Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A presença da mãe na psicanálise ➢ É necessário não compreender muito rápido - Lacan Algumas pontuações sobre os conceitos em psicanálise: não se tratam de conceitos fechados em si mesmos, mas que se relacionam entre si e que sofrem diversas viradas teóricas ao passo que são confrontadas com a clínica. Tratam- se de conceituações para se aproximar do que é o sujeito na vida. Filme apresentado em aula: https://www.youtube.com/watch?v=yE3uu x-_eSo O filme se passa em uma época em que se considerava muito importante a presença da mãe na família. A mulher era colocada no lugar de mãe, de forma a se exercer um certo controle sobre a sua vida, justificando essa posição por uma explicação de ordem biológica. A partir disso, a mulher se torna recipiente de uma série de valores morais e culturais. A culpabilização imputada à mãe no vídeo apresentado representa bem essa afirmação. Nesse sentido, trata-se de uma idealização inalcançável e injustificada. Sobre a ideia de maternidade: a mãe atual foi inventada, de forma a gerar mão de obra, assim como para a ocupação e trabalho nas colônias. Em dado momento, esse ideal de mãe passou a ser colocado como exigência generalizada. É importante, no entanto, frisar que, em psicanálise, a mãe é uma função, isto é, não se trata de algo natural próprio de alguém que nasceu com características biológicas femininas. Outro ponto importante é ressaltar que a psicanálise não trabalha com uma forma desenvolvimentista de se pensar o ser humano e a constituição do sujeito, como se houvesse etapas pelas quais a pessoa devesse passar. Pelo contrário, sem a presença e o investimento do outro, o sujeito não se constitui. É lógico, apesar disso, que a constituição depende de um período de tempo e também de uma certa maturação do organismo. O filme nos mostra, de fato, a importância do outro para a nossa constituição. Nos mostra, enfim, que não somos como a tartaruga, que, ao nascer, se dirige diretamente ao mar e vive sua vida sem as situações em que se embaraça o ser humano. Dito isso, o vídeo demonstra que a natureza no ser humano está perdida, isto é, não temos instinto, temos pulsão. Além disso, destaca o fato de que a privação do outro, do contato com o outro, tem sérias consequências. “Tratar bem o corpo”, no sentido de garantir suas atividades vitais, não é o suficiente, não constitui o sujeito. Em última instância, mostra que não há algo como uma sobrevivência que seja garantida, uma vez que está dado um corpo sem problemas de funcionamento em seus órgãos e funções vitais. Ao passo que se modifica o endereçamento, é engendrado distintos efeitos na constituição do outro. (Ex.: ao ser criado em um ambiente permeado por agressividade, isso terá efeitos sobre a maneira que se relaciona com o outro, que podem ser, em maior ou menor medida, diferentes dos efeitos de uma criação em um ambiente afetuoso). Sendo assim, é ao investimento que te chega a que se responde. Logo, é com essas respostas que se vai se constituindo. Determinada situação aciona determinadas respostas, e é com essas respostas que se vai tomando lugar na vida, na relação com o outro.
Compartilhar