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Dispneia Introdução • É a dificuldade para respirar, podendo o paciente ter ou não consciência desse estado; • É uma percepção não dolorosa, porém, desconfortável, da respiração que se mostra inadequada; • Na linguagem leiga: cansaço, canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga, aperto no peito ou respiração difícil, sufocação; • É uma queixa comum, tendo sido relatada sua ocorrência em até 20% da população ge- ral; • Associa-se a um aumento acentuado da mortalidade e limitação de atividades físi- cas e sociais; • Comprometimento da qualidade de vida. • É necessário diferenciá-la da astenia (sen- sação de fraqueza) e da fadigabilidade; • Subjetiva quando só for percebida pelo pa- ciente; • Objetiva quando é evidenciada ao exame físico. → • Desvios do tipo respiratório a partir do pa- drão normal; • Taquipnéia, bradipnéia, hiperpnéia (au- mento da amplitude dos movimentos respiratórios), apnéia, hiperventilação, res- piração ruidosa, gasping, estridor, retração torácica, batimento de asa de nariz. → • Alterações na cor da pele: cianose ou pa- lidez; • Perturbações neurovegetativas: agita- ção, sudorese, gemido, vômitos Anamnese • Início: época e hora de aparecimento; • Fatores desencadeantes: exposições am- bientais e ocupacionais, alterações climáti- cas, estresse; • Sintomas e sinais associados: tosse, chi- ado, edema, palpitações; • Repercussão sobre a qualidade de vida; • Intensidade; • Número de crises e periodicidade; • Fatores de melhora ou piora → Progressão súbita: aspiração de corpo estra- nho, embolia pulmonar, pneumotórax; Progressão rápida: insuficiência ventricular esquerda; Progressão lenta e gradativa: DPOC, fibrose pulmonar e anemia. Classificação • Feita de acordo com os dados da anamnese. → • Quando relacionada as atividades físicas; • Dispneia aos grandes esforços: subir es- cadas que antes era feito sem dificuldade, andar depressa, caminhar em uma rampa, praticar um esporte; Marianne Barone (15A) Semiologia e Propedêutica Médica I – Prof. Edson Vanderlei Zombini • Dispneia aos médios esforços: andar em local plano a passo normal ou subir alguns degraus, mesmo devagar; • Dispneia aos pequenos esforços: tomar banho, trocar de roupa, mudar de posição na cama, ato de falar. → • A dispneia de decúbito surge quando o pa- ciente se põe na posição deitada; • Para minorá-la, o paciente eleva a cabeça e o tórax, usando 2 ou mais travesseiros ou permanece semi-sentado para dormir. Ortopnéia: • O paciente é forçado a sentar-se na beira do leito, com as pernas para fora, quase sempre fletindo a cabeça para frente e segu- rando com as mãos as bordas do colchão, para ajudar o trabalho da musculatura aces- sória da respiração; • A causa da dispnéia de decúbito é o au- mento da congestão pulmonar pelo maior afluxo do sangue proveniente dos membros inferiores e do leito esplâncnico. Dispnéia paroxística noturna: • O paciente acorda com intensa dispnéia, a qual se acompanhada de sufocação, tosse seca e opressão torácica, sendo obrigatório sentar-se na beira do leito ou levantar-se da cama; • Nos casos mais graves, poderá ocorrer tosse com expectoração espumosa branca ou rosada, cianose e respiração ruidosa de- vido a presença de sibilos (asma cardíaca) e estertores crepitantes caracterizando o edema agudo de pulmão. Trepopnéia: • É a dispneia que aparece em determinado decúbito lateral, como acontece nos pacien- tes com derrame pleural que se deitam sobre o lado são. Platipnéia: • Sensação de dispneia que surge ou se agrava com a adoção da posição ortostática, particularmente em pé; • Ocorre na pericardite e no shunt direito- esquerdo. → • Caracteriza-se por períodos de apneia, se- guidos de movimentos respiratórios super- ficiais a princípio, mas que se tornam cada vez mais profundos, até chegar a um má- ximo, depois, diminuem paulatinamente de amplitude até uma nova fase de apnéia. As pausas de apnéia têm duração variável de 15 a 30 segundos; • Enfermidades cardiovasculares: HAS, insuficiência ventricular esquerda e doença coronariana; • Doenças do tronco cérebro espinal: hi- pertensão intracraniana, hemorragia cere- bral, uremia, intoxicação por barbitúrico ou morfina; • O paciente idoso e a criança podem even- tualmente apresentar durante o sono esse tipo de respiração; • Fatores que atuam na respiração: - Centro respiratório: CO2 penetra a bar- reira hematoencefálica H2O + CO2 = H2CO3 → HCO3 - + H+; - Reflexo: Reflexo de Hering-Breuer; - Termorrerceptores (hipotálamo e pele) podem, na presença de febre, desencadear estímulo respiratório; - Aumento de CO2 causa queda de O2 e, consequentemente, aumento de H+ (acide- mia), identificada por quimiorreceptores lo- calizados no arco aórtico (via nervo vago) ou seio carotídeo (via nervo glossofarín- gero); • No período de apnéia ocorre queda na ten- são de O2 e retenção de CO2; • O aumento progressivo de CO2 estimula o centro respiratório levando à hiperpnéia que, por sua vez, determina queda do nível de CO2 e aumento da oxigenação arterial le- vando à ausência de estímulo do centro res- piratório. Ritmos respiratórios • Ritmo de Kussmaul: alternância sequen- cial de apnéias inspiratórias e expiratórias; • Ritmo de Cantani: aumento da amplitude da respiração; • Ritmo de Biot: ritmo respiratório irregu- lar, no tocante à amplitude da respiração e FR; • Ritmo de Cheynes-Stockes: alternância de períodos de apneia seguidos por hiper- pnéia crescente e decrescente; • Dispnéia suspirosa: inspirações profun- das esporádicas. Causas de dispneia • Atmosférica: quando a composição da at- mosfera é pobre de O2 ou quando a sua pres- são parcial estiver diminuída; • Obstrutiva: redução do calibre das vias respiratórias. Tais obstruções podem ser: in- traluminais, parietais e mistas; • Pleural: irritação da pleura parietal causa dor a inspiração, resultando na dispneia. O paciente procura limitar ao máximo seus movimentos; • Tóracopulmonar: alterações que modifi- cam a dinâmica torácica, reduzindo a sua elasticidade e sua movimentação,ou provo- cando assimetria entre os hemitórax; Ex: fraturas de arcos costais, cifoescoli- ose, alterações neuromusculares ou mial- gias intensas • Comprometimento da troca gasosa: - Afecções do parênquima pulmonar: pneumonias, doenças intersticiais (ex: pneumonias virais, doenças relacionadas ao trabalho – pneumoconiose) e malformações congênitas; - Compressão de segmentos pulmonares: pneumotórax, derrames pleurais, hérnias di- afragmáticas, alterações abdominais que re- percutem na dinâmica respiratória (ascite); • Teciduais: o aumento do consumo celular de oxigênio decorrente da intensificação da atividade muscular condiciona o apareci- mento de dispnéia; Ex: exercício físico, crises convulsivas, tetania • Sistema nervoso central: devido a de- pressão do centro respiratório; Ex: opiáceos, barbitúricos, álcool, he- morragias, processos expansivos intracrani- anos, infecções, trauma, narcose pelo CO2 • Formas anômalas de hemoglobina: dis- pnéia devida à presença de formas anômalas de hemoglobina, como metemoglobina (in- toxicação por nitrito, gás cianídrico), carbo- xihemoglobina (intoxicação por CO); • Cardíaca: a dispneia é devida à congestão passiva do pulmão decorrente de insuficiên- cia cardíaca esquerda ou estenose mitral. Mecanismo: pressão elevada no leito capi- lar com transudação de líquido para os es- paços intersticiais e alvéolos; • Metabólica: cetoacidose diabética, com aumento acentuado de íon H+, causando res- piração de Kussmaul; • Psicogênica: manifesta-se sob a forma de dispnéia suspirosa; - Qualquer pessoa que pense no ato de res- pirar pode subitamentefazer incursões res- piratórias mais profundas do que o habitual; - Pessoas com medo de não serem capazes de obter quantidade suficiente de ar em am- bientes fechados ou cheio de gente.
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