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Queimaduras Conceito É um trauma* resultante da transferência de energia, geralmente térmica, de um agente agressor para o corpo, com lesões locais e sistêmicas muitas vezes devastadoras *trauma: fazer ABCDE A gravidade depende do: - agente - água chega a 100ºC - metal (aço) chega a 1000 ºC - tempo de exposição - extensão - tecido atingido Causas e incidência - líquidos aquecidos - líquidos inflamáveis: álcool líquido - 1º) crianças de 1 a 5 anos: os mais acometidos - até os 3 anos é por líquido aquecido - depois é por líquido inflamável - 2º) de 20 a 30 anos: em acidentes de trabalho - 3º) de 15 a 20 anos Risco de morte - extremos de idade: possuem menor reserva orgânica e descompensa mais rápido - magnitude da queimadura: superfície queimada x profundidade - queimadura inalatória Classificação Facilita a abordagem do médico e norteia o tratamento - etiologia - profundidade - superfície corporal queimada - magnitude Etiologia Agente físico Térmico - Calor - Frio: geladuras Eletricidade - Correntes - Raios Radiação - Ionizantes - Raios gama Agente químico - Ácidos - Álcalis - Compostos orgânicos: gasolina queima apenas com o contato prolongado na pele Na primeira imagem observa-se uma queimadura causada pela radiação de calor, como solar Na segunda é uma escaldadura: o líquido caiu e escorreu pelo corpo Os pés tiveram um contato com uma superfície aquecida A mão é por líquido inflamável A perineal é por líquido inflamável ou escaldadura A queimadura elétrica tem local de entrada e de saída. É uma queimadura profunda, sendo necessário até fasciotomia para a liberação do músculo A queimadura química mostra por onde correu o líquido Profundidade ● Primeiro grau ● Segundo grau superficial ● Segundo grau profundo ● Terceiro grau A pele é dividida em: - epiderme: camada mais superficial, somente celular, avascular sendo nutrida por difusão pelos líquidos que vem da derme. Tem invaginação dos anexos cutâneos (folículo piloso, glândulas sebáceas e sudoríparas) chegando até derme reticular - derme: dividida em papilar e reticular. - A derme papilar é que faz a nutrição da epiderme, apresentando uma trama vascular importante, e que possui terminações nervosas. Tem grande poder de regeneração - Já a derme reticular é mais profunda, tem a função de dar resistência e estrutura a pele. É onde estão as estruturas mais importantes pela reepitelização, então quando há queimadura nesse local, o resultado estético tende a ser pior Primeiro grau ou Espessura Parcial Superficial - lesão apenas de epiderme - eritema sem bolhas e se desaparece à digitopressão - edema - dor local (principalmente ardência) - mais tardiamente a coloração se torna mais escurecida e descama - O clássico é a queimadura solar - repercussão sistêmica discreta ou ausente - não exige tratamento (exceção em recém-natos prematuros e idosos) - analgesia com AINE apenas se a dor incomodar o paciente - limpeza e hidratantes - não entra em cálculos de superfície corporal queimada porque a perda hídrica é muito pequena Na imagem é possível ver uma queimadura de primeiro grau na face e pescoço e de segundo grau em ombro Segundo Grau Superficial ou Espessura parcial superficial - Destruição de toda epiderme e parcialmente de derme (apenas de derme papilar = papilas dérmicas) - lesão avermelhada, úmida, edematosas e bolhas (flictenas) - aspecto brilhante por ser úmido - muito dolorosas (por exposição de terminações nervosas) - cicatrização de 7 a 21 dias, com lesão cicatricial mínima (deixando hipercromia ou hipocromia) e textura normal - Tratamento: limpeza + curativo (oclusivo para proteger as terminações nervosas e, dessa forma, diminuir a dor) + antibiótico tópico (sulfadiazina de prata) Quando as bolhas se rompem é possível ver um fundo rosado bem úmido Segundo Grau Profundo ou de Espessura Parcial Profunda - Destruição de toda epiderme e grande parte de derme, com preservação parcial de apêndices cutâneos → atinge derme reticular - Aspecto mosqueado, rosado, com áreas céreo-esbranquiçada, edemaciada, superfície seca e sensibilidade variável. - quanto mais profunda a lesão mais ressecada e menos dor o paciente vai sentir - Presença de bolhas ou não porque já pode ter estourado - Cicatrização mais de 21 dias, deixando cicatrizes hipertróficas com instabilidade epiteliais e retrações - Tratamento: limpeza + curativo + antibiótico tópico (sulfadiazina de prata) + excisão precoce de tecido necrótico + enxertia de pele Paciente da imagem apresenta queimadura de 2 grau profunda e superficial, sendo a profunda a parte céreo-esbranquiçada, mais seca e mais rígida Na ponta do nariz é queimadura de 2º grau profunda Terceiro Grau ou de Espessura Total - Destruição total da epiderme e derme, chegando à gordura subcutânea - Lesão esbranquiçada, amarronzada ou escuro carbonáceo, com vasos trombosados, ressecada, áspera e dura, semelhante a couro - Pele dura = escara (indolor, podendo fazer escarotomia até sem anestesia) - se for circunferencial pode retrair provocando complicações → escarotomia (incisão até o subcutâneo) - compressão vascular - insuficiência respiratória quando ocorre no tórax - Indolor ao toque, por destruição completa das terminações nervosas - atenção: ao redor da queimadura de 3º pode ter queimaduras de 2º que são dolorosas - Cicatrização demorada, maior que 3 meses, exige enxertia de pele. - Quando há cicatrização espontânea, ocorre hipertrofia com retrações e instabilidade epitelial - Tratamento: excisão de tecido necrótico + enxertia precoce para aproveitar a fase inflamatória, reduzindo o risco de infecção do enxerto Depois de um tempo da queimadura vai aparecendo um brilho porque há a digestão da pele morta Quarto grau Na queimadura de quarto grau o músculo é queimado porque a queimadura é de dentro para fora. Ao queimar o músculo ele começa a edemaciar e chega um momento em que a fáscia que recobre o músculo não consegue mais acompanhar essa expansão e essa fáscia trava o que gera compressão vascular, por exemplo, levando a uma síndrome compartimental. A clínica dessa síndrome é a dor desproporcional ao estiramento passivo do músculo, mas pode também haver diminuição ou até desaparecimento do pulso, palidez e diminuição de temperatura do membro. Para resolver esse problema faz-se a fasciotomia. Além disso, ao queimar o músculo faz com que sejam liberadas mioglobina no sangue, que vai ser filtrada pelo rim provocando lesão renal. Pode provocar rabdomiólise (urina escura + CPK aumentado). Portanto, esses pacientes devem ser mais hidratados para estimular a diurese. Pode-se usar bicarbonato de sódio para alcalinizar a urina se CPK muito alto, pH < 7,5, HCO³ < 30, sem hipocalcemia (porque o bicarbonato piora a hipocalcemia) Para tratamento de queimadura de 2º grau profunda pode haver a necessidade de enxertia cutânea. Já para a superficial não há necessidade de enxertia. Extensão da superfície corporal queimada (SCQ) Utilização da “regra dos nove” a partir dos quinze anos de idade com adaptação para crianças ou utilização do método de Lund e Browder Queimadura de 1º grau nunca entra no cálculo de superfície corporal queimada Toda a palma da mão do paciente equivale a 1% da superfície corporal dele Aproximadamente 2% da superfície corporal queimada Magnitude Fisiopatologia - Liberação de mediadores inflamatórios e hormônios do estresse - Aumento da permeabilidade capilar - Desequilíbrio das forças de Starling (força de osmolaridade intravascular) - Alteração da função das membranas celulares - Imunossupressão/ estresse agudo - Aumento da permeabilidade capilar (pico entre 6 e 8h), inclusive a albumina do intravascular passa para o extravascular - Aumento de resistência vascular por vasoconstrição periférica e esplâncnica (o organismo vai tentar preservar a perfusão do cérebro e do coração) - Perda de líquido e de proteínas para o extravascular, edema e hemoconcentração: processo gradativo, lento e contínuo - Aumento de viscosidade e resistência periférica - Edema,hipovolemia e choque levando a morte Em torno de 18 horas volta a ser impermeável a albumina. O pico do edema é em torno de 24 horas. Quando o paciente tem queimadura de vias aéreas pode fazer uma insuficiência respiratória obstrutiva Complicações agudas das queimaduras As principais causas de morte imediata são a falta de hidratação adequada ou a lesão respiratória. - Choque hipovolêmico - Insuficiência respiratória aguda: - imediato: pode ocorrer por inalação de monóxido de carbono e gases tóxicos; - depois de algumas horas: edema de vias aéreas e/ou pulmonar - síndrome do desconforto respiratório devido à ativação da cascata inflamatória - pneumonia - embolia pulmonar relacionada a TVP - Insuficiência renal aguda - uso de antibióticos nefrotóxicos - Hemorragia digestiva alta por úlcera de Curling - Carcinoma escamoso devido a degeneração da queimadura de 3º grau → lesão de Marjolin - ocorre principalmente quando não foi feito enxerto - por isso o paciente com queimadura de 3º precisa ser acompanhado com biópsia - Síndrome compartimental/hemorragias - Distúrbios metabólicos: Quando ocorre uma queimadura há uma resposta endócrina, metabólica e imunológica ao trauma, o que gera um grande aumento da permeabilidade vascular. Então, o paciente começa a perder líquido para o terceiro espaço. Por isso, é fundamental que hidrate de forma adequada o paciente. - Insuficiência cardíaca Atendimento pré-hospitalar - Primeiramente deve-se garantir a segurança do socorrista (Avaliar a segurança da cena) - Diante de um paciente queimado, deve-se atentar a segurança da cena incluindo a segurança de que vai realizar o socorro. Por exemplo, em uma queimadura química é importante saber que se colocar a mão naquela queimadura e se contaminar também. - Retirar o agente agressor - abafando - jogando água (em temperatura ambiente) - rolando no chão (protegendo o rosto) - não correr porque aumenta o oxigênio, aumentando a queimadura - Retirar o paciente do ambiente fechado com fumaça ou zona de risco - Retirar as roupas, joalheria - Jogar água só até 30 minutos após a queimadura (depois disso a lesão já se consolidou e jogar água para resfriar será em vão) - em temperatura ambiente - ou morna quando for queimadura química - Prevenção da hipotermia: envolver o paciente em lençóis ou cobertores secos - Decidir se o paciente precisa de um centro especializado de tratamento de queimados - para isso precisa avaliar se o paciente é um grande queimado Atendimento inicial do grande queimado - Avaliação inicial: ABCDEF - Avaliação SCQ, profundidade e regiões atingidas - Avaliação secundária: lesões associadas (fraturas, hemorragias) - Avaliar gravidade e necessidade de internação e a necessidade de internação em unidade de queimados A Avaliação das vias aéreas e coluna cervical - Presença de edema de vias aéreas superiores ou outras obstruções (secreções, vômitos, sangue, fraturas, etc) - Avaliação e coluna cervical-politraumas e explosões - Administrar oxigênio a 100% por máscara - definir se precisa de intubação orotraqueal: - rouquidão - estridor - rebaixamento do nível de consciência - SCQ > 40-50% - queimadura extensa em face, cavidade oral - cervical circunferencial (escara) B Avaliação da respiração - Movimentos respiratórios - Lesões de parede torácica, fraturas, tórax instável, pneumotórax, hemotórax - Nível de consciência: Glasgow abaixo de 9 avaliar a possibilidade de intubação e VM - etiologias de depressão respiratória: trauma crânio encefálico (TCE), uso de drogas, intoxicação por CO ou outros - Complicações respiratórias: - queimadura em face e pescoço: - inalação de fumaça quente, queimando via aérea superior (NÃO QUEIMA PULMÃO!) → lesão térmica das VAS - clínica: edema e hiperemia de orofaringe, rouquidão, estridor → indicação de intubação precoce (pode ter insuficiência respiratória imediata) - diagnóstico: clínico (laringoscopia) - tratamento: suporte ventilatório - inalação de fuligem, de fumaça suja, “sujando o pulmão” → lesão pulmonar por inalação - clínica: sibilos, tosse, escarro carbonáceo. Pode ter insuficiência respiratória em mais ou menos 24h - diagnóstico: broncoscopia - tratamento: nebulização com broncodilatadores, se for refratário ao tratamento: nebulização com heparina ou com NAC. Em última instância: broncoscopia - incêndios em recintos fechados: inalação de fumaça tóxica (fria e limpa) - intoxicação por monóxido de carbono (CO) - clínica: cefaleia, redução do nível de consciência - diagnóstico: dosar carboxihemoglobina na gasometria (aumentada) - tratamento: aumentar a fração inspirada de oxigênio para competir com o monóxido de carbono (medicina hiperbárica seria o ideal) - intoxicação por cianeto - clínica: redução do nível de consciência. O cianeto impede o uso celular do oxigênio, fazendo a célula sair do metabolismo aeróbio e ir para o metabolismo anaeróbio, havendo a produção de ácido láctico - diagnóstico: dosar lactato e cianetos (aumentados) - tratamento: hidroxicobalamina em altas concentrações (o cianeto vai se ligar a ela virando cianocobalamina, que é inerte e não traz nenhum problema ao paciente). Pode usar o tiossulfato de sódio também (menos usado atualmente) Paciente apresentava síndrome restritiva respiratória por causa do edema, impedindo a expansão torácica. Então, foi feita escarotomia para liberação da parede torácica para fazer uma ventilação satisfatória C Avaliação da circulação - Pulso, pressão e ritmo cardíaco - Hipovolemia e choque são de instalação lenta e progressiva e se ocorreram estão relacionadas ao retardo do atendimento e/ou hidratação venosa inadequada - Avaliação de arritmias, principalmente em choque elétrico - Avaliar associação com choque hemorrágico (hemorragia pode ser interna) - A reanimação volêmica deve ser feita com acesso periférico (pode-se puncionar na pele queimada, mas será mais difícil de encontrar um vaso) D Avaliação neurológica e incapacidades - Avaliação de nível de consciência AVDI (alerta, resposta ao estímulo verbal, resposta ao estímulo doloroso e inconsciente aos estímulos), pela escala de Glasgow (abertura ocular, melhor resposta motora e melhor resposta verbal) - Paciente com glasgow baixo: sempre lembrar de intoxicação por CO, uso de drogas e TCE E Exposição com controle da hipotermia - Retirada das vestes e adornos com controle da temperatura - pode fazer isquemia do dedo que está com anel, por exemplo, devido o edema - Avaliação das áreas queimadas e politraumatizadas F Início da fluidoterapia - início precoce - consenso em grandes queimados (≥ 20% SCQ/adulto e ≥ 10% crianças) - acesso venoso calibroso, periférico, preferencialmente por punção, em região de cintura escapular e em área não queimada - outras vias como a intraóssea pode ser usada Ressuscitação hídrica nas primeiras 24 horas - uso de fórmulas norteia a hidratação - iniciar com cristalóide (Ringer lactato preferencialmente). A recomendação da hidratação é que inicialmente utilize Ringer lactato aquecido para evitar a hipotermia - fórmula de Parkland revisada: 2 a 4 ml/kg/SCQ - ½ do volume em 8 horas após queimadura - ½ do volume em 16 horas É importante considerar o momento da queimadura e o volume prévio Não faz colóide nas primeiras 24 horas da queimadura Ressuscitação em crianças - Peso/SC - Hidratação com fórmula de Parkland com metade da necessidade hídrica basal Atendimento Hospitalar (P.S.) - Anamnese e exame físico simultâneos - História, com horário da lesão, agente, condição de primeiro atendimento e presença de traumatismos associados - Patologias prévias, uso de drogas, alergias e imunização antitetânica - Mulher: questionar possibilidade de gestação - Condições sócio-econômicas: em alguns casos há indicação de internação social Internações em Unidade de Queimados É considerado um grande queimado: - Queimaduras de 2º grau ≥ 10% de SC - Queimaduras de 3º grau ≥ 2 de SC (há literaturas que indicam internação em qualquer porcentagem de queimadura de 3º) - Queimaduras especiais,com maior possibilidade de complicações: face (risco de obstrução respiratória, gerando uma insuficiência respiratória), genitália, períneo, mãos, pés, grandes articulações, olhos, circulares - Tipos: lesão com inalação em ambiente fechado, elétricas (acima de 1000 volts) e químicas graves - queimadura de alta tensão = internação - Pacientes especiais: lactentes, idosos, cardiopatas, diabéticos, renais crônicos e outras patologias e problemas sociais graves → situações que podem ser pioradas pela queimadura ou podem piorar o quadro do paciente queimado - Queimaduras associadas a politraumatismo Queimadura em vidro de relógio = sinal de maus tratos Atendimento inicial do paciente queimado Sem indicação de internação: - analgesia: nesse caso evitar opioide devido o risco do paciente ficar desorientado ou com insuficiência respiratória - curativo - orientação e encaminhamento para tratamento ambulatorial ou domiciliar Havendo indicação de internação - acesso venoso e fluidoterapia - amostra sanguínea para avaliação e reserva de hemoderivados - analgesia com opióide por via endovenosa - profilaxia de tétano: queimadura é lesão de alto risco de transmissão de tétano - profilaxia de TVP - limpeza com degermante - debridamento - curativo - não fazer antibiótico VO nem IV - avaliar necessidade de cateterismo vesical ou outros procedimentos - definir se precisa de intubação orotraqueal - providenciar internação/ remoção Tratamento multidisciplinar - médicos clínicos, pediatras, intensivistas, cirurgiões plásticos e anestesistas - enfermeiros e técnicos - assistente social - psicólogos - fisioterapeutas - nutricionistas - terapeutas ocupacionais - fonoaudiólogo - auxiliares educacionais - farmacêutico Tratamento do grande queimado - Oxigenioterapia e desobstrução de vias aéreas (ambiente fechado e intoxicação por monóxido de carbono) - Ressuscitação hídrica e monitorização - Analgesia e sedação - Curativos - Prevenção de hemorragia digestiva alta: alimentação precoce, uso de inibidor de bomba de próton - Terapia nutricional - Reposição eletrolítica - Tratamento cirúrgico de urgência: escarotomias ou fasciotomias - Profilaxia de tétano - Vermifugação - ascaris lumbricoides migra quando o paciente inala gases - strongyloides stercoralis Objetivo da ressuscitação - Restabelecer a volemia e perfusão tecidual - Reduzir a formação do edema - Restabelecer a função da membrana celular, com resgate de áreas de isquemia - Normalização de função cardíaca - Achar o ponto de equilíbrio da reposição volêmica e da formação do edema Ressuscitação deficiente - Hipovolemia - Má perfusão tecidual - Choque - Insuficiência renal aguda - Isquemias - Acidose metabólica - IMOS Hiperidratação - Edemas e seus efeitos - Síndromes compartimentais periféricas e abdominais - Edema pulmonar e cerebral - Síndrome de angústia respiratória - IMOS Controle de hidratação - Diurese: diurese não osmótica - 1 a 2 ml/Kg/hora em crianças - 0,5 a 1 ml/Kg/hora ou a 30 a 50 ml/h em adultos - Sinais vitais: - nível de consciência - sede - FC - PA - PVC - Exame laboratorial - gasometria arterial: acidose metabólica persistente indica hipoperfusão tecidual - hemograma: hemoconcentração causa aumento do hematócrito e da hemoglobina Analgesia Nos grande queimados usar preferencialmente a via endovenosa (evitar via intramuscular devido isquemia muscular) - Opiáceos: - morfina: 0,1 a 0,2 mg/kg/dose (máximo 15 mg/dose) - meperidina: 1 a 2 mg/kg/dose (máximo 100 mg/dose) - Midazolan em associação: 0,2 a 0,4 mg/kg/dose - Dipirona - Antiinflamatório não hormonal evita devido ao risco de hemorragia digestiva Curativos - Abertos: face, genitália e outros - Sulfadiazina de prata 1% - Fechados: troca diária, de 48 em 48 horas ou se necessário - Outros tipos de curativos Tratamento cirúrgico de urgência - Escarotomia - Fasciotomia - Outras (trauma) Queimaduras químicas - Álcali é pior que ácido porque tende a provocar uma queimadura mais profunda - NÃO NEUTRALIZAR! - Lavar com água morna sob baixa pressão para não espalhar o químico - 15 a 20 litros ou por mais ou menos 30 minutos - objetivando manter o pH da pele entre 7 - 7,5 Resumo - Reconhecer uma queimadura potencialmente séria: encaminhar para a unidade de queimados - Avaliar adequadamente uma queimadura - Desenvolver um plano de cuidados baseados em prioridades - Tratar baseado no tipo, extensão e grau da queimadura - Conhecer os meios disponíveis - Saber como contatar o CTQ mais próximo - Consultar um médico do Centro de Queimados - Decidir juntamente com o médico do Centro de Queimados sobre o tratamento local e transporte - As queimaduras podem ser classificadas de acordo com o grau de acometimento ao longo das camadas teciduais. Dessa forma - as de 1º grau são restritas à epiderme e se apresentam com vermelhidão cutânea (eritema), - enquanto as de 2º grau atingem a derme e cursam com flictenas (bolhas), - as de 3º grau atingem toda a derme e parte do tecido subcutâneo, destruindo as terminações nervosas e, por isso, sendo indolores, - e as de 4º grau são típicas de queimaduras elétricas e atingem até músculos e ossos - As queimaduras funcionam, de certa forma, como um trauma, havendo liberação importante de citocinas que aumentam a permeabilidade capilar (o líquido sai do interior do vaso e vai para o interstício) e levam ao choque hipovolêmico, de modo que a ressuscitação volêmica é imprescindível, deve ser sempre feita com cristalóides e ter sua resposta avaliada pela diurese do paciente. Sendo o cristalóide de escolha o ringer lactato aquecido - As indicações formais de internação do paciente em Centro de Tratamento de Queimados são: queimaduras de terceiro grau, queimaduras de segundo grau com SCQ > 10%, queimaduras envolvendo face, mãos, pés, genitália, períneo ou articulações, queimaduras elétricas, químicas e circunferenciais, lesões por inalação - As lesões por inalação de fumaça podem causar intoxicação por monóxido de carbono e também por cianeto, e são mais prováveis em ambientes fechados, devendo ser suspeitadas em casos de chamuscamento de vibrissas nasais e escarro carbonáceo. Quando uma pessoa se queima em local fechado e inala a fumaça, essa fumaça quente pode queimar a via aérea superior, fazendo-a fechar (por isso que estridor e rouquidão são indicações de intubação), ou então essa fumaça pode trazer sujeira e gases tóxicos (monóxido de carbono, cianeto) para o pulmão.
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