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Hilário Oliveira T29 @hilarioof IMUNOLOGIA DA INFECÇÃO POR HIV Muitos trabalhos já foram feitos em busca de uma vacina para o vírus HIV, porém, por sofrer muitas mutações, o vírus da HIV se torna de difícil combate. CARACTERÍSTICAS GERAIS: O HIV já infectou 50 a 60 milhões de pessoas e provocou a morte de mais de 25 milhões de adultos e crianças. Obs. A existência de tratamentos não evitam a contaminação, entretanto, retardam o desenvolvimento da doença para AIDS. A doença é especialmente devastadora, porque quase a metade dos 3 milhões de novos casos a cada ano ocorrem em jovens adultos (15-24 anos). CARACTERÍSTICAS MOLECULARES E BIOLÓGICAS DO HIV: O HIV é capaz de infecções latentes nas células a longo prazo e efeitos citopáticos a curto prazo. → o vírus pode ficar latente nas células por longos períodos de tempo, até que uma infecção acomete o hospedeiro, por exemplo e quebra esse estado de latência → o HIV se torna extremamente perigoso por estar presente dentro de células por todo o corpo e por não estar contido, como é o caso do micobacterium, que fica dentro de granulomas, assim, em casos de ativação do vírus do HIV, pode-se ter degeneração do sistema nervoso por exemplo. Ademais, o HIV pode ter um efeito citopático a curto prazo, ou seja, entra na célula e a ataca imediatamente, matando-a. No ato sexual que causa a infecção mais tradicional pelo vírus, o atrito entre a mucosa peniana e vaginal provoca micro lesões, invisíveis ao olho nu → como essa camada de mucosa é única, a barreira de proteção é rompida e o vírus entra → o vírus por ser citopático, entra nas células e as destrói, facilitando a infeção → isso causa uma grande perda de células T de memória. Assim, entende-se que o vírus pode atacar de uma maneira mais agressiva ou ficar de stand- by. Dois tipos de HIV estreitamente relacionados, designados como HIV-1 e HIV-2, foram identificados. → existem dois tipos de HIV, sendo o segundo tipo mais lento, logo, a infecção pelo vírus do HIV-2 é mais lenta e de menor proporção. O grande responsável pelos quadros mais agressivos é o vírus do HIV- 1 → é importante lembrar que quando um vírus adentra a célula, ele antes de matá-la, se multiplica, agravando ainda mais o caso. ESTRUTURA DO HIV: Observam-se duas fitas de RNA do vírus HIV internamente, seguida de um capsídeo, mais externamente uma matriz e por fim um envelope. Essas são partes do vírus em que são vistas pelo sistema imunológico, que posteriormente irá produzir anticorpos, além de células de defesa T CD4 e T CD8 específicas. Hilário Oliveira T29 @hilarioof O capsídeo é composto pela proteína p24, sendo um alvo dos linfócitos para desenvolvimento de anticorpos. A matriz é composta pela proteína p17, sendo essa também um alvo para a produção de anticorpos. O envelope é composto por glicoproteínas, representadas pela Gp120 e Gp41 → estas são utilizadas pelo vírus para se aderir a célula- alvo do hospedeiro, sendo a primeira etapa do processo. Obs. A Gp120 é uma glicoproteína externa, já a Gp41 é uma glicoproteína transmembrana → ao se utilizar alguns tipos de medicamento que bloqueiam a ligação dessa glicoproteína, o bloqueio ocorre entre a ligação glicoproteína e a molécula CD4 na célula (presente no linfócito T CD4). Ao mesmo tempo, existe o receptor de quimiocina, que também favorece a ligação do vírus na célula do hospedeiro. Assim, o vírus pode acoplar o seu envelope na membrana da célula e posteriormente invadi-la → e, portanto, agir de maneira latente ou citopática a curto prazo, sendo o HIV-1, mais potente no que diz respeito a velocidade e força da infecção. ORGANIZAÇÃO GENÔMICA DO HIV: Aqui, entende-se a composição das fitas de RNA presentes no vírus. Gag codifica as proteínas estruturais. → Gag é um segmento do RNA viral, que se liga a célula e permite que ocorra a produção de proteínas estruturais, como as do capsídeo, da matriz → isso faz com que o vírus consiga se replicar ao adentrar a célula hospedeira. Env codifica as glicoproteínas Gp120 e GP41 do envelope, necessárias para a infecção. → o segmento Env é responsável pela construção de glicoproteínas de aderência, que vão possibilitar a infecção que o vírus causa. Pol codifica a transcriptase reversa, integrases e proteases necessárias para a replicação. → o segmento Pol, possibilita a replicação viral, de maneira que produz componentes essenciais para a produção de um novo material genético. A imagem representa a organização genômica do vírus → o vírus apresenta um segmento LTR, além dos segmentos descritos, como Gag, Env e Pol; além disso, outros segmentos importantes são tat e nef, responsáveis pela evasão do vírus. Nef é responsável pela regulação de forma inibitória da expressão da célula CD4 e do MHC de classe I do hospedeiro; acentua a sinalização intracelular para facilitar a replicação viral. → o segmento bloqueia a ação do T CD8 por impedir a expressão do MHC de classe I, deixando a célula infectada pelo vírus, invisível. O vírus pode assim ativar a célula NK pela falta do MHC de classe I, porém se torna mais proveitoso para o vírus, pois a célula NK não tem memória, facilitando sua chance de sobrevivência. Tat é necessária para alongamento dos transcritos virais. → está envolvido a estabilidade do RNA viral → é importante entender que um RNA funcional tem exons e um RNA que não está funcional, tem introns. Tat participa do processo de construção de um RNA com funcionalidade. Tat interage e compromete o processo de fabricação das citocinas. Privilegiando citocinas que desligam o processo inflamatório. MECANISMO DE ENTRADA DO HIV EM UMA CÉLULA: Para que o vírus adentre a célula hospedeira, o mesmo deve estar em contato com a célula, sendo os pontos mais comuns o receptor CD4 e os receptores de quimiocina (CCR5 e CXCR4). Hilário Oliveira T29 @hilarioof O vírus utiliza as glicoproteínas do envelope para se ligar e adentrar a célula. A imagem demonstra a Gp120 se ligando a CD4 da célula T CD4 → Gb120 muda sua conformação, ligando-se também ao receptor de quimiocina abaixo → o receptor de quimiocina pode ser do tipo CCR5 ou do tipo CXCR4. OBS. → Existem vírus que tem tropismo a receptores, como o CCR5, sendo chamado de vírus R5, estando muito presentes em macrófagos. → Além disso, existem também, vírus Ttróficos, que migram e se ligam a células T, esses são os que se ligam ao receptor CXCR4, sendo vírus do tipo X4. → Por fim, existem vírus que se ligam aos macrófagos e ao linfócitos quando os convém, sendo do tipo R5X4. Esse tipo de ligação potencializa a infecção e pode driblar o sistema imunológico. Após a gp120 se ligar ao CD4 e ao receptor de quimiocina o vírus identifica o momento de perfurar a membrana da célula → ocorre então a fusão da membrana do vírus e a membrana da célula. CICLO DE VIDA DO HIV: A infecção das células pelo HIV inicia-se quando a glicoproteína do envelope gp120 do vírus liga-se a duas proteínas da célula hospedeira, ao CD4 e um correceptor que é um membro da família de receptores de quimiocina. Após ocorrer a fusão de membranas entre vírus e célula, o material genético do vírus de RNA é posto dentro da célula hospedeira → o RNA deverá ser convertido em DNA atravésda enzima TRANSCRIPTASE REVERSA, formando o DNA pró-viral. O DNA pró-viral é então integrado ao DNA da célula, através da enzima INTEGRASE → sempre que a célula for ler o seu gene, ela corre o risco de ler o gene viral que agora está integrado, produzindo novas estruturas para o vírus, como as proteínas estruturais. Assim, a célula é ‘sequestrada pelo vírus’ para que seu maquinário seja utilizado. Cada vez que um vírus novo as da célula, é formado um poro em sua membrana → a saída de vários vírus causa a formação de vários poros na membrana celular e isso pode causar uma descompensação (ex. cálcio), matando a célula. A célula pode também não ler o DNA viral, deixando o vírus em stand-by. Ativação do vírus por infecção: supondo que a célula do hospedeiro quer produzir IL-2 para se multiplicar frente a um outro vírus, fungo ou bactéria que o invada → pra isso tem que passar a informação do citoplasma para o núcleo, mediante o fator de transcrição NFkappabeta → o qual entra no núcleo e colocaria para ser produzido o IL-2→ mas o NFkappabeta se liga ao material genético do vírus HIV na porção LTR → que é responsável por multiplicar o vírus → consequentemente induzindo a leitura dessa informação→ que é produzir cópias virais do HIV. Ou seja: ao combater uma outra infecção, a estratégia para multiplicar uma célula estimula o vírus HIV a se ativar. Obs. TNF que induz inflamação contra uma virose qualquer → também ajuda o material genético do HIV a acordar e se multiplicar. Hilário Oliveira T29 @hilarioof Após a construção de um novo vírus, a infecção de células próximas através da ligação com as glicoproteínas é muito facilitada. PATOGÊNESE DA INFECÇÃO PELO HIV E PELA AIDS: A infecção aguda é caracterizada pela infecção das T CD4+ de memória nas mucosas e na morte de muitas células. → sinais e sintomas típicos de uma infecção viral pela morte imediata de células. A transição das fases aguda e crônica é caracterizada pela disseminação do HIV, viremia e resposta de linfócitos. → ocorre pela disseminação do vírus que se iniciou através da célula dendrítica que o levou ao linfonodo, onde há muitas células T virgens que irão interagir com o HIV e infecta-las. Na fase crônica, os linfonodos e o baço são locais de replicação contínua do HIV e destruição celular. Explicando a imagem: O vírus infecta o hospedeiro através do contato com micro lesões na barreira única de células da mucosa → o vírus então se liga as células de memória T CD4 e as destrói → a célula dendrítica também está presente no local, onde engloba o vírus e leva para apresentar no linfonodo → ocorre a disseminação por todo o corpo → viremia → o HIV começa a perder cópias virais, dando início ao quadro de latência clínica → diminuição da viremia → infecção crônica → AIDS → a infecção do indivíduo por outro tipo de vírus ou uma bactéria por exemplo, induz a produção de citocinas e fatores de transcrição, que reativam o HIV que estava latente → o sistema imunológico assim se enfraquece e HIV evolui para AIDS. VIREMIA, CONTAGEM DE T CD4+ E ESTÁGIOS CLÍNICOS: A linha azul demonstra a população de linfócitos TCD4 por milímetro cubico. A linha marrom demonstra a quantidade de vírus no sangue (viremia). Explicando o gráfico: No início tem-se 0 vírus e a população de TCD4 está no seu pico → o vírus então penetra na mucosa e o grau de células TCD4 se torna decrescente, levando consequentemente ao aumento da população viral → após um período de 4-6 semanas, a fase aguda que estava instalada começa a passar pelo período de transição, onde há a latência do vírus, consequentemente há um aumento na população de células TCD4 específicas para o HIV e uma diminuição da população viral no sangue pela sua destruição → ocorre após a diminuição viral, uma constância na quantidade durante anos (latência clínica) → ocorre a diminuição da população de TCD4 por menor produção da medula óssea → o vírus então tem uma elevação → caso TCD4 chegue a 200, o indivíduo chega ao estado de AIDS, onde fica suscetível a infecções oportunistas e a morte. Hilário Oliveira T29 @hilarioof RESPOSTA IMUNE A INFECÇÃO POR HIV: O gráfico demonstra o que ocorre com as células TCD8 e com os anticorpos na infecção pelo vírus. A linha marrom representa a viremia. A linha azul representa os linfócitos TCD8. A linha verde e laranja representa anticorpos. Explicando o gráfico: Na medida em que o HIV cresce, o TCD8 também cresce, diferente do TCD4 que diminui, isso pois o vírus não gosta de entrar no TCD8 → o período de crescimento do TCD8 cresce por volta do final da primeira semana → em 4-6 semanas sua quantidade já ajuda a diminuir a ação do vírus, sendo uma resposta que surge antes da TCD4. TCD8 sobe e fica em platô, sendo um TCD8 de memória → o HIV, porém cresce após um tempo por sofrer mutação (aqui é onde TCD4 está mais baixo). Quanto aos anticorpos e linfócitos B → os anticorpos são produzidos e crescem após a resposta celular (após de cerca de 8 semanas) → os anticorpos crescem até um platô que se mantem, porém o vírus volta a crescer por mutações do vírus. RESPOSTAS IMUNES AO HIV: A resposta imune adaptativa inicial à infecção por HIV é caracterizada pela expansão de células TCD8+ específicas para peptídeos de HIV. Embora esses CTL controlem a infecção na fase aguda, em ultima análise se revelam ineficazes devido ao surgimento de mutantes. Altos títulos dos anticorpos anti-gp120 e anti- gp41 estão presentes na maioria dos infectados pelo HIV além de outros como o anti-p24. Os anticorpos neutralizantes contra a gp120 se desenvolvem de 2 a 3 meses após a infecção primária, mas o vírus é capaz de mudar rapidamente. MECANISMOS DE EVASÃO IMUNOLÓGICA PELO HIV: O HIV tem uma taxa de mutação alta devido a uma transcrição reversa sujeira a falhas (ex. regiões da molécula gp120). A proteína Nef inibe a expressão das moléculas de MHC de classe I, principalmente por promoção da internalização destas moléculas. Inibição preferencial das citocinas TH1, ativação das células T regulatórias e supressão das funções das células dendríticas. → o segmento Tat do HIV atrapalha a produção de citocinas inflamatórias e privilegia citocinas inibitórias, além da estimulação de populações de células T-regulatórias. HIV e SNC: No cérebro, o HIV pode se multiplicar, causando degeneração do SNC → devido ao ataque as micróglias {que são macrófagos do sistema nervoso}. Por que esse taque acontece? Pois quando o macrófago é infectado e vai produzir citocinas para se defender, essas citocinas estão inibidas devido o mecanismo de evasão promovido pela Tat. Em contrapartida, mesmo quando a citocina Th1 está operante → ela libera ajuda para o macrófago e o macrófago irá fagocitar o vírus → e isso é tudo que ele quer, pois no interior do macrófago, o vírus irá se multiplicar. Hilário Oliveira T29 @hilarioof CONTROLADORES DE ELITE E NÃO PROGRESSORES A LONGO PRAZO: Embora a maioria dos indivíduos infectados com HIV desenvolva a AIDS, cerca de 1% dos infectados não desenvolvem a doença. Esse grupo pode ser dividido em dois subgrupos: os não progressores e os controladores de elite. → a diferença entre estes doisgrupos é a viremia, os não progressores tem cerca de 5 mil vírus por mL de sangue, onde os normais tem 10 mil → suas populações de células de defesa também são maiores. Os controladores de elite têm somente cerca de 50 vírus por mL de sangue e populações elevadas de células de defesa. Estudos genéticos têm sugerido um papel para o lócus para MHC na proteção de indivíduos e na prevenção da progressão. → o MHC pode apresentar melhor os vírus para as células de defesa.
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