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Articulações: Estrutura e Dor

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MARIANA SANTOS NASCIMENTO SILVA 
ARTRALGIA 
Morfofisiologia das articulações 
As articulações do sistema esquelético contribuem para a homeostasia, mantendo os ossos unidos de maneira a possibilitar os movimentos e a flexibilidade. 
Articulação é o ponto de contato entre dois ossos, entre osso e cartilagem ou entre osso e dente. Quando dizemos que um osso se articula com outro osso, 
queremos dizer que esses ossos formam uma articulação. 
As articulações são classificadas estruturalmente, com base nas características anatômicas, e funcionalmente de acordo com o tipo de movimento que possibilitam. 
A classificação estrutural das articulações é baseada em dois critérios: (1) existência ou não de espaço entre os ossos integrantes da articulação, chamado de 
cavidade articular, e (2) tipo de tecido conjuntivo que une os ossos. Do ponto de vista estrutural, as articulações são classificadas como: 
 Articulações fibrosas: não há cavidade articular e os ossos são mantidos unidos por tecido conjuntivo denso não modelado e rico em fibras de colágeno. 
 Articulações cartilagíneas: não há cavidade articular e os ossos são mantidos juntos por cartilagem. 
 Articulações sinoviais: os ossos que formam a articulação apresentam cavidade articular e são unidos pelo tecido conjuntivo denso não modelado de 
uma cápsula articular e, muitas vezes, por ligamentos acessórios. 
A classificação funcional das articulações tem relação com o grau de movimento que permitem. Funcionalmente, as articulações são classificadas como: 
 Sinartrose: uma articulação imóvel 
 Anfiartrose: uma articulação discretamente móvel 
 Diartrose: uma articulação livremente móvel. 
Todas as diartroses são articulações sinoviais. Elas apresentam várias formas e possibilitam diversos tipos diferentes de movimentos. 
Estudar os fatores de risco e o diagnostico diferencial das dores articulares mecânicas e inflamatórias da artralgia; 
A artralgia ou dor articular está entre os tipos mais frequentes de dor. As principais causas de dor são o traumatismo e a inflamação (artrites aguda e crônica). 
Geralmente, a artralgia se associa com o comprometimento da função articular que varia desde uma simples restrição dos movimentos até sua completa 
incapacidade. 
As articulações podem simplesmente estar doloridas (artralgia) ou também inflamadas (artrite). A inflamação das articulações costuma apresentar calor, edema 
(por causa do líquido intra-articular, ou derrame) e, raramente, eritema. A dor pode ocorrer somente com o uso ou em repouso. Às vezes o que é descrito pelos 
pacientes como dor na articulação pode ter uma fonte extra-articular (p. ex., uma estrutura periarticular ou óssea). 
Os grupos articulares são contados da seguinte forma: 
 Monoartrite: um grupo articular envolvido. 
 Oligoartrite: dois a quatro grupos articulares envolvidos 
 Poliartrite: cinco ou mais grupos articulares envolvidos 
Fisiopatologia 
As origens articulares da dor situam-se no interior da articulação. As origens periarticulares da dor situam-se nas estruturas que envolvem a articulação (p. ex., 
tendões, ligamentos, bursas, músculos). A dor poliarticular causada por fontes articulares pode resultar do seguinte: 
 Inflamação (p. ex., infecção, artrite induzida por cristais, doenças inflamatórias sistêmicas como artrite reumatoide e artrite psoriática) 
 Doença mecânica ou outras não inflamatórias (p. ex., osteoartrite, síndromes de hipermobilidade) 
A sinóvia e a cápsula articular são as principais origens de dor no interior de uma articulação. A membrana sinovial é o principal local atingido pela inflamação 
(sinovite). A dor que atinge várias articulações na ausência de inflamação pode ser decorrente do aumento da flexibilidade articular e de trauma excessivo, como 
na síndrome de hipermobilidade benigna. A poliartrite pode envolver as articulações periféricas e/ou articulações axiais (p. ex., sacroilíaca, apofisária, 
discovertebral, costovertebral). 
Nas doenças articulares a dor se produz com maior frequência durante o exercício ou mesmo durante as atividades cotidianas habituais. Este aumento da 
sensibilidade dolorosa é atribuída a: 
 Sensibilização periférica: aumento da sensibilidade dos nociceptores articulares a estímulos mecânicos aplicados na articulação. É induzida por 
mediadores inflamatórios tais como a bradicinina, prostaglandinas e citocinas. 
 Sensibilização central: aumento da sensibilidade dos neurônios relacionados com as informações das sensibilidades dolorosa e mecânica das 
articulações. É induzida pela informação dos receptores dolorosos articulares e mantida pelos mecanismos centrais de amplificação. 
Etiologia 
A artrite oligoarticular periférica e a artrite poliarticular costumam estar associadas a infecção sistêmica (p. ex., viral) ou doença inflamatória sistêmica (p. 
ex., artrite reumatoide) do que a artrite monoarticular. Em geral, pode-se determinar uma causa específica, entretanto, algumas vezes a artrite é transitória e 
desaparece antes que um diagnóstico possa ser claramente estabelecido. O comprometimento axial sugere espondiloartropatia soronegativa (também 
denominada de espondiloartrite), mas também pode ocorrer na artrite reumatoide (atingindo a coluna cervical, mas não a coluna lombar). A artrite poliarticular 
aguda normalmente é devido à: 
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 Infecção (geralmente viral) 
 Surto de alguma doença inflamatória sistêmica 
 Gota ou artrite por pirofosfato de cálcio (pseudogota) 
Em adultos, a artrite poliarticular crônica é mais frequentemente devido a: 
 Artrite reumatoide 
 Espondiloartropatia soronegativa (normalmente, espondilite anquilosante, artrite reativa, artrite psoriática ou artrite enteropática) 
Dor poliarticular não inflamatória em adultos decorre mais frequentemente de Osteoartrite. Na maioria das vezes a poliartralgia crônica em adultos é causada por 
artrite reumatoide e osteoartrite. Em crianças, a artralgia poliarticular crônica decorre mais frequentemente de Artrite idiopática juvenil. 
Características clínicas 
 A artralgia pode ser aguda (duração de dias) ou crônica (duração de meses a anos). 
 Dependendo da doença de base pode ser sentida em apenas uma articulação (após traumatismos ou durante osteoartrite) ou em diversas articulações 
(por exemplo: poliartrite reumatóide). 
 Normalmente, a dor atinge a articulação ou as articulações afetadas, porém pode ser referida a distância (por exemplo, a osteoartrite de quadril pode 
causar dor referida no joelho). 
 A artralgia em geral é surda e vaga, diferente da dor cutânea que é aguda e de localização mais precisa. 
 A dor pode ocorrer com hiperalgia ou mesmo com alodínea: em uma articulação normal somente os movimentos contra a resistência do tecido 
ocasiona dor, no entanto, a articulação lesada ou inflamada a dor pode ocorrer mesmo durante os movimentos comuns e normalmente indolores. 
 A artralgia tem como resultado deterioração física, claudicação, restrição de movimento, e perda de força. 
 A dor articular costuma piorar com o uso (levantamento de peso ou movimento), e melhorar com o repouso, mas, pode também ser constante. 
 Um tipo particular de dor articular é a que ocorre em repouso durante a noite. 
 A dor pode ser associada com outros sintomas como a rigidez, a instabilidade ou o calor. 
Critérios diagnósticos: 
 Uma articulação lesada ou inflamada pode ser fonte de dor decorrente de uma leve ou moderada pressão localizada (palpação), enquanto uma pressão 
forte pode causar dor muito intensa. 
 Durante a enfermidade articular (artropatia), a dor pode ser causada por movimentos passivos dentro da amplitude normalmente utilizada, ou pelo 
alongamento articular, e a movimentação pode ficar limitada. 
 Uma articulação inflamada pode ficar inchada, quente e avermelhada. 
 A artropatia crônica pode ser caracterizada por deformidade articular e crescimento ósseo. 
 A artralgia pode ser acompanhada
por uma redução de amplitude de movimento, e até mesmo por um aumento de amplitude de movimento (por 
exemplo após rupturas ligamentares). 
Avaliação 
A avaliação deve determinar se as articulações ou estruturas periarticulares, ou ambas, são a causa dos sintomas ou se há inflamação. Sintomas e achados extra-
articulares, que podem sugerir doença inflamatória sistêmica específica, também devem ser procurados e avaliados, particularmente se houver inflamação nas 
articulações. 
A história da doença atual deve identificar as características da dor articular, sintomas articulares associados e sintomas sistêmicos. Entre as características 
importantes do sintoma articular estão gravidade do início (p. ex., abrupto, gradual), padrões temporais (p. ex., variação diurna, persistente ou intermitente), 
duração (p. ex., aguda ou crônica) e fatores agravantes e atenuantes (p. ex., repouso, atividade). Deve-se perguntar ao paciente sobre contato sexual sem 
proteção (indicando risco de artrite infecciosa bacteriana com infecção gonocócica disseminada), picada de carrapatos ou se ele reside ou viaja para uma área 
onde a doença de Lyme é endêmica. 
A revisão dos sistemas deve ser completa para identificar os sintomas extra-articulares que podem sugerir doenças específicas. A história clínica e a história 
familiar devem identificar doenças inflamatórias sistêmicas conhecidas e outras doenças que podem causar sintomas articulares. Algumas doenças inflamatórias 
sistêmicas são mais prevalentes em famílias com determinados perfis genéticos. 
Diagnóstico 
 O diagnóstico de artralgia se baseia no exame físico, radiografias, imagens obtidas por ressonância magnética e tomografia computadorizada, exames 
de sangue e do liquido sinovial. 
 As radiografias podem documentar deformações, perda cartilaginosa, ruptura de ligamentos, etc. 
 As imagens obtidas por ressonância magnética podem documentar hiperplasia sinovial, edema da medula óssea e outras alterações do tecido mole. 
 As analises do sangue são úteis para verificação de marcadores inflamatórios. 
Interpretação dos achados 
 Um determinação inicial importante, com base principalmente em exame físico feito cuidadosamente, é se a dor se originou nas articulações, em 
outras estruturas adjacentes (p. ex., ossos, tendões, bursas, músculos), ambas (p. ex., como na gota) ou em outras estruturas. 
 Sensibilidade ou edema em um lado da articulação ou fora da linha da articulação sugere uma origem extra-articular (p. ex., tendões ou bursas); 
sensibilidade localizada na linha articular ou envolvimento mais difuso da articulação sugerem uma causa intra-articular. 
 MARIANA SANTOS NASCIMENTO SILVA 
 Dor que piora com movimento articular ativo, mas não passivo, pode indicar tendinite ou bursite (extra-articular); inflamação intra-articular geralmente 
restringe signicativamente a amplitude passiva e ativa do movimento articular. 
 Outra determinação importante é se as articulações estão inflamadas. 
 Dor durante repouso ou no início de uma atividade sugere inflamação articular, enquanto a dor que piora com o movimento e alivia com o repouso 
sugere distúrbios mecânicos ou não inflamatórios (p. ex., osteoartrite). Aumento da temperatura e eritema sugerem inflamação, mas esses resultados 
são frequentemente insensíveis, assim sua ausência não exclui inflamação. 
 Resultados clínicos de rigidez matinal prolongada, rigidez depois de inatividade prolongada (fenômeno gel), edema articular não traumático, febre ou 
perda ponderal não intencional são sugestivos de um distúrbio inflamatório sistêmico envolvendo as articulações. Dor difusa, vagamente descrita e 
atingindo as estruturas miofasciais sem sinais de inflamação sugere fibromialgia. 
 O envolvimento simetrico articular pode ser uma pista. O comprometimento tende a ser simétrico na artrite reumatoide, enquanto a assimetria é mais 
sugestiva de artrite psoriática, gota e artrite reativa ou artrite enteropática. 
 O exame das articulações das mãos pode fornecer outras pistas que ajudam a diferenciar a osteoartrite da artrite reumatoide ou que podem sugerir 
outras doenças. 
 Dor na coluna na presença de artrite periférica sugere espondiloartropatia soronegativa, mas pode ocorrer na artrite reumatoide (geralmente com dor 
na coluna cervical). É particularmente provável que a oligoartrite de início recente com dor vertebral seja uma espondiloartropatia soronegativa se o 
paciente tiver história familiar da mesma doença. Vermelhidão e dor ocular e dor lombar sugerem espondilite anquilosante. Placa psoriática prévia em 
um paciente com oligoartrite de início recente sugere fortemente artrite psoriática. 
Tratamento 
 Para o tratamento da dor, comumente são utilizados fármacos analgésicos (em geral fármacos antiinflamatórios não esteroidais). 
 A fisioterapia, o exercício, a educação e a estimulação nervosa transcutanea (TENS) são efetivos nas condições associadas à dor articular. 
 Os tratamentos específicos incluem (1) o uso de fármacos modificadores do curso da doença de base (por exemplo neutralizadores do fator de necrose 
tumoral do tipo alfa); e (2) substituição cirúrgica da articulação. 
OSTEOARTRITE 
Principal forma de artrite e uma das principais condições crônicas que acomete a população em todo o mundo, a osteoartrite (OA) pode ser caracterizada como 
uma doença articular degenerativa que envolve distintos graus de degeneração e dor articular, limitação funcional e diminuição da qualidade de vida. Qualquer 
articulação sinovial pode sofrer um processo de degeneração e ser responsável pela síndrome clínica da OA, embora os principais sítios sejam joelho, quadril e 
mãos. O mecanismo fisiopatológico básico da OA é composto por um duplo movimento de perda de tecido cartilaginoso hialino e remodelagem do tecido ósseo 
adjacente responsável pela formação dososteófitos. Nesse processo, todos os tecidos articulares são envolvidos, desde a cartilagem e o tecido ósseo até a cápsula 
sinovial, os músculos e os ligamentos. 
ARTRITE REUMATOIDE 
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória, sistêmica, de evolução crônica, de etiologia autoimune, que afeta principalmente as articulações sinoviais, 
em geral com padrão simétrico que compromete tendões, ligamentos e com potencial de destruição articular pela inflamação crônica e surgimento de erosões da 
cartilagem e do osso. Dependendo de fatores prognósticos, se não tratada, sua evolução pode ser dramática, levando rapidamente a dano articular irreversível 
com deformidades fixas e incapacidade funcional. Apesar da predileção pelas articulações, trata-se de doença sistêmica que pode apresentar sintomatologia extra-
articular. Geralmente esse comportamento é observado em formas graves cujo envolvimento poliarticular é observado desde o início do quadro clínico, sendo 
também característica a presença de altos títulos de autoanticorpos. É de etiologia multifatorial, englobando predisposição genética e fatores ambientais. Várias 
outras condições clínicas devem ser consideradas como diagnóstico diferencial de AR. Infecções virais, como rubéola, parvovírus B19, vírus da hepatite B, entre 
outros, podem causar sintomas de poliartrite inflamatória, mas que tendem a ter um curso evolutivo mais curto e raramente se estendendo mais do que 6 
semanas. A Chikungunya (um alfavírus) pode apresentar sintomas típicos, como febre, poliartrite e rash, bem como evoluir com persistência dos sintomas 
articulares, mimetizando a clínica de AR e podendo preencher os critérios classificatórios de 2010. 22 A história clínico-epidemiológica e os exames sorológicos 
podem auxiliar no diagnóstico. Pode ser difícil diferenciar AR inicial de outras condições reumatológicas, como o lúpus eritematoso sistêmico (LES), a 
dermatomiosite, a síndrome de Sjogren e as possíveis síndromes de sobreposição de doenças autoimunes. O perfil de autoanticorpos, bem como achados 
fenotípicos não comuns em AR, como envolvimento
de serosas, glomerulonefrite, etc., podem ser úteis no raciocínio clínico. 
 
 MARIANA SANTOS NASCIMENTO SILVA 
 
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2151/poliartrites.htm?_mobile=off 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/dor-articular-e-periarticular/dor-
poliarticular 
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2151/poliartrites.htm?_mobile=off
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/dor-articular-e-periarticular/dor-poliarticular
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/dor-articular-e-periarticular/dor-poliarticular

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