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Christiane Novais- 5º semestre medicina INFECÇÃO URINÁRIA O QUE É? É a resposta inflamatória dos tecidos de qualquer parte do trato urinário à invasão bacteriana ou, mais raramente, a fungos e a vírus. PATÓGENOS NA URINA · Infecção (quando causa repercussão clínica, pode até levar o paciente a óbito); · Colonização (a bactéria vive lá, mas não causa nenhuma complicação); · Contaminação (contaminou a amostra de urina); · Infecção urinária bacteriana mais comum; · Mais frequente em mulheres; · 7 milhões de consultas por ano; · Mais de 1 milhão de visitas em pronto-socorro; · 100 mil hospitalizações ao ano; · Infecção hospitalar mais frequente; · 2x mais comum em mulheres; POPULAÇÕES SUSCETÍVEIS · Crianças pequenas; · Mulheres grávidas; · Idosos; · Pacientes com lesões medulares (resíduo miccional aumentado); · Usuários de sonda vesical; · Diabéticos; · Imunossuprimidos; A urina não contém bactérias, caso tenha, é infecção urinária, mas se tiver bactérias sem sintomas ou sinal, é uma bacteriúria assintomática. BACTERIÚRIA: Bactérias na urina é qualquer quantidade de bactérias? Não, em 1956, Kass relata ser preciso ter uma quantidade significativa a partir de 100.000 UFC/ ml. Se sintomas: 1. Mulheres > 1.000 UFC/mL; 2. Homem > 100.000 UFC/mL; 3. Com cateter urinário > 100 UFC/mL; 4. Punção supra púbica > qualquer valor; Bacteriúria assintomática: 1. Mulheres >2 amostras com 100.000 UFC ou mais; 2. Homens> 1 amostra com 100.000 UFC ou mais; 3. Pacientes com cateteres urinários > 100 ou 100.000 UFC (controverso); Piúria são leucócitos degenerados na urina, piúria sem bacteriúria traduz inflamação do trato urinário associada a calculose, cistites não- bacterianas, neoplasia ou tuberculose. Pode haver também infecção urinária com cultura de urina negativa, mas isso só ocorre nas fases bem precoces, onde há sintomas clínicos e a bactéria é identificada apenas nas culturas de biópsia de bexiga, mas logo nos dias seguintes a urina se contamina. Mas se for prostatites ou pielonefrites, as bactérias ficam restritas aos parênquimas dos respectivos órgãos, sem contaminar a urina. QUANDO DEVE TRATAR A BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA? NÃO VAI TRATAR NEM PEDIR EXAMES, EXCETO: 1. GESTANTES; 2. PRÉ-OP DE PROCEDIMENTOS UROLÓGICAS COM POSSÍVEL SANGRAMENTO OU LESÃO DE MUCOSA (pode causar urossepse- infecção complicada); 3. PRIMEIRO AO TERCEIRO MÊS PÓS TRANSPLANTE RENAL? INFECÇÃO URINÁRIA DE REPETIÇÃO ITU de repetição: 3 ou mais em um ano ou 2 ou mais em 6 meses; RECORRÊNCIA: Nova infecção após resolução documentada da ITU; REINFECÇÃO: Novo evento- bactéria de outro sítio; Fatores comportamentais: relação sexual, novo parceiro no último ano, uso de espermicida, ITU antes dos 15 anos, HF (mãe) com ITU PERSISTÊNCIA: Mesma bactéria- foco do trato urinário; PATOGENIA As bactérias ascendem a partir do meato uretral, atingindo o trato urinário e proliferando na luz de órgãos tubulares como uretra, bexiga, ureteres e bacinete, causando uretrites, cistites, pielonefrites ou prostatites, isolada ou em conjunto a depender dos órgãos acometidos, mas vale lembrar que nem todo indivíduo vai desenvolver infecções urinárias porque há vários mecanismos de defesa que os protegem: 1. Fluxo de urina constante; 2. Efeitos inibidores da urina normal (baixo pH, osmolaridade, uréia, ácidos orgânicos); 3. Secreção de substâncias que impedem a aderência bacteriana pelo urotélio (imunoglobulina A, açúcares de baixo peso molecular); 4. Efeitos antibacterianos da mucosa vesical, na qual há armazenamento de urina (neutrófilos, interleucinas 6 e 8); 5. Mecanismo anti-refluxo vésico- ureteral que dificulta a progressão de bactérias para ureteres e rins. As mulheres são mais propensas a terem a uretra mais curta e terem o meato uretral desembocando próximo à vagina e ao ânus, sendo mais fácil a contaminação por via ascendente a partir de bactérias da flora vaginal e intestinal. As contaminações por via hematogênica não são comuns e se alojam principalmente nos órgãos parenquimatosos, causando pielonefrites, prostatites, abscessos renais ou prostáticos, sendo que essas bactérias têm origem em focos primários de qualquer parte do organismo. 85% das infecções urinárias são devido a Escherichia coli, mas outras Gram- negativos, como Proteus sp, Klebsiella sp e Pseudomonas sp, e Gram- positivos, como Enterococcus faecalis e Staphilococcus saprophyticus, também são frequentes. Existe muitas bactérias de distintas espécies na flora intestinal, mas nem todas têm a mesma virulência (capacidade de causar infecções). As infecções podem ser simples ou complicadas, simples são as que acometem indivíduos com tratos urinários normais e que não tenham outras doenças que o tornem suscetíveis a infecções, tem boa resposta a antimicrobianos e as recorrências são novas infecções. Complicadas são as que acometem indivíduos com alterações anatômicas ou funcionais do trato urinário, em diabéticos ou imunossuprimidos (transplantados e aidéticos), a resposta ao tratamento antimicrobiano nem sempre é satisfatória e as recidivas costumam ser com o mesmo agente bacteriano. INFECÇÃO URINÁRIA NÃO COMPLICADA SEM ALTERAÇÕES SISTÊMICAS ITU aguda (baixa) não complicada em mulheres; Pielonefrite aguda não complicada (controverso); Bacteriúria assintomática; INFECÇÃO URINÁRIA COMPLICADA Alterações anatômicas/ sistêmicas; Alterações obstrutivas; Alterações anatomofuncionais; Metabólicas; Cateter de demora; Origem nosocomial; Homens; CLÍNICA A bacteriúria assintomática é mais frequente entre as mulheres, acometendo cerca de 2% das meninas até os 15 anos e a partir daí aumentando com a idade por influência da atividade sexual, gravidez, cistoceles e diminuição da elasticidade ou das substancias protetoras do períneo, consequências naturais do envelhecimento. Nos homens, a incidência é menor que 1% até os 4 anos e a partir daí aumenta com a idade por influência da obstrução prostática. As infecções urinárias sintomáticas são cistites, pielonefrites e prostatites. No sexo masculino, a incidência nos primeiros 2 anos de vida é cerca de 2%, decrescendo até se tornar rara a partir dos 5 anos. Nesse período são causadas por anomalias congênitas do trato urinário (obstrução, refluxo vésico- uretral, válvula de uretra posterior), e a partir dos 50 anos volta a ocorrer, com aumento progressivo da incidência consequente a obstruções causadas pela próstata. No sexo feminino, a incidência é em cerca de 2% nos dois primeiros anos, também devido a anomalias congênitas do trato urinário, para decrescer em seguida. A partir dos 5 anos, a incidência aumenta de forma constante com a idade, mas com picos maiores no início da atividade sexual e gravidez. CISTITE AGUDA Cistite bacteriana aguda é a forma mais frequente de infecção urinária, caracterizada por disúria, polaciúria, urgência, hematúria, dor suprapúbica e, menos frequentemente, febre e hematúria. Se ocorre disúria + polaciúria na ausência de vaginite, a probabilidade é 90% de ser cistite. Então se o paciente tem quadro clássico, não é necessário pedir urocultura devido as limitações e demora do resultado da urocultura quantitativa. Não deve pedir exames, a não ser se: 1. Infecções de repetição; 2. Evolução arrastada; 3. Pielonefrites; 4. Gestantes (rastreamento entre 12-16 semanas de gestação, repetir se + ou alto risco- DM, anormalidades do trato urinário, gemelar); Solicita: urina 1 com contagem de colônias + antibiograma; Comum em: · História de cistite prévia; · Atividade sexual; · Uso de espermicida; Relacionados: · Níveis baixos de estrogênio; · Cistocele; · Incontinência urinária; PIELONEFRITE AGUDA (PROCESSO SISTÊMICO) Pielonefrite aguda é caracterizada por dor lombar, febre, calafrios e astenia dependendo da gravidez. O órgão mais acometido é o rim, embora a infecção seja de todo o trato urinário. No exame físico, é frequentemente encontrar dor intensa à percussão lombar no lado comprometido (Giordano positivo). Sintomas de cistite aguda + febre, náuseas ou vômitos, lombalgia (Giordano), queda do estado geral. INFECÇÃO URINÁRIA