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DIREITO DO TRABALHO I 1 FORMAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO UM POUCO DE HISTÓRIA: 1) Inicialmente o trabalho era realizado por escravos; 2) Posteriormente, o trabalho foi feito através da servidão/feudalismo, que segundo doutrina, era uma espécie de escravidão disfarçada. O servo (trabalhador) não dispunha de sua liberdade, porquanto era possuidor de arado, animais e pasto, mas não da terra. Os senhores feudais ERAM OS POSSUIDORES DA TERRA E DE TODOS OS DIREITOS. A falsa ideia de liberdade era dada porque aos servos era assegurado o direito a herança de animais, objetos pessoais, uso de pastos, mas o imposto da herança absorvia praticamente todos os bens do herdeiro; 3) As associações surgem na Idade Média, a partir do século XII, com a finalidade de regulamentar o processo produtivo artesanal nas cidades. A necessidade de aproximação entre os homens e identidade de profissão obrigava-os, para assegurar direitos e prerrogativas, a se unir. Começara a surgir as corporações de ofício ou Associações de Arte e Misteres, que tinham suas próprias leis profissionais. O Mestre (quem detinha as ferramentas e fornecia as matérias primas), tinha sob suas ordens os aprendizes (que não recebiam salário) e os trabalhadores (submetidos a rigorosos contratos de locação de mão de obra e direito de mudança de domicílio, recebiam salário e proteção de socorros em caso de doenças). 4) Revolução Francesa fortaleceu as ideias liberais, firmando o princípio de que todos os homens são livres e iguais. No entanto, nessa primeira metade do século XIX, com o desenvolvimento do capitalismo decorrente dessas ideia, e a invenção da máquina, ao lado do desenvolvimento da indústria inicia o problema do desemprego, com as pequenas empresas sendo engolidas pelas grandes oficina, a indústria agora mecanizada, absorvia cada vez menos operários que, sem emprego, juntavam-se aos trabalhadores do campo atraídos para as cidades, às mulheres e aos menores, agravando a situação de miséria engrossando o número dos que aceitavam emprego por qualquer remuneração. 5) Com as revoltas dos trabalhadores, que, associando-se clandestinamente, denunciavam o estado de exploração e miséria que se encontravam. Somente nos primeiros cinquenta anos do século XIX surgiram primeiras leis em 1 Material elaborado com base nas aulas e textos disponibilizados pela Professora Jane Gombar Azevedo Oliveira (Doutora em Direito pela Università Degli Studi que se reconheciam e proclamavam os direitos dos trabalhadores no direito positivo europeu. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA: Há doutrinadores que defendem que os primeiros passos do Direito do Trabalho foram para o direito individual, porque individuais eram os ressentimentos dos homens oprimidos pela nova força econômica materializada na máquina e regida pelas inclementes leis de mercado da época. Também individuais eram as primeiras e elementares reivindicações daqueles trabalhadores, resumíveis num binômio de fundo econômico: duração/retribuição do trabalho. No entanto, para esta disciplina, adota-se o entendimento de Mascaro, afirmando que o: “direito do trabalho nasceu como consequência da questão social precedida da Revolução Industrial do século XVIII e da reação humanista que se propôs a garantir e preservar a dignidade do ser humano ocupado no trabalho das indústrias” Em razão das indignas condições de trabalho impostas pelos patrões, da exigência de excessivas jornadas de trabalho para adultos, mulheres e crianças, da exploração desregrada dos trabalhadores em geral, dos acidentes de trabalho, da insegurança quanto ao futuro nos momentos em que não pudessem mais trabalhar, dos baixos salários etc. FORMAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL UM POUCO DE HISTÓRIA: Como nos demais países, o sensível incremento da legislação do trabalho começou com a industrialização do País, após a primeira revolução industrial. Instituído o Governo provisório, logo criou-se o Ministério do Trabalho, Industria e Comércio, que iria se tornar, até o advento da Roma Ter(RomaTre)-Itália-USP-Universidade de São Paulo(Direito do Trabalho e Seguridade Social). Mestre em Direito pela UCS. Especialista em Direito Processual pela UFSC. Professora da Faculdade de Direito da UFPel.) Ordenamento Romano • O labor era visto como res, objeto da propriedade do Senhor, razão pela qual se constituia em direito real (trabalhador era escravo e, portanto, res. Idade Média • O trabalho foi incluído entre os direitos pessoais. O feudalismo, sedimentado no sistema da vassalagem e suserania, impunha o dever de trabalho, de sorte que somente desta forma poderia o pequeno camponês receber proteção e assistência do senhor feudal Idade Moderna • Acentuam-se os direitos, que são constitucionalizados Idade Pós- Moderna • Prega-se pelo fim do trabalho, extinção de direitos, flexibilização e desregulamentação. CF de 1934 e, após, durante a vigência da Carta de 1937, o polo do desenvolvimento legislativo. A verticalização constitucional começou com a CF de 1934, pelo fato de ter sido a primeira a possuir o título especial sobre ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL (ARTS. 115 A 143). Mas a partir da lei 62 de 05 de junho de 1935(indenização por despedida injusta) houve um impulso sobre a doutrina do direito do trabalho, que até então era legislado pela União, desde a reforma de 1926. Com o Golpe de 1937 (Estado Novo), surge a carta de 1937, que durou até 1945, recebendo forte influência do corporativismo italiano, que foi emendada por dez vezes, não sendo totalmente executada. A sua ideologia era totalmente diversa da carta anterior, abrindo um TÍTULO PARA A ORDEM ECONÔMICA (arts. 135 A 155), nele inserindo garantias constitucionais mínimas, acabando, porém, com a pluralidade sindical. O Estado novo, além de autoritário, utilizava a legislação do trabalho como instrumento de sua própria conservação (Proibição de qualquer greve – CP de 1940 a considerava um crime). No entanto, a evolução social e a pressão dos próprios trabalhadores impediram que os direitos trabalhistas individuais fossem refreados. Nesta fase predominou o sentido paternalista da legislação do trabalho, centralizado na pessoa de Getúlio Vargas. Legisla-se tanto e tão esparsamente que se fez necessário a sistematização destas leis, o que veio ocorrer com a CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS, aprovada pelo Decreto Lei 5.452 de 1º. De maio de 1943. A CF de 1946 apresentou um sensível avanço no direito positivo trabalhista – direito a greve, integração expressa e completa da Justiça do Trabalho ao poder judiciário, atribuição do poder normativo aos dissídios coletivos; salário mínimo familiar; descanso remunerado semanal e em feriados; proibição do trabalho ao menores de 14 anos, em indústrias insalubres, as mulheres e os menores de dezoito anos; trabalho noturno aos menores de dezoito anos; estabilidade na empresa ou na exploração rural e indenização do trabalhador demitido... A carta de 1967 foi marcada pelos Atos Institucionais, marcando um presidencialismo autoritário e desferalizante, que modificou bastante os chamados direitos econômicos e sociais. Constituição de 1988 marca, no âmbito do direito do trabalho, um extenso rol de direitos como os contidos nos artigos 5, 6, 7, 8,9, 10, 11, ressaltando-se os direitos sociais previstos no art. 7º. FASES DO DIREITO DO TRABALHO FATORES QUE INFLUENCIRAM NA LEGISLAÇÃO DO TRABALHO 1º FATOR ECONOMICO: os fatores são, de um lado, a utilização da força de trabalho livre, mas subordinada como instrumento central de relação de produção pelo novo sistema produtivo emergente, de outro lado, a circunstância de esse novo sistema produtivo também gerar uma distinta modalidade de organização do chamado processo produtivo, a chamada grande indústria.2º FATOR POLÍTICO: Os fatores que conduzem ao surgimento do direito do trabalho são as ações gestadas e desenvolvidas no plano da sociedade civil e do Estado, no sentido de fixar preceitos objetivos para a contratação e gerenciamento da força de trabalho componente do sistema produtivo não estruturado. 3ºFATOR SOCIAL: São fatores que propiciam as condições favoráveis do surgimento do direito do trabalho: a concentração proletária em torno das grandes cidades industriais, que propiciou uma nova classe social: o proletariado. Além disso, o surgimento de uma inovadora identificação profissional entre essas massas, a partir de um mesmo universo de sua força de trabalho estimula as reivindicações de classe. Há a Separação entre capital e trabalho, com notas de subordinação, continuidade e privacidade. 4º FATOR: Intervenção do Estado: O Direito do Trabalho surge como autodefesa do Estado. A autonomia é limitada. DEFINIÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO na busca da essência e elementos componentes do Direito do Trabalho, os doutrinadores adotam posturas distintas, enfatizando determinadas situações, conforme a teoria as quais se filiam, que são: teoria objetivista, teoria subjetivista e teoria mista. 1ª - FASE DE FORMAÇÃO: • de 1802 a 1828 • MANIFESTAÇÕES INCIPINETS OU ESPARSAS 2ª- FASE DE INTENSIFICAÇÃO • De 1848 a 1890 • MANIFESTO COMUNISTA DE 1848 3ª- FASE DE CONSOLIDAÇÃO E SITEMATIZAÇÃO • De 1890 a 1919 • Conferência de Berlim (1890) 4ª- FASE DA AUTONOMIA • Inicia-se em 1919, estendendo-se às décadas posteriores do século XX • Constitucionalização do Direito do Trabalho 5ª- FASE DA CRISE E TRANSIÇÃO • Final do Século XX, nos anos de 1979- 1980 • Após a renovação tecnológica: a redução dos postos de trabalho, eliminação das barreiras de tempo e espaço: flexibilização, desregulamentação. 1)-TEORIA OBJETIVISTA O critério objetivista enfatiza o objeto das relações reguladas pelo Direito do Trabalho. As definições baseadas neste critério buscam determinar, não as pessoas a que se aplicam as normas trabalhistas, mas as matérias por elas reguladas. “A ênfase no objeto, no conteúdo das relações jurídicas de pactuação de prestação subordinada do trabalho, confere a tais concepções uma visão mais precisa da substância e elementos componentes desse ramo jurídico especializado” - Mauricio Godinho Delgado 2)TEORIA SUBJETIVISTA O critério subjetivista enfatiza os sujeitos das relações jurídicas reguladas pelo Direito do Trabalho, ora frisando o aspecto da debilidade econômica dos trabalhadores como objetivo principal das normas deste ramo do Direito, ora posicionando a classe trabalhadora como objeto de suas conceituações. 3)TEORIA ECLÉTICA OU MISTA As definições elaboradas com alicerce no critério misto caracterizamse pela combinação dos dois elementos anteriores: o sujeito e a matéria disciplinados pelo Direito do Trabalho. Assim, abrangem tanto as pessoas, como o objeto deste ramo do Direito, buscando uma unidade que melhor explique o seu conteúdo. Esta teoria é utilizada amplamente pela doutrina nacional A reunião do Direito Individual do Trabalho e do Direito Coletivo do Trabalho cria o conhecido Direito Material do Trabalho. É o que se chama de Direito do Trabalho no sentido lato, conceitua MAURÍCIO GODINHO DELGADO como: "complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas". NATUREZA JURÍDICA (TAXIONOMIA), INTERPRETAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO NO TEMPO E ESPAÇO Segundo Mauricio Godinho Delgado: “Encontrar a natureza jurídica de um instituto do Direito (ou até de um ramo jurídico, como o Direito do Trabalho) consiste em se apreenderem os elementos fundamentais que integram sua composição específica, contrapondo-os, em seguida, ao conjunto mais próximo de figuras jurídicas (ou de segmentos jurídicos, no caso do ramo jus trabalhista), de modo a classificar o instituto enfocado no universo de figuras existentes no Direito” É “atividade lógica de classificação” pela qual se integra determinada figura jurídica no conjunto mais próximo de figuras existentes no universo do Direito, mediante a identificação e cotejo de seus elementos constitutivos fundamentais. Diante disso, discute-se se esta disciplina pertence ao DIREITO PÚBLICO OU AO DIREITO PRIVADO. A doutrina aponta certos critérios de distinção entre os referidos ramos, dentre os quais citamos o critério da TITULARIDADE, o critério do INTERESSE e o da SUJEIÇÃO. a) Pelo critério da titularidade, a diferenciação está no titular do direito, que pode ser público ou privado; b) O critério do interesse, lado outro, examina se o interesse jurídico envolvido é eminentemente público ou se possui caráter privado; c)Finalmente, o critério da sujeição examina se há subordinação, e, portanto, desigualdade na relação, ou se há coordenação ou igualdade entre as partes. Além da clássica divisão entre público e privado, há outras correntes que procuram justificar a natureza jurídica do Direito do Trabalho. São elas: TEORIA DO DIREITO PÚBLICO Livre manifestação de vontade da parte foi substituída pela vontade do Estado, o que resulta na imposição estatal da maioria das normas trabalhistas e na institucionalização deste Direito, com o consequente controle estatal. Os juristas que sustentam que o Direito do Trabalho pertence ao Direito Público, apresentam, em regra, quatro argumentos: 1) o Direito do Trabalho apresenta normas de natureza administrativa, como as relativas à fiscalização trabalhista, segurança do trabalho, higiene do trabalho etc.; (CLT< CF<>>>) 2) o Direito do Trabalho é composto por normas de natureza estatutária, constituindo relações delineadas pela lei, suprimindo a autonomia da vontade das partes envolvidas; 3) a maior parte das normas de Direito do Trabalho são irrenunciáveis 4) o Direito do Trabalho possui fundamento jurídico-filosófico baseado no intervencionismo estatal restritivo da autonomia da vontade, que se opõe ao fundamento jurídico-filosófico do Direito privado: individualismo e liberdade volitiva. a) Direito Público b) Direito Privado c) Direito Social d) Direito Misto; e) Direito Unitário CRÍTICA À TEORIA DO DIREITO PÚBLICO baseia-se, principalmente, em quatro argumentos: 1) As normas trabalhistas de natureza administrativa, como os referentes à fiscalização, têm caráter instrumental e não preponderam sobre as de outra natureza; 2) O Direito do Trabalho não cria relações estatutárias, pois, não obstante o dirigismo estatal, há possibilidade de as partes acordarem sobre condições gerais de trabalho; 3) a irrenunciabilidade das leis trabalhistas não possui natureza diversa da irrenunciabilidade de diversas normas encontradas em outros ramos do Direito Privado, como o Direito Civil; 4) a natureza de Direito Público de um ramo jurídico não é definida pelo seu fundamento jurídico-filosófico, mas pela Teoria dos Interesses (o Direito Público regula os interesses imediatos do Estado e o Direito Privado, os de particulares), pela Teoria da Natureza dos Sujeitos (O Direito Público regula relações de que o Estado participe; e o Direito Privado regula relações de que o Estado não participa) ou pela Teoria da Natureza das Relações (no Direito Público, há manifestação do Poder de Império do Estado sobre o particular; e no Direito privado, o Poder de Império do Estado não se manifesta). TEORIA DO DIREITO PRIVADO Afirmam os defensores desta teoria que além de ter nascido este ramo do Direito Civil, o instituto básico do Direito do Trabalho é ocontrato trabalhista, que possui caráter eminentemente privado. Os argumentos que sustentam esta teoria são os seguintes: 1) os sujeitos do vínculo trabalhista são trabalhadores e empregadores e, quando o Estado participa da relação, o faz na condição de empregador; (Origem>>locação de serviços, contrato de trabalho etc.) 2) a maioria das regras de Direito do Trabalho são de ordem privada (contrato, ACT, CCT) 3) a relação trabalhista é um desenvolvimento da prestação de serviços, tendo, portanto, sua origem no Direito Civil, clássico ramo do Direito Privado. (corporações de ofício-origem) AS CRÍTICAS À TEORIA DO DIREITO PRIVADO coincidem com os fundamentos da Teoria do Direito Público, ou seja: 1) O Direito do Trabalho possui normas de natureza administrativa; 2) o Direito do Trabalho é composto por normas de natureza estatutária, que eliminam a autonomia da vontade das partes; 3) a maior parte das normas de Direito do Trabalho são indisponíveis, irrenunciáveis 4) o fundamento jurídico-filosófico do Direito do Trabalho é incompatível com o Direito Privado TEORIA DO DIREITO SOCIAL Sustentada pelos doutrinadores que reconhecem a existência de um terceiro gênero na Enciclopédia Jurídica, ao lado do Direito Público e do Direito Privado, chamado "Direito Social", caracterizando-se na socialização do Direito, em oposição ao Direito individual. A PRINCIPAL CRÍTICA que recebe a presente teoria é que todos os ramos jurídicos são feitos para a sociedade, com intuito de promover o bem-estar dos indivíduos, ou seja, todo direito é social TEORIA DO DIREITO MISTO; Não se reconhece a unidade conceitual do direito, devendo ser examinado cada instituto do Direito do Trabalho, que será encaixado ora dentro do Direito Público, ora no Direito Privado. Segundo esta teoria, a bipartição romana do Direito em Direito Público e Direito Privado tornou-se inadequada para o Direito produzido pela complexa sociedade moderna que criou ramos jurídicos constituídos tanto de normas de ordem pública, como de normas de ordem privada e que tutelam tanto o interesse público, como o interesse privado. A PRINCIPAL CRÍTICA formulada a esta teoria refere-se à inexistência de um direito híbrido de público e privado chamado "Direito Misto". TEORIA DO DIREITO UNITÁRIO. Segundo esta orientação doutrinária, o Direito do Trabalho é resultado da fusão de ramos do Direito Público e de Direito Privado que origina um todo orgânico, totalmente distinto dos dois ramos que lhe deram origem. A teoria do Direito Unitário difere-se da Teoria do Direito Misto por entender o Direito do Trabalho como um amálgama e não uma mera mistura de substâncias dos dois gêneros clássicos. A PRINCIPAL CRÍTICA formulada a esta teoria aponta a inexistência de um todo orgânico, autossuficiente e absolutamente diferenciado do Direito Público ou do Direito Privado. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO Segundo Mauricio Godinho Delgado: A interpretação atua em dois momentos fundamentais do fenômeno jurídico: no instante de elaboração da norma de Direito (fase pré-jurídica) e, em seguida, no instante da compreensão do sentido e extensão da norma já elaborada (fase jurídica propriamente). PRINCIPAIS MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO: A) INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA (leva em conta o processo legislativo que antecedeu a publicação). Na ótica de Godinho, esta interpretação é “apenas um repositório de informações datadas sobre o período de elaboração da regra jurídica B) INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL OU LITERAL (OU LINGUÍSTICA) É interpretado o sentido literal das palavras contidas nas normas jurídicas). C) INTERPRETAÇÃO LÓGICA OU RACIONAL São vistas as proposições, os enunciados pelo legislador, as técnicas da lógica comum e da lógica jurídica, ou seja: desvendar o sentido e alcance da norma, estudando-a por meio de raciocínio lógicos, analisando os períodos da lei e combinando-os entre si. D) INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA OU FINALISTICA (também chamado por alguns doutrinadores de método sociológico) Trata-se dos fins sociais a que a norma jurídica se propõe., identificando-se com a gênese do DPT, para constituir a realização da justiça social. "nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse comum" (art. 8º, caput, in fine, CLT) E) INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA/SISTÊMICA Como as normas não existem isoladamente, formando um sistema, deveria haver uma relação de coerência. Quando ocorre antinomias, critérios de especialidade, hierarquia e da cronologia entre normas em conflito. Existindo conflito entre esses critérios>>>>antinomia de segundo grau>>>adoção de critérios axiológicos – extraídos da cultura, ética, princípios fundamentais, proporcionalidade, razoabilidade etc. (exige amplo conhecimento de normas). FORMAS DE INTERPRETAÇÃO Segundo uma parcela da doutrina, ainda temos 3 formas de interpretação, que seriam: - Interpretação Extensiva ou ampliativa: dá-se o sentido mais amplo à norma a ser interpretada; -Interpretação restritiva ou limitativa: dá-se num sentido mais restrito, limitado, à norma jurídica; -Interpretação Autêntica, legal ou legislativa: é a interpretação pelo próprio órgão que editou a norma, por meio de outra norma jurídica. O aplicador do direito está autorizado a utilizar técnicas de interpretação/integração como a analogia, equidade, os princípios gerais do direito e a doutrina, na forma do. art. 8 CLT., que não ocorrem isoladamente, se complementando. APLICAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NO TEMPO E ESPAÇO A eficácia da norma trabalhista no tempo leva em conta dois princípios constitucionais gerais: o da irretroatividade, uma vez que a lei não pode retroagir para prejudicar, pois deve respeitar o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito (CF, art. 52, XXXVI) e o da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais (CF, art. 52, § 12), na medida em que as normas que criam direitos fundamentais sociais entram em vigor imediatamente. Em relação as normas no tempo, temos três consequências: *EFEITO RETROATIVO (regente de situações já consumadas, juridicamente, sob a égide da lei anterior); *EFEITO IMEDIATO (regente de situações em curso à época do surgimento da lei ou ainda não consumadas no referido instante); *EFEITO DIFERIDO (regente de situações futuras em comparação à data de vigência da norma jurídica). ADERÊNCIA DAS NORMAS A aderência contratual tende a ser apenas relativa no tocante às normas jurídicas. É que as normas não se incrustam nos contratos empregatícios de modo permanente, ao menos quando referentes a prestações de trato sucessivo. Ao contrário, tais normas produzem efeitos contratuais essencialmente apenas enquanto vigorantes na ordem jurídica. Extinta a norma, extinguem-se seus efeitos no contexto do contrato de trabalho. A eficácia da norma no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma. realizado o contrato de trabalho no Brasil, a legislação pátria regulamentará o mesmo, pois “O Direito do Trabalho brasileiro aplica-se às relações empregatícias e conexas, além de outras relações de trabalho legalmente especificadas, que ocorram dentro do espaço interno do território do Brasil. Realizando-se o contrato de trabalho dentro das fronteiras brasileiras, não há dúvida de que se submete, plenamente, de maneira geral, à ordem jurídica trabalhista pátria. Trata-se da incidência do princípio da soberania, aliado ao critério da territorialidade, de modo a assegurar o império da legislação nacional em cada Estado independente” - DELGADO Limite e a abrangência====> é o espaço (território) nacional. Princípio da territorialidade e soberania (exceção: art. 84, III e 49,I CF- tratados, convenções internacionais ratificadas no BR. AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO, RELAÇÃO DO DT COM AS CIÊNCIAS JURÍDICAS/NÃO JURÍDICAS, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E DIREITOS HUMANOS Ensina Mauricio Godinho Delgado que autonomia, no Direito, é uma qualidade a ser atingida por certo ramo jurídico em razão dele possuir enfoques, princípios, regras, teorias, condutas metodológicas próprias de estruturação e dinâmica. Esta autonomia tem sido abordada pelos doutrinadores sob cinco perspectivas: autonomia legislativa ou legal, autonomia doutrinária, autonomia didática, autonomia jurisdicional e autonomia científica. AUTONOMIA LEGISLATIVA O Brasil não possui um Código de Trabalho como possui a França. No entanto, em virtude da existência da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, que representa um estatuto próprio e independente, além da publicação de muitas leis esparsas tratando de matéria trabalhista; diversos doutrinadores, a exemplo de AMAURI MASCARO NASCIMENTO, ARNALDO SUSSEKIND, EVARISTO DE MORAES FILHO, MOZART VICTOR RUSSOMANO, ORLANDO GOMES e SERGIO PINTO MARTINS entre outros, têm reconhecido a autonomia legislativa do Direito do Trabalho brasileiro. AUTONOMIA DOUTRINÁRIA A autonomia doutrinária traduz-se na existência de uma bibliografia própria. É notória a existência de grande número de obras doutrinárias sobre Direito do Trabalho no Brasil, incluindo obras clássicas de reconhecimento nacional e internacional. AUTONOMIA DIDÁTICA A autonomia didática do Direito do Trabalho revela-se na inclusão de sua matéria no currículo acadêmico das faculdades de Direito, assim como sua exigência nos Exames de Ordem, obrigatórios para a habilitação do bacharel em direito como advogado. AUTONOMIA JURISDICIONAL A autonomia jurisdicional evidencia-se pela existência de um órgão especializado do Poder Judiciário que aplica o ramo jurídico em estudo: a Justiça do Trabalho. AUTONOMIA CIENTÍFICA Demonstra-se a autonomia científica do Direito do Trabalho pela formulação de institutos e princípios próprios, distintos dos institutos e princípios do Direito Civil e dos demais ramos jurídicos, como o princípio da proteção ao trabalhador, da continuidade dos contratos de trabalho, da irrenunciabilidade de direitos etc. RELAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHOS COM DEMAIS DISCIPLINAS ➢ DIREITO CONSTITUCIONAL: As CF brasileiras, a partir de 1934 vem seguindo esta invariável orientação, sendo que a de 1988 estendeu ainda mais os direitos sociais. Verifica-se que Direito Constitucional representa a "base" de todos os ramos do Direito, sendo que, em se tratando do Direito do Trabalho, os artigos 7 a 11 da Constituição Federal trazem, de um modo geral, a maioria dos direitos dos trabalhadores. Além dos direitos sociais, o art. 170, art. 5, inciso XIII tratam de normas referentes ao direito do trabalho, ou seja: fortíssima é relação entre o Direito Constitucional e o Direito do Trabalho, tais como: salário mínimo, seguro desemprego, fundo de garantia por tempo de serviço, décimo terceiro salário com base na remuneração integral, participação nos lucros ou resultados, licença à gestante, relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, seguro desemprego, piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho, irredutibilidade do salário, entre outros. ➢ DIREITO ADMINISTRATIVO Em razão da ação intervencionista estatal. Basta verificar os órgãos públicos nos setores da organização judiciária do trabalho, como por exemplo o Ministério do Trabalho e Previdência da que se imiscuem direta e indiretamente nesta disciplina, como por exemplo a fiscalização do cumprimento das normas de regramentos coletivos, da CLT, entre outros. ➢ DIREITO PENAL Importantes noções do poder ou poder disciplinas das empresas, que hoje procura se jurisformizar nas instituições privadas, pela adoção de princípios do direito penal, tais como da proporcionalidade da pena, da regra nullum poena, nullum crimen sine lege, non bis idem, e no CP moderno – Crimes contra organização do trabalho. Ex:crimes contra a organização do trabalho (197 a 207 CP), condutas criminosas em relação anotação CTPS (207), trabalho escravo (149), exposição da vida e saúde de outrem (132), ilícitos na greve (art. 15 lei 7783/89), contravenções penais contra a organização do trabalho (Dec-lei 3688/41, art. 47 a 49 e lei 8213/91, art, 19,2). ➢ DIREITO PROCESSUAL Com o direito processual (tanto o civil como o penal contribuíram com importantes contingentes de normas para o dir. processual do Trabalho. Nos casos omissos, o Dir. Processual (aplicado supletiva e subsidiariamente) será a fonte comum do proc. do trabalho, exceto naquilo que for incompatível com suas próprias normas. Com o Direito Público Internacional que é uma fonte importante do dir. do trabalho, principalmente se analisarmos as normas oriundas da OIT (Organização Internacional do Trabalho) muitos institutos foram adotados no Brasil após a ratificação das normas desta organização, tais como Jornada máxima legal ao trabalho de menores e mulheres, acidentes, moléstias profissionais etc. Lembramos ainda a Declaração Universal dos Direito do Homem. ➢ DIREITO CIVIL O contrato de Trabalho teve sua origem no Direito Civil (na locação de serviços - locatio operarum) e por expressa determinação legal (artigo 8º da CLT) ele sempre será aplicado de forma subsidiária ao Direito do Trabalho. Desta forma, as normas do Direito civil são fontes integrativas das lacunas do Direito do trabalho e está estritamente vinculada a ele, desde o berço, pois foi através da evolução que a locatio operarum romana deu origem ao moderno contrato de trabalho. ➢ DIREITO EMPRESARIAL Tem estreita ligação, pois trabalha com a noção fundamental da empresa, que é o quadro onde se desenvolve as duas disciplinas. Fornece regras de conceitos de certas categorias profissionais, como os comissários mercantis, representantes comerciais, que podem ser empregados ou comerciantes etc. ou seja: A relação do Direito do Trabalho com o Direito empresarial é incontestável, sobretudo no que concerne aos artigos 10, 10-A e 448, 448-A da CLT, que estabelecem que a mudança na estrutura jurídica ou na propriedade da empresa não irá influir nos Direitos Trabalhistas dos empregados. ➢ DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Contribui com regras sobre a extraterritorialidade das leis, nas quais o direito trabalhista busca fundamento da territorialidade, pelo critério da lex fori. Com a Medicina Legal enfermidades profissionais, acidentes de trabalho, reabilitação profissional, aos serviços insalubres e perigosos etc. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Para Mauricio Godinho Delgado, as fontes são assim divididas: Fontes Materiais: econômicas sociológicas políticas, filosóficas (são fatores que dão origem a elaboração das regras, antecedem as fontes formais). Fontes Formais: autônomas e heterônomas (decorrem das fontes materiais e são materialização das normas). Existem duas teorias sobre a unidade ou pluralidade de produção destas fontes, que são: Teoria monista > esta teoria é defendida por Hans Kelsen, afirmando que o único gerador de produção das fontes formais do direito é o Estado, o que demonstra ser uma teoria essencialmente positivista. Teoria pluralista > esta teoria “não considera válida a tese do exclusivismo estatal, sustentando a clara existência de distintos centros de positivação jurídica ao longo da sociedade civil, conforme costume e os instrumentos jurídicos da negociação coletiva trabalhista. Dentro das fontes formais, existem as heterônomas e autônomas. As Heterônomas são: Constituição, leis, tratados e convenções internacionais, regulamentos normativos, portarias, sentença normativa, entre outras. Deve-se fazer a ressalva de que as portarias, circulares, a princípio não são fontes formais, pois não geraobrigação, senão para aqueles funcionários e órgãos inferiores na hierarquia. As Autônomas são “as elaboradas pelos próprios interessados. Elas são as convenções coletivas de trabalho, os acordos coletivos de trabalho, usos e costumes, entre outras. SEGUNDO Orlando Gomes e Elson Gottschalk, há a seguinte divisão: 1) FONTE PRIMÁRIA ou de criação - também chamada de fonte da criação, comum a todo direito privado, é a vontade das partes, ou seja, é dela que nasce o contrato de trabalho e as obrigações essenciais que lhe são inerentes encontram, no concurso de vontades, seu elemento propulsor. O contrato é, pois, a única e exclusiva fonte voluntária da relação de emprego. Porém esta fonte tem sua capacidade limitada pela produção de outras fontes- Observa-se que para uma parcela da doutrina, o contrato de trabalho não pode ser considerado como fonte formal do direito do trabalho, pois não se trata de um ato-regra (ato jurídico criador de normas jurídicas gerais, impessoais e abstratas (Para Godinho não é fonte e sim regra de obrigações) 2) FONTES IMPERATIVAS - que, pela sua natureza podem ser denominadas imperativas, em razão de se imporem ao contrato de trabalho e a vontade dos contraentes, incorporando-se automaticamente ao contrato. Estas fontes imperativas classificam-se em quatro categorias, segundo sua origem e composição das quais emanam: - Fontes de produção estatal: CLT, CF, Leis etc. - Fontes de produção profissional ou extra-estatal: Contrato de Trabalho, Acordo Coletivo de Trabalho, Regulamento da empresa. - Fontes de produção mista: Dissídio coletivo, sentença normativa. - Fontes de produção internacional: Convenções OIT, Resoluções, Recomendações OIT, tratados. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS Sistematicamente podemos apontar como funções dos princípios as seguintes: a) função informadora, na medida que inspiram a criação de normas, dando fundamento ao ordenamento jurídico ao qual imprimem unidade orgânica; b) função interpretativa, ao passo que fornecem critérios orientadores sobre o significado e o alcance; e, c) função normativa, uma vez que integram o direito nas lacunas da lei. Segundo Américo Plá Rodriguez, o juslaboralista que mais exaustivamente aborda o tema no âmbito do direito do trabalho, os princípios são “linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram direta ou indiretamente uma série de soluções pelo que, podem servir para promover e embasar a aprovação de novas normas, orientar a interpretação das existentes e resolver os casos não previstos” CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONFORME AMÉRICO PLÁ RODRIGUEZ: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: Mauricio Godinho Delgado enumera os princípios constitucionais: “Dignidade da Pessoa Humana ,principio Centralidade da Pessoa Humana na Vida Socioeconômica e na Ordem Jurídica, Princípio da Valorização do Trabalho e do Emprego, Princípio da Inviolabilidade do Direito na Vida, Inviolabilidade Física nas Relações de Trabalho, Inviolabilidade Moral nas Relações de Trabalho, Inviolabilidade da Vida Privada e da Intimidade, Princípio do Bem-Estar Individual e Social , Princípio da Justiça Social , Princípio da Submissão da Propriedade à Sua Função Socioambiental, Princípio da Não Discriminação, Princípio da Igualdade em Sentido Material, Princípio da Segurança, Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade. Princípio da Vedação do Retrocesso Social”, estabelecendo conexões com o direito do trabalho e como ele é aplicado nesta disciplina.” FORMAS DE APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS A) IN DUBIO, PRO OPERARIO: Critério que deve ser utilizar o juiz ou o intérprete para escolher entre vários sentidos possíveis de uma norma, aquele que seja mais favorável ao trabalhador. As condições de sua aplicação ocorrem quando: 1º- exista dúvida sobre o alcance da norma legal, 2º-Não esteja em desacordo com a legislação, ou seja, a interpretação literal deve preferir aquela da vontade do legislador, ou seja, a ratio legis ou o espírito da lei. B) REGRA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL (NORMA MAIS BENÉFICA): Este princípio ensina que o operador do Direito do Trabalho deve optar pela regra mais favorável ao obreiro em três situações ou dimensões distintas: no instante da elaboração da regra; no contexto de confronto entre regras concorrentes (hierarquia); e no contexto de interpretação das regras jurídicas. refere Mozart Vitor Russomano (Curso de Direito do Trabalho, p. 59), que a regra da norma mais favorável opera como princípio solar do Direito do Trabalho contemporâneo. C)REGRA DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA (CONDIÇÃO MAIS FAVORÁVEL): A REGRA DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA PRESSUPÕE A EXISTÊNCIA DE UMA SITUAÇÃO CONCRETA, ANTERIORMENTE RECONHECIDA, E DETERMINA QUE ELA DEVA SER RESPEITADA, NA MEDIDAD EM QUE SEJA MAIS FAVORÁVEL AO TRABALHADOR QUE A NOVA NORMA APLICÁVEL. Determina esta regra a prevalência das condições vantajosas para o trabalhador, ajustadas no contrato de trabalho ou resultantes do regulamento da empresa, ou seja: Importa na garantia de preservação, ao longo do contrato, da cláusula contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito adquirido. PRINCÍPIOS ESECÍFICOS DO DIREITO LABORAL Princípios da dignidade da pessoa humana é o valor fundante do direito do trabalho e a igualdade é dele decorrente. Deste princípio decorrem os seguintes: • Proteção; • Irrenunciabilidade; • Continuidade; • Primazia da realidade; • Autodeterminação coletiva; • Boa-fé; • Função social do contrato e • Razoabilidade. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO Visa proteger uma das partes na busca de uma igualdade substancial. Compensa-se, no plano jurídico, a desigualdade no plano econômico. Essa compensação também se traduz numa desigualdade, a desigualdade de tratamento, expressa no favor iuris que privilegia o hipossuficiente. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE “impossibilidade jurídica (do trabalhador) de privar-se voluntariamente de uma ou mais vantagens concedidas pelo direito trabalhista em benefício próprio” - RODRIGUEZ, Américo Plá. A irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas traduz a ideia da indisponibilidade dos bens por eles tutelados. Vale dizer: os direitos trabalhistas são irrenunciáveis porque o trabalhador deles não dispõe. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE o contrato de trabalho tende a permanecer indefinidamente no tempo, quer para atender às necessidades mais imediatas e prementes do empregado e do empregador, quer porque interessa, ao progresso e à paz social, a sua manutenção. Resultam da perenidade natural do contrato de trabalho algumas diretrizes informadoras do direito do trabalho, consubstanciadas no princípio da continuidade, a partir da sistematização de Plá proteção irrenunciabilidade continuidade primazia da realidade razoabilidade boa-fé Rodriguez: – a regra é a do contrato a prazo indeterminado. Os contratos a prazo determinado somente são admitidos excepcionalmente; – salvo razões ponderáveis, quer no aspecto do sistema produtivo (de natureza técnica ou econômica), quer sob o enfoque das relações interpessoais (razões disciplinares), a denúncia do contrato é uma anomalia porque vai de encontro aos objetivos comuns do empregado e do empregador; – mantida a atividade econômica, a alteração na estrutura jurídica ou na propriedade da empresa não afeta os contratos de trabalho em curso. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE Da consensualidade natural do contrato de trabalho resulta a prevalência dos fatos, sempre que estes estiverem em discordância com os registros em documentos ou acordos. Deste princípio decorre o artigo 442, caput, bem como o art 456, ambos da CLT: “Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego.” “Art. 456. A prova do contratoindividual do trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito.” No tópico do artigo 442, o legislador foi absolutamente fiel a essa diretriz, ao proclamar a consensualidade do contrato de trabalho e se socorrer de formalidades apenas quando indispensáveis à configuração de exceções às regras do contrato mínimo, este sempre mais favorável ao trabalhador. Ademais, observa-se que o princípio da primazia da realidade também acaba por ser um desdobramento do princípio da proteção porque o trabalhador sempre sai beneficiado, quer pela facilitação da prova de suas alegações (a realidade se demonstra através de qualquer meio idôneo), quer pela ineficácia dos registros desconformes com a situação de fato mais favorável. PRINCÍPIO DA AUTODETERMINAÇÃO COLETIVA Os trabalhadores se autoprotegem na organização coletiva e, assim, adquirem autonomia capaz de qualificá-los a negociar com maior liberdade. Em nosso ponto de vista, a qualificação da autodeterminação coletiva enquanto princípio constitui um equívoco. Em verdade, o exercício dessa autodeterminação é mera consequência da concretização do princípio da proteção PRINCÍPIO DA BOA-FÉ A ideia básica da boa-fé sintetiza todos os demais princípios e, de certa forma, funciona como anteparo de eventuais tentativas de hipertrofiar ou distorcer a ideia da proteção. O empregado não pode se furtar às consequências de seu comportamento desleal ou desidioso, nem pretender se escusar de suas obrigações contratuais. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO A função social do contrato tem o objetivo de limitar o princípio da autonomia privada, com o propósito de evitar que a liberdade contratual seja exercida abusivamente, garantindo que o equilíbrio contratual permaneça entre os contratantes e que atenda os interesses sociais. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE Este princípio constitui o contrapeso necessário do princípio da proteção, uma espécie de seu redutor ou de fator de contenção. Através da suposição do que é razoável, é possível estabelecer algumas premissas que reforçam o princípio protetivo, em especial quando em relevo as situações do cotidiano, onde o que normalmente acontece é presumível. Vem também em favor da realidade concreta, porque através da razoabilidade chega-se com mais facilidade às situações reais.
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