TBL 6 - Insuficiência cardíaca aguda Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Insuficiência cardíaca Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento. Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas e caracteriza-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução no débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço. A nova definição universal de IC define a doença como uma síndrome clínica com sintomas e/ou sinais atuais ou anteriores causados por anormalidades cardíacas estruturais e/ou funcionais e corroboradas por pelo menos um dos seguintes: níveis elevados de peptídeo natriurético ou evidência objetiva de congestão pulmonar cardiogênica ou sistêmica. Diagnóstico clínico Para o diagnóstico de insuficiência cardíaca são necessários: · 2 critérios maiores e 1 menor, OU · 1 critério maior e 2 menores Sinais e sintomas Sintomas típicos: · Falta de ar/dispneia · Ortopneia · Dispneia paroxística noturna · Fadiga/cansaço · Intolerância ao exercício Sintomas menos típicos: · Tosse noturna · Ganho de peso · Dor abdominal · Perda de apetite e perda de peso Sinais mais específicos: · Pressão venosa jugular elevada · Refluxo hepatojugular · Terceira bulha cardíaca · Impulso apical desviado para esquerda Sinais menos específicos: · Crepitações pulmonares · Taquicardia · Hepatomegalia e ascite · Extremidades frias · Edema periférico Classificações Fração de ejeção IC FE m (melhorada): pacientes com FEVE prévia < 40% e tiveram um aumento de 10 pontos percentuais atingindo taxas acima de 40% Sintomas – New York Heart Association (NYHA) Progressão da doença Perfil clínico-hemodinâmico Insuficiência cardíaca aguda IC nova ou piora sintomática do estado basal. Sinais de congestão: · · Dispneia progressiva aos esforços · Dispneia paroxística noturna · Ortopneia · Taquipneia (FR >22irpm) · Esforço respiratório · Edema pulmonar agudo · Turgência jugular a 45º · Refluxo hepatojugular · Galope de terceira bulha · Estertores pulmonares crepitantes · Edema de membros inferiores · Ascite · Cardiomegalia ao raio X de tórax · Hipertensão venocapilar ou derrame pleural ao raio X de tórax Sinais e sintomas de má perfusão/baixo débito cardíaco: · · PAS < 90mmHg · PAS < 110mmHg em pacientes previamente hipertensos · Fadiga · Extremidades frias com perfusão reduzida · Sudorese fria · Pressão arterial com largura de pulso < 25% · Desorientação · Lactato elevado · Diminuição do débito urinário Por que o paciente descompensa na IC? Em nosso país, dados do registro BREATHE (Brazilian Registry of Acute Heart Failure) mostraram como a principal causa de descompensação da IC a má aderência à terapêutica ou ausência de tratamento (Após: infecções / arritmias cardíacas) Sempre pesquisar, identificar e se possível tratar/corrigir os fatores descompensadores! Na sala de emergência, não esquecer de receber e monitorizar paciente de imediato, já iniciando coleta da história clínica e classificando o perfil hemodinâmico do paciente! O2 suplementar: geralmente SatO2 < 90% NMNI: medida importante para a congestão pulmonar (EAP) Abordagem inicial Mnemônico do SAVIC: A – Avaliação clínica/hemodinâmica B – Boa ventilação/respiração C – Circulação D – Diuréticos E – Eletrocardiograma F – Frequência cardíaca G – Garantir a não suspensão rotineira de medicações H – Heparina (profilaxia de TEV) Exames laboratoriais BNP ou NT-proBNP (diagnóstico diferencial/marcador prognóstico) – alto valor preditivo negativo para excluir IC aguda Função renal (ureia/creatinina) Eletrólitos: Potássio, Sódio Hemograma Perfil glicêmico: glicemia, hemoglobina glicada Função tireoidiana: TSH, T4 livre Perfil lipídico: Colesterol total, HDL, Triglicérides Hepática: TGO, TGP... Exames de imagem ECG (sempre na emergência): HVE, isquemia, arritmias... RX Tórax (sempre na emergência): área cardíaca, congestão pulmonar, doenças pulmonares (DPOC, Neoplasias...) ECO (principalmente em choque cardiogênico e IC nova; em 48h para todos): diagnóstico, seguimento, função sistólica e diastólica, tamanho, espessura, função valvar US de tórax na emergência (point of care): sinais de congestão pulmonar / avaliação da função cardíaca Teste de isquemia (se necessário): TE, Cintilografia, Cateterismo Imagem: cardiomegalia, cefalização da trama vascular, linhas B de Kerley Medicamentos na IC aguda Vasodilatadores: nitroprussiato ou nitroglicerina Inotrópico: · Dobutamina β-agonista · Milrinone inibidor fosfodiesterase 3 (aumenta concentração de cálcio miócito) · Levosimendana aumenta sensibilidade da troponina C ao cálcio Diurético: furosemida (associação de diurético) – bloqueio sequencial – em segunda opção tiazídicos ou antagonista da aldosterona. (não muda mortalidade, apenas melhora sintomas) Vasoconstritor: noradrenalina · Para tratamento da hipotensão/choque apesar do uso dos inotrópicos · Cuidado com aumento da resistência vascular periférica Digitálicos (digoxina/deslanosídeo): especialmente se IC com fibrilação atrial de alta resposta ventricular Avaliar início/manutenção/redução da dose: · IECA/BRA; · Beta-bloqueador; · Antagonista da aldosterona (Espironolactona) Abordagem inicial No perfil A, devemos rever os medicamentos já em uso