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− Entrevista Psicológica − Aula III e IV: Introdução a questão das “entrevistas preliminares”: Freud e o início do tratamento Texto-base: FREUD, S. (1913) “Sobre o Início do Tratamento”. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. V. XII. Rio de Janeiro: Imago, 2006. Tópicos: I) Da entrevista “não estruturada” à entrevista “aberta”; II) As entrevistas preliminares como abordagem da “entrevista não estruturada” ou “aberta”; III) Outras recomendações clínicas freudianas. I) Entrevista não-estruturada − Entrevista não-estruturada ou entrevista “aberta”? − Toda entrevista tem uma “estrutura” (lógica, objetivo, especificidade, etc.); − “Etapas Gerais”: 1) Apresentação da demanda; 2) Apreensão da questão; 3) Formulação de alternativas e encaminhamento. − Particularidades: contexto (saúde pública, consultório, etc.), orientação teórica, estilo, etc. II) As entrevistas preliminares como abordagem da “entrevista não estruturada” ou “aberta” Questões surgidas no encontro clínico: 1) Como lidar com o paciente que chega? 2) Como relacionar as intervenções aos modos de apresentação de demandas pelos pacientes? 3) Qual a duração de uma sessão de entrevista? 4) como operar com a questão do pagamento? 5) A qual “material” deve-se deter na entrevista? FREUD (Sobre o início do tratamento, 1913): afirmação da diversidade e plasticidade dos fenômenos e encontros clínicos em detrimento da mecanização da técnica. Analogia entre a clínica e o “jogo de xadrez” − Primeiras e últimas jogadas: admitem certa sistematização; − Durante o jogo: campo do imponderável. − Freud: afirma que a experiência clínica acumulada permite “recomendações”, mas percebe a construção de regras incondicionais como algo problemático. 1ª Recomendação: “Sondagem” ou “Exame preliminar” (Entrevistas Preliminares) − Que é? Aceitação provisória do paciente; − Objetivo: Conhecer o caso e permitir um encaminhamento possível (decidir pelo prosseguimento ou não do tratamento, etc.); − Como se dá? Construção de um primeiro “contrato” entre o clínico e o paciente; Aceitação por um período circunscrito de tempo; Deixa-se o paciente falar mais e intervêm-se menos (acolhimento); Poucas interpretações. Alguns fatores desvantajosos para a aceitação de pacientes (FREUD): 1) Pacientes graves (podem exigir cuidados de maior complexidade). Ex. Alguns pacientes em surto psicótico; eminência de suicídio, etc. 2) Pacientes que já conhecem o analista: Ex. Familiares, amigos, etc (a relação clínica interfere na anterior e vice-versa). III) Outras recomendações clínicas freudianas 2ª Recomendação: Análise pessoal − Experiência clínica ≠ concepção meramente intelectual; − O “saber inconsciente”: transmissão ligada à experiência do inconsciente. 3ª Recomendação: Tempo a) “Princípio da hora marcada”: − O período acordado de tempo é de responsabilidade do paciente, quer ele o use ou não; b) Freqüência: − Tempo de Freud: cerca de 3 vezes por semana; − Hoje: comumente de 1 a 2 vezes por semana, podendo variar conforme a gravidade do caso. c) Duração: − Pergunta quase irrespondível de antemão (embora geralmente exija média ou longa duração). d) Interrupção: − Paciente é livre para interromper o tratamento (o clínico pode contra-indicar a saída prematura); − Freud: há, ainda, a dificuldade de desligamento dos pacientes (o clínico deve, também, intervir). 4ª Recomendação: Pagamento a) Financeiro: − Franqueza: o analista deve tratar a questão financeira com a mesma franqueza que opera com as questões sexuais que a clínica apresenta: sem incoerência e sem hipocrisia; − Em geral o analista deve abster-se de prover tratamento gratuito; − Freud pondera, porém, que tratamentos não remunerados podem gerar “ótimos resultados”; b) “Benefício secundário da doença”: há a possibilidade de satisfação no “adoecer”. Ex: Vitimização, dependência, etc. De certo modo, o paciente é confrontado com seu modo de existência e com as conseqüências desse, o que implica reiterar ou “abrir mão” desse “funcionamento”. Há um “preço” a ser pago, tanto num caso quanto no outro. 5ª Recomendação: Divã − Função do divã: isolar o fenômeno de transferência; − Ana Cristina Figueiredo: há outras formas de fazer a polarização do olhar para a palavra. 6ª Recomendação: Material da análise − Por onde começar o trabalho de análise? Freud: pelo material de trabalho que o paciente trouxer. − Regra fundamental: “Dizer tudo o que lhe vier à mente”. 7ª Recomendação: Transferência e Interpretação − Transferência: Complexo de idéias ics que se dirigem ao clínico ultrapassando a relação “atual”; − Interpretação: Desvelamento da dimensão inconsciente; Ganha maior efetividade desde o estabelecimento do laço transferencial; “Timing”: convém ser feita quando o paciente está prestes a encontrar essa dimensão por seu próprio trabalho de elaboração e não como algo dito de forma puramente intelectual dito pelo analista. 8ª Recomendação: Anotações − Texto de referência: (Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, FREUD, 1912); − Problema: vários pacientes, muitas informações; Freud: “Princípio da atenção uniformemente suspensa” ou “Princípio da atenção suspensa” − As expectativas do clínico em anotar podem prejudicar o acolhimento, a escuta e a intervenção; − As intervenções e a memória operam a partir da própria dimensão inconsciente; − Não cabe, assim, selecionar o material dando a este um sentido a priori (sentido anterior a sua articulação no contexto das associações e ao longo do tratamento); − Apenas a posteriori (num “só depois”, no decorrer do tratamento) certas informações ganham sentido; − As anotações, quando feitas num segundo momento, não devem conduzir o clínico a operar “como se já possuísse o conhecimento”.
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