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Sabrina Feitosa de Sousa PsicodiagnósticoUDF A realização de um diagnóstico psicológico é exclusiva do psicólogo (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Ou seja, o psicólogo pode diagnosticar transtornos mentais. O psicodiagnóstico pode ser definido como um processo clínico com início, meio e fim, com duração limitada e que utiliza entrevistas, técnicas e/ou testes psicológicos para realizar a coleta de dados que possibilitem chegar a um diagnóstico psicológico (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Já na avaliação psicológica, a testagem sempre é realizada, além disso, ela pode ser realizada em diversos contextos. Enquanto no psicodiagnóstico podem ser utilizados outros instrumentos, além dos testes psicológicos (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). O Problema Essa avaliação é solicitada porque existe um problema que deve ser investigado pelo psicólogo para que seja possível chegar ao diagnóstico. O problema começa a ser percebidos quando as alterações comportamentais são percebidas. (CUNHA, 2007). A crise pode ser definida como uma reação à uma situação ou fase que envolve alguma perturbação relacionada à dificuldade de lidar com a situação a partir de seus próprios meios (CUNHA, 2007). Objetivos do Psicodiagnóstico 1. Investigação Diagnóstica: objetiva explicar o funcionamento psíquico além do que o paciente tem consciência; 2. Avaliação do tratamento: é o reteste; 3. Como meio de comunicação: objetiva facilitar a comunicação e, em consequência, a tomada de insight; e 4. Na investigação: objetiva criar novos instrumentos para avaliação de personalidade, psicopatologias, etc. (ARZENO; 1995, como citado em RIGONI; DUBUGRAS, 2016). O psicodiagnóstico pode ser terapêutico, uma vez que a partir do vínculo entre avaliador e avaliando e dos resultados comunicados ao avaliando, o paciente pode ter decisões mais acertadas em relação ao tratamento e até mesmo mudanças em sua vida (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). O objetivo do psicodiagnóstico vai além de descobrir o número do DSM, pois encaminhamentos adequados também podem ser feitos ao indivíduo (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Passos do Psicodiagnóstico Segundo Ocampo e colaboradores (2005, como citado em RIGONI; DUBUGRAS, 2016): 1. Contato com o paciente até a entrevista; 2. Determinar o porquê a pessoa está lá; 3. Levantar dados sobre o histórico pessoal, profissional e social (anamnese); 4. Fazer um contrato de trabalho; 5. Fazer um plano de avaliação e selecionar os instrumentos e técnicas; 6. Aplicação dos testes e técnicas psicológicas; Sabrina Feitosa de Sousa PsicodiagnósticoUDF 7. Corrigir e interpretar os dados; 8. Integrar os dados e formular conclusões; 9. Devolutiva oral ao paciente; e 10. Elaboração do laudo ou relatório para o solicitante e para o paciente. Primeira Entrevista De início, deve-se realizar o acolhimento e triagem (verificar o motivo pelo qual o paciente está procurando um psicodiagnóstico). A seguir, pode-se partir para a coleta de informações (entrevista). Não se esqueça de se apresentar ao paciente e estabelecer o rapport. Além do motivo do encaminhamento que foi expresso pelo solicitante, o psicólogo deve ampliar esse motivo, de modo que contemple as principais queixas e sofrimentos psíquicos apresentados pelo avaliando (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Os motivos do encaminhamento devem ser esclarecidos (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). 1. Motivo manifesto: é o que está preocupando ao solicitante; e 2. Motivo latente: é o que não está claro para todos, mas se tornam hipóteses para o psicólogo (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Deve-se definir os papeis do psicólogo e dos avaliando e seus familiares: 1. Psicólogo: deve realizar uma entrevista excelente para conhecer ao paciente; e 2. Familiares e o avaliando: não devem esconder informações (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). O termo de consentimento livre e esclarecido deve ser assinado pelo avaliando (se esse for um indivíduo maior de idade e estiver em completo domínio de suas faculdades mentais) ou por seus responsáveis. Caso o psicodiagnóstico seja realizado numa criança ou adolescente, a primeira entrevista deve ser feita com o responsável legal (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Em alguns casos, entrevistas com familiares que tenham relação com a demanda do avaliando são necessárias e podem ser incluídas no processo. Quando a primeira entrevista for realizada com avaliando e familiares (no caso de sujeitos menores de idade), deve-se evitar expor questões delicadas do avaliando. Portanto, é aconselhado agendar uma entrevista somente com os familiares, explicando que não será necessária a presença do avaliando porque ele não pode fornecer as informações que ele não possui. Além disso, é aconselhado agendar uma entrevista apenas com o avaliando para manter o vínculo terapêutico proporcionando um espaço de escuta privativo ao mesmo (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). No decorrer das entrevistas, o psicólogo formula hipóteses que servirão de base para a escolha dos instrumentos (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Assim, o plano de ação tem início já nas primeiras entrevistas. Ao longo das entrevistas, o contrato de trabalho deve ser construído a fim de estimar um número de sessões, forma de pagamento, instrumentos utilizados e entrevista de devolução (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). O contrato de trabalho formal (escrito) não é obrigatório para pacientes que sejam maiores de idade e respondam por seus atos legalmente, mas é aconselhado. Sabrina Feitosa de Sousa PsicodiagnósticoUDF Em relação a ordem de aplicação dos instrumentos, deve-se ter o cuidado de não aplicar o teste que avalia o motivo manifesto de início, pois o processo de testagem deve ter início com o instrumento menos ansiogênico (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Entrevista de Devolução A entrevista de devolução pode ser realizada de duas formas: 1. sistemática: é a mais comum, na qual o laudo e a devolutiva oral são entregues; e 2. assistemática: é utilizada quando o avaliando ou familiares apresentam algum grau de ansiedade em relação ao resultado ou quando há risco de suicídio. Assim, pequenas devolutivas vão sendo realizadas ao longo do processo (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Ao realizar a devolutiva, deve-se dar início com informações a respeito dos aspectos sadios do avaliando, para então conceder informações sobre aspectos que requerem cuidados já informando o encaminhamento a fim de evitar a resistência ao tratamento. Além disso, deve-se ter o cuidado de não fornecer informações maiores do que as que o avaliando e seus familiares podem suportar no momento (RIGONI; DUBUGRAS, 2016). Modelos de Psicopatologia 1. Modelo categórico: enfoque qualitativo; julgamento se há ou não sintomas significativos (CUNHA, 2007). 2. Modelo dimensional: enfoque quantitativo; medir a intensidade dos sintomas (CUNHA, 2007). Transtorno Mental Pode ser definido como uma síndrome ou padrão comportamental ou psicológico associado a sofrimento clinicamente relevante. Esse sofrimento não pode ser socialmente aceito, por exemplo: o luto - a sociedade espera que o sujeito fique triste ao perder um ente querido; a depressão - é mais do que uma tristeza, sendo até mesmo incapacitante e mal compreendida pela sociedade (CUNHA, 2007). Contrato de Trabalho Deve conter: 1. Natureza do serviço: o que será realizado. Por exemplo: psicoterapia, avaliação psicológica, etc. 2. Forma de atendimento: presencial ou online. 3. Duração de cada atendimento e frequência. 4. Se aplicável: previsão do número de atendimentos. 5. Sigilo profissional: quais informações serão passadas para terceiros. 6. Termos de quebra de contrato (faltas, atrasos, reposição de atendimentos etc.). 7. Contato com o profissional(vias de contato e horários para entrar em contato). Referências CUNHA, J. A. O problema. In: Psicodiagnóstico-V. 5. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2007. p. 32–37. RIGONI, M. S.; DUBUGRAS, S. S. O processo psicodiagnóstico. In: Psicodiagnóstico. Porto Alegre: ARTMED, 2016. p. 47–60.
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