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DCV0115 - Teoria Geral do Direito Privado I - Junqueira de Azevedo - (183)

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1 
Teoria Geral do Direito Privado I 
Professor Antonio Junqueira de Azevedo 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
1. “Famílias” de Direito 
 
Há pelo menos quatro grandes “famílias” de Direito no mundo atual: 
 
1. Países Romano-Germânicos 
- Direito fundamentado na Lei. 
- Países latino-americanos, Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Áustria, Suíça, 
Brasil. 
 
2. Países Anglo-Saxões 
- Direito baseado nos Precedentes (semelhanças entre casos antigos e novos). 
- Países de língua inglesa (EUA, Inglaterra, Austrália, África do Sul etc.) / Commonlaw. 
 
3. Países Islâmicos 
- Direito fundamentado na religião e nos costumes. 
- Procedem de acordo com o Alcorão (livro sagrado). 
 
4. Países Comunistas 
- Prevalecem as decisões do Partido Comunista (PC) – decisão final. 
- China, Vietnã, Cuba. 
 
______________________________________________________________________ 
Observações: 
 
-Os Estados Unidos estão aproximando-se do Direito Romano-Germânico, 
apoiando-se na lei. No entanto, é possível notar também uma influência do próprio 
Direito Anglo-Saxônico em países como o Brasil, através da Súmula Vinculante. 
-A Inglaterra, juridicamente, está na União Européia. Desse modo, e por meio 
das diretrizes da UE, está envolvida com o Direito Romano-Germânico. 
-Depois da queda do muro de Berlim, o regime comunista ficou, de certa forma, 
sob influência do Direito Romano-Germânico. 
-O Irã (antiga Pérsia) é um país muito adiantado e seu direito comercial é 
totalmente romano-germânico. Seu direito de família é o que diverge do Romano-
Germânico. 
 
 
2. Norma Jurídica 
 
 Normas são regras de conduta. Existe uma infinidade de normas presentes em 
nossas vidas, tais como normas religiosas, de boas maneiras, de etiqueta etc. 
No entanto, as normas jurídicas se identificam e se diferenciam pelo fato de 
serem, exclusivamente, as únicas normas autorizantes (ou coercitivas). Segundo o 
Professor GOFFREDO TELLES JUNIOR, “a norma jurídica é autorizante porque ela 
autoriza quem for lesado por violação dela a empregar, pelos meios competentes, as 
2 
sanções da lei contra o violador (...), para fazer cessar ou obstar a violação, ou para 
obter, do violador, reparação pelo mal que a infringência causou”. Em outras palavras, a 
norma jurídica é autorizante porque autoriza o emprego de medidas legais cabíveis para 
que se exija o cumprimento do que ela manda – autoriza a coação. Não sendo 
autorizante, uma norma não é jurídica. 
É válida uma ressalva: dizer que a norma jurídica é autorizante é só uma 
simplificação da linguagem – na verdade, a coletividade é que é autorizante, pois a 
norma deve exprimir a vontade da sociedade em geral. 
Muitos podem definir a norma jurídica como sendo uma “norma atributiva” 
(Imperativo Atributivo). Seria, portanto, característica desta atribuir a quem fosse 
lesado pela sua violação, a capacidade de se exigir dela o seu cumprimento ou qualquer 
outra espécie de reparação. O Prof. GOFFREDO TELLES. JUNIOR, no entanto, 
contraria essa visão. Para ele, a norma jurídica não atribui a ninguém a faculdade de 
coagir – esta pertence ao lesado por natureza, com ou sem norma. A norma jurídica 
simplesmente autoriza o lesado a fazer uso dessa faculdade. Com isso, reafirmamos que 
a norma jurídica não é atributiva, mas sim, autorizante. 
 
______________________________________________________________________ 
Observações: 
 
-Enquanto antes a lei era bem genérica, hoje há problemas para usá-la de forma 
concreta, literal. 
 -Nos tempos antigos, a palavra da lei vigorava de forma radical. Hoje, o juiz tem 
maior responsabilidade sobre o veredicto final (a atividade do juiz há muito deixou de 
ser uma mera atividade de subsunção – enquadramento dos casos no ordenamento 
jurídico). 
 -Exemplo ilustrativo: para os cristãos, o domingo é sagrado. Essa é uma 
“norma” religiosa. No entanto, se um país determina que não se trabalhe aos domingos, 
por meio de uma lei, esta será uma norma jurídica. 
 - a possibilidade da coação é das pessoas, não da norma. 
- coercitiva é diferente de coercível (coercível admite que sofra a coação ou 
pressão). 
 
 
3. Definições de “Direito” 
 
 Numa visão bastante simplificada, o Direito é um conjunto de normas jurídicas. 
 Porém, a norma jurídica é somente um dos elementos do Direito. 
 A definição mais adequada é aquela que toma o Direito como sendo um Sistema 
dotado de “input” e “output”, sistema este composto pela norma jurídica, pela 
instituição, pela doutrina e pela jurisprudência, sendo que um acaba influenciando no 
outro (“feedback” ou Retroalimentação). 
 O “input” seria, por exemplo, o caso sendo levado à Justiça. O “output” seria, 
por exemplo, a decisão judicial. 
O Direito é, sob outro plano, um subsistema atrelado ao sistema social (sendo 
este o chamado “Sistema de primeira ordem”). 
O que caracteriza o Direito é a Coercitividade (como um todo, não em cada 
norma), o que não existe, por exemplo, na moral e nas normas religiosas. 
O Direito é, fundamentalmente, interpretação. 
3 
 O Direito seria um sistema fechado, de acordo com a auto-poiese, porém, ele 
sofre efeitos externos – ex: economia. 
 A finalidade do Direito, de forma resumida, seria a de atuar como um 
instrumento da paz social, evitando e eliminando conflitos. 
 
_____________________________________________________________________ 
Observações: 
 
• Definição de “Sistema”: 
 
 Conjunto de elementos que interagem entre si de certa forma Dinâmica, com 
“input”, “output” e “feedback”. Exemplos de Sistemas: Sist. Solar, Célula etc. 
 
• Classificação das normas segundo a Sanção: 
 
 - Norma Mais-que-perfeita: É aquela que no caso de infração, além de estipular 
a nulidade do ato, também aplica uma pena ao infrator. 
 
 - Norma Perfeita: Quando violada promove a nulidade da ação, voltando a ser o 
que era antes. 
 
 - Norma Menos-que-perfeita: Não possibilita a reparação total no caso de 
infração, sendo instaurada uma pena. 
 
 - Norma Imperfeita: Não há sanção / pena / nulidade. 
 
• Outras observações: 
 
 - O encadeamento de idéias kelsenianas trata o Direito como uma ciência 
Dogmática, altamente racional, por considerar somente a norma jurídica como o centro 
da discussão. No entanto, há um lado altamente intuitivo e interpretativo do Direito. 
 - Uma sanção “premial” é aquela que bonifica uma pessoa. Ex: desconto por 
pagamento antecipado. 
 - Uma lei específica revoga uma lei geral, se forem contrárias. 
 - Uma lei maior (Constituição) revoga uma menor. 
 - A partir do momento em que um caso entra para o Judiciário, ele torna-se 
jurídico. 
 
 
4. Direito e Moral 
 
 A Moral tem mais regras que o Direito, e abrange conceitos subjetivos de 
valores. Também responde mais diretamente à sociedade do que a norma jurídica em si; 
no entanto, só esta permite a Coação, só esta é Autorizante. 
A Moral pode ser mais ou menos influente na Jurisprudência de acordo com a 
região. 
 A Moral estabelece normas de conduta, normas éticas, de natureza 
predominantemente interior. 
 O Direito também as estabelece, mas de natureza exterior. Assim, a sanção do 
Direito é mais enérgica, com lista de deveres mais curta. 
4 
Tanto o Direito, quanto a moral têm um fundamento intuitivo e não são baseados 
apenas na razão. 
 
 
5. Etimologia 
 
A palavra “jus” está ligada à palavra jugo, que é uma trela que une dois bois, 
facilitando seu caminho, na mesma direção. Seria uma espécie de metáfora das relações 
sociais. 
A palavra “direito” está ligada a expressão latina “de rectum”, indicando a 
retidão do fiel da balança da deusa Justiça, conotando a própria afirmação da Justiça em 
outra interpretação. 
 A palavra “Lex” (Lei) pode ser associada a “lege”, “legere” → LER. Quem lê, 
“tem” a lei. A lei é, em geral, um texto abstrato e escrito. 
 
______________________________________________________________________
Observações: 
 
-Preceitos / Funções da Lei (na Antiguidade,segundo Modestino): 
Imperare → ordenar, mandar 
 Vetare → proibir 
 Permittire → permitir 
 Punire → punir 
 
 
6. Divisões do Direito Objetivo 
 
 Todo Direito é SOCIAL. Portanto, dizer que uma relação entre particulares pode 
pertencer ao campo público é redundante. No entanto, devemos analisar as partes 
envolvidas: a) Se só houver particulares → Direito PRIVADO; b) Se houver Estado + 
particular ou Estado + Estado → Direito PÚBLICO. 
 
 • O Direito Civil, o Direito Comercial e o Direito do Trabalho são ramos do 
Direito Privado (este último quando pensado nas relações entre patrão e o trabalhador 
comum). 
 
 • O Direito Penal, o Direito Administrativo, o Direito Processual Civil, o Direito 
Processual Penal, o Direito Tributário e o Direito Internacional Público são ramos do 
Direito Público. 
 
 • O Direito Constitucional seria uma “terceira dimensão”: uma mescla do Dir. 
Privado e do Dir. Público. 
 
 • O Direito Internacional Privado trata das relações entre particulares de 
nacionalidades diferentes. No entanto, também são válidas as leis vigentes no país em 
questão (portanto, não é só “internacional”) e possuem um caráter público (portanto, 
não é só “privado”). 
 
5 
 • O Direito Ambiental encaixa-se mais no Direito Público, mas há ações de 
caráter privado (ex: Cubatão – problemas de empresas com indivíduos, em relação à 
saúde, portanto, entre particulares). 
______________________________________________________________________ 
Observações: 
 
- O Direito Comercial se desvinculou do Direito Civil pela grande quantidade de 
relações comerciais existentes. 
- O Testamento é, por exemplo, um instituto do Direito Privado. 
- Normas Cogentes são normas que NÃO podem ser alteradas via acordos, 
contratos etc. Mesmo assim, podem existir no Direito Privado. 
- Na Constituição há muitas normas de direito Privado; daí seu caráter de 
terceira dimensão. 
 
 
7. Evolução Histórica do Direito Civil 
 
 Origem do Dir. Civil: Direito Romano (“Ius Civile”) – Primeiro a regular as 
relações do Direito Privado; mais tarde, também o “Ius Gentium”. 
 Na Idade Média, destaque para o Direito Canônico e para o Corpus Juris Civilis. 
Com o advento do Cristianismo, agregam-se alguns valores morais e éticos ao Direito. 
 Na Idade Moderna, inicia-se como Ciência. 
 
 No século XIX, a idéia do Direito Civil era codificá-lo (“quem se diz 
„contratual‟, se diz „justo‟”). 
 Código Civil Napoleônico (1808): grande obra da Idade Contemporânea. 
 Código Civil Alemão (BGB): mais abrangente, permite a interpretação das 
cláusulas contratuais (Savigny x Thibault). 
 O Estado passou a intervir (pós 1ª G. M.), utilizando seu poder para assegurar o 
seu próprio interesse. 
 No mundo inteiro, a Constituição e o sistema social passaram a iluminar o 
Direito Civil. 
 
 Portugal recebeu influências do Direito Romano e do Direito francês. 
 Houve as ordenações Afonsinas, Manoelinas e Filipinas, sendo que estas foram 
adotadas pelo Brasil até 1916. 
 
 Em 1855, Teixeira de Freitas fez uma Consolidação das leis civis – reunião das 
leis já vigentes, só que de uma maneira mais lógica. Ele influenciou, inclusive, o 
Código Civil Argentino. (Teixeira de Freitas fez o esboço do Código Civil, o qual não 
foi aprovado no Brasil, mas foi transformado em Código Civil na Argentina pelo jurista 
Vélez Sarsfield – durante todo o Império, não houve um Código Civil no Brasil). 
 
 Em 1899, no governo de Campos Salles, Clóvis Bevilaqua é contratado para 
fazer um Código Civil. Este só foi promulgado em 1916, e passou a vigorar em 
01/01/1917. Tal Código foi sendo alterado até que houvesse necessidade de um novo 
Código Civil, mais atual. 
 
 Em 1941, houve a tentativa de um novo Código no campo das Obrigações. 
 
6 
 A partir dos anos 60/70, surge um movimento (v. Caio Mário, Orlando Gomes, 
Miguel Reale) para organizar o novo Código. Este tramitou durante 30 anos, entre 1972 
e 2002, passando a vigorar em 01/01/2003. Devido ao longo tempo de trâmite, o Código 
Civil de 2002 já se encontra defasado, pois não há referências sobre Internet, 
computação, bioética e outros pontos relevantes nos dias de hoje. 
_____________________________________________________________________ 
Observações: 
 
 • “Vacatio Legis” é o período que precede a vigência de uma Lei para que se 
possa ter o conhecimento da mesma e do ordenamento que está por vir. Aconteceu, por 
exemplo, com os Códigos Civis de 1916, que só passou a vigorar em 1917, e com o de 
2002, que só passou a vigorar em 2003. 
 
 • Consolidação: reunião das leis que já estão vigentes, para unificar leis de 
mesmo assunto, organizando-as. 
 
 • Código: é uma obra pensada unicamente 
 
 
8. Definição de Direito Civil 
 
 “É o conjunto de princípios e normas que regulam as relações jurídicas comuns 
de natureza privada”. (Clóvis Bevilaqua) 
 
 “É o direito que regula a pessoa, na sua existência e atividade, a família e o 
patrimônio”. (Francisco Amaral) 
 
OBS: “O tempo só respeita as obras de que foi colaborador” (Rui Barbosa). Indica que 
o Anacronismo é desagregador. 
 
 
9. Divisão do Direito Civil 
 
 O “Movimento Pandectista” era um movimento alemão doutrinário e baseado 
no “Digesto” Romano. Criou a divisão do Código Civil em Parte Geral (Fundamentos) 
e em Parte Especial, sendo esta divisão seguida pelo modelo brasileiro. 
 
 -A Parte Geral divide-se em: • Estática (Pessoas e Bens – Livros I e II) 
 • Dinâmica (Fatos Jurídicos – Livro III). 
 
 -A Parte Especial divide-se em: • Direito das Obrigações 
 • Direito das Empresas 
 • Direito Reais (das Coisas) 
 • Direito de Família 
 • Direito das Sucessões 
 
 
 
 
 
7 
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL (1942) 
 
 Espécie de cópia do que era o antigo Código Civil Francês, sendo válida para 
todas as outras leis, tratando de suas vigências e revogações. 
 Caio Mário da Silva Pereira (jus naturalista), julga que, no plano filosófico, a lei 
deve sempre seguir o “dever-ser”. 
 
 
• Fontes do Direito 
- Mediatas ou Indiretas: Costumes, Jurisprudência, Doutrina 
- Imediatas ou Diretas: Leis 
 
 
• Normas 
- Regras de Conduta (podem ser religiosas, morais, de boas maneiras etc.) 
- Norma Jurídica = Imperativo Autorizante (v. definição de Goffredo T. Junior) 
 
 
• Classificação quanto à Imperatividade 
- Normas Cogentes: Não podem ser alteradas pela vontade das partes 
- Normas Dispositivas: Podem ser alteradas pela vontade das partes 
 
 
• Técnicas de interpretação (Básicas) 
1. Gramatical (análise, por exemplo, da concordância nominal / verbal) 
2. Lógica (análise das “entrelinhas” – dedução) 
3. Histórica (análise do contexto) 
4. Sistemática (análise de acordo com todo o sistema vigente – crítica: não 
promove a evolução do Direito) 
5. Teleológica* (análise da finalidade da lei – mais importante) 
 
 
• Subsunção 
-É o enquadramento dos casos ao dispositivo legal. 
 
 
• Meios de Integração 
 
(V. Artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil) 
 
- Utilizados para suprir as lacunas da Lei, ou seja, quando não há leis estipuladas para 
um determinado caso, não sendo possível a subsunção. São três casos: 
 
 a) Analogia: Aplicação de uma lei semelhante; comparação com um caso 
análogo; 
 b) Costumes: Práticas reiteradas, contínuas e uniformes de um determinado ato 
por um determinado grupo. 
 - Reiterada: ocorrida várias vezes 
 - Contínua: sem um grande lapso de tempo 
 - Uniforme: acontecida do mesmo jeito 
8 
 c) Princípios Gerais do Direito: São os princípios da cultura jurídica de todos os 
tempos. 
 
- A Equidade, que é a justiça do caso concreto, e tida como um valor acima das leis, 
pode ser enquadrada como um exemplo de Princípio Geral do Direito. Foi de grande 
relevância no Tribunal de Nuremberg para contestar o regime nazista. 
 
 
• Aplicação da lei no tempo 
 
(V. Artigos 1º, 2º e 6º da Lei de Introdução ao Código Civil)- Lei: “análoga ao ser humano” – nasce, vive e morre. 
 
1. Iniciativa da lei 
2. Discussão 
3. Votação 
4. Sanção 
5. Promulgação – “parto” 
6. Publicação 
 
- No geral, a lei tem vigência imediata (leis com previsão de pouca repercussão), e só 
pode ter um período de “vacatio legis” quando estipulado por lei. 
- Vacatio legis: período entre a publicação e início da vigência da lei 
 
 
• Princípio da Obrigatoriedade 
 
(V. Artigo 3º da Lei de Introdução ao Código Civil) 
 
- O desconhecimento da lei não pode ser usado como forma de se escusar do 
cumprimento da mesma. 
 
 
• A lei não poderá prejudicar / contrariar: 
 
(V. Artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil) 
 
- O Ato Jurídico Perfeito: aquele já consumado segundo o ordenamento vigente. 
- O Direito Adquirido: aqueles que já podem ser exercidos pelo indivíduo 
- A Coisa Julgada: decisão judicial em que não cabem mais recursos 
 
OBS: O ato jurídico perfeito não envolve necessariamente um direito adquirido (Ex: 
casamento – “Dar-lhe-ei uma casa quando casar” – é um ato jurídico perfeito, mas não 
um direito adquirido, apenas uma expectativa de direito.) 
 
 
• Revogação da Lei (“Morte” da lei) 
 
(V. Artigo 2º da Lei de Introdução ao Código Civil) 
9 
- Etimologia: “Revogar” = tirar a voz / tirar a vigência da lei 
- Três ocorrências: 
 1. Lei posterior revogue lei anterior (expressamente declarada) 
 2. Quando lei nova seja totalmente incompatível com lei anterior 
 3. Quando lei nova regule totalmente a matéria de que tratava lei anterior 
 
 
Classificação de Abrangência da Revogação 
- Ab-rogação = revogação total da lei (ex: o Código de 2002 ad-rogou o de 1916) 
- Derrogação = revogação parcial da lei (ex: o Código de 2002 derrogou a 1ª parte do 
Código Comercial de 1916) 
 
 
Classificação quanto à Forma de Revogação 
- Tácita: lei posterior regula 
- Expressa: revogação escrita 
 
 
Classificação quanto à Natureza da Revogação 
 
? 
 
OBS: Lei Temporária: quando determinada por caso específico; quando tiver um prazo 
de vigência. (ex: lei orçamentária, leis sobre a vinda do Papa ao Brasil, leis acerca de 
uma epidemia). 
 
 
• Aplicação da Lei 
 
(V. Artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil) 
 
 A lei deverá ser aplicada levando-se em consideração a sua finalidade social e o 
bem comum. 
 
 
• Repristinação 
 
 Quando uma lei revogadora (ex: Código de 2002) é revogada e a lei anterior (ex: 
Código de 1916) volta à vigência. Esse fenômeno não se aplica no Brasil (só mediante 
lei expressa em raríssimos casos). 
 
OBS: O Código Civil de 2002 é lei revogadora, pois revogou o Código de 1916. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
LIVRO I – DAS PESSOAS 
 
TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS 
 
1. Capítulo I: Da Personalidade e da Capacidade 
 
 
• Pessoa (V. Artigo 1º do Código Civil) 
 
 Nos dias de hoje, todas as pessoas são possuidoras de direitos (pois não há mais 
escravos, os quais eram considerados “objetos do Direito”). 
 “Pessoa”, vulgarmente, é quem possui uma capacidade de decidir. 
 Fazendo-se uma comparação, na linguagem comum, “Pessoa” é o ser humano, 
enquanto que na linguagem jurídica, “Pessoa” é o ser com Personalidade Jurídica, com 
possibilidade de ser sujeito de direitos. 
 Pessoa Natural ou Física é o ser humano como sujeito de direitos e deveres na 
ordem civil. 
 
 
• Personalidade Jurídica (V. Artigo 2º do Código Civil) 
 
 Personalidade Jurídica é a “possibilidade de alguém participar de relações 
jurídicas”, que o torna titular de direitos e deveres (FRANCISCO AMARAL). É 
considerada um Princípio. 
 Sendo “pessoa” então o ser com possibilidade de ser titular de relações jurídicas, 
podemos dizer que por conta disso os animais NÃO são Pessoas, e sim, Objetos do 
Direito. 
 O Artigo 2º do Código Civil confunde “personalidade” com “capacidade”, pois 
alega que “a personalidade civil começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, 
desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
 
 
• Nascituro 
 
 Nascituro é o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno 
(LIMONGI FRANÇA). 
 Segundo FRANCISCO AMARAL e analisando-se novamente o Art. 2º do CC, 
infere-se que o nascituro não é Pessoa, mas é sujeito de Direito, pois “a pessoa natural 
começa sua existência com o nascimento e, com isso, a sua capacidade jurídica. (...) O 
nascimento não é condição para que a personalidade exista, mas para que se consolide”. 
 O Brasil é signatário do Tratado de São José (Costa Rica), pelo qual os direitos 
do nascituro começam a partir da concepção. 
 Há quem diga que a concepção ocorra a partir da fusão de gametas. Há quem 
considere o embrião (por biotecnologia) uma pessoa (temas bastante divergentes). 
 O nascituro só adquire personalidade jurídica depois do nascimento; tem 
direitos, mas, para o Direito, ainda não é considerado pessoa. Ex: Um homem morre e 
sua mulher está grávida. O feto não é pessoa, mas é herdeiro (tem direitos, não é uma 
11 
expectativa de direito) – herdeiro condicional. Se a mãe perde o bebê, considera-se que 
não havia herdeiro. 
 
 
OBS: Estatuto do embrião pré-implantatório – condição de objeto de direito (especial). 
 Estatuto do embrião implantatório (nascituro) – tem direito expectativo – 
condição de sujeito de direito. 
 
 
• Capacidade, Capacidade de Direito e Capacidade de Fato 
 
 Capacidade é o reconhecimento legal de que uma pessoa pode adquirir direitos e 
exercer pessoalmente os atos da vida civil. Em geral, toda pessoa é capaz de direitos e 
deveres na ordem civil (V. Art. 1º, CC) 
 FRANCISCO AMARAL diferencia muito bem a Capacidade de Direito da 
Capacidade de Fato: 
 “A capacidade de direito representa uma posição estática do sujeito, enquanto 
que a capacidade de fato traduz uma atuação dinâmica. A primeira é a aptidão para a 
titularidade de direitos e deveres, a segunda, a possibilidade de praticar atos com efeitos 
jurídicos, adquirindo, modificando ou extinguindo relações jurídicas”. 
 A capacidade de direito é uma porção da personalidade, sendo um problema dos 
campos de direito. A capacidade de fato é a capacidade de agir por si. Uma pessoa pode 
ser capaz de direito, mas não necessariamente de fato. 
 A capacidade de direito é fundamental, sendo indivisível, irredutível e 
irrenunciável. A capacidade de fato é variável, e nem todos a têm. Comporta 
diversidade de graus, sendo que as pessoas físicas podem ser capazes, relativamente 
incapazes e absolutamente incapazes. 
 Podem limitar a capacidade a idade e a doença, principalmente. 
 
 
• Incapacidade Absoluta 
 
(V. Artigo 3º do Código Civil) 
 
 A Incapacidade Absoluta (inviabilização de adquirir ou exercer direitos) 
ANULA o ato jurídico (pode ser feito, mas é inválido) e ocorre quando: 
 - O sujeito for menor de 16 anos; 
 - O sujeito for portador de enfermidade ou deficiência mental que inviabilize o 
discernimento de seus atos 
 - O sujeito que, mesmo por causa transitória, não puder exprimir sua vontade 
(Ex: Alcoolismo). 
 
 
• Incapacidade Relativa 
 
(V. Artigo 4º do Código Civil) 
 
 A Incapacidade Relativa é ANULÁVEL (tem de haver julgamento para que se 
anule o ato jurídico) e ocorre com (seis casos em quatro incisos): 
 - Sujeito maior de 16 e menor de 18 anos; 
12 
 - Os ébrios habituais; 
 - Os viciados em tóxicos; 
 - Os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
 - Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
 - Os Pródigos (pessoa incapaz quanto a questões patrimoniais – os que gastam 
desordenadamente seus recursos, estando sujeitos à curatela). 
 
OBS 1: Interdição é a medida judicial que impede, por exemplo, um toxicômano ou um 
louco, de efetivar seus atos jurídicos. Para comprovar a nulidade do ato, bastaria a 
verificação de sua certidão. Já o aquele não-interditado é realizador de atos jurídicos 
anuláveis e, passando um período de quatro anos, o ato não pode mais ser anulado.OBS 2: Restrição de Direito ocorre quando deficientes visuais, auditivos etc. só são 
incapazes quando a visão, audição, fala e outros forem necessários para o cumprimento 
de determinados atos jurídicos. 
 
 
• Emancipação 
 
(V. Artigo 5º do Código Civil) 
 
 Emancipação é a aquisição da plena capacidade de fato antes da idade legal. 
 A menoridade cessa aos 18 anos completos, ou para menores (Emancipação) 
quando: 
 - Pela concessão dos pais frente ao tabelião; 
 - Pelo casamento (OBS: A união estável não é considerada como possibilidade 
de emancipação); 
 - Pelo exercício de emprego público; 
 - Pela colação de grau em nível superior (atualmente fora de cogitação); 
 - Por economia própria, através de estabelecimento civil ou empresarial. 
 
 A Emancipação é IRREVOGÁVEL e não afeta em questões de maioridade 
penal, somente na maioridade civil. Ou seja, um jovem emancipado que cometa crime 
será imputado como um menor de idade. 
 A Emancipação deve constar na certidão de nascimento. 
 
 
• Morte 
 
(V. Artigos 6º e 7º do Código Civil) 
 
 A existência da pessoa natural e sua capacidade jurídica terminam com a morte, 
provando-se a mesma com a certidão de óbito em registros públicos (CC, art. 9º) 
 A morte extingue as situações e relações jurídicas, além de impedir as que 
estavam em via de formação. As situações jurídicas transmissíveis, como é a maioria 
patrimoniais, passam aos herdeiros por meio de sucessão legítima ou de testamentos. 
 Presume-se a morte da pessoa quando se decreta a sua ausência, ou, presume-se 
a mesma, mas sem decretação de ausência, quando extremamente provável a morte da 
pessoa em perigo de vida, ou quando feito prisioneiro de guerra e não for encontrado até 
13 
dois anos após o término da guerra. A declaração da morte presumida só poderá ser feita 
após esgotamento das buscas, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
 
• Comoriência 
 
(V. Artigo 8º do Código Civil) 
 
 É a presunção de morte simultânea de pessoas reciprocamente herdeiras, quando 
falecem na mesma ocasião, sendo impossível a averiguação de quem primeiro morreu. 
Determina-se a não-transmissão de direitos sucessórios entre os falecidos para se evitar 
os conflitos de interesses entre outras pessoas, diretamente ligadas aos falecidos. No 
entanto, é uma sentença passível de contestação e de prova por quem tiver legítimo 
interesse. 
 
 
2. Capítulo II – Dos Direitos da Personalidade 
 
 Segundo Pontes de Miranda, Direitos de Personalidade são direitos subjetivos 
que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e 
intelectual. 
 Os direitos de personalidade encontram-se deslocados no Código Civil pois, por 
serem direitos subjetivos, não deveriam se encontrar na Parte Geral. 
 Os elementos básicos que constituem a estrutura de um direito subjetivo são: 
 - Sujeito do direito: indivíduo ou grupo de pessoas; 
 - Objeto do direito: trata-se do bem (não necessariamente material) protegido; 
 - Conteúdo (ou Poderes) do Direito: faculdade específica de constranger o outro; 
 - Exigibilidade (ou proteção / pretensão) do Direito: possibilidade de fazer valer 
o direito por meio da ação processual. 
 
 O Código de 1916 não possuía nenhum artigo sobre direitos de personalidade. 
 São características dos Direitos de Personalidade (V. Art. 11, CC ): 
 - Sua Pretensão / Exigibilidade é absoluta (validade “Erga Omnes”) 
 - É um direito subjetivo 
 - É um direito não patrimonial (não pode ser vendido, pois abrange condições do 
ser humano). Podem, em alguns casos, ser cedidos temporariamente (Ex: Big Brother) 
 - É um direito intransmissível e irrenunciável 
 - Estão no Código Civil ou em legislação complementar civil 
 
 Os Direitos de Personalidade (Código Civil), os Direitos Humanos (Declarações 
Internacionais) e os Direitos Fundamentais (Constituição) possuem princípios que 
podem ser comuns ou exclusivos. (Ex: A dignidade da pessoa humana é tratada 
diretamente na CF e nas Declarações, mas indiretamente nos Dir. de Personalidade do 
CC). 
 
 Quando ferido um direito de personalidade, pode-se exigir que cesse a ameaça 
ou a lesão do direito, reclamar perdas e danos e ainda exigir publicação da correção 
como forma de reparação (V. Art. 12, CC) 
 
 
14 
• Direitos de personalidade tópicos / gerais 
 
a) Relativos à integridade física e psíquica do ser humano 
(Ex: Direito ao corpo e a partes dele, como tecidos, órgãos etc.) 
 
b) Relativos à integridade moral da pessoa, como é conhecida socialmente 
(Ex: direito de nome, de pseudônimo, de honra, de imagem, de voz, de intimidade etc.) 
 
c) Relativos à integridade intelectual 
(Ex: direito de patente, liberdade religiosa, igualdade, direito de autor...) 
 
 
• Direito à vida 
 
 A vida é um pressuposto dos demais direitos e não um simples direito de 
personalidade – está acima da lei dos homens. É um bem absoluto, jamais se podendo 
dispor da mesma, sendo que constitui crime induzir uma outra pessoa ao suicídio. 
Surgem também duas questões bastante controvertidas: a da pena de morte e a do 
aborto. 
 A pena de morte, mesmo sendo contrária ao direito à vida, é justificada em 
alguns lugares levando-se em consideração a teoria do “mal maior X mal menor”, pela 
qual se faz a opção pela morte de um indivíduo com a finalidade de se evitar mais 
mortes. 
 No outro caso, o nascituro, sendo sujeito de direito, não poderia, teoricamente, 
ter sua vida restringida através do aborto. 
 
 
• Direito de disposição do próprio corpo ou de partes dele 
 
(V. Artigos 13, 14 e 15 do Código Civil e Lei 9.434/1997 sobre Transplante de Órgãos) 
 
 A disposição do corpo post-mortem ou parte dele só pode ser feita com objetivo 
científico ou altruístico. Em vida, só existe o direito de disposição de partes do corpo 
(inclusive transplante de órgãos e casos de exigência médica), exceto quando prejudicar 
a integridade física da pessoa ou contrariar os bons costumes. 
 Caso seja alguma parte renovável do corpo, como o cabelo e o leite materno, por 
exemplo, não há problema em dispor, ou até mesmo comercializar tais partes corpóreas. 
Assim, o cabelo separado do corpo, deixa de ser um direito de personalidade e passa a 
ser direito real (das coisas). Nesse ponto, o professor Junqueira faz uma ressalva 
referente ao sêmen e ao óvulo, pois uma vez que eles trazem o DNA da pessoa, devem 
ser tratados como objeto especial do direito, e não como mero objeto de direito real. Se 
já tiver ocorrido a fecundação, o embrião vira um condomínio dos indivíduos 
progenitores. 
 Em relação ao artigo 13, existem duas exceções para que seja admitida a 
disposição do próprio corpo: para fins terapêuticos e para transplantes. 
 Sobre os transplantes, a lei que os regula é a lei 9.434 de 1997, que só permite a 
doação de órgãos duplos e de partes de órgãos cuja retirada não prejudique o organismo 
do doador e satisfaça a necessidade terapêutica indispensável à pessoa receptora. 
 
 
15 
• Direitos do Embrião 
 
 A lei 11.105 permitiu que médicos usassem os embriões pré-implantatório como 
fonte de células-tronco. Há um questionamento por parte de defensores do artigo 2° do 
Código Civil, os quais alegam que o embrião pré-implantatório já é sujeito de direito 
por ter DNA próprio e, portanto, tal lei seria inconstitucional, por utilizar um sujeito de 
direito para beneficiar outro, ferindo o direito à vida. No entanto, e como dito antes, o 
embrião pré-implantatório também pode ser visto como objeto especial do Direito, o 
que viabilizaria as pesquisas científicas. 
 Para o Professor Junqueira, o nascituro só é sujeito de direito após ocorrer a 
nidação, ou seja, após a fixação do zigoto ao útero materno. 
 
 
TÍTULO II – DA PESSOA JURÍDICA 
 
Pessoas Jurídicas 
 
• Existem direitos de personalidade para as pessoas jurídicas? 
 
 Art.52  Alguns direitos de personalidade das pessoas físicas, quandopossíveis 
de se adequar a p. jurídicas, são assegurados. Ex: ao nome, à marca, à imagem e direitos 
não-patrimoniais. Outros não existem simplesmente, caso da inviolabilidade do corpo 
(direito patrimonial). 
O problema de extensão dos direitos de personalidade às pessoas jurídicas não é 
unicamente patrimonial, mas também moral. Há casos recorrentes, com as p. jurídicas, 
de conflitos entre o direito de liberdade de expressão e o direito de respeitabilidade à 
honra e boa-fama. É comum, também, o choque entre liberdade de informação e 
intimidade. As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos ou não, estão protegidas pelo 
D. personalidade e há uma súmula que admite recorrerem a indenizações de ordem 
moral. Ex: Um quadro humorístico satirizando a polícia espancando algumas pessoas. A 
polícia (como p. jurídica) considerou que o quadro feria a honra e boa fama. Pergunta-
se, deve levar em consideração o d. de personalidade ou a liberdade de expressão? 
Considerar a liberdade de expressão, visto que o programa se expressa de maneira 
cômica e caricatural, não tendo como objetivo ofender a pessoa. 
O Prof. Junqueira ousa sustentar que a família
1
 possui direitos de personalidade 
e até poderia ser tratada como uma pessoa jurídica. Para o prof, a família se enquadra 
naquela acepção de ser sujeito de direito, mas não ser pessoa, tal como o nascituro. 
(Contraria a visão de Kelsen, em ser sujeito de direito implica ser pessoa.) Ele defende 
essa afirmação porque a família possui d. ao nome de família, ao túmulo de família, as 
recordações familiares (Aquele que guarda o álbum de família é o “guardião”, esse bem 
não é necessariamente dele, pertence a família e ele possui direito de protegê-lo. Leva-
se em consideração o aspecto afetivo, espiritual; e não material. Portanto se relacionam 
com d. subjetivo.). No entanto, o código civil não atribui personalidade à família. 
 
 
• Pessoas jurídicas de Direito público 
 
 1. Direito público externo – ONU, UEA, UNESCO, OMC, ETC. 
 
1
 É considerada família o parentesco entre indivíduos até o 4º grau 
16 
 2. Direito público interno – união, estados, territórios, distrito federal e 
municípios. Dentro de cada uma dessas pessoas jurídicas, há a distribuição: 
 Autarquias, as quais são serviços autônomos.(Ex: USP, UNICAMP, UNESP) 
 Fundações públicas (Ex: FUVEST): O Estado atribui bens para uma finalidade, 
não são necessariamente autarquias. 
 Empresas públicas: (Ex: FURNAS, centrais de energia, etc). 
 
• Pessoas jurídicas de direito privado 
 
 1) Sociedades: exercem atividades econômicas com fins lucrativos. 
Características: anônimas, limitadas, em conta de participação, comanditas, etc. 
 2) Associações: possuem atividades econômicas sem fins lucrativos justamente 
porque todo o lucro é revertido para a mesma. Possuem a finalidade cultural, de lazer, 
de auxílio aos integrantes, de reunir um grupo... 
 3) Fundações: conjunto de bens (situação excêntrica porque não é um conjunto 
de pessoas), o qual o instituidor (“fundador da fundação”), ao reuni-los destina a essa p. 
jurídica, com um fim específico que é inviolável.(Ex.: Fundação Casper Líbero). O 
administrador exerce a administração sobre os bens alheios. 
 4) Associações religiosas: possuem suas próprias regras, que seguem, por 
exemplo, o direito canônico. 
 5) Partidos políticos: poderiam ser associações, mas se diferenciam por suas 
idiossincrasias. 
 
Caracterização das pessoas jurídicas do direito privado (seus elementos): 
 
a) Organização 
b) Patrimônio - Ainda que não visem o lucro, todas possuem um patrimônio, o qual, de 
certa forma, está separado dos membros que compõe a pessoa jurídica. 
c) Finalidade 
d) Capacidade de agir – Possuem autonomia nas decisões da p. jurídica. 
e) Registro 
 
• Sobre o registro 
 
A legislação brasileira exige o registro da pessoa jurídica para ela começar a 
existir. (Art. 45, CC / 2002) Diferente das p. jurídicas do d. público, por exemplo, o 
Estado brasileiro não foi registrado para valer juridicamente. 
Tipos de Registro 
1. Junta comercial 
2. Títulos e documentos 
 
• Histórico 
 
No direito romano clássico, as questões internacionais eram tratadas entre 
cidades / municípios (e não por estados). Os romanos não caracterizaram teoricamente 
as p. jurídicas, do que podemos concluir que eles praticamente entendiam os municípios 
como p. jurídicas. 
Na época de Justiniano com os conventos, as associações pias, as heranças 
vacantes / jacentes (sem dono), os hospitais, alargaram-se os casos de pessoas jurídicas. 
17 
Na idade Média, o Papa Inocêncio IV separou as pessoas físicas das p. morais 
(chamadas de coletivas em Portugal e jurídicas no Brasil). 
 
Denominações Equivocadas: 
A expressão “Pessoa jurídica” não satisfaz integralmente porque as p. físicas não 
deixam de ser jurídicas. 
A expressão “Pessoa coletiva” possui falhas porque existem sociedades 
unipessoais (Ex.: Quando um membro de uma fábrica abre outra) e não poderíamos 
chamar de p. coletiva um conjunto de bens (fundações). Ademais, a linguagem pessoa 
coletiva faz pensar que se trata da união entre pessoas e não propriamente uma pessoa 
jurídica. (Ex: Falar de p. coletiva não poderia se tratar, por exemplo, da união entre a 
Bhrama e Antártica, formando a AMBEV.) Há ainda a possibilidade de não ser 
propriamente uma coletividade entre bens. 
A expressão “Pessoa moral” (utilizada pelos franceses, com o sentido de p. não 
visíveis) não se aplica para o Brasil. 
 
Obs: Autarquias – serviços que o Estado cria a personalidade jurídica. Ex: OAB 
 Condomínios: No Brasil, é suj. de direito, mas não possui personalidade 
jurídica. 
 
• Reconhecimento da personalidade jurídica (perspectiva geral) 
 
 Os municípios e os collegia (publicanos - coletor de imposto- e artesãos) - Roma 
Conventos, hospitais e casas pias – Idade Média. 
 Início da noção teórica da pessoa jurídica Papa Inocêncio IV 
 CIA das Índias foi a precursora das sociedades anônimas. Investiam em ações. 
Na pior das hipóteses, os membros perdiam o patrimônio referente às ações investidas. 
 1607 (Séc. XVII e XVIII) – Proliferação de outros tipos de p. jurídicas. 
 Para Teixeira de Freitas: -Personalidade visível: pessoas físicas 
 - Personalidade não visível: pessoas jurídicas 
 
Obs: 
Teoria da ficção – a pessoa física é real, a pessoa jurídica é ficção. 
Teoria Francesa – a revolução francesa valoriza o indivíduo, isto é, a pessoa física. 
Queria o indivíduo livre de vínculos. (contra, por exemplo, as associações de artesãos, 
etc. Comparavam-nas às corporações de ofício, da idade média) 
Teoria pandectista – os alemães passaram a teorizar sobre a pessoa jurídica (1800). A 
pessoa jurídica é uma ficção da pessoa física. 
 
• Fases das teorias da pessoa jurídica 
 
1800-1850: Pós – revolução francesa. Individualista. Prevalência da vontade 
individual da pessoa física. Teoria da ficção. A pessoa jurídica é um “sonho”. A pessoa 
física é real. Teórico: Savigny. 
1850-1900: A pessoa jurídica possui uma consistência nada imaginária, pois 
“brota” de algo real. É uma forte realidade, na forma de organismo (teoria orgânica), 
que conduz e influencia os indivíduos. A p. jurídica pode ser dividida em vários órgãos. 
Teórico: Gerber. 
1900-1950: Teoria da Realidade Técnica – Período do Estado Forte. 
Intervenções veementes do Estado. “O Estado é tudo. Nada fora do Estado” 
18 
(Mussolini). Origem das duas grandes Guerras. Ditadura Vargas. (iniciada em 37). 
Interferências do Estado na economia: IN, FRA, EUE (New Deal). Estado comunista: 
Não existe mais direito privado. Só existe direito público. (Lênin). Essa tendência da 
forte presença do Estado nas relações tornou a personalidade jurídica da pessoa jurídica 
é uma atribuição do Estado. Ela inicia com um ato administração: o registro, logo, é o 
Estado que “dá” a personalidade jurídica às pessoas jurídicas.Teórico: Gierke 
Pós 1950 (mundo pós-moderno) – Período de pluralismo das teorias, porque há 
uma convergência entre as teorias. 
Nesse momento se dá razão em parte à teoria da ficção justificando que a 
vontade da pessoa jurídica é fictícia, afinal, quem compõe a vontade dela são as pessoas 
físicas. Aceita uma parte da teoria de Gierke, no entanto conclui que há certa 
independência entre os direitos baixados pelo Estado. Também se admitirá o Estado 
como organismo. 
 
 
• Ato Constitutivo 
 
Ato constitutivo: Art. 46 – A p. jurídica deve realizar um ato constitutivo (estatuto 
ou contrato social) para efetivar seu “nascimento” (Registro). 
Requisitos que devem constar no ato constitutivo das pessoas jurídicas. (Art. 46) 
I. Denominação, fins, sede, tempo de duração (determinado ou não), e o 
fundo social quando existirem. 
II. Nome e individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores. 
III. Modo de administração e representação, passiva e ativa, judicial e 
extrajudicial. 
IV. Previsão de reforma no ato constitutivo no que diz respeito à 
administração, e de que modo. 
V. Se os membros respondem ou não pelas obrigações sociais de modo 
subsidiário, quando isso for possível. 
 
Obs: sobre a representação da pessoa jurídica para terceiros: 
Representação ativa: condição de credor implica ser autor do processo judicial. 
Representação passiva: condição de devedor implica ser réu do processo 
judicial. 
 
• Desconsideração da Pessoa Jurídica 
 
Sobre quem recaí a dívida da pessoa jurídica? 
 Tratando-se de pessoa jurídica devemos fazer distinção entre o patrimônio da 
pessoa física do patrimônio da pessoa jurídica para compreender quem responderá pela 
dívida da pessoa jurídica. 
 Nas sociedades limitadas, pode se determinar no ato constitutivo, se os 
administradores irão pagar com seu próprio patrimônio. 
Nas sociedades anônimas e nas fundações, a dívida só recairá sobre o patrimônio da 
pessoa jurídica, os seus membros não respondem pela dívida. Portanto, estamos no 
universitas rerum (universo das coisas), no qual apenas as coisas respondem pelas 
dívidas. 
 As pessoas físicas podem abusar da pessoa jurídica, criando uma p. jurídica para 
esconder os atos ilícitos de um indivíduo (ex. fazer dívidas com a pessoa jurídica sendo 
que ela na possui bens suficientes para pagar) ou realizar compra por uma p. jurídica e 
19 
repassando para uma p. física. O problema de utilizar ilicitamente a p. jurídica provoca 
a desconsideração da pessoa jurídica (Art.50). Nesse caso, o juiz desconsidera a 
separação entre o patrimônio da p. jurídica e da p. física, logo, a dívida recairá, também, 
sobre o patrimônio da p. física. 
 Há de se lembra da desconsideração inversa, não prevista no código, mas 
presumida por analogia, em que uma pessoa desvia seus bens para uma pessoa jurídica e 
faz dividas em seu nome, alegando então não possuir condições de pagá-las. Sendo 
assim se executa o patrimônio da p. jurídica para o pagamento das dívidas da p. física. 
 
 Responsabilidade limitada. 
 Ex.: Se a Petrobrás vir a falir, os acionistas dessa empresa não responderão 
subsidiariamente pelas dívidas, ou seja, só perderão aquilo que investiram. 
 
• Sociedades Civis X Comerciais 
 
 As sociedades podem ser civis ou comerciais, no entanto ambas possuem 
finalidade de lucro: 
1. Comerciais: pratica de circulação e produção de bens. – Registro: Junta 
comercial. 
2. Civis: possui finalidades civis. (Ex. advogados, fazendeiros) - Registro: títulos 
ou *peculiar. 
*peculiar: ex. de profissionais liberais, no caso advogados, registram pela OAB. 
 
 O registro de sociedade é diferente do registro de associações e esta no art. 46 
que rege os registros. No caso das sociedades basta o consenso dos administradores para 
se modificar o estatuto, já no caso das associações os estatutos só poderão ser 
modificados se este prevê casos de possíveis mudanças. 
 
 • Extinção da Pessoa Jurídica 
 
 No estatuto também devem estar previstas as condições de extinção da p. 
jurídica, incluindo, por exemplo, diretrizes para onde irá o patrimônio conquistado pela 
p. jurídica. 
 No caso da sua extinção por motivo de extinção da sua finalidade (exemplo: 
pesquisas para a cura do câncer.), seu patrimônio é direcionado para alguma outra 
instituição com finalidade semelhante (exemplo: produção e distribuição de remédios 
que promovem a cura do câncer a baixo custo para pessoas que não podem comprá-los.) 
 
• Responsabilidades das p. jurídicas 
 
 Responsabilidade civil da p. jurídica de d. público - (RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA) : 
 Tal responsabilidade se refere aos órgãos estatais. 
 Ex. Um policial militar que, por engano, prende o sujeito errado. Ele pode pedir 
indenização por danos morais, por exemplo? A quem ele deve pedir? Para o funcionário 
público ou o Estado? 
 Para responde essas perguntas é necessário explicitar a responsabilidade civil do 
Estado. 
 
20 
Responsabilidade civil do Estado (De uma RESPONSABILIDADE SUBJETIVA o 
Estado passou a uma OBJETIVA): 
 
 Obs.: Para entender a responsabilidade do Estado, o prof. Junqueira fixou alguns 
conceitos: 
- Dolo: intenção de causar prejuízo a outrem; previsto. 
- Culpa: imprudência, negligência ou imperícia; imprevisto. 
- Dolo eventual: Quando há probabilidade de ocorrer um acidente, no entanto, a 
pessoa não possui a intenção de provocar o acidente. Sabendo da probabilidade, a 
pessoa assume o risco. O fato de ter assumido o risco torna o ato em um dolo eventual. 
- Culpa consciente: A pessoa não assumirá o risco de sua ação mesmo sabendo 
que há a probabilidade de provocar uma atitude pejorativa. Pratica a ação tendenciosa e 
não assume o risco de ocorrer o fato negativo. 
 
 Após a Rev. Francesa, a soberania transferiu-se dos estados monarcas. Antes, os 
Estados apresentavam total irresponsabilidade. 
 
 Em relação ao Estado: 
 O lesado, sentindo-se atingindo por culpa ou dolo do Estado, antigamente, ele 
teria que provar tais atitudes do Estado para que pudesse responsabilizá-lo. Para provar 
essa culpa ou dolo, custava muito às pessoas. (RESPONSABILIDADE SUBJETIVA) 
 Critérios para se atestar uma responsabilidade subjetiva: 
1. Provar o dano 
2. Nexo de causalidade (causa e efeito) 
3. Fato que provocou o dano. 
4. Provar culpa ou dolo do Estado 
 
 Pós-Getúlio Vargas (1946 - Nova constituição): Nova fase de responsabilidade 
do Estado. 
 O Estado responderia pelos danos causados à população civil sem a necessidade 
de provar culpa ou dolo, a única necessidade seria evidenciar o dano causado. Essa 
forma de se responsabilizar o Estado ganhou o nome de RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA. 
 Critérios para se atestar uma responsabilidade objetiva: 
5. Provar o dano 
6. Nexo de causalidade (causa e efeito) 
7. Fato que provocou o dano. 
 
Obs: (exemplo de provas: confissão ou prova testemunhal.). 
 
 Os Art. 46 do C.C. /02 e Art. 32 §6º da Constituição tratam, sobre a 
responsabilidade objetiva do Estado. 
 Desde 1946 se consolidou a responsabilidade objetiva do Estado. 
 Art. 37. Em relação à responsabilidade jurídica, o artigo trata de responsabilizar 
a p. jurídica pelo o dano, mas a pessoa física, representante da entidade estatal, pode ser 
acusada/culpada pelo ato. A p. jurídica, portanto, poderá, através de um processo 
regressivo, pedir ressarcimento. 
 Fica estipulado que as concessionárias, empresas públicas e terceirizadas pelo 
Estado respondem por responsabilidade objetiva. 
21 
 Exemplo conflitante: A pessoa que sofria um dano por uma empresa 
concessionária, antes da responsabilidade objetiva, tinha que provar a má escolha do 
Estado por escolher aquela empresa que havia lhe causado dano. O fato do Estado só 
conceder o direito para tal empresa através de concorrência, dificultava a p. física 
afirmar a má escolha do Estado. Hoje, a p. física esta livre dessa prova. 
 Outra discussão: A ação deve ser encaminhada contra a p.física (funcionário da 
empresa), a empresa concessionária ou diretamente o Estado? 
 O primeiro caso é uma exceção, afinal, a p. física não terá tantos patrimônios 
quanto a concessionária e a ação demorará mais. 
 Entrar contra a concessionária é o mais correto porque o Estado só se 
responsabilizará caso a empresa não possui dinheiro suficiente para a indenização. O 
Estado, nesse caso, teria apenas uma responsabilidade subsidiária. 
 
• Conceitos sobre cada uma das p. jurídicas do direito privado 
 
Associações: 
 Possui origem no d. romano. Fala-se que surgiu de tendências por se agregar por 
finalidade não apenas econômicas, mas também filantrópicas. (Ex. associações 
possuíam uma tendência não econômica que às diferencia de sociedade).  É o ser 
humano em potência. 
 Ainda se diz de uma tendência gregoriana do homem de se associar. 
 Definição de Francisco Amaral: As associações são pessoas de d. privado que se 
constituem para realização de fins não-econômicos. 
 
 Deve-se instrumentalizar nas associações: 
1. Estatuto: Fixará o objeto da associação, bem como os direitos e deveres 
dos associados e a estipulação de contribuições para a sobrevivência ou a ampliação 
(podendo ser reinvestimentos na associação, portanto, que eles produzam retornos a ela) 
da associação. Deverá se delimitar quem são os associados a fim de não ocorrer 
desvirtuamento da associação. 
2. Registro: é realizado para tornar a associação pública e atribuir erga 
omnes (terá validade contra terceiros). No registro da associação também há o registro 
de seu estatuto. São registradas no cartório civil das pessoas jurídicas, para que haja um 
registro legal. 
 
Obs: TEORIA DA APARÊNCIA - Caso um credor de boa-fé tenha feito empréstimos 
para uma associação, que aparentemente existia, portanto não estava registrado, o juiz a 
tratará como se existisse legalmente. A fim de recuperar o empréstimo, supera-se o não-
registro. 
 
 Sobre os fins das associações 
 Os fins das associações devem ser lícitos. 
 Ex: O Código Civil veda as associações paramilitares. É ilícita associações como 
a do PCC e as associações que revisavam a existência ou não do holocausto. 
 
 Direito constitucional – Liberdade de associação e de retirar-se dela (dissociar-
se) 
 Para evitar (denegar) que um indivíduo não participe da associação deve haver 
uma motivação (denegação motivada). Essa denegação motivada é simples: estipula-se 
22 
quem poderá participar (Ex: um pucano não poderia participar de uma associação 
franciscana). 
 As associações, atualmente, não são obrigadas. Ex: Forma-se uma associação 
dos alunos da faculdade de direito. O aluno terá o direito de não participar dela. 
 No caso de retirada da associação, o indivíduo poderá se dissociar dela, 
independentemente de estar em débito ou não com ela. 
 
• Desligamento da associação por justa causa (Art. 57) 
 
 Até 2005(antiga redação do Art. 57) vigorava o desligamento da associação por 
justa causa, muitos indivíduos entravam com ação contra a associação por terem sido 
desligados inusitadamente. Surge, então, o PRICÍPIO DA AMPLA DEFESA – O 
desligamento deve ser motivado e a p. desligada possui direito ao procedimento 
administrativo da associação. Essa pessoa poderá ser, dependendo da decisão do juiz, 
reintegrada ou não; 
 Alterações do Art. 57 
1. Motivação: justa causa amplamente motivada 
2. Direito à ampla defesa do acusado. Evita-se, por exemplo, perseguições políticas. 
Após as alterações a pessoa só pode ser efetivamente desligada seguindo esses critérios. 
 
 Art.50 – distinção entre associação e associado. 
 A associação não se confunde com associado, quando este agir de boa-fé, ou 
seja, não abusar da associação; 
 O associado pode de má-fé, estar enriquecendo com as contribuições, desviando 
a finalidade da associação e confundindo seu patrimônio. As pessoas podem, ainda, 
criar associações apenas para lesar terceiros. 
 
• Da extinção das associações 
 
 Deve ser feito o ato voluntário da extinção e o patrimônio remanescente será 
dividido entre os associados. Caso todos os associados morressem, o patrimônio seria 
transferido para o município. 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
AMARAL, Francisco. Direito Civil – Introdução. 
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 
TELLES JR., Goffredo. Introdução na Ciência do Direito. 
 
 
 
 
Teoria Geral do Direito Privado I – Colaboração: 
Caderno: Marco Aurélio, Mariana Araújo, Marina Figueiredo. 
Digitação: Marco Aurélio, Marina Figueiredo, Yasmin. 
Revisão: Nana, Valério. 
Formatação: Marco Aurélio.

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