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Apresentação aula 1 redação

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DISCIPLINA: TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
PROFESSORA: GLERIS SUHETT FONTELLA 
AULA 1
Tipos de raciocínio; silogismo: dedução e indução
OBJETIVOS
Identificar a relação entre fato e norma;
- Diferenciar dedução de indução;
- Produzir parágrafos argumentativos por meio das duas formas de raciocínio.
Existem praticamente dois tipos de raciocínios no Direito: 
 *os raciocínios lógico-formais; 
* os raciocínios jurídicos, que Perelman qualifica como dialéticos - que tratam, enfim, da argumentação jurídica.
Os raciocínios lógico-formais produzidos no Direito seguem os postulados de inferência dedutiva ou indutiva inerentes ao esquema da Lógica Formal.
Partindo de duas ou mais verdades podemos concluir ou inferir outra verdade delas decorrente. O ato de tirar de mais de uma verdade uma terceira é o que denominamos inferência mediata, pelo fato de o raciocínio, para concluir, necessitar passar por um intermediário, por um mediador que possibilite a conclusão. As inferências mediatas processam-se por: dedução, indução e analogia. 
 
INDUÇÃO: quandoO raciocínio parte do particular para o geral
A indução é a operação mental que vai dos fatos, de um certo número de observações ou experiências, a uma proposição geral, à lei. A indução é a forma básica de raciocínio que permite obter conhecimentos do que é desconhecido por intermédio do conhecido.
	
Partimos do conhecido pela experiência, daquilo que é contingente e particular, o fato em si, para uma proposição geral, para a lei, que exprime uma relação universal e necessária, para todos os tempos e lugares. 
Pressupomos que o que vale para a parte empiricamente observada, vale também para o todo idealmente concebido.
DEDUÇÃO (silogismo): vai do geral para o particular
Dedução é a operação lógica (inferência) que consiste em concluir uma terceira proposição de duas outras dadas, indo dos princípios para uma consequência logicamente necessária.
Na dedução, tem-se a certeza lógica da conclusão, visto que se tem a segurança de que, observadas as regras da lógica dedutiva, partindo-se de premissas verdadeiras, a conclusão não pode deixar de ser verdadeira, pois ela, de certo modo, já está presente nas premissas.
A dedução parte de uma verdade geral (premissa maior), previamente aceita, para afirmações particulares (premissas menores). A aceitação da conclusão depende das premissas: se elas forem consideradas verdadeiras, a conclusão será também aceita. Por isso, toda informação da conclusão deve estar contida, pelo menos implicitamente, nas premissas.
Na prática, o silogismo apresenta três proposições: premissa maior, premissa menor e conclusão, que se dispõem de tal forma que a conclusão deriva de maneira lógica das duas premissas anteriores.
Numa operação lógica, a norma jurídica ocupa o lugar de premissa maior; o caso concreto, o de premissa menor; e a conclusão é a sentença final.
Exemplo:
Premissa Maior: "matar alguém: pena de 6 a 20 anos de reclusão", determinado pelo Estado como uma norma a ser seguida.
Premissa Menor: "João Alberto matou Patrício Motta".
Conclusão: João Alberto deverá cumprir pena fixada pelo juiz dentro dos limites legais estabelecidos. 
Silogismo esquematicamente estruturado:
Premissa Maior - PM
=
fundamento legal:
"Matar alguém"
Premissa Menor (Pm)
=
fato:
"João matou Patrício"
Conclusão (C)
"João deverá cumprir pena”
Assim, considere o caso de uma mulher cujos dois filhos, gêmeos, recém-nascidos, morreram em uma maternidade, no Pará, por infecção hospitalar, onde, em apenas uma semana, mais 17 crianças faleceram pelo mesmo motivo. 
Qual o raciocínio que essa mãe – ou o advogado que a representa - deveria seguir para chegar à conclusão de que faz jus à indenização por danos morais? 
PREMISSA MAIOR
(norma)
PREMISSA MENOR
(fato)
CONCLUSÃO
(junção das premissas)
O Código de Defesa do Consumidor estabelece, em seu art. 14, que “o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços”.
Os dois filhos da autora e mais 17 crianças morreram em decorrência de infecção hospitalar.
A clínica tem o dever de indenizar a autora, mesmo que não tenha agido com culpa, porque houve defeito na prestação de seus serviços.
Tabela 1:
Houve, no gráfico anterior, a subsunção do fato à norma, ou seja, buscaram-se os fatos que se “encaixassem” à norma “adequada” para defender a tese escolhida. Esse procedimento é dedutivo. 
Mas será que esse método é sempre o mais apropriado para redigir parágrafos argumentativos? Veremos que não.
Suponha que um advogado pretendesse sustentar, em juízo, no ano de 2002, que seu cliente – com 75 anos de idade e com grau de escolaridade elevado - foi ludibriado ao assinar um contrato de concessão de crédito em um banco que faz propagandas na televisão, oferecendo altas taxas de juros, com facilidade de crédito para os aposentados. O advogado pretende conseguir a anulação do contrato, sem o pagamento dos juros pactuados no momento de sua assinatura.
Por que deve o negócio jurídico ser desfeito? Que tipo de vício foi observado? A proposta argumentativa do advogado é sustentar que, em decorrência da idade do contratante, ele era mais vulnerável que outra pessoa mais jovem. 
Lembre que o Estatuto do idoso[2] somente foi sancionado pelo Presidente da República em outubro de 2003[3].
A argumentação seguiria o seguinte raciocínio:
O Estado protege de maneira peculiar as mulheres nas relações detrabalho[4]porque há situações específicas em que ela está em desvantagem em relação aos homens.
Então...
É papel do Estado proteger os mais fracos, tal como é o caso dos idosos.
O Estado protege, com maiores garantias, as crianças e osadolescentes[5]porque são mais fracos que os adultos.
O Estado protege osconsumidores[6]nas relações de consumo porque há situações específicas em que eles estão em desvantagem relativamente às empresas.
Questão1:Leia as afirmativas:
I - "A partir do exame de uma série de elementos particulares, extrai-se um princípio de ordem genérica" - procedimento indutivo.
II - "A informação legal é aplicada, por subsunção, ao caso concreto" - procedimento dedutivo.
III - o procedimento indutivo é muito eficiente quando se observa a omissão legislativa acerca da matéria em análise.
IV - Quando há omissão legislativa, podemos recorrer, também, à analogia, fonte do direito.
a) Estão corretas as assertivas I, II e III.
b) Estão corretas as assertivas II, III e IV.
c) Estão corretas as assertivas I e IV.
d) Estão corretas as assertivas I, II, III e IV.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 2- Leia o fragmento que segue e marque a opção INCORRETA:
"Uma dedução é um argumento que, dadas certas coisas, algo além dessas coisas necessariamente se segue delas. É uma demonstração quando as premissas das quais a dedução parte são verdadeiras e primitivas, ou são tais que o nosso conhecimento delas teve originalmente origem em premissas que são primitivas e verdadeiras; e é uma dedução dialéctica se raciocina a partir de opiniões respeitáveis." (Aristóteles)
a) Dedução é um tipo de organização silogística do raciocínio.
b) Indução é um tipo de organização silogística do raciocínio.
c) Dedução (PM + Pm = C) Indução (Pm + PM = C)
d) A demonstração é essencialmente indutiva, enquanto a argumentação é essencialmente dedutiva. 
Questão 3- Marque a opção CORRETA acerca do raciocínio indutivo:
Sua forma mais clara de apresentação é o silogismo clássico. 
Pensamento no qual a afirmação denominada “premissa menor” dispara o raciocínio que leva a uma conclusão. 
É aquele que parte do geral para o específico, sendo este a própria norma. 
A conclusão normalmente depende das premissas, mas há casos em que decorre de informação científica, o que favorece seja desvinculada das duas premissas que lhe dão sustentação. 
QUESTÃO
Agora que você já compreendeu o que caracteriza a dedução e a indução, leia o caso concreto
que se segue e produza um texto argumentativo por indução, de cerca de quinze linhas, que se posicione sobre se houve ou não publicidade enganosa.
CASO CONCRETO
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ajuizou ação civil pública em face de Bebidas S/A, com objetivo de impedir a comercialização dos seguintes produtos, sem a adequação das informações em seus rótulos:
1) Cerveja com a mensagem "Sem  Álcool", já que contém álcool em sua composição, o que viola a informação adequada;
2) Bebida energética denominada Sorte com a mensagem "Beba Sorte e pratique Esportes!", por se tratar de propaganda abusiva.
3) Caipirinha em lata, destinada ao mercado exterior, com a mensagem "A Melhor do Brasil", por se tratar de propaganda enganosa.
Citada, a ré oferece contestação alegando, preliminarmente, que o MP não possui legitimidade para o pleito, por se tratar de direitos disponíveis, e que, caso os consumidores se sintam lesados, devem ajuizar ações individuais. No mérito, argumenta, em síntese, que:
1) a legislação vigente (art. 1.º e 2.º da Lei n.º 8.918/94 e 38, III, "a", do Decreto n.º 6.871/2009), diz expressamente que não é obrigatória a declaração, no rótulo, do conteúdo alcoólico para definir a cerveja em que o conteúdo de álcool se apresente em patamar igual ou inferior a 0,5% do volume e, portanto, não a impede de fazer constar do rótulo da cerveja a expressão "sem álcool", mesmo porque esta é a expressão empregada pela legislação de regência, sendo que a cerveja comercializada possui 0,30 g/100g e 0,37g/100g de álcool em sua composição;
2) o nome e slogan da bebida energética é uma estratégia de propaganda para difundir sua ideologia de que a bebida energética melhora o desempenho nos esportes e, consequentemente, captar clientes;
3) sua caipirinha industrializada foi considerada a melhor por pesquisa de satisfação feita pela própria ré em diversos Estados do Brasil. Além disso, a ré considera seu produto o melhor do Brasil, sendo inegável que gosto não se discute.
Se você fosse o juiz da causa, como decidiria?
Para facilitar sua compreensão sobre a discussão, leia as fontes a seguir:
"Não se confundem publicidade e propaganda, embora, no dia-a-dia do mercado, os dois termos sejam utilizados um pelo outro. A publicidade tem um objetivo comercial, enquanto a propaganda visa um fim ideológico, religioso, filosófico, político econômico ou social. Fora isso, a publicidade, além de paga, identifica seu patrocinador, o que nem sempre ocorre com a propaganda." (BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos. Código de Defesa do Consumidor Comentado pelos autores do Anteprojeto. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 270).
Art. 6º do CDC: São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
Art. 30 do CDC: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

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