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1 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D DRC E SAÚDE PÚBLICA - Problema de saúde pública • 30 % da população brasileira adulta tem HAS e cerca de 16% tem diabetes • Custo anual HD: 50 a 60 mil reais / ano / paciente • DP: 45 a 55 mil reais / ano / paciente FATORES DE RISCO, SOCIODEMOGRÁFICOS E GENÉTICOS PARA DESENVOLVIMENTO DE DRC - Recomendação KDIGO Todo paciente pertencente ao chamado grupo de risco para desenvolverem a doença renal crônica deve ser submetido a exames para averiguar a presença de lesão renal (análise de proteinúria) e para estimar o nível de função renal (RFG) a cada ano. • Creatinina sérica, TFG;4 • Urina rotina; • Proteinúria positiva (dipstick)> quantificação da albuminúria (faz 24h ou relação albumina/Cr). • Diabéticos tipo II: pesquisa de albuminúria no momento do diagnóstico e após anualmente. PRINCIPAIS CAUSAS DE IRC • Diabetes • HAS • Glomerulonefrites crônicas • Doenças autoimunes • Rins policísticos/doenças hereditárias • Malformações congênitos 2 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Dependentes do estádio da DRC e da sua causa • Estadios mais precoces (3A): geralmente assintomáticos ou com sintomas relacionados à doença de base. • Estadios 3B, 4 e 5: início dos sintomas relacionados ao acúmulo de metabólitos nitrogenados, anemia, hiperfosfatemia, acidemia. - Manifestações ocorrem por alteração na função renal • Balanço hídrico e salino • Metabolismo ósseo: hiperparatiroidismo secundária • Atividade eritropoética: anemia normo-normo. • Controle da pressão arterial • Regulação ácido-base: acidose metabólica • Excreção de compostos nitrogenado: retem ureia, creatinina. *disfunção plaqu: tem plaqueta e coagulação normal mas as plaquetas não se juntam para estancar o sangue AVALIAÇÃO DA TFG - O ritmo de filtração glomerular (RFG) – medido pelo clearence - é o parâmetro pelo qual a função renal é expressa. É a soma da capacidade de filtração individual de cada néfron. Valor normal: • Homens ~ 130 ml/min/1,73 m2 • Mulheres ~ 120 ml/min/1,73m2 • Idade: 0,75 a 1 ml/min/ano > 40 anos (fisiológico) **deve-se considerar a idade para avaliação. - É usada para: • Detectar precocemente doença renal (pctes com doença renal tem poucos sinais e sintomas no início da doença) para permitir uma terapia precoce • Avaliar a progressão e resposta à terapia 3 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D • Ajudar a prever quando a terapia de substiução renal será necessária • Confirmar a necessidade de tratamento com diálise • Ajustar dose de medicamentos – metformina e ATB,ex. CLEARENCE - É o volume de plasma que fica “limpo” de uma determinada substância por unidade de tempo: - Substancia ideal: • Produção constante • Distribuir livremente no espaço extracelular • Não se ligar a proteínas • Ser livremente filtrado • Não ser secretado, nem reabsorvido nos túbulos • Não ser excretado ou degradado por via extrarenal → Creatinina (sérica): deriva do metabolismo da fosfocreatina muscular e da ingestão dietética de carne ou de suplementos de creatina. Sua geração é proporcional a massa muscular • Pessoa com pouco musculo pode ter creatinina baixa sem ter problema renal, assim como uma pessoa mais musculosa pode ter Cr alta ser ter problema renal. • Fácil de medir e de baixo custo • Liberada na circulação a uma taxa constante, não se liga às proteínas plasmáticas, é livremente filtrada e é secretada nos túbulos - A relação da Cr com o RFG não é linear, de modo que pequenas variações na concentração plasmática de Cr em baixos níveis, significam grandes variações de RFG. O clearance de creatinina (ClCr) superestima o RFG devido a secreção tubular em aproximadamente 10ml/min. • Taxa de excreção: o Homens: 20 a 25 mg/Kg/dia ou (28,2 – 0,172 x idade) o Mulheres: 15 a 20 mg/Kg/dia ou (21,9 – 0,115 x idade) - Cr sérica é usada para estimar o RFG, mas ela é pouco sensível a variações pequenas no RFG – o RFG pode estar reduzido em 50% antes da Cr sérica elevar (marcador tardio). • Cr 1,5 = RFG 20 a 90 ml/min/1,73ml - Clearance de creatinina 4 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D • Em 24 horas • Condicionar na geladeira • Problemas em incontinentes • Limitações: erros de coleta e superestimação do RFG devido a secreção tubular. → Cistatina-C - É uma proteína sintetizada por todas as células nucleadas a uma taxa constante que é livremente filtrada no glomérulo, quase completamente reabsorvida e catabolizada nos túbulos - A cistatina C não tem excreção urinária significativa - Influenciada por inflamação, doenças da tireóide, corticoide, neoplasias, tabagismo, massa gorda (obesidade) - Em pessoa com alta massa muscular, para saber se o aumento da Cr está relacionado a isso, faz a Cistatina C. - Pode ser usado para pacientes que tem redução da filtração, mas não mostra nada no exame da urina e anamnese – avalia se tem perda de função. → Fórmulas para calcular o RFGe 5 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D DIRETRIZES DE PRÁTICAS CLÍNICAS - Avaliar a função renal como taxa de filtração glomerular e não como a concentração sérica de um marcador endógeno → expressar em ml/min/1.73m2 - Medir a Cistatina C pode ser útil em adultos com RFG=45-59 ml/min/1.73m2 sem marcadores de dano renal. CLASSIFICAÇÃO → Importância de classificar DRC (quanto menor a TFG, pior o prognóstico.) 6 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D DIAGNÓSTICO - Preenchimento dos critérios diagnósticos: anormalidade da estrutura ou função renal por mais de 3 meses. Pode ser visto por: • Ultrassonografia de rins e vias urinárias: rins diminuídos (nefropatia diabética, HIV, linfoma não diminui), perda da diferenciação cortico-medular • Eletrólitos / gasometria venosa p/ ver bicarbonato • Perfil lipídico • Hemograma • Clcr<60ml/min: Ca, P, PTH, FA, Albumina. • Propedêutica complementar conforme a suspeita da doença de base: Vasculites, colagenoses, glomerulopatias primárias e secundárias. TRATAMENTO - Objetivos: • Tratamento ou controle da doença de base • Evitar ou reduzir a progressão da DRC (controlar HAS, DM, dislipidemia) • Tratamento das manifestações sistêmicas causadas pelo mau funcionamento renal • Minimizar o risco cardiovascular • Preparar o paciente para a terapia renal substitutiva - Controle da doença de base • Tratamento adequado das glomerulopatias primárias e secundárias • Tratamento adequado das colagenoses, vasculites • Resolução de causas obstrutivas • Orientações sobre o uso de drogas nefrotóxicas: ATB aminoglicosídeo, AINE - Controle da hipertensão arterial • PAS < 140 mmHg • PA < 130/80 mmHg DM A2 e A3 • Drogas indicadas: IECA/BRA • Impacto na progressão da DRC - DM • Alvo da GliHb • Drogas indicadas e contraindicadas • Impacto sobre a evolução da DRC → Tratamento das manifestações sistêmicas causadas pelo mau funcionamento renal Anemia - Multifatorial (descartar outras causas) - Etapas da abordagem: • adequação dos estoques de ferro: o Ferritina > 200ng/mL em hemodiálise e > 100 ng/ml em tratamento conservador o IST > 20% - Reposição de eritropoetina: o governo de ferro só libera se paciente com reserva de ferro ok (se não tiver repõe com sulfato ferroso) – dose de ataque 3x na semana. • Alvos: Hb entre 11 e 12g/dL. Não ultrapassar 13 g/dl Doença do metabolismo mineralósseo - Perda de massa renal, reduz clearece de fósforo que vai aumentar no sangue. Esse aumento estimula redução do Calcio – esse processo estimula a produção de PTH; Tem também aumento da FGF23 que diminui 1-alfa-hidroxilase (converte 25 hidroxivitamina D em calcitriol). Com a diminuição do calcitriol, tem diminuição da cálcio e consequente aumento do PTH (hiperparatireoidismo secundário). • Medidas dietéticas: dieta hipofosfatêmica, normocalcemica 7 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D • Quelantes de fósforo: carbonato de cálcio, acetato de cálcio, sevelamer. (objetivo: fósforo dentro dos valores de referência) – usa durante refeição, se usar fora vai contribuir p/ aumento de cálcio. • Reposição de vitamina D • Reposição de vitamina D ativada ( calcitriol) – governo fornece, se 25OH vit D está normal. • Calcimiméticos (receptores de vit D e Ca no paratireoide) • Paratireoidectomia parcial (diminui massa óssea) Distúrbios hidroeletrolíticos - Acidose metabólica: • Alvo: bicarbonato de sódio sérico > 22 mEq/L (22-26) • Reposição de bicarbonato de sódio VO – começa repor com bicarbonato de sódio (tampão contra acidose, se não tem ele usa o cálcio para fazer o tampão). - Hipercalemia: • Alvo: K < 5,5 mmol/L • Medidas dietéticas • Diuréticos de alça • Tratamento da acidemia – ela aumente chance de hipercalemia. • Quelantes de potássio: resinas de troca –Sorcal, patiromer, Loke - Pesquisa de sorologias e encaminhamento para vacinação Hepatite B • Anti-HBsAg negativo= encaminhar para vacinação • Dose dobrada e em 4 aplicações (0,30, 60 dias e 6 meses Hepatite C e HIV - Outras vacinas: anti-pneumocócica e Influenza Acompanhamento → Preparação para TRS - Tratamento conservador: medicamentos e acompanhamento. - Decisão compartilhada do método - Apresentação das opções terapêuticas: • Hemodiálise – fístula é imediata • Diálise peritoneal • Transplante • Tratamento conservador - Esclarecimento sobre pós e contras de cada método - Acompanhamento multidisciplinar EXAMES DE IMAGEM 8 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D → US US DOS RINS E VIAS URINÁRIAS • Idealmente deve ser realizado em todo paciente com doença renal • Barato, indolor, não usa radiocontraste nem radiação • Operador-dependente • Tamanho, forma, cistos, hidronefrose, cálculos, etc… US COM DOPPLER - Avaliação inicial de infarto, estenose e trombose. DRPAD HIDRONEFROSE 9 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D NEFROLITÍASE → Tomografia – urotomografia • Com contraste: alta especificidade e sensibilidade. • ATENÇÃO: Risco de nefropatia induzida por contraste • Sem contraste: cálculos, nefrocalcinose • Avaliar massas renais, investigar cálculos, avaliar massas retroperitoneais, útil na avaliação da hematúria não glomerular, etc. • Cortes de 3-5 mm • Limitações: obesos, alergia ao contraste, Doença renal crônica ou aguda pode limitar em alguns casos 10 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D - Cistos adquiridos – DRPAD (não recorre) *indicação de nefrectomia prévia ao transplante - Infarto renal → Ressonancia magnética • Com ou sem contraste => gadolíneo : proibido quando RFG < 30 ml/min, 1,72m2 => risco de fibrose sistêmica nefrogênica • Alternativa para alergia ou contra-indicação ao contraste iodado da TC - Volume total renal na DRPAD 11 DOENÇA RENAL CRONICA Nicoly Guimarães 71 D CONCLUSÕES - DRC é frequente, subestimada e uma doença grave - DRC tem grande impacto sobre as políticas de saúde pública - Classificação é fundamental para abordagem adequada - Pacientes com DRC apresentam índices de mortalidade mais elevados que a população geral, em todos os estágios da doença. - Médico generalista: papel fundamental no tratamento dos pacientes, tanto das doenças de base como das alterações secundárias à própria DRC. - Tratamento consiste em controle rigoroso da PA, DM, obesidade, dislipidemia, mudança de estilo de vida. - Tratamento específico, sempre ficar atento: • Anemia • Distúrbios hidroeletrolíticos • Doença mineral e óssea • Risco elevado de infeções e importância da vacinação • Encaminhar ao especialista quando indicado, de preferência com as medidas terapêuticas indicadas instituídas - Pacientes com DRC: risco super elevado de eventos cardiovasculares!!! 12 FIBROMIALGIA Nicoly Guimarães 71D
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