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Dissertação - Pierre Rivière

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Instituo de Educação Superior de Brasília - IESB
Turma: OCJUD3B
Disciplina: Psicologia Jurídica
Aluna: Michelly Lohanne – 13111010077
FOUCAULT, Michel (Coordenador). Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão. Tradução: Denise Lezan de Almeida. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1977, 294 p.
	Pierre Rivière foi acusado de matar a mãe, a irmã e o irmão. Em momento algum ele negou a autoria do crime, porém de início argumentou que foi ordenado por Deus a cometer os assassinatos. O réu não sustentou tal desculpa por muito tempo e logo disse a verdade: matou porque queria trazer felicidade e libertar seu pai dos infortúnios que tinha com sua mãe, que era apoiada pela filha, e ambas amadas pelo pequeno irmão que também foi morto. Desde jovem, Pierre era tachado de imbecil por aqueles que conviviam com ele, muitos duvidavam de sua lucidez e acreditavam que ele sofria de alienação mental. Nunca foi instruído para a leitura ou para a escrita, todo pobre conhecimento que possuía se dava por sua própria vontade de aprender. A astronomia, a religião e as histórias de grandes homens lhe interessavam e criaram dentro de si, em conjunto com sua personalidade, ideias de grandeza e imortalidade.
	Ao presenciar tantos acontecimentos desagradáveis dentro sua família, Pierre começou a pensar que ele deveria pôr fim àquilo para tornar seu pai um homem feliz, completamente livre dos aborrecimentos que sua mãe o causava. Eis então o motivo de seu crime. Pierre Rivière achava que se imortalizaria morrendo por seu pai, que seu nome seria elevado e glorificado, que no futuro suas ideias seriam adotadas e as pessoas fariam apologia a ele. Seguindo este ideal, ele premeditou seu crime com minuciosos detalhes. Teve cautela para agir no momento que considerasse certo; se preocupou em estar bem vestido no dia, pois sabia que logo após teria que se apresentar ao juiz, já que tinha consciência que o ato que viria a cometer era completamente ilícito à luz das leis dos homens. A causa: libertar seu pai e imortalizar seu nome; o meio: matar sua mãe, sua irmã e seu irmão; o fim: sua morte.
	Após cometer o crime, Pierre passou a entender que aquilo que fizera jamais seria motivo para que seu nome fosse glorificado. Ele se arrependeu profundamente, passando a entender que a causa que antes o impulsionara já não fazia mais sentido. Então, a morte já não possuía o significado de um ato revestido de honra. Agora, morrer era a única saída para acabar com o remorso que ele sentia arder. Quando foi levado à audiência, não lhe importava mais se fora acusado de parricídio e fratricídio, Pierre já sabia desde o início qual seria seu fim e agora, mais do que nunca, tinha pressa em morrer. Foi condenado à pena de morte, mas obteve indulto e comutação de pena para prisão perpétua, visto que não era nem inteiramente louco, nem inteiramente monomaníaco. 
	Ao ser preso, no dia 07/03/1836, Pierre já acreditava estar morto; todos notavam nele sinais inequívocos de loucura. Em outubro de 1840, Pierre Rivière se enforca na prisão deixando, assim, seu legado. Eis que é possível fazer alusão ao documentário baseado no poema “A Casa dos Mortos”, de Bubu, interno de um hospital psiquiátrico localizado na Bahia, que descreve com maestria a situação dos considerados loucos dentro destes hospitais. Loucos que não possuem lugar no mundo exterior e estão jogados ali como se sua existência de nada valesse, como se estivessem mortos para a sociedade e para si mesmos, sentenciados à prisão perpétua por sua própria loucura.
	Foucault entrelaça a psiquiatria e as ciências sociais e humanas à justiça penal. As circunstâncias atenuantes da época tornaram necessária a presença de outros saberes, além do jurídico, no âmbito penal. O Direito passou a preencher, com essas ciências, as brechas que seus ditames não podiam alcançar, pois estavam em outra esfera de conhecimento. A partir de então, o dito louco passou a ser visto como alguém que não pode ser culpável por seus atos ilícitos, pois não possui consciência da ilicitude. Este louco, agora, precisa ser diagnosticado e tratado. Assim posto, a psicologia e a psiquiatria se juntaram ao direito penal a fim de aprimorar o conhecimento sobre esses loucos criminosos e decidir qual a melhor forma de agir perante casos como este, de Pierre Rivière.

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