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DISSÍDIOS COLETIVOS

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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - ICJ
CURSO DE DIREITO
DISSÍDIOS COLETIVOS
Trabalho formulado para compor nota para P2 na disciplina de Processo do Trabalho, sob a orientação do professor Paulo Pinho
APARECIDA DE GOIÂNIA – GO
2022
1. DISSÍDIOS COLETIVOS
Sabe-se que no direito do trabalho, as fontes formais podem ser elaboradas pelo Estado, ou então pelos destinatários da norma sem que o Estado participe (fontes formais autônomas). Entre essas fontes formais autônomas têm-se os acordos e as convenções coletivas, onde os próprios sujeitos criam as normas (sindicatos e empresas), que em regra criam direitos aos integrantes dessa determinada categoria ou categorias.
Porém, quando as partes não entram em um consenso, essa responsabilidade é transferida para um terceiro, por meio da arbitragem, onde o “julgador” é escolhido pelas partes.
Mas também pode acontecer a intervenção do Poder Judiciário, através do ajuizamento de um dissídio coletivo, que é um processo judicial com a finalidade de solucionar conflitos coletivos nas relações de trabalho, o qual busca criar, modificar e extinguir condições gerais de trabalho.
No dissídio coletivo existe os interesses abstratos de um grupo ou categoria, que, como dito, tem o intuito de criar, modificar ou extinguir condições de trabalho, portanto, não está diante de normas preexistentes.
1.1. Classificação
Os dissídios coletivos são classificados em:
a) Dissídio Econômico: é o que constitui as normas e as condições de trabalho, podendo estar ligados às normas econômicas ou sociais.
As cláusulas econômicas se destinam às criação das normas que têm conteúdo econômico, financeiro, como acontece nos casos de ajustes de salário; já as cláusulas sociais estão ligadas as condições que regulam e fixam novas normas para as condições de trabalho sem possuir nenhum conteúdo econômico, como aquelas normas que estão ligados aos intervalos descanso e refeição durante a jornada de trabalho;
b) Dissídio Jurídico: é o que busca interpretar as cláusulas das sentenças normativas, acordo e convenção coletiva, dispositivos legais particulares de categorias profissional ou econômica como também de atos normativos.
Em outras palavras, o dissídio coletivo jurídico interpreta ou declara o alcance de uma norma jurídica, podendo ser uma lei, uma convenção coletiva, acordo coletivo, sentença normativa, ou qualquer ato normativo.
c) Dissídio Revisional: é o destinado a reavaliar as normas e as condições coletivas do trabalho que já são preexistentes, que já tenham tornado ineficazes ou injustas devido a modificação das circunstâncias que as criaram;
d) Dissídio de Greve: é o que visa declarar se é abusiva ou não determinada paralisação do trabalho devido a uma greve;
e) Dissídio Originário: é quando não existe ou as normas não estão mais em vigor para determinada categoria.
1.2. Poder Normativo
Como já dito, a direito do trabalho permite que as normas jurídicas sejam instituídas pelas partes, através de acordo e convenção coletiva, e, quando as partes não entram em um consenso, entram com um dissídio coletivo para que a Justiça do Trabalho decida, a partir daí surge o poder normativo, que é uma função atípica do judiciário.
O poder normativo só tem incidência nas modalidades de dissídio coletivo econômico, revisional ou originário, ou seja, não atinge os dissídios de greve e nem o originário. Isso acontece porque no dissídio jurídico, o Poder Judiciário é provocado com o objetivo de interpretar uma norma jurídica trabalhista preexistente, e no dissídio de greve, ele irá declarar a abusividade ou não da greve, o que significa que em ambos os casos há função típica do judiciário qual seja, de julgar.
1.3. Competência
O dissídio coletivo é de competência material na Justiça do Trabalho. E a competência funcional é originária dos Tribunais e é definida pela extensão territorial do conflito, desse modo, a competência funcional restringe-se à jurisdição de um tribunal, ou seja, o Tribunal Regional do Trabalho do local em que ocorreu o conflito, e o Tribunal Superior do Trabalho é competente para julgar os dissídios coletivos com conflitos em cadeia nacional. 
Existe somente uma exceção: o Estado de São Paulo possui dois tribunais (TRT da 2º. e da 15º Região). Nessa hipótese, se o conflito atingir a jurisdição de ambos os tribunais, o TRT da 2º Região será o competente para o dissídio coletivo, nos termos do art. 12 da Lei no 7.520/86. É importante consignar que, nesse caso, não se trata de conflito de competência, mas sim de competência originária em decorrência da extensão do conflito.
1.4. Legitimidade
As partes de um dissídio coletivo recebem o nome de suscitante, que é quem instaura o dissídio, e suscitado, e quem tem legitimidade para instaurar o dissídio são:
a) Sindicatos: os dissídios coletivos são instaurados em regra pelos sindicatos, entretanto, quando não houver sindicato para determinada categoria econômica ou profissional, a representação poderá ser feita pelas federações correspondentes, e na falta destas, das confederações respectivas, no âmbito de sua representação.
A comprovação da legitimidade do sindicato se dá através do seu registro no Órgão Competente do Ministério Público do Trabalho;
b) Empregadores: quando a tentativa de acordo ou convenção coletiva for frustrada, os empregadores podem ajuizar um dissídio coletivo, independente de intervenção do sindicato da categoria profissional;
c) Comissão de Trabalhadores: possui legitimidade somente nos casos de greve e que não se tenha o sindicato da categoria para representá-los;
d) Ministério Público do Trabalho: é legitimo nos casos que acontecer greve dos trabalhadores de alguma atividade essencial e que exista a possibilidade de se lesar o interesse público;
Pois bem, todos esses sujeito possuem legitimidade para ajuizar o dissídio coletivo perante os Tribunais Regionais do Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho, mas também existem os sujeitos que não possuem legitimidade para ajuizar o dissídio coletivo, que são:
a) O presidente do Tribunal Superior do Trabalho: mesmo que o artigo 856 da CLT preveja que o presidente do Tribunal possui legitimidade para ingressar como dissídio coletivo, a doutrina é pacífica ao garantir que essa possibilidade fere o princípio da inércia da jurisdição, e não deve ser aplicado. A doutrina também entende que esse artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal, quando esta incluiu o comum acordo em seu artigo 114 § 2º, e também que essa instauração seria uma forma de o Estado interferir nas organizações sindicais, o que é vedado pelo artigo 8, I da Carta Magna;
b) As Centrais Sindicais: essas também não são legitimadas, pois, mesmo que exerçam um papel importante nas relações de trabalho, elas não fazem parte da organização sindical, e por isso não podem fazer acordo e nem convenção coletiva, e tampouco ajuizar um dissídio coletivo.
 
1.5. Pressupostos Processuais Específicos
1.5.1. Negociação Prévia
Para instaurar o dissídio coletivo é necessário que as partes tenham tentado solucionar o conflito diretamente, ou seja, o dissídio só será permitido se a tentativa de autocomposição tiver sido frustrada, total ou parcialmente, por isso, é necessário que todas as tentativas de negociação coletiva tenham sido esgotadas para se instaurar o dissídio, conforme estabelecem os artigos 114 § 2º da Constituição Federal e 616 § 2º da Consolidação das Leis do Trabalho, in verbis:
Art. 114, § 2º:. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. 
A.rt. 616, § 2º: No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento às convocações feitas pelo Departamento Nacional do Trabalho ou órgãos regionais do Ministério de Trabalho e Previdência Social, ou se malograr a
negociação entabulada, é facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a instauração de dissídio coletivo. 
Isso acontece porque o dissídio coletivo é utilizado em último caso para se solucionar os conflitos e a autocomposição deve ser priorizada.
1.5.2. Autorização em Assembleia
O dissídio coletivo procura tutelar os interesses das categorias econômicos e profissionais e não dos sindicatos, assim, para que ele possa ser instaurado existe a necessidade da autorização da categoria, que é feita através de assembléia, como dispõe a OJ nº 29 da SDC:
Orientação Jurisprudencial nº 29 da SDC do TST. Edital de convocação e ata da assembleia geral. Requisitos essenciais para instauração de dissídio coletivo. O edital de convocação da categoria e a respectiva ata da AGT constituem peças essenciais à instauração do processo de dissídio coletivo.
Desse modo, conforme dispõe o artigo 859 da CLT, A representação dos sindicatos para instauração da instância fica subordinada à aprovação de assembléia, da qual participem os associados interessados na solução do dissídio coletivo, em primeira convocação, por maioria de 2/3 (dois terços) dos mesmos, ou, em segunda convocação, por 2/3 (dois terços) dos presentes.
Porém, no dissídio de greve, o quórum é determinado no estatuto do sindicato, por força do artigo 4º, § 1º, da Lei nº 7.783\89.
1.5.3. Comum Acordo
O artigo 114, § 2º da Constituição Federal faz a exigência de que para se instaurar o dissídio coletivo, é necessário que se tenha o comum acordo entre as partes.
Já a doutrina entende que é uma exigência constitucional a qual visa estimular a negociação coletiva, e, no dissídio econômico, o judiciária atua com uma função atípica de legislar, significando que tal pressuposto não viola inafastabilidade da jurisdição.
O comum acordo pode ser expresso, ou seja, aquele que as partes assinam em conjunto a petição inicial, o concordam expressamente com o ajuizamento do dissídio. E pode ser tácito, ou seja, quando o dissídio é ajuizado e a parte contrária não se opõe a ele na primeira oportunidade que poderia ter acontecido.
Parte da doutrina entende que esse pressuposto pode ser afastado quando existir uma recusa injustificada, o que admite nesse caso o suprimento judicial. 
Cumpre salientar que o entendimento majoritário é no sentido de que o comum acordo não se aplica ao dissídio de greve e ao dissídio de natureza jurídica. 
1.5.4. Época própria para ajuizamento
Se existir convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deve ser instaurado dentro dos 60 dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse termo, conforme dispõe o artigo 616, § 3º da CLT.
Não observando referido prazo, perde a categoria a sua data-base, passando a sentença normativa a ter vigor, a partir de sua publicação.
1.6. Procedimento
A petição inicial do dissídio coletivo será apresentada em tantas vias quantos forem os suscitados e deverá conter: a designação e qualificação das partes e também a natureza do estabelecimento ou do serviço; e também os motivos do dissídio e as bases de conciliação.
Recebida e protocolada a representação, e estando na devida forma, o presidente do Tribunal irá designar a audiência de conciliação, dentro do prazo de 10 dias, conforme dispõe o artigo 860 da CLT, determinando a notificação dos dissidentes, com observância do disposto no artigo 841 também da CLT.
De acordo com o artigo 861 da CLT o empregador ser representado na audiência pelo gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e por cujas declarações será sempre responsável.
Na audiência que o juiz designar, e que ambas as partes ou seus representantes comparecerem, o presidente do Tribunal as convidará para se pronunciarem sobre as bases da conciliação. Caso não sejam aceitas as bases propostas, o presidente submeterá aos interessados a solução que lhe pareça capaz de resolver o dissídio, conforme dispõe o artigo 862 da CLT.
Se houver acordo, o presidente o submeterá à homologação do Tribunal na primeira sessão. E dessa decisão de homologação não caberá nenhum recurso, salvo por parte do Ministério Público do Trabalho.
E se não houver acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma delas, o presidente submeterá o processo a julgamento, depois de realizadas as diligências que entender necessárias e ouvido o Ministério Publico do Trabalho, que emitirá parecer escrito, ou protestará pelo pronunciamento oral, na audiência ou sessão de julgamento, como disposto no artigo 864 da CLT.
E mesmo se não houver resposta os efeitos da revelia não são aplicados no dissídio coletivo, ou seja, não haverá a confissão ficta, pois o julgamento é feito com base em critérios de convivência e oportunidade.
Se no decorrer do dissídio houver perigo de perturbação da ordem, o presidente requisitará a autoridade competente que se tome as providências necessárias, nos moldes do artigo 865 da CLT.
Quando o dissídio acontecer fora da sede do tribunal, se o presidente julgar conveniente ele poderá designar ao juiz do trabalho o local para que a audiência de conciliação seja realizada, e se não houver a audiência a autoridade delegada irá encaminhar o processo ao Tribunal.
Da decisão do tribunal serão notificadas as partes, ou seus representantes, em registrado postal, com franquia, fazendo-se, igualmente, a sua publicação no jornal oficial, para ciência dos demais interessados (CLT, art. 867).
1.7. Sentença Normativa
A sentença proferida no dissídio coletivo é denominada de sentença normativa e pode criar as seguintes cláusulas: as econômicas, sociais, sindicais e obrigacionais.
Nas hipóteses das cláusulas econômicas, a natureza da decisão é dispositiva e constitutiva, pois elas instituem novas condições para o trabalho, ou seja, ela cria normas jurídicas. Nesse caso, por criar normas abstratas e gerais, a sentença tem aspecto material de lei, diferenciando desta apenas no contexto formal. Diz-se que ela tem corpo de sentença com alma de lei.
Nos dissídios de natureza jurídica e de greve, a natureza da sentença é declaratória, vez que interpreta determinada norma ou declara a abusividade ou não da greve.
 A sentença normativa começará a vigorar a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do art. 616, § 3º, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa em vigor, da data do ajuizamento.
E a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do art. 616, § 3º.
O seu prazo de vigência é de 4 anos, porém o tribunal pode estabelecer prazos menores, como tem acontecido na prática, para estimular os sindicatos a iniciar novas tentativas de negociação.
Quando o dissídio for dirigido a apenas uma categoria de trabalhadores é possível que seus efeitos sejam estendidos para todos os empregados da mesma empresa e também para todos os empregados da mesma categoria profissional da mesma jurisdição do tribunal.
Sempre que o tribunal estender a decisão, marcará a data em que a extensão deva entrar em vigor (CLT, art. 871).
1.8. Coisa Julgada
Quanto a coisa julgada, a doutrina diverge sobre ela onde:
A 1ª corrente diz que a sentença normativa faz somente coisa julgada formal já que poderá ser revista após 1 ano de sua vigência, além de ter vigência limitada no tempo. Desse modo, como a sentença normativa não é imutável, ela não faz coisa julgada material. Esse é o entendimento adotado na Súmula nº 397 do TST.
Já a 2ª corrente diz que ela faz coisa julgada formal e material. Primeiro, porque, embora temporária, a sentença normativa é imutável durante sua vigência. Segundo, porque sua modificação, após 1 ano, depende de alteração fática (CLT, art. 873), o que significa que a ação de revisão não viola a sentença normativa porque possui causa de pedir diversa (CPC, art. 471), ou seja, não são ações idênticas. Terceiro, porque o próprio art. 20, I, "c", da Lei no 7.701/88 assegura a ação rescisória da
sentença normativa, a qual, como se sabe, pressupõe decisão capaz de formar coisa julgada material.
1.9. Recursos
A sentença normativa proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita ao recurso ordinário, porém, a sentença normativa que o Tribunal Superior do Trabalho profere em competência originária, pode ser impugnada por meio dos embargos infringentes, desde que a decisão não seja unânime. 
Em ambos os casos, o recurso deve ser interposto no prazo de 8 dias, sendo de competência do Tribunal Superior do Trabalho julgá-los.
No processo do trabalho, os recursos não são dotados de efeito suspensivo, tendo efeito meramente devolutivo. Entretanto, quando se tratar de recurso ordinário de sentença normativa, é admitido a concessão de efeito suspensivo pelo presidente do TST (Lei no 7-701/88, art. 7º, § 6º e art. 14 da Lei no 10.192/01).
2. JURISPRUDÊNCIA
A A C Ó R D Ã O
(SDI-1)
GMALR/ale/vln
AGRAVO EM EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA. BESC. PLANO DE DEMISSÃO INCENTIVADA. ADESÃO VOLUNTÁRIA. QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. ARTIGO 543-B, § 3º, DO CPC DE 1973. ART. 894, II, DA CLT. Na hipótese, o Agravante insurge-se contra decisão proferida pela 3ª Turma que constatou, com amparo no quadro descrito pelo Tribunal Regional, a existência de norma coletiva dispondo acerca da quitação geral ao contrato de trabalho para os empregados que aderissem ao PDI. Verificou que consta do acordo coletivo e dos demais instrumentos celebrados pelo Agravante a ampla e irrestrita quitação de todas as parcelas objeto do contrato de trabalho, de forma a caracterizar transação entre as partes. Ressaltou que "...conforme decidido pelo acórdão embargado, a discussão do presente feito se amolda à hipótese retratada na decisão proferida no RE nº 590.415/SC" . Registrou que a adesão ao PDI ocorreu em 2001, de livre e espontânea vontade e que a matéria concernente a adesão antes da vigência do acordo coletivo de 2002/2004 não foi objeto de análise no TRT, o que faz incidir o óbice da Súmula 297 do TST. Nesse esteio, observa-se que a 3ª Turma deu provimento ao recurso de revista interposto pelo Reclamante por entender que a adesão ao PDI implicava quitação apenas das parcelas constantes do recibo, nos termos da supratranscrita Orientação Jurisprudencial. Após a interposição do recurso extraordinário pelo Reclamado, o processo foi sobrestado na Vice-Presidência em face do reconhecimento de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal. Assim, o STF firmou entendimento no sentido de que a adesão voluntária ao PDI com origem em norma coletiva confere quitação ampla, geral e irrestrita das parcelas objeto do contrato de trabalho (RE 590415-6/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe 29/05/2015). Ante a decisão, a Vice-Presidência desta Corte, determinou o retorno dos presentes autos a egrégia 3ª Turma para possível juízo de retratação em relação ao tema, na esteira do artigo 543-B, § 3º, do CPC/73. Com efeito, inexiste controvérsia nos autos no sentido de que o Agravante conferiu quitação a todos os direitos oriundos do contrato de trabalho. Ressalte-se que a data de adesão ao PDI não tem o condão de invalidar o termo de quitação, ressalvadas as hipóteses de vício de vontade, o que não ocorre no presente caso. Dessa forma, verifica-se que a decisão deu-se em consonância com o entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal Federal, o que afasta a suscitada contrariedade à OJ 270 desta SBDI-1. Revelar notar, ademais, que após o julgamento do recurso de embargos pela SBDI-1, o Reclamado solicitou a ratificação do recurso extraordinário, não havendo falar, portanto, em trânsito em julgado ante a perda do objeto do recurso extraordinário. Dessa forma, inviável o processamento do recurso de embargos com base na alegação de divergência jurisprudencial uma vez que se encontram superadas pela iterativa e notória jurisprudência desta Corte Superior, em decorrência da redação do artigo 894, II, da CLT. Precedentes desta SBDI-1. Agravo conhecido e não provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Embargos em Embargos de Declaração em Embargos de Declaração em Recurso de Revista n° TST-Ag-E-ED-ED-RR-90100-89.2005.5.12.0026 , em que é Agravante MURILO MOACIR BORGES e Agravado BANCO DO BRASIL S.A. (SUCESSOR DO BANCO DO ESTADO DE SANTA CATARINA S.A. - BESC) .
O Reclamante interpõe agravo (fls.1829/1864) contra decisão exarada pela Presidência da 3ª Turma desta Corte que denegou seguimento ao recurso de embargos(fls. 1822/1827).
Foram apresentadas contrarrazões às fls. 183/1888.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do artigo 95 do Regimento Interno do TST.
É o relatório.
V O T O
1 – CONHECIMENTO
Conheço do agravo porque atendidos os pressupostos legais de admissibilidade.
2 – MÉRITO
2.1- AGRAVO EM EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA. BESC. PLANO DE DEMISSÃO INCENTIVADA. ADESÃO VOLUNTÁRIA. QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. ARTIGO 543-B, § 3º, DO CPC DE 1973. ART. 894, II, DA CLT.
A Presidência da 3ª Turma do TST denegou seguimento aos embargos interpostos pelo Agravante, ante a seguinte fundamentação:
SÚMULA 192 DO TST.
A Eg. 3ª Turma, em resposta aos segundos embargos de declaração apresentados, registrou o seguinte (fls. 1.751/1.754):
"O autor assevera que houve omissão no julgado quanto aos seguintes aspectos: a) ao fato de o recurso extraordinário interposto pelo banco ter perdido o objeto, pois se insurge contra uma decisão que deixou de existir, já que o acórdão da Eg. 3º Turma, que foi objeto do RE, foi substituído pela decisão da Eg. SDI-I, contra a qual não foi interposto qualquer recurso, operando-se, via de consequência, o respectivo trânsito em julgado.
(...) Vejamos.
Não há omissão no julgado.
Verifica-se que após o julgamento do recurso de embargos pela SBDI-1 do TST, o Banco do Brasil, por meio da petição à fl. 1.632, solicitou a ratificação dos termos do recurso extraordinário apresentado às fls. 1588/1628, em face da decisão desta 3ª Turma. Logo, não há falar em trânsito em julgado em razão da perda do objeto do recurso extraordinário.
(...) Dessa forma, conforme decidido pelo acórdão embargado, a discussão do presente feito se amolda à hipótese retratada na decisão proferida no RE nº 590.415/SC.
Verifica-se nítida pretensão recursal do embargante, que não se conforma com os claros fundamentos lançados pela c. Turma no decisum , buscando a reforma da decisão. No entanto, tal mister não encontra respaldo na via estreita dos embargos de declaração, razão pela qual a decisão embargada não merece reforma.
Ante o exposto, nego provimento aos embargos de declaração".
O embargante assevera que o recurso extraordinário do embargado perdeu objeto porque a decisão então impugnada foi substituída pelo acórdão da Eg. SBDI-1 desta Corte. Indica ofensa a dispositivo de Lei e contrariedade à Súmula 192, II e V, do TST. Transcreve julgados.
Pontue-se, de início, que o v. acórdão embargado foi publicado sob a vigência da Lei nº 13.015/2014, que imprimiu nova redação ao art. 894, II, da CLT, no sentido de que somente é cabível o recurso de embargos quando demonstrada divergência jurisprudencial entre Turmas do TST (OJ 95/SBDI-1) ou destas com as decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais ou contrariedade a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.
Ociosa, portanto, a indicação de ofensa a dispositivo de Lei.
De outra face, conforme o registrado no acórdão antes transcrito, houve ratificação dos termos do recurso extraordinário, razão pela qual não haveria que se cogitar do trânsito em julgado em razão da perda do objeto do recurso extraordinário.
Diante de tal contexto fático, não há que se falar em
contrariedade à Súmula 192 desta Corte, tampouco em dissenso pretoriano.
Com efeito, a divergência jurisprudencial, hábil a impulsionar o recurso de embargos (CLT, art. 894, II), há de partir de arestos que, reunindo as mesmas premissas de fato e de direito ostentadas pelo caso concreto, ofereçam diverso resultado.
A ausência ou acréscimo de qualquer circunstância alheia ao caso posto em julgamento faz inespecíficos os julgados, na recomendação da Súmula 296/TST.
Não admito o recurso de embargos, no particular.
BANCO DO BRASIL (SUCESSOR DO BESC) - PLANO DE DEMISSÃO INCENTIVADA - CLÁUSULA DE QUITAÇÃO.
A Eg. 3ª Turma não conheceu do recurso de revista do reclamante, sob os fundamentos assim ementados (fls. 1.701/1.702):
"RECURSO DE REVISTA. RETORNO DOS AUTOS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ARTIGO 543-B, § 3º, DO CPC DE 1973. ADESÃO A PDV. TRANSAÇÃO. QUITAÇÃO. EFEITOS. O.J. Nº 270 DA SBDI-1 DO TST. 1. Remessa da Vice-Presidência do TST à SBDI-1 de processo em que interposto recurso extraordinário afetado ao Tema nº 152 da sistemática de repercussão geral, nos termos do art. 543-B, § 3º, do CPC de 1973, segundo o qual, ‘julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se’. 2. Esta c. Corte Superior vinha decidindo que, nos casos como o presente, de adesão ao Programa de Demissão Incentivada do BANCO DO ESTADO DE SANTA CATARINA S.A. - BESC, a discriminação de parcelas e percentuais, de forma genérica, na tentativa de abarcar todas as hipóteses possíveis na relação do banco com seus empregados, apenas reforçava que a pretensão foi de quitação genérica dos contratos de trabalho e não de cada um dos empregados. Por essa razão foi editada a Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1, cuja aplicação ao PDI do BESC foi confirmada pelo Tribunal Pleno no julgamento do TST-IUJ-ROAA-111500-48.2002.5.12.0000 em 9/11/2006. 3. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, em sua composição plenária, no julgamento do STF-RE-590415, DJE de 29/5/2015, de repercussão geral, decidiu que é válida a cláusula que dá quitação ampla e irrestrita a todas as parcelas decorrentes do contrato de emprego nos planos de dispensa incentivada (PDI) ou voluntária (PDV), desde que este item conste de Acordo Coletivo de Trabalho e dos demais instrumentos assinados pelo empregado. 4. O acórdão proferido pelo Tribunal Regional fundamenta que: ‘ Na hipótese dos autos, o reclamante aderiu espontaneamente ao plano de demissão incentivada, procedendo à quitação recíproca de direito questionável (res dubia), restando caracterizada a realização da transação. As regras do PDI - Programa de Dispensa Incentivada - eram claras no sentido de que, pelo valor da indenização recebida, R$ 227.547,07 (duzentos e vinte e sete mil, quinhentos e quarenta e sete reais e sete centavos) (fl. 331), além da estabilidade, o empregado quitava os direitos oriundos do extinto contrato de trabalho, não podendo agora, após beneficiar-se da vantagem financeira, questionar em Juízo os direitos transacionados.(...) ’ 5. Na hipótese em exame, deflui-se do acórdão que havia norma coletiva dando quitação geral ao contrato de trabalho para os empregados que aderissem ao PDV. 6. Assim, deve ser retratada a decisão proferida anteriormente por este Colegiado . Recurso de revista não conhecido em juízo de retratação ".(destaque nosso)
A decisão dos segundos embargos de declaração está assim colocada (fls. 1.751/1.754):
"O autor assevera que houve omissão no julgado quanto aos seguintes aspectos: (...) a) a adesão do Reclamante deu-se em abril/2002, portanto, tal ato foi praticado antes da vigência do acordo coletivo.
Vejamos.
Não há omissão no julgado.
(...) Com relação à adesão ao PDI antes da vigência do ACT 2002/2004, cumpre registrar que, ainda que o reclamante argumente que a adesão ao PDI ocorreu antes da vigência do acordo coletivo (ACT 2002/2004), o fato é que o eg. TRT evidencia a sua adesão ao PDI/2001, de forma que o simples fato desta ter ocorrido antes da vigência do acordo coletivo não tem o condão de desnaturar o ajuste. Ao que parece, as partes reafirmaram a transação de livre e espontânea vontade.
Ademais, verifica-se que a matéria não foi objeto de análise pelo Tribunal Regional. Ausente o necessário prequestionamento de que trata a Súmula 297 do c. TST. Hipótese de incidência da preclusão consumativa como óbice ao exame.
Nesse mesmo sentido, em que se alega a adesão ao PDI antes e/ou o desligamento após a vigência do ACT-2002/2004, são os seguintes precedentes da SBDI-1 desta Corte (...).
Dessa forma, conforme decidido pelo acórdão embargado, a discussão do presente feito se amolda à hipótese retratada na decisão proferida no RE nº 590.415/SC.
Verifica-se nítida pretensão recursal do embargante, que não se conforma com os claros fundamentos lançados pela c. Turma no decisum , buscando a reforma da decisão. No entanto, tal mister não encontra respaldo na via estreita dos embargos de declaração, razão pela qual a decisão embargada não merece reforma.
Ante o exposto, nego provimento aos embargos de declaração".
O embargante alega que sua adesão ao PDV ocorreu antes da vigência da norma coletiva em que disciplinada a demissão voluntária.
Indica violação de preceito da Constituição Federal e contrariedade à OJ 270 da SBDI-1/TST.
Conforme já explicitado, nos termos do art. 894, II, da CLT, é incabível recurso de embargos por violação de dispositivo da Constituição Federal.
Por outro lado, o Colegiado afastou a aplicação da OJ nº 270 da SBDI-1 desta Corte, em face da decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 590415-6/SC, interposto pelo Banco do Estado de Santa Catarina S.A - BESC, de repercussão geral, em que se fixou a tese no sentido de que a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado, hipótese dos autos.
Com relação à suposta adesão ao PDI antes da vigência do ACT 2002/2004, entre outros fundamentos, destacou a ausência do necessário prequestionamento de que trata a Súmula 297 do TST.
Nesse contexto, não há como entender contrariada a OJ nº 270 da SBDI-1 do TST.
Não admito o recurso de embargos, no particular.
Ante todo o exposto, por não configurada a hipótese do art. 894, II, da CLT e com base no art. 81, IX, do RI/TST, denego seguimento ao recurso de embargos.
Nas razões de agravo, o Agravante reitera as alegações no sentido de que não houve interposição de recurso contra o acórdão proferido pela SBDI-1, de forma que se operou o trânsito em julgado.
Aduz que a ratificação do recurso extraordinário se deu em face de decisão que havia sido substituída e alega que os arestos transcritos são específicos. Aponta contrariedade às Súmulas 277 e 297, ambas do TST e à OJ 270 da SDI-I do TST.
À análise.
Na hipótese, a Agravante insurge-se contra acórdão proferido pela E. 3ª Turma que, em juízo de retratação, não conheceu do recurso de revista interposto pelo Reclamante no que tange ao tema "Adesão a PDV. Transação. Quitação. Efeitos".
A decisão Turmária concluiu, com amparo no quadro descrito pelo Tribunal Regional, que havia norma coletiva dispondo acerca da quitação geral ao contrato de trabalho para os empregados que aderissem ao PDV e que consta do acordo coletivo e dos demais instrumentos celebrados pelo Agravante a ampla e irrestrita quitação de todas as parcelas objeto do contrato de trabalho, de forma a caracterizar transação entre as partes.
Ressaltou que "...conforme decidido pelo acórdão embargado, a discussão do presente feito se amolda à hipótese retratada na decisão proferida no RE nº 590.415/SC".
Consignou, ainda, que, após o julgamento do recurso de embargos pela SBDI-1 desta
Corte, o Banco Reclamado pugnou pela ratificação dos termos do recurso extraordinário proferido em face da decisão da 3ª Turma, não havendo, portanto, falar em trânsito em julgado ante a perda do objeto do recurso extraordinário.
Registrou que a adesão ao PDI ocorreu em 2001, de livre e espontânea vontade e que a matéria concernente a adesão antes da vigência do acordo coletivo de 2002/2004 não foi objeto de análise no TRT, o que faz incidir o óbice da Súmula 297 do TST.
A decisão agravada, por sua vez, afastou a suscitada contrariedade à OJ nº 270 da SBDI-1 do TST.
Com efeito, a Orientação Jurisprudencial dispõe que:
PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL. PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE TRABALHO. EFEITOS. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.
Consoante assevera o acórdão embargado, a 3ª Turma deu provimento ao recurso de revista interposto pelo Reclamante por entender que a adesão ao PDI implicava quitação apenas das parcelas constantes do recibo, nos termos da supratranscrita Orientação Jurisprudencial.
Após a interposição do recurso extraordinário pelo Reclamando, o processo foi sobrestado na Vice-Presidência em face do reconhecimento de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal.
Assim, o STF firmou entendimento no sentido de que a adesão voluntária ao PDI com origem em norma coletiva confere quitação ampla, geral e irrestrita das parcelas objeto do contrato de trabalho (RE 590415-6/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe 29/05/2015).
Ante a decisão, a Vice-Presidência desta Corte, determinou o retorno dos presentes autos a egrégia 3ª Turma para possível juízo de retratação em relação ao tema, na esteira do artigo 543-B, § 3º, do CPC/73.
Inexiste controvérsia nos autos acerca de que o Agravante conferiu quitação de todos os direitos oriundos do contrato de trabalho. Ressalte-se que a data de adesão ao PDI não tem o condão de invalidar o termo de quitação, ressalvadas as hipóteses de vício de vontade, o que não ocorre no presente caso.
Dessa forma, verifica-se que a decisão embargada deu-se em consonância com o entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal Federal, o que afasta a suscitada contrariedade à OJ 270 desta SBDI-1.
Nesse sentido os seguintes precedentes desta Subseção:
AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS. BESC. O fundamento adotado pela Turma consistente no trânsito em julgado do acórdão em relação aos efeitos da adesão do empregado ao PDI do BESC não permite divisar confronto com a OJ 270 da SbDI-1 do TST, que trata precisamente desses efeitos. Agravo regimental a que se nega provimento. EMBARGOS DA RECLAMANTE. PDI/2001 DO BESC. PARCELA "P2". COMPENSAÇÃO INDEVIDA. O Tribunal Superior do Trabalho decide reiteradamente que a parcela denominada "P2", constante do termo de rescisão contratual efetuado por meio de adesão ao PDV do Besc, insere-se na OJ 356 da SbDI-1 do TST, porquanto se destina apenas a compensar a perda do emprego, não podendo ser considerada para fins de quitação das verbas decorrentes do contrato de trabalho, uma vez que nomeia, de forma aleatória, algumas parcelas e respectivos percentuais no recibo de quitação, desatendendo, assim, à exigência de discriminação do valor prevista no artigo 477, § 2º, da CLT e na Súmula 330 do TST. Embargos de que se conhece e a que se dá provimento. (AgR-E-RR - 869800-72.2007.5.12.0036 , Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de Julgamento: 08/08/2019, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 16/08/2019);
RECURSO DE EMBARGOS SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 11.496/2007 - BANCO DO BRASIL S.A. (SUCESSOR DO BANCO DO ESTADO DE SANTA CATARINA S.A. - BESC) - PLANO DE DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO - PDI - TRANSAÇÃO - QUITAÇÃO AMPLA E IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO - DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO RE 590.415 - JUÍZO DE RETRATAÇÃO - ART. 1.040, II, DO CPC. 1. Esta Subseção não conheceu do recurso de embargos do BESC quanto ao tema "Plano de Incentivo ao Desligamento - Transação", por estar o acórdão embargado em consonância com a Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1. 2. Ratificadas as razões do recurso extraordinário interposto pelo reclamado, a Vice-Presidência determinou o dessobrestamento do feito e seu retorno ao órgão competente para eventual juízo de retratação. 3. Por meio da decisão da Presidência do TST, publicada em 20/2/2019, contra a qual não houve interposição de recurso, foi confirmado o encaminhamento dos autos a este relator. 4. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a transação extrajudicial que importa na rescisão do contrato de trabalho, ainda que autorizada por norma coletiva e efetuada mediante a adesão do empregado a programa de demissão incentivada, não acarreta a sua quitação plena (Orientação Jurisprudencial nº 270 desta Subseção). 5. Contudo, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 590.415, com repercussão geral reconhecida, fixou, por unanimidade, a tese de que a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado. 6. Ressalvado o entendimento pessoal deste relator, impõe-se adotar o posicionamento externado pelo Supremo Tribunal Federal na referida decisão, dotada de efeito vinculante, e que trata da mesma situação fático-jurídica ora examinada. 7. Juízo de retratação exercido, nos termos do art. 1.040, II, do CPC/2015 para prover os embargos. Recurso de embargos conhecido e provido. (E-ED-RR - 20600-81.2005.5.12.0010 , Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 27/06/2019, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 02/08/2019);
EMBARGOS - JULGAMENTO ANTERIOR PELA C. SDI-1 - DEVOLUÇÃO COM A FINALIDADE DE APRECIAÇÃO DE EVENTUAL JUÍZO DE RETRATAÇÃO - BESC - ADESÃO AO PLANO DE DISPENSA INCENTIVADA (PDI) - APROVAÇÃO EM ACORDO COLETIVO - EFEITOS 1. O E. Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que "a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado" (RE 590.415/SC, Relator Ministro Luís Roberto Barroso, DJe de 29/5/2015). 2. O precedente de repercussão geral é plenamente aplicável à hipótese, em que o Reclamante declarou concordar com todas as regras e estar ciente de que a adesão ao Plano de Demissão Incentivada instituído em 2001 pelo Banco do Estado de Santa Catarina implicaria extinção e quitação plena do seu contrato de trabalho, conforme previsto em cláusula do Acordo Coletivo de Trabalho 2002/2004, de validade reconhecida pelo E. STF. 3. Essas premissas fáticas autorizam a aplicação do entendimento do E. STF e afastam a aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 270 da SDI-1. 4. Esta C. Subseção entende ser o caso de exercer juízo de retratação para reconhecer que a adesão voluntária do Reclamante ao plano de dispensa incentivada implicou quitação plena do contrato de trabalho. Embargos conhecidos e providos. (E-ED-RR - 626600-70.2005.5.12.0035 , Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 06/06/2019, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 14/06/2019);
 EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 11.496/2007. DECISÃO ANTERIOR DA SBDI. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA EVENTUAL JUÍZO
DE RETRATAÇÃO. BANCO DO BRASIL S.A. (SUCESSOR DO BANCO DO ESTADO DE SANTA CATARINA S.A. - BESC). ADESÃO A PLANO DE DEMISSÃO IMOTIVADA. DECISÃO DO STF ERIGIDA À CONDIÇÃO DE LEADING CASE. QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. A egrégia Oitava Turma deste Tribunal Superior conheceu do recurso de revista da reclamante, por contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1 desta Corte, para afastar a tese de quitação ampla do contrato de trabalho. Consagrou-se na jurisprudência desta Corte Especializada, por meio da Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1, o entendimento de que "a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado ao plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo", de modo que a pretensão fundada em reconhecimento de quitação irrestrita do contrato de trabalho não encontra respaldo, por injunção do artigo 477 da CLT, tese reafirmada inclusive em casos envolvendo o BESC. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 590.415/SC, erigido à condição de leading case, firmou tese de que "a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso esta condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado". Extrai-se dos autos que a hipótese é a mesma amplamente discutida pelo STF no RE 590.415/SC, em repercussão geral, referente ao PDI instituído mediante negociação coletiva entre o BESC e o sindicato representante da categoria profissional, tendo a e. Turma reproduzido o fundamento adotado pelo Tribunal Regional de que "afastada a ocorrência de vícios no termo de quitação e tendo sido esta expressa e irrestrita, sem ressalvas quanto a eventual passivo trabalhista decorrente do extinto contrato de trabalho, e diante da vultosa quantia percebida no ato resilitório R$ 201.452,70 (o equivalente a 113,07 remunerações mensais, ou seja, mais de nove anos de trabalho), conflui-se a inviabilidade de acolhimento de quaisquer diferenças relativas ao pacto laboral havido entre as partes". Nesse sentido, demonstrada a identidade entre a discussão travada nos autos e a tese fixada no RE 590.415/SC, há de se respeitar a decisão proferida pelo STF no precedente de repercussão geral, de efeito vinculante, em relação aos efeitos da adesão do trabalhador ao Plano de Demissão Incentivada do BESC/2001, incontroversamente chancelado mediante instrumentos coletivos, de modo que não há falar em diferenças oriundas do contrato de trabalho extinto. Precedentes específicos da SBDI-1. Juízo de retratação exercido, na forma do artigo 1.030, II, do CPCP/2015 (artigo 543-B, § 3º, do CPC/73). Recurso de embargos conhecido e provido. (E-ED-RR-620900-10.2005.5.12.0037, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 17/8/2018);
 RECURSO DE EMBARGOS. BESC. PLANO DE DEMISSÃO INCENTIVADA. ADESÃO VOLUNTÁRIA. QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 590.415/SC, em repercussão geral, fixou a tese de que "a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado". 2. Na hipótese, trata-se de reclamante que declarou concordar com todas as regras e estar ciente das consequências da adesão quanto à extinção e quitação plena do seu contrato de trabalho, ao aderir ao Plano de Demissão Incentivada instituído em 2001 pelo Banco do Estado de Santa Catarina, chancelado pelo acordo coletivo do trabalho analisado no precedente do STF com repercussão geral, em que se discutiu a validade da quitação ampla e irrestrita das verbas decorrentes do contrato de trabalho, em face da adesão voluntária do empregado ao referido PDI/2001 do BESC. 3. Assim, por força da repercussão geral reconhecida, de caráter vinculante, impõe-se reconhecer, em juízo de retratação, nos termos do art. 1.030, II, do CPC/2015 (art. 543-B, § 3º do CPC/1973), que a adesão voluntária do reclamante ao plano de dispensa incentivada implicou quitação plena do contrato de trabalho. Decorre, daí, a aplicação indevida da Orientação Jurisprudencial nº 270 desta SBDI-1, que não rege a espécie. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e provido. (E-ED-RR-745900-53.2005.5.12.0026, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 9/3/2018).
Revelar notar, ademais, que após o julgamento do recurso de embargos pela SBDI-1, o Reclamado solicitou a ratificação do recurso extraordinário, não havendo falar, portanto, em trânsito em julgado ante a perda do objeto do recurso extraordinário. Incólume a Súmula 192 do TST.
Dessa forma, inviável o processamento do recurso de embargos com base na alegação de divergência jurisprudencial uma vez que se encontram superadas pela iterativa e notória jurisprudência desta Corte Superior, em decorrência da redação do artigo 894, II, da CLT.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 21 de novembro de 2019.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
ALEXANDRE LUIZ RAMOS
Ministro Relator
3. REFERÊNCIAS
LOBATO, Márcia Regina. Dissídio coletivo. São Paulo: LTr, 2016.
MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para os Concursos de Analista do TRT e do MPU. 6º Ed. Revista Ampliada e Atualizada. São Paulo. 2018.
PEREIRA, José Luciano de Castilho. Dissídio Coletivo – Experiência Brasileira, 2016. Acesso em 14 de novembro de 2019.
PINTO, José Augusto Rodrigues. Manual dos recursos nos dissídios do trabalho. São Paulo: 2015.
TST. < https://jurisprudencia.tst.jus.br/#50f6c0f2648df18402552c3ca26227c1>. Acesso em: 28 de novembro de 2021.

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