Saúd� Menta� � Instituiçõe� Livro principal da disciplina: Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática ● Capítulo I O MOVIMENTO INSTITUINTE, A AUTO-ANÁLISE E A AUTOGESTÃO ● Vamos tratar do chamado Movimento Institucionalista ou Instituinte que, como o nome aproximativamente indica, é um conjunto de escolas, um leque de tendências. ● Nossa civilização tem produzido um saber acerca de seu próprio funcionamento como objeto de estudo e tem gerado profissionais, intelectuais, experts que são os conhecedores dessa estrutura e do processo dessa sociedade em si. ● Já dentro da sociedade civil, esses experts têm-se colocado a serviço das grandes entidades proprietárias da riqueza, do poder, do saber e do prestígio, que são as organizações corporativas, as empresas nacionais e multinacionais etc. ● Aos dos ramos produtivos, primários, secundários e terciários, aos especialistas de produção de bens materiais, ou seja, comida, vestuário, moradia, transporte: aqueles bens materiais indispensáveis à sobrevivência. ● É, então, muito evidente que nossos coletivos estão, atualmente, nas mãos de um enorme exército de experts que acumulam o saber que lhes permite fazer com o que as pessoas achem que precisam e solicitem aquilo que os experts dizem que precisam e que os grupos e as classes dominantes lhes concedem. ● A auto-análise consiste em que as comunidades mesmas, como protagonistas de seus problemas, necessidades, interesses, desejos e demandas, possam enunciar, compreender, adquirir ou readquirir um pensamento e um vocabulário próprio que lhes permita saber acerca de sua vida, ou seja: não se trata de que alguém venha de fora ou de cima para dizer-lhes quem são, o que podem, o que sabem, o que devem pedir e o que podem ou não conseguir. ● O Movimento Institucionalista reconhece uma gênese histórico-social e uma gênese conceitual. A primeira é a história de todas as tentativas que houve na história da humanidade e as que hoje existem e exercitam um Institucionalismo espontâneo ● Os movimentos instituintes têm esse intuito: que os coletivos presidam a definição de problemas, a invenção de soluções, a colocação dos limites do que é possível, do que é impossível e do que é virtual, o que normalmente é feito pelas instituições, organizações e saberes de grupos e outros segmentos dominantes Resumo: A ambição dos institucionalistas poderia ser resumida através de duas palavras: Propiciar, apoiar e deflagrar nas comunidades, coletivos e conjuntos de pessoas processos de auto-análise e autogestão. Nossa sociedade atingiu nos últimos 200 anos uma “evolução” que facilmente superou aquilo que foi produzido em dois mil anos. Em consequência disso, as "pessoas comuns" têm tido seus saberes acumulados através de gerações deslegitimados. Com a emergência do saber científico e tecnológico, os saberes populares são colocados em segundo plano, sendo compreendidos como rudimentares e inadequados. Os experts, por sua vez, operam prevalentemente a partir dos interesses das classes e níveis hierárquicos aos quais pertencem parcialmente. Mesmo assim, não devemos afirmar que os experts produzem um saber com intenções de dominação. O próprio saber é produzido por instrumentos que privilegiam determinados resultados. PERGUNTAS REFERENTES AO CAPÍTULO I 1) Por que o Institucionalismo é um movimento e não uma ciência, uma disciplina ou uma tecnologia? O Institucionalismo é conceituado um movimento, pois, reflete a junção de várias escolas com pontos comuns em prol de seus objetivos e finalidades. Sendo assim, as diferentes escolas do Movimento Instituinte têm como propósito propiciar, apoiar e fomentar nas comunidades, nos coletivos e conjuntos de pessoas processos de auto análise e de autogestão. 2) O que aconteceu com o saber e o saber-fazer que as comunidades primitivas ou os povos e grupos leigos em geral produziram e acumularam durante sua experiência de vida? O saber e o saber-fazer passaram por processos nos quais à medida em que o tempo se passava acumulavam-se as descobertas e saberes, abrangendo o campo do conhecimento tanto científico como aquele vivido pelos ciclos naturais da vivência da civilização ocasionando grandes avanços nas sociedades. 3) O que significa" divisão social e técnica do trabalho e do saber", e por que se diz que as ciências, as disciplinas e seus experts estão em geral a serviço das classes e grupos dominantes? Estes conceitos estão relacionados à produção de bens materiais no qual demanda o indivíduo e/ou a sociedade para suprirem suas necessidades básicas de sobrevivência . No entanto, na maioria das vezes essas demandas são moldadas por interesses de classes dominantes, fazendo com que o consumo seja influenciado pelos experts (são os conhecedores de uma estrutura e do processo da sociedade em si). Com todo o conhecimento adquirido no decorrer dos anos e a complexidade dada pelo avanço da tecnologia, os indivíduos subordinam seu próprio conhecimento e consideram as ofertas dos experts que os levam a crer que as necessidades vão além e que precisam daquilo que é oferecido pela classe dominante. 4) Existem "necessidades mínimas naturais" cuja satisfação é demandada pelas populações, ou é a oferta de bens e serviços que produz certas necessidades e desejos (e não outros) e modula as demandas? O institucionalismo de Baremblitt defende que essa demanda é modulada pela oferta de bens e serviços, que aquilo que a comunidade acredita como sendo uma necessidade mínima natural não existe, pois suas necessidades e desejos, no fundo, e de forma inconsciente, lhe são impostos. 5) O que significa auto-análise e autogestão? Autoanálise: conjunto de esforços sistemáticos de uma pessoa visando à compreensão de sua própria personalidade, sem recorrer à ajuda de outrem. Autogestão: gerenciamento de uma empresa pelos próprios empregados, que são representados por uma direção ou por um conselho gestor. 6) O que é o instituinte e instituído? Tanto o instituinte quanto o instituído são vertentes da instituição, necessárias à manutenção da mesma. O instituinte é todas as forças de transformação das instituições, de revolução contra aquilo que está estabelecido, e que de certa forma não tem mais atendido às necessidades da comunidade. Também são as forças fundadoras das instituições, quando elas não existem. Porém é mais comum que elas ocorram como potências transformadoras. Já o instituído, é nada menos que aquilo que já está estabelecido em uma instituição, pode-se dizer também que é o resultado do instituinte. Tem um caráter estático, e também um papel a cumprir, ou seja, é importante para a regulação das atividades sociais.