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Mayra Alencar Acidente Vascular Encefálico Isquêmico ___ Introdução Correspondente a 80% dos AVE, é resultado de uma isquemia neuronal devido a obstrução da artéria correspondente. Sabendo-se que o encéfalo representa 2% da massa corporal, o consumo de 02% nessa porção é consideravelmente maior, o que exige cerca de 15% do fluxo sanguíneo. Os neurônios são irrigados diretamente pelas artérias principais e suas colaterais. Assim, com a obstrução arterial há a formação de áreas de morte neuronal, por ausência de O2, e, adjacente, a denominada “zona de penumbra”, a qual embora o fluxo sanguíneo esteja reduzido, ainda não houve morte celular. Assim, a isquemia é mais intensa nos neurônios próximos a artéria obstruída. ZONA DE PENUMBRA: A zona de penumbra é mantida pelas colaterais. Além disso, como mecanismo compensatório ao baixo fluxo, esta área possui uma extração de 02 aumentada. Visto a dependência das colaterais, para sua manutenção, é necessário um controle/aumento da PA para este paciente. A zona de penumbra não é normalmente vista na TC. 2 Fisiopatologia A principal fisiopatologia dos AVEi são resultados dos fenômenos tromboembólicos. Dessa forma, as dislipidemias são as principais responsáveis por essa fisiopatologia. FENÔMENOS EMBÓLICOS: Trombo(sistêmico) → Circulação → Êmbolo → SNC → AVEi embólico 3 - Corresponde a maioria dos AVEi - Se o êmbolo for formado for de origem cardíaca, fenômeno cardioembólico. FENÔMENO TROMBÓTICO: Trombo(snc) → Placa de ateroma → Trombo com obstrução total → AVEI trombótico - Nesses casos, é mais comum o AVEi lacunar, o qual é formado nas artériolas perfurantes cerebrais, que por serem mais finas e frágeis, são susceptíveis a microêmbolos. Normalmente, são encontradas no núcleo da base, áreas pequenas com muitos neurônios: tálamo, cápsula interna, gânglios da base e ramos os quais irrigam o tronco encefálico, logo, responsáveis pela irrigação das fibras motoras e sensitivas. Assim, em consequência de obstrução, há o déficit motor ou sensitivo puro. Tratamento AVE isquêmico Etapas: 1) Diagnóstico rápido do AVE ➢ Início súbito ➢ Déficit neurológico focal (vai depender da artéria acometida) - Cerebral anterior: perda de força em mmii - Cerebral média: perda de força de mmss e face - Cerebral posterior: perda de visão 4 2) Estabilização ➢ MOV (monitor, oxigênio e veia) ➢ ABCD da emergência - A: Air (vias aéreas) Aspirar via aérea (broncoaspiração) Avaliar necessidade de intubação orotraqueal, como escala de Glasgow abaixo de 8. - B: Breathing (respiração) Sat O2 (Se < 94%, fornecer O2 em baixo fluxo) - 94%, visto a maior taxa de consumo de 02 encefálico - O fornecimento de O2 evita complicações neurológicas - Realizar ausculta, em busca de crepitações Evitar O2 se sat 02 >94% (hiperoxia) Ausculta pulmonar (hipoxemia) - C: Circulation Hipertensão permissiva: tolera-se valores pressóricos de até 220 x 120 mmHg, inicialmente, a fim de reduzir os danos do quadro isquêmico, garantindo o aporte sanguíneo das artérias acompanhantes. - Se a pressão atingir valores maiores que o limiar, reduzir a pressão gradativamente, visto o risco de crise convulsiva. Observações: É comum ter convulsões em AVEi - D: Disability and Dextrose (incapacidade e glicemia) Exame neurológico direcionado (mover membros, falar, coordenação, equilíbrio e teste visual) Avaliar glicemia: Visto que os sinais e sintomas apresentados pela hipoglicemia podem ser confundidos com AVE. Anamnese direcionada: Início dos sintomas; progressão do quadro clínico, uso de medicações (AAs, anticoagulantes - marevan, xarelto …); comorbidades; alergias (medicações). 5 3) Exame de imagem: - Tomografia computadorizada ou ressonância magnética de crânio - Define a conduta - Importante para diferenciar TCE hemorrágico e isquêmico - Porta-médico: chegada até o clínico, diagnóstico de AVE - Avaliação com neurologista: Estabilizar - Porta TC: Realização de TC - Porta-interpretação da TC: Interpretação TC - Porta-agulha: Início do tratamento -trombólise- (hemodinâmica) Se não tiver centro de hemodinâmica, estabilizar e preparar encaminhamento. Observações: A realização de trombólise no AVE é mais complexa, quando comparado a SCA, visto a maior quantidade de contraindicações. 6 Observações: Se a TC mostra-se normal, porém o paciente encontra-se sintomático, suspeita de AVEi lacunar. Solicitar também: - ECG - Exames laboratoriais (hemograma, ureia, creatinina, sódio, potássio) - Provas de coagulação 4) Trombólise O ideal é que a trombólise seja realizada numa janela de 4horas e 30min a partir do início dos sintomas. Para isso, deve-se: ➢ Afastar contra-indicações 7 ➢ Cálculo do NIH ➢ Consentimento ➢ Controle pressórico (manter a PA <185 x 110 mmHg) ➢ Realizar um segundo acesso periférico Observações: - Se tempo mais que 4:30, avaliar a necessidade de trombólise com o neurologista - Caso o tempo de aparecimento de sintomas seja desconhecido, definir como início do quadro até o último momento em que o paciente foi visto assintomático. Manejo pressórico: O manejo pressórico pode ser realizado com o uso de: ➢ Betabloqueadores ➢ Bloqueador do canal de cálcio ➢ Nitroprussiato de sódio Deve ser realizado a partir da titulação da medicação. Escala NIHSS: Tabela com 11 itens os quais devem ser avaliados no paciente a partir de exames neurológicos, ou seja, avaliação quantitativa do déficit neurológico. 8 Avalia: ➢ Nível de consciência ➢ Desvio ocular ➢ Paresia facial ➢ Linguagem ➢ Fala ➢ Negligência/extinção - Extinção: Não reconhece o lado direito visualmente / não sente o lado direito (sensitivo) ➢ Função motora e sensitiva dos membros ➢ Ataxia - Incoordenação - Avaliação por teste do “dedo na ponta do nariz” 9 10 11 12 Observações: - Avaliação da linguagem, evocação e compreensão 13 - Se não alfabetizado: - Avaliação também da capacidade de antecipação - A pontuação da Escala NIH: ● 0 (sem evidência de déficit neurológico) 14 ● 42 (paciente em coma irresponsivo) Valores de NIH > 4, sugere a realização de trombólise NIH > 22, pode estar associado ao maior risco de hemorragia. O cálculo do NIH deve ser feito na admissão do paciente e a cada 6 horas, durante as primeiras 24 horas. Assim como, também deve ser realizada durante a trombólise e pós-trombólise, a cada 2 horas, durante o período de 24 a 48 horas, avaliando a melhora ou piora do quadro. - Se durante a trombólise ocorre aumento do NIH, complicações, como hemorragias. Trombólise Somente realizada após o diagnóstico clínico e por TC, utiliza-se do anticoagulante Alteplase (rt - PA), diluído em soro fisiológico 0,9% com solução de 1mg/ml. Observações: a Alteplase é um composto disponível em pó, o qual deve ser diluído seguindo a proporção de a cada 1 mg de alteplase → 1 ml de SF. O protocolo de administração corresponde a: 0,9 x Peso do paciente = Quantidade em mg de alteplase ➢ 0,9 mg/kg = dose máxima - Logo, embora a dose de acordo com o peso do paciente ultrapasse 90mg de alteplase, deve-se administrar 90 mg de alteplase em 90 ml de sç. ➢ 10% em Bolus - Injetável ➢ Restante, administrado em 1 hora com BIC - BIC = bomba de infusão contínua ➢ Todo o procedimento dura cerca de 60 min Observações: - Realizar NIH a cada 15 min, durante o procedimento - Se piora do NIH, cessar o procedimento e realizar nova TC de crânio, visto o risco de possível sangramento Pós- trombólise Deve-se monitorar o paciente por 24 horas em unidade de AVE ou UTI, a fim de avaliar: 15 ➢ Piora do quadro neurológico ➢ Sinais vitais ➢ Evidência de sangramento Trombectomia mecânica Representa a retirada mecânica do trombo com uso de cateter com STENT + Sucção, a qual pode ser feita numa janela de até 6 horas pós-trombólise, indicando quando: ➢ Presença de contraindicações absolutas à trombólise - Se a contraindicação for relativa, avaliar cada caso ➢ Falha da trombólise - Não melhora da escala de NIH ➢ Trombos em artérias proximais - Carótidas ou porção proximal da artéria cerebralmédia, visto que são artérias de médio/grande calibre, não há risco de obstrução durante o procedimento. ➢ NIHSS > 6 Para realização desse procedimento, necessita-se de avaliação da neurologia e da cardiologia (hemodinâmica) Medidas de Suporte Pós- trombólise: ➢ Hidratação ➢ Controle glicêmico ➢ Correção de metabólitos e eletrólitos ➢ Correção da hipertermia (34 - 36ºc) ➢ Profilaxias (tromboembolismo, úlceras, aspiração) ➢ Evitar procedimentos invasivos por 4 horas ➢ Não iniciar antiagregante ou anticoagulante por 24 horas - Visto a concentração de alteplase ainda circulante no organismo, por 24 horas ➢ Reabilitação (fisioterapia, fonoaudiologia e etc) - A reabilitação é fundamental, visto o fenômeno de plasticidade neural (capacidade dos neurônios adjacentes a área isquemizada de mimetizar as ações, caso estimulados) - Ex: correção da marcha ceifante 16 Impossibilidade de trombólise e trombectomia ➢ Manutenção da PA >220 x 120 mmHg - Hipertensão permissiva ➢ Manejo clínico - MOV - ABCD ➢ Início imediato de AAS ou anticoagulante - Possibilidade de dissolução do trombo e/ou formação de novos trombos ➢ Solicitar outros exames para investigação etiológica - ECO e/ou USG de carótidas e vertebrais - Afim de tomar medidas que solucionam o quadro ➢ Solicitar avaliação neuro e cardiológica
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