1. Princípios de interpretação da Constituição

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VINÍCIUS SECAFEN MINGATI
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Graduado em direito pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), Especialista e Direito Público pela Uniderp, Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Professor de Direito Processual Civil e de Direito Constitucional na Faculdade Metropolitana de Maringá (FAMMA), Professor nos Cursos de Pós-Graduação na Faculdade Metropolitana de Maringá, e na Faculdades Integrado (Campo Mourão-PR). Professor de Direito Constitucional no Curso Sólon. Advogado sócio do escritório Medina & Guimarães Advogados.
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
TEORIA DA NORMA – ROBERT ALEXY / RONALD DWORKIN
NORMAS: PRECEITOS QUE, EM CERTAS SITUAÇÕES, IMPÕEM DETERMINADA CONDUTA E QUE, EM OUTRAS SITUAÇÕES, ORIENTAM DETERMINADA CONDUTA.
REGRAS: RELATOS DESCRITIVOS DE CONDUTAS IMPOSTAS POR UM PROCESSO SUBSUNTIVO, DE REDUZIDA ABSTRAÇÃO, E QUE, PORTANTO, SÃO DENOMINADOS DE “MANDAMENTOS DE DEFINIÇÃO”.
“TUDO OU NADA”: SE UMA REGRA VALE, ENTÃO, DEVE SE FAZER EXATAMENTE AQUILO QUE ELA EXIGE, NEM MAIS, NEM MENOS. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
EXEMPLOS DE REGRAS PREVISTAS NO ART. 5º, CF:
XI - A CASA É ASILO INVIOLÁVEL DO INDIVÍDUO, NINGUÉM NELA PODENDO PENETRAR SEM CONSENTIMENTO DO MORADOR, SALVO EM CASO DE FLAGRANTE DELITO OU DESASTRE, OU PARA PRESTAR SOCORRO, OU, DURANTE O DIA, POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL;  
XLII - A PRÁTICA DO RACISMO CONSTITUI CRIME INAFIANÇÁVEL E IMPRESCRITÍVEL, SUJEITO À PENA DE RECLUSÃO, NOS TERMOS DA LEI;
XLVII - NÃO HAVERÁ PENAS:
a) DE MORTE, SALVO EM CASO DE GUERRA DECLARADA, NOS TERMOS DO ART. 84, XIX;
b) DE CARÁTER PERPÉTUO;
c) DE TRABALHOS FORÇADOS;
d) DE BANIMENTO;
e) CRUÉIS;
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
PRINCÍPIOS: NORMAS QUE INDICAM/ORIENTAM QUE ALGO SEJA REALIZADO NA MAIOR MEDIDA POSSÍVEL. DENTRO DAS POSSIBILIDADES JURÍDICAS E FÁTICAS EXISTENTES. SÃO “MANDAMENTOS DE OTIMIZAÇÃO”. 
SERVE COMO UM GUIA NA ARGUMENTAÇÃO EM DETERMINADO SENTIDO;
ESTARÃO SUJEITAS AO PROCESSO DE PONDERAÇÃO / BALANCEAMENTO / CALIBRAGEM / SOPESAMENTO.
EXEMPLOS DE PRINCÍPIOS PREVISTOS NO ART. 5º, CF:
XXIII - A PROPRIEDADE ATENDERÁ A SUA FUNÇÃO SOCIAL;  
LIV - NINGUÉM SERÁ PRIVADO DA LIBERDADE OU DE SEUS BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL;
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
LXXVIII A TODOS, NO ÂMBITO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO, SÃO ASSEGURADOS A RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO E OS MEIOS QUE GARANTAM A CELERIDADE DE SUA TRAMITAÇÃO.
DADO O SISTEMA JURÍDICO CONSTITUCIONAL, COMPOSTO, POIS, TANTO POR REGRAS COMO POR PRINCÍPIOS, INEVITÁVEL QUE, NA SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO, SURJAM COMPLICAÇÕES, DÚVIDAS, CONTRATEMPOS, EMBATES, QUE CONTARÃO, NA DOUTRINA, COM PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL AUXILIARES NA BUSCA PELA RESPOSTA CONSTITUCIONALMENTE ADEQUADA ÀS PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
BUSCA A INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO UM SISTEMA UNITÁRIO (GLOBAL) DE REGRAS/PRINCÍPIOS, QUE NÃO PODE SER INTERPRETADO DE FORMA INDIVIDUAL, MAS SIM GERAL.
BUSCA-SE A HARMONIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE TENSÃO. TAMBÉM É CHAMADO DE “EFEITO INTEGRADOR”.
Por exemplo, segundo o art. 5º, XV, CF, é garantido o direito de locomoção (ir, vir ficar), mas esse direito não me permite ingressar na casa de outra pessoa sem sua autorização, e desde que não estejam presentes as condições previstas no art. 5º, XI, CF. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
2. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE (EFICIÊNCIA)
A NORMA CONSTITUCIONAL DEVE TER A MAIS AMPLA EFETIVIDADE SOCIAL.
DESAFIO NEOCONSTITUCIONAL: EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, EM ESPECIAL DAQUELES DITOS SOCIAIS (NORMAS PROGRAMÁTICAS). 
IMPORTANTE, AQUI, QUE SE FAÇA MENÇÃO AO ART. 5º, § 1º, CF, QUE DETERMINA QUE OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS TENHAM APLICABILIDADE IMEDIATA:
§ 1º - AS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS TÊM APLICAÇÃO IMEDIATA.
TAL PREVISÃO CONSTITUCIONAL TRAZ À TONA A IDEIA DE ATIVISMO JUDICIAL, JÁ QUE O PODER JUDICIÁRIO, COMO DEFENSOR DA CARTA CONSTITUCIONAL, MESMO APARENTEMENTE INVADINDO A ESFERA DE COMPETÊNCIA DOS OUTROS PODERES, ESTÁ, NA REALIDADE, CUMPRINDO O PRECEITO ACIMA, QUANDO A INÉRCIA DE LEGISLATIVO E EXECUTIVO OFENDEM DIREITO FUNDAMENTAIS. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
3. PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO
OS BENS JURÍDICOS CONSTITUCIONALIZADOS DEVEM, NA MEDIDA DO POSSÍVEL, CONVIVER, DIANTE DE UM CONFLITO, DE FORMA HARMÔNICA, EVITANDO O SACRIFÍCIO (TOTAL) DE UM PRINCÍPIO EM RELAÇÃO A OUTRO. DECORRE DO PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO.
NÃO É FEITO A PRIORI, DEVENDO-SE TER EM MENTE QUE SE TRATA DE UMA CONCORDÂNCIA PRÁTICA, EM QUE A HARMONIZAÇÃO LEVARÁ EM CONTA AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO.
NÃO SE MOSTRAM ÚTEIS, DIANTE DA COLISÃO DE NORMAS DE MESMO CALIBRE, OS CRITÉRIOS TRADICIONAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NORMATIVOS – HIERÁRQUICO, CRONOLÓGICO, ESPECIALIZAÇÃO. 
MUITO UTILIZADO NO COMBATE ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS. EXEMPLOS: a) HONRA/VIDA PRIVADA X DIREITO À INFORMAÇÃO; b) LIBERDADE RELIGIOSA X VIDA
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
“DECISÃO DO STF EM QUE O PRINCÍPIO DE INTERPRETAÇÃO É UTILIZADO:
HC 83.125, STF – AFIRMA-SE A GRANDEZA DO DIREITO CONSTITUCIONAL DA MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO: “A liberdade de expressão constitui-se em direito fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, a exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.”
HC 82.424, STF – PONDERA-SE O DIREITO À LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, FRENTE A OUTROS VALORES: “O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. As liberdade públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os limites definidos na própria Constituição Federal (...). O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o ‘direito à incitação ao racismo’, dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra.”
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
4. PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE)
MÁXIMA EFETIVIDADE ÀS NORMAS CONSTITUCIONAIS. 
KONRAD HESSE: VONTADE DE CONSTITUIÇÃO X VONTADE DE PODER
PARA HESSE, A CONSTITUIÇÃO É FORÇA ATIVA, ORIENTANDO AS CONDUTAS, INDIVIDUAIS E GERAIS, CONFORME DITAMES NELA ESTABELECIDOS. 
AO INTÉRPRETE DA CONSTITUIÇÃO CABE O PAPEL DE SEMPRE PRESERVAR ESSA FORÇA NORMATIVA, ATUALIZANDO SUAS NORMAS À REALIDADE SOCIAL, E GARANTINDO A SUA MAIS ALTA EFICÁCIA.
EMBATE: HESSE X LASSALE
INDICAÇÃO: A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE) – tradução de Gilmar Ferreira Mendes. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
5. PRINCÍPIO DA INTEPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO
MÉTODO APLICADO PARA AS NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. 
DIANTE DE NORMAS COM DIVERSOS SIGNIFICADOS (PLURISSUBJETIVAS), DEVE-SE ATRIBUIR A ELAS A INTERPRETAÇÃO MAIS CONDIZENTE COM A UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO. 
“DEVE PREVALECER A INTERPRETAÇÃO NÃO CONTRÁRIA À CONSTITUIÇÃO”;
“SE UMA LEI PODE SER INTERPRETADA EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO, ASSIM DEVE ACONTECER, PARA GARANTIR SUA CONTINUIDADE.”
EXEMPLOS: ENTIDADE FAMILIAR E CASAMENTO CIVIL. INTERPRETAÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA QUE SEJA CONDIZENTE COM O FUNDAMENTO DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
6. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE (MÁXIMA DE ORIENTAÇÃO)
COMO PRINCÍPIO GERAL DO DIREITO, QUE ORIENTA TODO O ORDENAMENTO, PRECEDE E CONDICIONA A POSITIVAÇÃO JURÍDICA. 
LIMITA A ATUAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
DOS PODERES PÚBLICOS, VEDANDO QUE SEUS ÓRGÃOS AJAM COM EXCESSO OU VALENDO-SE DE ATOS INÚTEIS, DESARRAZOADOS E DESPROPORCIONAIS. 
ADVÉM DIRETAMENTE DAS SEGUINTES IDEIAS: JUSTIÇA, EQUIDADE, BOM SENSO, PRUDÊNCIA, MODERAÇÃO, JUSTA MEDIDA, PROIBIÇÃO DE EXCESSO, DIREITO JUSTO, ETC. 
FORTE APLICAÇÃO NA ANÁLISE DAS CONDUTAS DOS ENTES PÚBLICOS. 
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
ELEMENTOS: 
A) ADEQUAÇÃO: O MEIO ESCOLHIDO DEVE ESTAR APTO A ATINGIR O OBJETIVO FINAL. 
RELAÇÃO ENTRE MEIO E FIM; PERTINÊNCIA; IDONEIDADE; 
B) NECESSIDADE: MEIO MENOS GRAVOSO, MENOS INVASIVO (“ABATER PARDAIS COM CANHÕES”); MENOS LIMITAÇÕES/SACRIFÍCIOS AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
C) PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: IMPÕE-SE QUE AS VANTAGENS QUE A MEDIDA ADOTADA TRARÁ SUPEREM AS DESVANTAGENS. PONDERAÇÃO/PROIBIÇÃO DO EXCESSO; BUSCA DA MÁXIMA EFETIVIDADE E DA MÍNIMA RESTRIÇÃO. 
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