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1/3 Divulgação de segredo Esse tipo penal – crimes contra a inviolabilidade de segredos – encontra- se na seção II do capítulo VI do Título I. O Artigo 153 responsabiliza criminalmente aquele que divulga, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial de que é destinatário ou detentor que tenha a possibilidade de produzir dano a outrem. Exige-se que trate de matéria de caráter confidencial, um segredo, algo sigiloso a um número limitado de pessoas. É necessário que a divulgação possa acarretar dano material ou moral à pessoa, não sendo preciso que o dano se efetive. No parágrafo §1º-A, passou a incriminar a conduta de divulgação de informações sigilosas ou reservadas da Administração Pública. Trata-se de crime comum, podendo o sujeito ativo ser qualquer pessoa, servidor público ou não. O sujeito passivo é sempre o Estado. Violação de segredo profissional São vários os dispositivos legais que resguardam o dever de sigilo, por exemplo: Artigo 2071 do Código de Processo Penal, o Artigo 4062 do Código de Processo Civil, o Artigo 2293 do Código Civil, o Artigo 7º, XIX4, Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 1 Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 2 Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos: II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. 3 Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo; 2/3 Assim, podemos extrair os seguintes elementos da redação contida no Artigo 154 do Código Penal que constituem o delito de violação de segredo profissional: A existência de um segredo. O fato de ter esse segredo chegado ao conhecimento do agente em virtude de função, ministério, ofício ou profissão. Revelação a alguém. Ausência de justa causa. Potencialidade de dano a outrem. Entende-se por função toda determinação de encargos imposta pela lei a uma pessoa, esteja ou não ligada ao exercício de um cargo, haja ou não remuneração. Assim, o tutor, o curador, e o escrevente de sala de juiz que “toma conhecimento, em razão de sua função”, de segredos narrados durante uma audiência de divórcio que corre em segredo de justiça, revelando-os a terceiros, estará cometendo o tipo penal. Por ministério, como regra, entende-se aqueles que exercem atividades religiosas, a exemplo dos pastores e padres. Entende-se por ofício aquelas atividades habituais, consistentes na prestação de serviços manuais ou mecânicos, como acontece com os empregados domésticos, costureiras e etc.. Profissão diz respeito a toda atividade que, como regra, tenha finalidade de lucro, exercida por quem tenha habilitação. Dissemos como regra, pois em algumas situações, mesmo que o trabalho seja voluntário, aquela determinada atividade somente poderá ser exercida por um profissional, como é o caso dos médicos e advogados. III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou de dano patrimonial imediato. 4 Art. 7º São direitos do advogado: XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional; 3/3 No artigo estudado, dita a expressão “sem justa causa” querendo demonstrar que a revelação não foi amparada por um motivo que possa ser justificado. Em regra, a justa causa fundamenta-se na existência de estado de necessidade, é a colisão de dois ou mais interesses, devendo um ser sacrificado em benefício do outro; no caso, a inviolabilidade dos segredos deve ceder a outro bem ou interesse mais importante, de caráter público. O dolo é a vontade de revelar o segredo, tenha o agente conhecimento da possibilidade de dano a qualquer pessoa. Não contempla a lei a forma culposa, não praticando o crime o profissional que, por negligência, deixa o documento a vista de terceiros.
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