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Wendell Magalhães Bacharel e Mestre em Economia (UFPA) Introdução à Crítica da Economia Política com base em O Capital O modo de produção Capitalista: A exploração da força de trabalho O modo de produção capitalista (MPC) é o modo de produção dominante mundialmente, apesar das experiências históricas contrárias e alternativas a ele no século XX e dos poucos casos remanescentes problemáticos (Cuba, China, Vietnã, Coréia do Norte). Na análise da produção capitalista, destaca-se o fato que o modo de produção capitalista se funda na exploração do trabalhador e de sua força de trabalho. Lucro – O objetivo da produção Capitalista A partir da passagem da fórmula M – D – M para a fórmula D – M – D’ expressa- se a diferença entre a circulação mercantil simples e a circulação mercantil capitalista. Enquanto, na primeira, o produtor simples tem no dinheiro um simples meio de troca, cujo objetivo último é a aquisição de mercadorias de que carece e, portanto, vende para comprar; o capitalista, presente na segunda relação, compra para vender, visando obter mais dinheiro que o despendido anteriormente. Eis o movimento do capital, portanto: o ponto de partida é o dinheiro e o ponto de chegada é mais dinheiro. O capitalista personifica essa relação: a partir de dinheiro, compra, emprega e vende mercadorias para conseguir mais dinheiro. Lucro – O objetivo da produção Capitalista Netto, a fim de diferenciar o circuito do capital comercial (mercantil) do circuito do capital que se valoriza calcado na exploração do trabalho, expressa o primeiro como D – M – D+ e o segundo como D – M – D’, este último tal como encontramos em Marx. Enquanto no primeiro, o comerciante compra mais barato do que vende, no segundo caso, há um acréscimo de valor às mercadorias compradas para produzir a mercadoria final. Esse acréscimo de valor, como uma fração de D’ (sD’) se expressa como o lucro e, na sua origem, se constitui como mais-valor ou mais-valia (m). A produção Capitalista: produção de mais-valor (ou mais-valia) D como representante do dinheiro só é capital dentro de uma relação social que implique valorização. O capital mesmo é visto como uma relação social na qual se confrontam duas classes opostas, cujos interesses são antagônicos e se verificam no fato de que uma quer extrair trabalho excedente da outra. D, portanto, para ser capital, necessita comprar uma porção de mercadorias que ao comporem um processo de produção, produzirão mais valor do que o que foi necessário inicialmente para comprá-las. A produção Capitalista: produção de mais-valor (ou mais-valia) Dentre essas mercadorias, estão as máquinas, ferramentas, matérias-primas etc. que constituem o capital constante (c), denominado desta forma por ser responsável somente de transferir seu valor ao valor da produção. Por outro lado, nesse processo entra uma mercadoria especial denominada força de trabalho (FT). Esta, como toda mercadoria, tem o seu valor determinado pelo tempo socialmente necessário para sua produção, e o tempo socialmente necessário para sua produção é o tempo socialmente necessário para produzir os bens necessários para sua reprodução. Dentre esses bens estão tanto aqueles derivados de necessidades fisiológicas, quanto os derivados do grau de civilizatório em que se encontra o detentor dessa mercadoria em dado período histórico. A produção Capitalista: produção de mais- valor (ou mais-valia) Entretanto a FT é uma mercadoria especial, pois diferente das mercadorias que compõem o capital constante, ela não só repassa o seu valor para o produto final, mas produz um valor a mais do que aquele necessário para reproduzí-la. Daí advém o mais-valor ou mais-valia. Em síntese, “o capitalista paga ao trabalhador o equivalente ao valor de troca da sua força de trabalho e não o valor criado por ela na sua utilização (uso) – e este último é maior que o primeiro”. A obtenção de mais-valor, portanto, se deve à exploração ou uso da força de trabalho, por parte do capitalista, por um tempo superior ao necessário para produzir e reproduzir as condições de existência do trabalhador explorado. Se deve, assim, ao chamado tempo de trabalho excedente (TTE) dedicado pelo trabalhador à produção de mercadorias, em contraposição ao chamado tempo de trabalho necessário (TTN), o qual se refere àquele em que o trabalhador trabalha na produção de valor de que se apropria sob a forma de salário. A produção Capitalista: produção de mais- valor (ou mais-valia) Como já foi falado, o capitalista não emprega certa quantidade de dinheiro para obter a mesma quantidade de dinheiro ao final do processo de produção. Por isso, ele não paga um valor à força de trabalho para receber o mesmo valor. Entretanto, é importante sinalizar que isso não constitui um “roubo” ao trabalhador, no sentido próprio deste termo. As regras desse sistema fixadas em âmbito jurídico não são desrespeitadas. O salário, em tese, deve constituir o valor da força de trabalho, realmente. A exploração é caracterizada pelo fato de que o trabalhador, ou melhor, sua força de trabalho, é mero instrumento de produção não só de valor, mas de mais-valor, de um excedente de valor a ser apropriado pelo capitalista. A produção Capitalista: produção de mais- valor (ou mais-valia) Denomina-se, deste modo, a força de trabalho como capital variável, em oposição ao capital constante, já que aquela é responsável por acrescentar um valor a mais ao capital, tornando-o, dessa forma, variável. A relação entre essas duas variáveis denomina-se composição orgânica do capital: q= c/v. Diz-se que é alta a composição orgânica quanto maior a parte do capital constante em relação ao variável; e baixa quando vice-versa. Assinala, portanto, a maior ou menor mecanização das empresas. De posse das definições de capital constante e capital variável, podemos elucidar a composição do valor total da mercadoria que é a soma do capital constante, do capital variável e do mais-valor (ou -valia): c + v + m. Salário e trabalho Concreto/abstrato O salário se constitui como preço da força de trabalho. É o valor efetivamente pago ao trabalhador pela sua mercadoria força de trabalho. Nesse sentido ele pode variar acima ou abaixo do valor real da força de trabalho. O capitalista, na pretensão de extrair o maior lucro de sua produção, na medida que os salários constituem um custo para si, sempre pretenderão rebaixar esse valor ou o pagamento por esse valor, fazendo que, por vezes, os salários fiquem abaixo do valor da força de trabalho. Porém, a perpetuidade desse fator pode fazer com que a força de trabalho se degrade ao ponto que ameace sua existência, o que, a depender da dependência que os capitalistas tiverem de certa qualidade da força de trabalho em dada economia, pode pôr em risco a própria sociedade capitalista ali existente, já que esta se funda na exploração dessa força. Os trabalhadores, por sua vez, lutam para que o pagamento do valor da sua força de trabalho seja o maior possível, quando não assumem a bandeira revolucionária que questiona a própria produção capitalista. Salário e trabalho Concreto/abstrato A definição, portanto, do salário efetivamente pago à força de trabalho se dá por meio da luta de classes que, de um lado, tenta fazer com que o valor pago à força de trabalho esteja sempre próximo do limite do nível de subsistência e, de outro, esteja mais próximo do que exige o grau civilizacional atingido em dado contexto histórico. Esta última realidade é conquistada à duras penas através da luta dos trabalhadores. Para além da luta de classes, fatores intrínsecos à ordem capitalista como o desemprego, que quanto maior, mais barateia a força de trabalho, também interferem no salário. Salário e trabalho Concreto/abstrato O salário, na forma de um preço pago à força de trabalho, supõe uma homogeneização dessa força que se equipara a uma outra somente em termos quantitativos e não qualitativos. A explicação desse processo está na diferença entre trabalho concreto e abstrato, com o primeiroproduzindo valor de uso e o segundo sendo o produtor do valor de troca. Da feita que toda sociedade precisa de objetos úteis para se reproduzir, ela precisa de trabalhos concretos que os produzam. Mas, na sociedade capitalista, os objetos, da feita que são mercadorias, não possuem somente valor de uso, possuem também valor de troca que supõem a comparação desses objetos. Salário e trabalho Concreto/abstrato Essa comparação, necessária para a troca, realiza-se com a abstração das particularidades desses produtos e, portanto, dos trabalhos que o produziram. Estes últimos passam, portanto, a serem vistos como simples dispêndio de força física e psíquica igual em qualidade, variando somente em quantidade, ou seja, em seu tempo socialmente necessário. Essa massa comum de dispêndio de força física e psíquica presente nos produtos e que determinam o valor e, por conseguinte, valor de troca delas, é chamada de trabalho abstrato. Na mercadoria encontramos, pois, simultaneamente trabalho concreto e abstrato – mas não se trata, obviamente, de dois trabalhos: trata-se da apreciação do mesmo trabalho sob ângulos diferentes: do ângulo do valor de uso, trabalho concreto; do ângulo do valor de troca, trabalho abstrato (NETTO; BRAZ, 2006, p. 105). Salário e trabalho Concreto/abstrato 1. O trabalho abstrato só é pertinente nas economias nas quais as trocas mercantis são significativas; 2. Como no MPC, a lógica mercantil se universaliza, também se universaliza a redução do trabalho concreto a abstrato. • As hierarquias salariais – trabalho simples e trabalho complexo. Pode se considerar trabalho simples o dispêndio de energia física e psíquica realizado pelo trabalhador comum e médio; enquanto trabalho complexo é apenas trabalho simples potenciado: Determinada quantidade de trabalho complexo constitui um múltiplo de trabalho simples. A exploração do trabalho Ao longo da jornada de trabalho, temos o tempo de trabalho em duas partes: tempo de trabalho necessário (TTN) e tempo de trabalho excedente (TTE). Na primeira, o trabalhador trabalha o suficiente para produzir um valor que recupere o despendido pelo capitalista no pagamento de sua força de trabalho; na segunda, ele trabalha um tempo excedente cujo produto em valor é apropriado pelo capitalista, constituindo a mais-valia e seu lucro. A relação entre TTE e TTN, do ponto de vista do capital, aparece como a relação entre o mais-valor (m) e o capital variável (v); o que nos dá a taxa de mais-valia (m’), a qual expressa a taxa de exploração do trabalho pelo capital: m’= m/v. A exploração do trabalho O aumento da exploração do trabalho, ou seja, o aumento do trabalho excedente pode se dar por via do aumento de mais- valia absoluta, que consiste no aumento da jornada de trabalho, fixado o salário. Ou seja, o aumento de trabalho excedente fixado o trabalho necessário. Outra forma de aumento da mais- valia absoluta sem, necessariamente, prolongar a jornada de trabalho é a intensificação do trabalho, que consiste num maior controle e na imposição de um maior ritmo ao operário para que se produza mais em menos tempo. A exploração do trabalho Quando, entretanto, se fixa a jornada de trabalho e o capitalista se vê em dificuldade de alterá-la devido à organização e luta dos trabalhadores, o capitalista volta-se para o avanço das forças produtivas que, através do incremento tecnológico, tem na redução do valor do tempo de trabalho necessário a causa do aumento do tempo de trabalho excedente. Para isso acontecer, é necessário que se dê um avanço da produtividade nos setores produtores de bens necessários para a reprodução da força de trabalho. Esse modo de incrementar o excedente é chamado de aumento da mais-valia relativa. O Capital comanda o processo de trabalho “No MPC, na medida em que do trabalho resultam mercadorias cujo possuidor é o capitalista, que, vendendo-as, obtém um excedente extraído dos produtores diretos, o trabalho é, além de processo de criação de valor, processo de valorização do capital. A criação de valor opera-se no tempo de trabalho necessário; a valorização opera-se no tempo de trabalho excedente [...]” (NETTO; BRAZ, 2006, p. 111). O Capital comanda o processo de trabalho • Cooperação e subsunção formal do trabalho; • Manufatura, especialização e divisão do trabalho: a subsunção real do trabalho ao capital; • Divisão entre a concepção (e/ou administração) dos processos produtivos e a sua execução; divórcio da propriedade dos meios de produção das obrigações da sua administração/gerência. Trabalhador Coletivo e trabalho produtivo/improdutivo “O trabalhador coletivo é o conjunto de envolvidos na produção, desempenhem eles atividades manuais ou não.” “Quanto mais se desenvolve a produção especificamente capitalista, mais se expandem as fronteiras do trabalhador coletivo [...]”. Trabalho produtivo, para Marx, é aquele produtor de mais- valia, e esse tipo de trabalho se estende conforme se complexifica a produção material na sociedade capitalista. A repartição da mais-valia D – M… P…M’ - D’ Quanto à apropriação da mais-valia gerada ao final desse processo: a) uma parte é apropriada pelo capitalista que implementou o processo produtivo; trata-se do chamado lucro industrial; b) outra parte é aquela que o capitalista industrial cederá aos que eventualmente lhe emprestarem dinheiro; trata-se do juro, donde os banqueiros extraem seus lucros; c) uma terceira parte será cedida aos comerciantes, constituindo a base do lucro comercial. A distribuição da renda nacional Na sociedade burguesa, a distribuição da riqueza social faz-se sob o comando do capital e em detrimento dos trabalhadores. Produto social global é o conjunto de bens produzidos numa sociedade num determinado período de tempo. Parte dele busca repor o valor dos meios de produção utilizados (capital constante); parte visa constituir o novo valor gerado durante o ano (capital variável e mais-valia). Essa última parcela, o novo valor, constitui a renda nacional, resultante do trabalho produtivo. A distribuição da renda nacional Divisão primária da renda nacional: salários + mais-valia. A divisão secundária da renda nacional, por sua vez, incorpora as diversas camadas intermédias da produção. Quando o capitalismo ingressa em seu estágio imperialista, o Estado, através do orçamento público, torna-se o principal responsável pela renda nacional. A acumulação Capitalista e o movimento do Capital A sociedade, sob a égide do modo de produção capitalista, não é diferente do restante da sociedade no que diz respeito a sua necessidade de contínua produção e reprodução material. A diferença do MPC é que isso se faz por meio da produção, reprodução e acumulação de capital, o qual não deixa de ser uma forma, dentre outras possíveis e existentes ao longo da história, de relação social. A reprodução ampliada: a acumulação de Capital Reprodução Simples e Reprodução ampliada do capital. A acumulação de capital, suposta pela reprodução ampliada, se fundamenta na exploração do trabalho. Dois outros elementos interferem no processo de acumulação: o primeiro é o aumento da produtividade do trabalho, que acelera a acumulação; o segundo é a magnitude do capital investido, quanto maior o seu volume (considerada a proporção c e v), do ponto de vista do capital individual, maior a acumulação. O movimento do Capital O ciclo do capital a que já nos referimos pode ser dividido em três momentos: dois na circulação (D – M e M’ - D’) e um na produção (...P...). Tomados como processos periódicos, eles constituem a rotação do capital. A continuidade da produção capitalista, a sua reprodução, depende, naturalmente, da porção de D’ que estará na base do novo processo produtivo: quanto maior essa porção, considerada a proporção c e v, mais ampliada será a reprodução, mais alargada será a acumulação. O tempo de rotação do capital é igual à soma de seu tempo de circulação e de seu tempo de produção. O interesse do capitalista, por sua vez, consiste em reduzir ao máximoo tempo de rotação do seu capital: quanto menor o tempo de rotação, mais reinvestimentos podem ser feitos. Concentração e Centralização Por meio da concorrência entre os capitais, a acumulação de capital se torna algo imperioso, uma necessidade para que os capitais possam sobreviver. Somente os mais poderosos e maiores capitais sobrevivem na concorrência, o que as impele ao desenvolvimento das forças produtivas, à elevação de suas composições orgânicas e à sua concentração, que nada mais é que um outro jeito a se referir a sua reprodução ampliada e consequente acumulação. Concentração e Centralização Ao lado da concentração, a acumulação capitalista induz à centralização dos capitais. Este processo, diferente do anterior, não implica um aumento de capital diante de uma nova acumulação, mas o aumento de capital pela fusão de vários outros. A centralização do capital realiza-se pela união (mediante cartéis, trustes e a formação de holdings) de capitais já existentes. A medida que avançam os movimentos de concentração e centralização, diminui a concorrência tradicional entre diversas empresas, dando lugar à concorrência entre um número reduzido de grandes e poderosas empresas. A acumulação Capitalista e os trabalhadores O impacto da acumulação capitalista sobre a classe trabalhadora se dá, principalmente, através da criação de um exército industrial de reserva: um grande contingente de trabalhadores desempregados, que não encontra compradores para sua força de trabalho. Isso acontece a partir da elevação da composição orgânica do capital que passa a requerer um nível relativo ao capital total empregado cada vez menor de força de trabalho em contrapartida a um emprego maior de capital constante. A acumulação Capitalista e os trabalhadores Isso, por sua vez, não significa que o desemprego no MPC se deva ao desenvolvimento tecnológico, mas sim a como funciona a própria dinâmica da acumulação capitalista. A demanda de força de trabalho aumenta ou diminui conforme o nível da acumulação. O desemprego em massa, portanto, não resulta do desenvolvimento das forças produtivas, simplesmente, mas do desenvolvimento dessas forças sob as relações sociais de produção capitalistas. A acumulação Capitalista e os trabalhadores Quanto à composição do exército industrial de reserva, podemos dizer que temos uma chamada superpopulação relativa: flutuante, constituída por aqueles que, nos grandes centros industriais e mineiros, ora estão empregados, ora não; a latente, que existe nas áreas rurais impactadas por relações capitalistas e que, se vendo na oportunidade, migram para as zonas industriais; e a estagnada, formada por aqueles que nunca conseguem um emprego fixo, tendo de perambular entre uma ocupação e outra. Na base desse contingente, tirante o lumpemproletariado (vagabundos, criminosos, prostitutas etc.), estão os que vegetam na miséria e no pauperismo, trabalhadores aptos mas que não encontram emprego há muito tempo, órfãos, filhos de indigentes, mutilados, viúvas, enfermos etc. A acumulação Capitalista e os trabalhadores A importância do exército industrial de reserva na dinâmica capitalista está, primeiro, na pressão que exerce sobre os salários, podendo se dizer que os movimentos gerais dos salários regulam-se pela contração e expansão desse exército industrial de reserva; segundo, por oferecer ao capital um volume de força de trabalho que pode ser mobilizado a qualquer momento. Além do desemprego, a acumulação impacta os trabalhadores através da pauperização, que pode ser absoluta ou relativa. A acumulação Capitalista e os trabalhadores Pauperização absoluta: registra-se quando as condições de vida e trabalho do trabalhador sofrem uma degradação geral, como queda do salário real, aviltamento dos padrões de alimentação e moradia, intensificação do ritmo de trabalho, aumento do desemprego etc. Pauperização relativa: pode ocorrer mesmo com melhora das condições de vida dos trabalhadores, pois se caracteriza pela redução da parte que lhes cabe do total dos valores criados, enquanto cresce a parte apropriada pelos capitalistas. Acumulação Capitalista e “questão social” A reprodução da acumulação capitalista deve ser vista não somente como uma simples reprodução de coisas, de bens, de mercadorias ou mesmo de mais-valia, mas como produção e reprodução de relações sociais: Capitalistas X Proletários. A lei geral da acumulação capitalista: enorme crescimento da riqueza social e um igualmente enorme crescimento da pobreza. “Da dinâmica do MPC – ou, se se quiser, da sua lógica – resulta que o avanço da acumulação polarize, de um lado, uma gigantesca massa de valores e, de outro, uma imensa concentração de pobreza.” (NETTO; BRAZ, 2006, p. 137). Acumulação Capitalista e “questão social” Quanto maiores a riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e a energia de seu crescimento, portanto também a grandeza absoluta do proletariado e a força produtiva do seu trabalho, tanto maior o exército industrial de reserva. A força de trabalho disponível é desenvolvida pelas mesmas causas que a força expansiva do capital. A grandeza proporcional do exército industrial de reserva cresce, portanto, com as potências da riqueza. [… E] quanto maior, finalmente, a camada lazarenta da classe trabalhadora e o exército industrial de reserva, tanto maior o pauperismo oficial (MARX, 1984, I, 2: 209). Acumulação Capitalista e “questão social” A “questão social” do capitalismo em debate desde a terceira década do século XIX tem a pretensão de se anunciar, vez ou outra, como uma “nova questão social” por ideólogos a serviço da classe capitalista ou por intelectuais desavisados, quando a dita “questão social” se deriva dessa lei geral da acumulação capitalista. Ganhando novas expressões e mudanças a medida que avança a acumulação e o capitalismo experimenta mudanças, ela é insuprimível nos marcos do MPC. Uma “solução” da “questão social” mantendo-se e reproduzindo-se o MPC é o mesmo que um MPC sem acumulação de capital. REFERÊNCIAS MARX, K. O Capital. Crítica da Economia Política. São Paulo: Abril Cultural, 1983, t. I, v. 1; 1984, t. I, v. 2. NETTO, J. P. & BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez Editora, 2006. Obrigado!
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