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Apendicite aguda Introdução • A apendicite aguda é a inflamação aguda do apêndice cecal que ocorre pela obstrução da parte interna do órgão • É uma das causas principais de dor abdominal, sendo a causa mais frequente de cirurgia de urgência em todo o mundo • Mais frequentes entre as 2ª e 3ª décadas de vida • Primeira apendicectomia sucedida – 1735 (DR. Charles Amyand) • Charles McBurney – criou o mecanismo de entrada de acesso ao apêndice • Apendicectomia é a operação mais frequente em situações de emergência. • Apesar de datar mais de 30 anos da primeira apendicectomia videolaparoscopia, ela ainda é realizada por laparotomia em mais de 90% dos casos em nosso país Anatomia Possíveis orientações do apêndice Etiologia • Causada por obstrução do lúmen do apêndice devido a: − Hiperplasia tecidual linfoide – 60% dos casos. Mais co- mum em crianças e adultos jovens − Fecalito e estase fecal – 35% dos casos (mais comum em adultos) − Neoplasias – incomum. Grupos de risco > 50 anos. − Infestação parasitária - incomum Fisiopatologia • Obstrução da luz do apêndice • Hiperproliferação bacteriana, com secreção de líquido e muco para o interior da luz • O aumento da pressão intraluminal e a distensão do apêndice promovem compressão vascular − Congestão venosa − Isquemia – 12 a 24h após a obstrução • A progressão do processo inflamatório apendicular repercute por contiguidade sobre o peritônio parietal adjacente e a dor passa a ficar localizada na fossa ilíaca direita • Sem interrupção em até 48h, o quase pode evoluir com ne- crose e perfuração do apêndice Fases • Apendicite aguda catarral • Apendicite aguda supurativa • Apendicite aguda gangrenosa • Apendicite aguda perfurativa Classificação laparoscópica Grau Achados inflamatórios Grau 0 Normal Grau 1 Hiperemia e edema Grau 2 Exsudato fibrinoso Grau 3 Necrose segmentar Grau 4 Abscesso Grau 4b Peritonite regional Grau 4c Necrose da base do apêndice Grau 5 Peritonite difusa • Os organismos aeróbios predominam no início, mas a flora pode se tornar polimicrobiana • Organismos envolvidos na apendicite gangrenosa e perfurada incluem: Escherichia coli, Bacteroides fragilis e espécies de Pseudomonas Sinais e sintomas Principais fatores para o diagnóstico: • Anamnese detalhada • Exame físico cuidadoso • Combinação dos sintomas • Tempo de progressão • Dor em fossa ilíaca direita Obstrução do lumen do apêndice Acúmulo de secreção, estase e proliferação bacteriana Aumento da pressão intraluminal Edema, obstrução linfática e vascular Isquemia, necrose e perfuração Como o apêndice torna-se tenso, as fibras nervosas afe- rentes viscerais que entram na medulo espinal a T8 – T10 são estimulados, levando à dor abdominal difusa ou pe- riumbilical. A dor mais localizada ocorre apenas quando a inflamação envolve o peritônio parietal adjacente. Sintomas: • Dor epigástrica ou periumbilical • 4 a 12h, anorexia e febre baixa a 12h e náuseas • 12 a 24h a dor aumenta e se localiza em FID Exame físico • Febre baixa • Direcionada palpação em FID • Presença de irritação peritoneal • Descompressão brusca (sinais) Diagnóstico • Anatomia clássica descrita por McBurney − Ponto de McBurney – 50% dos apêndices • Sinal de Blumberg – dor à descompressão no ponto de McBurney • Sinal de Rovsing – Dor na fossa ilíaca direita à palpação da fossa ilíaca esquerda • Sinal do Psoas – posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo e o examinador deve realizar a hiperextensão pas- siva do membro inferior direito (ou flexão ativa contra resis- tência) • Sinal do obturador – com o paciente em decúbito dorsal, faz- se a flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve, então procede-se com uma rotação interna da coxa. Sinais de irritação peritoneal • Sinal de Blumberg – mesmo que o sinal de gutenberg • Sinal de Rovsing - Dor na fossa ilíaca direita à palpação da fossa ilíaca esquerda • Sinal de Dumphy - dor à percussão do ponto de McBurney ou dor ao tossir. • Sinal de Lapinski – dor à compressão do ceco contra a parede posterior do abdome, enquanto o paciente eleva o membro inferior direito • Sinal do Psoas – dor à extensão da coxa direita sobre o qua- dril contra resistência em decúbito lateral esquerdo. • Sinal do Obturador – Dor à rotação interna do quadril direito flexionado em decúbito • Sinal do Martorelli – dor referida no abdome ao realizar a pu- nho percussão do calcâneo • Sinal de Gutemberg – mandar andar na ponta dos pés e de- pois baixar os pés com toda força. Exames laboratoriais • Hemograma completo • Glicemia em jejum • Ureia • Creatinina • VHS • PCR • Beta-HCG • TAp • TPPA • Tipagem sanguínea • Urina I • Parecer cardiológico • Parecer anestesiológico Exames de imagem Ultrassonografia • Características: − Apêndice não compressível − Diâmetro > 6 mm − Fecálito − Aumento da ecogenicidade da gordura periapendicular − Líquido periapendicular • Sensibilidade: 85% • Especificidade 90% • Melhores indicações − Crianças − Mulheres em idade fértil − Pacientes magros sem distensão abdominal − Alergia a contraste iodado • Limitações − Operador dependente − Menor acurácia em pacientes distendidos e obesos Tomografia • Com contraste endovenoso, mas pode utilizar sem contraste se o paciente possuir alergia • Características: − Diâmetro > 6mm − Parede > 2mm − Aumento da atenuação da parede − Borramento da gordura periapendicular − Fecalito − Sinais de perfuração/ coleção • Sensibilidade de até 100% (com contraste oral) • Sensibilidade de 92% com contraste endovenoso • Usada como teste diagnóstico inicial RNM • RNM abdominal e pélvica na gestação • Em gestantes que apresentam características de apendicite, é necessário realizar uma ultrassonografia abdominal para identificar o apêndice • Se o exame de ultrassonografia não for conclusivo, será ne- cessário realizar uma ressonância nuclear magnética (RNM) abdominal (principalmente no início da gravidez) • Apêndice anormal (> 6 mm) identificado e evidência de alte- rações inflamatórias periapendiciai, apendicolito e acúmulo de gordura. Pontos Diagnóstico < 4 Não corrobora com o diagnóstico e apendicite aguda 4 e 7 Esses pacientes se beneficiam de uma avaliação complementar > 7 Tem indicação de tratamento cirúrgico Diagnósticos diferenciais • Adenite mesentérica aguda • Gastroenterite viral • Diverticulite de Meckel • Intussuscepção • Doença de Crohn • Úlcera péptica • Calculose Renal Direita • Colescictite • ITU • Peritonite prismática • DIP • Folículo de Graaf roto • Gravidez ectópica • Torção ovariana Tratamento cirúrgico (apendicectomia) • Dieta zero • Hidratação − Solução de ringer lactato • Antibióticos intravenosos (IV): − Forma profilática no pós-operatório (controverso) − Cefoxitina é recomendado para formas não complicadas • Primeira escolha: apendicectomia imediata • Apendicectomia laparoscópica apresenta − Resultados estéticos melhores − Menor duração da internação hospitalar − Dor pós-operatória reduzida − Menor risco de infecção de feridas, em comparação com a apendicectomia aberta − É recomendada para apendicite aguda não complicada, complicada, perfurada e em pacientes obesos • Abordagem cirúrgica em gestantes é controversa − Maior risco de perda fetal com abordagem cirurgica Esquema de antibioticoterapia Ceftriaxona 2g IV/dia + Metronidazol 500mg IV 8/8h Ciprofloxacino 400mg IV 12/12h Levofloxacino 750 mg/dia Moxifloxacino 400 mg IV 24h
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