conta de alterações metabólicas. Frequência respiratória Ainda na inspeção, fazemos a análise das FR da criança. É importante fazer no início doexame, ainda com a criança no colo do responsável, principalmente em crianças menores, porque elas costumam chorar e isso prejudica a análise. Pedimos para o responsável levantar a blusa do bebê para que possamos fazer a contagem. A respiração da criança é predominantemente abdominal. A FR é variável de acordo com a idade. É importante contarmos durante 1min, olhando para o abdome da criança. Não podemos contar por 30seg e multiplicar por 2. Isso porque há o período da pausa respiratória seguida de uma respiração mais rápida, e se pegarmos apenas alguma dessas partes a contagem da FR iria estar prejudicada. Essa tabela da OMS, mostra a frequência resp. quando eupneica, taqui pneica etc. A taquipneia é um sinal de extrema sensibilidade de acometimento do aparelho respiratório na criança. Existe alguns deadlines feitos pelo MS, para médicos de família que atuam em centros distantes, onde taquipneia é um forte sinal de pneumonia, sem levar em consideração qualquer outro sinal semiológico. Então a taquipneia é um sinal extremamente sensível, principalmente de pneumonia, mas também de qualquer acometimento respiratório na criança. Para avaliarmos essa FR, a criança precisa estar sem febre, porque se não ela aumenta a FR em uma tentativa de perder calor. Ex: Uma criança de 4 meses chega na emergência com 39 de febre e 60 irem. Não podemos dizer que ela está taquipneica. Primeiro abaixamos a febre dela e só depois contamos a FR. Se ela continuar taquipneica as chances de ela ter pneumonia são grandes, mesmo que ela não tenha outro sinal semiológico de pneumonia. Esforço respiratório Analisado ainda durante a inspeção dinâmica. Corresponde ao acionamento da musculatura respiratória acessória. São sinais de sofrimento da criança, pois ela não está conseguindo respirar apenas como diafragma, os quais podem ser: • Batimento de aletas nasais: quando a criança inspira as aletas nasais se abrem mais e quando elas expiram se fecham mais, como se fossem asas de borboleta • Contração da musculatura subcostal: Chamada de Aragem ou retração costal • Contração da musculatura intercostal: Chamada de Aragem intercostal ou retração intercostal • Retração da fúrcula esternal: “Head bobbing” corresponde ao balanço da cabeça. Ocorre as vezes em um bebe muito pequeno, quando em cada respiração ele faz mais forca para levar o ar para dentro do aparelho respiratório e com isso balança a cabeça durante esse esforço. Estridor identificar algum um barulho na respiração da criança, sendo o estridor o principal barulho que conseguimos ouvir sem o auxílio do esteto. Esses ruídos respiratórios quando muito intensos podem ser observados na inspeção do aparelho respiratório. É uma alteração anatômica ou infecciosa, da glote ou da subglote, podendo atingir a prega vocal, alguma estrutura da laringe, epiglote etc.) na qual gera um edema e diminuição do diâmetro para passagem de ar, gerando um ruído característico. O estridor pode ser inspiratório (mais comum), expiratório ou os dois. A laringe e a traqueia da criança são mais maleáveis, tendendo ao colapso. Em algumas crianças esse tecido pode ser ainda mais frágil/mole, podendo ter por exemplo uma Laringomalácia, onde a laringe é extremamente enfraquecida e com alteração de formato, fazendo com que a criança tenha estridor. Na 4 maioria das vezes ocorre de forma isolada (sem associação sindrômica), mas pode fazer parte de síndromes mais graves também, como meningoencefalites. Na maior parte das vezes a conduta é expectante, porque conforme a criança vai crescendo essas estruturas vão se fortalecendo e adquire o tamanho normal. Uma traqueostomia, somente seria indicada em casos mais graves, que leve a um colapso muito grande das vias aéreas, o que dificulta muito a respiração da criança. Mas normalmente isso apenas acontece quando está associada a algum distúrbio neurológico grave ou síndromes genéticas mais graves. Tosse A tosse faz parte da HDA, logo quando a criança da entrada na emergência ou no ambulatório com alguma queixa respiratória, é comum que a mãe relate que a criança está tossindo, sendo necessário perguntarmos as características dessa tosse. Ao longo do exame físico, vamos presenciar a criança tossindo e temos que tentar caracterizar essa tosse. É seca ou produtiva? Tem caráter espasmótico (em crise - a criança não para de tossir)? Temos que relatar no exame físico se presenciarmos. Tosse em guincho/tosse coqueluchoide: Características da coqueluche. É continua, seca, a criança as vezes não consegue respirar entre uma tosse e outra, vindo em crises. Pode ser associada a cianose perioral e apneia. Expansibilidade torácica De preferência a criança tem que ter capacidade de colaborar com o exame físico. Se a criança for muito pequena e estiver chorando muito, pode ser até bom, porque durante o choro ela fará várias inspirações profundas. Se for uma criança maior iremos dar os comandos de inspiração pelo nariz e expiração pela boca para ela fazer. O examinador irá analisar com as mãos apoiadas na parte superior e na parte inferior das faces anteriores e posteriores do tórax, se existe diferenças nos lados, ou seja, se um lado está expandindo mais do que o outro. Esse exame, com toda tecnologia que temos hoje, perdeu um pouco a validade. Dificilmente iremos observar diminuição da expansibilidade, mas isso pode acontecer, principalmente nos processos em que o paciente cursa com dor torácica ou tem preenchimento da cavidade pleural como em um derrame pleural volumoso; Frêmito toraco-vocal O FTV é a transmissão do som através da parede torácica que irá refletir na palma da mão do examinador. Em crianças que já estão na escola e em adolescentes, a pesquisa é feita da mesma forma que nos adultos. Com a palma das nossas mãos apoiadas no tórax do pct pedimos que ele fale “33”. O FTV nos lactentes é observado pelo choro. Sempre fazemos a análise comparando um lado com o outro. • FTV normal: FTV presente, bilateral e simétrico. • FTV diminuído ou ausente: É o que chamamos de hipofonia ou afonia. Causado por um obstáculo a propagação das vibrações ou diminuição da densidade do parênquima pulmonar. Se o paciente tem um alvéolo completamente colapsado - Atelectasia, que pode ter sido consequência de crises de asma grave, de uma pneumonia grave que cursou com rolha de secreção ou até mesmo por uma bronquiolite - pneumonia própria do lactente. Nesses casos os alvéolos se fecham completamente e há perda da troca gasosa. Ou seja, se temos um obstáculo na propagação dessa vibração, não teremos a transmissão do frêmito para a mão do examinador. • FTV aumentado: Normalmente acontece quando temos um aumento da densidade do parênquima pulmonar. Isso ocorre principalmente nas pneumonias de grandes extensões. O volume do parênquima vai estar aumentado. Os alvéolos que eram para estar cheios de ar, estão preenchidos por secreção (líquido), fazendo com que o som seja transmitido de maneira mais intensa. Síndromes de consolidação aumentam a percepção do FTV. O tórax da criança tem um volume reduzido, então em pneumonias muito pequenas é muito difícil conseguirmos perceber o FTV aumentado. Exame das mamas • Tumefação mamária: Os RN podem apresentar nos primeiros dias de vida um discreto aumento do volume mamário. Isso é fisiológico e ocorre em ambos os sexos em RN. Decorre da estimulação daquela região por hormônios maternos e regride com o tempo. Devemos orientar a família a não manipular o peito, pois alguns costumes populares falam que é preciso espremer o peito para sair leite. A manipulação desnecessária pode evoluir para mastite, uma infecção bacteriana do tecido 5 mamário, onde o RN deve ficar internado para receber antibióticos. • Telarca: Análise do aparecimento do broto mamário. Nas meninas aparece entre 8-11 anos. • Ginecomastia: Pode acontecer em adolescentes do sexo masculino, por volta dos 11-12anos, por estimulação hormonal (fases de flutuação hormonal). Devemos orientar que irá regredir espontaneamente com o crescimento do paciente. Se não regredir e se for de acordo com o desejo dele devemos encaminhar ao cirurgião plástico. Com um dedo, no máximo dois, iremos percutir o tórax do paciente com nosso indicador. Sempre avaliar toráx anterior e posterior, comparando um lado com o outro. Podemos obter: • Som claro pulmonar/ atimpânico: É o som normal de um pulmão sem nenhuma patologia. • Submaciço: • Maciço: • Hipersonoridade: • Timpânico: Se percutimos sobre a região do mediastino é comum que tenhamos um som maciço, pois ele não tem ar dentro dele e sim sangue. No restante dos segmentos pulmonares esperamos ouvir um som claro pulmonar. Em um pneumotórax (preenchimento anormal do espaço pleural por ar) teremos um som timpânico à percussão do tórax. O mesmo som que escutamos à palpação do abdômen inferior. Nas pneumonias muito extensas, com consolidação, um hemitórax opaco, podemos ter alteração na percussão, com ausculta de um som submaciço ou maciço. Normalmente é no derrame pleural que cursamos com som maciço à percussão torácica. As vezes conseguimos quantificar, delimitar o tamanho do DP somente pela percussão. Nas atelectasias podemos ter também som submaciço ou maciço, dependendo do grau da atelectasia. Fazer sempre em forma comparativa, escutando todas as partes do tórax, incluindo axilas, parte anterior, posterior etc. barra grega ou em X. devemos avaliar preferencialmente com respiração natural e tranquila. Em casos de pacientes obesos podemos ter murmúrios mais abafados, dado o aumento da espessura da parede. Nesses casos temos que pedir que o paciente inspire e expire mais profundamente. Respiração vesicular ou murmúrio vesicular (MV): Corresponde ao ruído normal que esperamos encontrar ao auscultar a criança. Mais do que tentar identificar os ruídos adventícios (anormais), devemos observar se o MV está assimétrico. É comum em crianças termos a diminuição do MV como um sinal semiológico de uma pneumonia, além da taquipneia. Temos diferença de intensidade do MV de acordo com a espessura da parede torácica (pacientes magros x obesos). temos a relação do tempo inspiratório x expiratório. Sempre teremos uma expiração mais longa/devagar do que a inspiração. 1 inspiração para 3 ou 4 expirações nos escolares e adolescentes. Nos RN e lactentes jovens essa relação é um pouco diminuída, onde a expiração é um pouco menos longa. Ruídos adventícios (anormais) São divididos em: • Ruídos musicais ou contínuos ✴ Sibilos ✴ Roncos • Ruídos não musicais ou descontínuos. ✴ Estertores finos ✴ Estertores grossos. • Sons musicais ou contínuos: São sons contínuos; causados pela estenose ou obstrução parcial do ar dentro da via aérea por edema, secreção ou compressão. Dependendo da localização dessa obstrução teremos o surgimento de sibilos ou roncos. ✴ Sibilos: São sons contínuos, finos e musicais causados pela passagem de ar por vias aéreas periféricas de pequeno calibre obstruídas parcialmente por constrição da musculatura, edema ou secreção. Ex: A asma ativa a bronca constrição (por liberação de IgE e degranulação mastocitária), que faz com que o calibre do brônquio diminua, além de haver também edema e secreção. 6 ✴ Roncos: São sons baixos, grossos, causados pela obstrução de vias aéreas de médio a grande calibre, normalmente por secreção. Pode ocorrer em rinossinusites bacterianas que produzem bastante secreção, e em crianças com um resfriado muito intenso, com tosse produtiva e secreção nasal espessa e em grande quantidade. Outra situação que pode gerar o aparecimento de roncos na ausculta respiratória é infecção de VAS: aquela criança com resfriado muito intenso, tosse produtiva, secreção nasal espessa, amarelada e em grande quantidade. Podem desaparecer após a tosse! Se estivermos na dúvida durante o exame físico se a criança está com ronco ou algum outro ruído, uma das estratégias, se for uma criança maior, é pedir para ela tossir. A tendencia é o ronco desaparecer ou se mover após a tosse, pois assim conseguimos deslocar a secreção que estava obstruindo a passagem do ar. Já os estertores sub/crepitantes não se alteram com a tosse. É muito frequente a mãe chegar relatando que está sentindo o pulmão do bebê “chiar”. Chiado geralmente associamos à sibilo na prática médica, mas quando a mãe fala, na maioria das vezes é ronco o que ela está relatando. • Sons não musicais ou descontínuos: São causados pelo deslocamento das paredes alveolares durante a inspiração quando estes estão preenchidos por líquidos. Isso porque a pressão dos alvéolos vai aumentando até que eles conseguem se distender. Dependendo do local da interface ar-líquido teremos estertores finos, que refletem somente lesão alveolar, ou estertores grossos, que refletem lesão nos alvéolos e bronquíolos. ∗ Estertores finos ou crepitantes: são predominantemente inspiratórios, finos, agudos e intermitentes, semelhantes a “atrito de cabelo próximos ao ouvido”. Indicam lesão alveolar em vias aéreas de pequeno calibre. A pneumonia (exsudato) é a causa mais comum na pediatria, onde o paciente vai ter o preenchimento dos sacos alveolares por secreção e na inspiração, quando chegar na pressão para o alvéolo encher, ele faz Apo uma bolha, como se fosse um "pop". No adulto, uma das causas que podem levar ao aparecimento desse som é o edema agudo de pulmão (transudato causado pela falência cardíaca). ∗ Estertores grossos ou subcrepitantes são mais altos, mais longos e menos agudos que os estertores finos, semelhantes a “velcro descolando”, com um som um pouco mais grossa que os estertores finos ou crepitantes. Normalmente causado pela presença de secreção em brônquio ou bronquíolos. São ruídos brônquicos ou bronquiolares determinados pela passagem de ar nesses condutos, em mistura com líquido ali existente (em vias seres com calibre um pouco maior que nos estertores finos). Na pediatria as doenças que mais costumam causar esse som, som as bronquites crônicas e doenças supurativas pulmonares (Ex: fibrose cística). A TC ao lado é de uma criança com fibrose cística. Observamos a presença de bronquiectasias, onde pode- se ter secreção comprometendo a passagem de ar, levando ao surgimento dos estertores subcrepitantes. Essas setinhas brancas indicadas em vermelho na TC indicam a presença de sinal do anel de sinete. o Estertores finos! vias aéreas de pequeno calibre; lesão alveolar; pneumonia como causa mais comum. o Estertores grossos! vias aéreas de calibre maior; lesão bronquiolar; bronquite crônica e doenças supurativas como causas mais comuns. Ruídos não classificados: ∗ Atrito pleural: Som semelhante ao “atrito de cabelo próximos ao ouvido”, causado pelo atrito entre uma pleura inflamada e outra. Pode estar presente também em neoplasias. São raros, pois as pleurites são incomuns em pediatria, a não ser adolescentes um pouco mais velhos que podem apresentar doenças reumatológicas. ∗ Estridor ou cornagem: Som causado por espasmo, edema ou inflamação de VAS. Significa uma obstrução a passagem de ar a nível de glote ou subglote, Ex: laringomalácia, crupe, aspiração de corpo estranho. ∗ Pectoriloquia: É a percepção de voz aumentada, ouvindo-se de maneira nítida as sílabas pronunciadas em voz alta. Quando o paciente fala e estamos auscultando, não conseguimos entender exatamente o que ele fala. Em algumas doenças temos essa transmissão de voz aumentada, como pneumonias e pneumonias cavitarias. ∗ Gemidos ou gemência: Sinal ^pico de dificuldade respiratória grave.
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