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1 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D CONCEITO DE DRC - DRC é definida como anormalidades da estrutura ou função renal, presentes por mais de 3 meses. É classificada com base em causa, categoria de tfg e categoria de albuminúria (cga) DOENÇA RENAL DO DIABETES DEFINIÇÃO - Parte de uma síndrome microvascular generalizada - Apresentação em vários fenótipos: • 60% nefropatia diabética clássica • 13% nefropatia isquêmica • 27% outra glomerulopatia coexistente EPIDEMIOLOGIA - É a principal causa de DRCT no mundo desenvolvido -> 40 a 60% dos pacientes em diálise - Risco de desenvolver DRD em DM 1=DM2 = cerca 40% - Aumenta a mortalidade: DM 1 sem proteinúria: 2 a 3 x DM 1 com proteinúria: 20 a 200 x FATORES DE RISCO • Idade avançada • Duração prolongada do DM • História Familiar • Tabagismo • HAS • Obesidade • Hiperuricemia • Controle glicêmico ruim FISIOPATOLOGIA - Predisposição genética - Fatores hemodinâmicos (hiperfiltração glomerular) - Fatores metabólicos (AGES, TGF-β,PCKinase) – compostos de glicação avançada são inflamatórios.( ingesta sacarose e frutose) 2 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D Normalmente a glicose é absorvida no túbulo proximal. Ao longo dos túbulos tem transportadores de glicose (SGLT1/SGLT2). Na DM, pela hiperglicemia, tem vasoconstrição na arteríola eferente (aumento da pressão dentro do glomérulo, aumentando pressão de filtração) e vasodilatação na aferente (leva sangue p/ dentro do glomérulo aumentando o fluxo de sangue para o rim) – no inicio da doença tem hiperfiltração. HISTÓRIA NATURAL • Hiperfiltração (falha na barreira de filtração) • Microalbuminúria (albuminúria moderadamente aumentada) • Proteinúria • DRCT Pode pular de fase: mesmo sem albuminuria importante ir dieto p/ fase terminal, nefropatia diabética sem proteinúria (comum em idosos). Pode regressão de microalbuminuria para Albuminuria normal - depende de controle dietético e pressórico. HISTOPATOLOGIA - Espessamento da MBG - Expansão da matriz mesangial - Redução de podócitos e fusão dos processos podocitários 3 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D DIAGNÓSTICO - Baseia-se na detecção de proteinúria, mas a maioria também tem HAS e retinopatia. • Retinopatia está presente em virtualmente todos os pacientes com DM 1 e proteinúria; já no DM 2 está presente em apensas 50 a 60% dos pacientes com proteinúria => a ausência de retinopatia não exclui DRD • DR na DM1 surge 5-10 pós diagnóstico. Na DM2 já pode ter presente ao diagnóstico (avalia desde o começo) - Diante da suspeita de DRD (Albuminúria persistente e/ou redução da TFG) • Relação albumina/creatinina em amostra única de urina (ou urina 24h) • Cr sérica e estimativa do RFG • Aferir PA • Exame oftalmológico → Relação albumina/creatinina - Perda de proteína sem ser patológica: ITU, glicada descontrolada → Biópsia renal – quando fazer ? - Padrão ouro para o diagnóstico. - Não é feita rotineiramente, a menos que se suspeite de um diagnóstico alternativo - Faz quando desconfia que não tem a doença (tem perda da função renal progressiva): síndrome nefrótica com pouco tempo de diagnóstico, microalbuminúria sem retinopatia MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Risco cardiovascular: portadores de DRD são mais propensos a morrer de doença cardíaca do que evoluir para doença renal em estágio terminal - Albuminúria e TGF vs. Mortalidade - Pesquisar anualmente em todos os pacientes com DM - Albuminúria: Relação albumina/creatinina 2 ocasiões em 3 meses ou +2 x em 3 amostras - Falso + = ICC/ Febre/ Exercício/ Hiperglicemia/ITU 4 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D mortalidade por todas as causas: em relação ao clearence de creatinina (menor clearence, maior mortalidade). Albuminuria é o contrário (maior albu maior mortalidade) TRATAMENTO → Objetivos: • Reduzir o risco de progressão da doença renal e cardiovascular. • Regressão da albuminúria e preservação da função renal, embora difíceis, são o objetivo ideal do tratamento. • Controle glicêmico e pressórico são vitais no tratamento: já logo no inicio. • Modificações no estilo de vida: dieta, atividade física, cessar tabagismo, perder peso. • Se for iniciar com medicamentos: o 1ª linha: metformina e inibidores da SGLT2. o Bloqueio do SRA p/ controle pressórico o Estatina p/ dislipidemia ou prevenção de aterosclerose. → Controle pressórico e o sistema RAA na DRD - Patogenese da HAS no DM • Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona • Ativação do sistema simpático • Alterações macrosvasculares: enrijecimento aórtico - aumento da PAS • Retenção de sódio e hipervolemia No DM1 normalmente a HAS é secundária a doença renal parenquimatosa. - Controle da HAS • HAS está presente em 40% dos pctes DM 1 e 70% dos pctes DM 2 com normoalbuminúria. • HAS está associada a um aumento no risco de desenvolvimento de nefropatia, e nos pacientes com nefropatia já estabelecida está associada a perda mais rápida da função renal e aumento do risco de DRCT. • O controle pressórico reduz a albuminúria, retarda a progressão da nefropatia diabética e melhora a sobrevida tanto no DM 1 quanto no DM 2. • PA < 130/80 mmHg nos pacientes diabéticos com relação albumina/creatinina > 30 mg/g (A2 e A3) PA – a diastólica não pode ficar abaixo de 70 (por causa da perfusão) - ficar entre 12/7 e 13/8 o < 140/90 mmHg nos pacientes sem microalbuminuria - Sistema renina – angiotensina – aldosterona • O uso e IECA ou BRA nos pacientes com nefropatia diabética confere renoproteção independente da redução da pressão arterial. (Efeito hemodinâmico e não hemodinâmico – TGF- β). → primeira opção. 5 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D • Nos pacientes diabéticos normotensos com albuminúria, o uso de IECA ou BRA deve ser considerado (efeito renoprotetor) o Com bloqueio dos receptores de angiotensina, faz dilatação da eferente, aliviando a pressão dentro do glomérulo. Por isso IECA e BRA como primeira opção p/ PA. - IECA e BRA • O uso de IECA reduz o risco de progressão da nefropatia diabética nos pacientes DM 1 com albuminúria moderadamente aumentada. • Não existem dados suficientes que demonstrem a eficácia dos BRAs nos pctes com DM1. • No DM 2 existem mais dados disponíveis do efeito renoprotetor dos BRAs comparados aos IECAs. • Entretanto baseado nas propriedades que IECAs e BRAs compartilham inibindo o SRAA, existem razões suficientes para acreditar que ambos são eficazes no tratamento de pctes com DM1 e DM2. • São eficazes em reduzir a proteinúria e diminuir a progressão da doença. • O uso combinado de IECA + BRA não é recomendado: aumento mortalidade por potássio alto. • Não está recomendado o uso de BRA ou IECA em pacientes normotensos e normoalbuminúricos para prevenção primária da DRD. • Mulheres em idade reprodutiva devem ser advertidas quanto efeito teratogênico de ACO. • Pode ocorrer um aumento de até 30% na Cr após o início de IECA ou BRA – rever. • Esse aumento de creatinina está associado a renoproteção a longo prazo e por isso essas drogas não devem necessariamente ser suspensas nesses pacientes. • Limitações ao uso: o HiperKalemia o Hipotensão o Redução do RFG e LRA o Teratogenicidade: mulheres em idade reprodutiva → Controle pressórico - Diuréticos • Restrição de sódio (< 2g/dia) aumenta o efeito antiproteinúrico de BRA e IECA. • Combinar furosemida ou tiazídico pode potencializar o efeito antihipertensivo deIECA/BRA. - Bloqueadores de canais de cálcio • Não dihidropiridínicos (diltiazem, verapamil): tem efeito antiproteinúrico. • Dihidropiridínicos (anlodipina, nifedipina) podem ser usados como drogas adicionais ao tratamento da hipertensão, mas não apresentam efeitos antiproteinúricos ou de redução da progressão da nefropatia - Beta-bloqueadores • Beta-bloqueadores clássicos (propranolol) não são recomendados para pacientes diabéticos devido aos efeitos metabólicos adversos (dislipidemia e sensibilidade reduzida a hipoglicemia) • Beta-bloqueadores modernos (carvedilol e nebivolol) podem ser extremamente úteis nos pacientes diabéticos com nefropatia devido ao elevado risco de doença cardiovascular. - Bloqueio da aldosterona: antagonistas do receptor mineralocorticoide 6 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D - Espironolactona • reduz a proteinuria quando usada sozinha e potencializa o efeito antiproteinúrico de IECA/BRA • Risco/ limitações: hiperKalemia (associado a IECA/BRA) - Novos antagonistas do receptor mineralocorticoide não esteroide: Finerinona • Reduzem proteinúria, com menor risco de HiperKalemia • Novos estudos mostrando um potencial beneficio de redução na progressão da doença renal e risco cardiovascular em pacientes com DM2 e albuminúria. → Controle glicêmico - O controle glicêmico rigoroso, especialmente no início da doença, está associado a redução do desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares, incluindo a nefropatia. - Meta de HbA1C: • Individualizada (< 6,5% a < 8,0%), levar em conta a idade do paciente, duração do DM, presença ou não de DRD e complicações cardiovasculares, susceptibilidade e perigo de hipoglicemia. • Maior flexibilidade em pacientes idosos e com expectativa de vida baixa. • Nos pctes com diagnóstico recente e sem eventos cardiovasculares prévios, o controle rigoroso da glicemia pode reduzir o risco de nefropatia e outras complicações microvasculares. - Metformina: droga de primeira escolha junto com iSGLT-2 para DM2. Não usar se RFGe < 30 • Clearence <45/min – metade da dose • Clearence <30/min diminui ou tira por risco de acidose lática • Hemodiálise retira. • Monitorar B12 - tem que ser > 400. - Inibidores de SGLT-2 • Clearence <20 não inicia (pode manter se paciente já está usando e isso não foi a causa) • Histórico: molécula precursora: florizina • Única classe que atua nos rins • Mudança de paradigma no tratamento da doença renal do diabetes • Em condições normais os receptores SGLT1/2 reabsorvem sódio e glicose do túbulo de volta para o sangue. Na DM tem aumento da pressão intragloemurlar, com muita glicose e sódio chegando no túbulo e os receptores vão estar funcionando mais, aumentando a reabsorção. Tem redução do sódio que chega ao aparelho justaglomerular e, pelo SRA, piora a situação. Os inibidores reduzem a reabsorção de sódio e glicose, gerando glicosuria e natriurese. Essas substancias chegando na macula densa, o rim interpreta que o fluxo está alto na arteríola aferente, fazendo constrição dessa. Com isso reduz o fluxo de sangue no rim e diminui a pressão intraglomeurlar. • Redução significativa do risco cardiovascular e da progressão da doença renal Peso, Hiperglicemia, Ácido úrico, Tônus Simpático, Estimula Feedback Glomerulotubular Pressão Arterial • Efeitos colaterais Redução inicial do RFG Infecções genitais/urinárias Hipovolemia Cetoacidose Euglicêmica Hipoglicemia (especialmente se concomitante a insulina) 7 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D Disponíveis no BR. → Dislipidemia - A dislipidemia nos pacientes diabéticos pode contribuir para o desenvolvimento de glomeruloesclerose e perda progressiva da função renal. - No DM 2 não dialítico o uso de estatina = benefício cardiovascular. - Os alvos recomendados são: • LDL ≤ 100 mg/dL para pctes DM em geral • LDL ≤ 70 mg/dL para pctes DM com doença cardiovascular • O LDL não é o único lípide que define risco cardiovascular. → Tabagismo - Tabagismo é um fator de risco independente para o desenvolvimento de DRD nos pacientes com DM2 e está associado ao aceleramento na perda de função renal. - Cessação do tabagismo (Am J Med Sci.2008;335:284-291): melhora progressão de albuminúria moderadamente aumentada para albuminúria severamente aumentada e melhora prognóstico renal. 8 DOENÇA RENAL DO DIABETES Nicoly Guimarães 71 D
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