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Nicolas Martins 2025.1 - Clínica Médica II SÍNDROME HIPERANDROGÊNICAS ● FISIOLOGIA DOS ANDROGÊNIOS NA MULHER Androgênio são hormônios esteróides que requerem a molécula do colesterol como base da sua secreção sendo produzidos pelas adrenais e ovários. Os principais são: ⇒ Androstenediona ( A ) e Testosterona ( T ) - Androgênio potente ⇒ DHEA - produzido nas células reticulares das adrenais e ovários - Androgênio franco ⇒ Fontes extra glandulares de estrógenos - os androgênio são convertidos em estrógenos pela ação da aromatase presente nos seguintes órgãos: - Placenta - Hipotálamo - Fígado - Pele - Tecido adiposo - Músculos - Ovários ( células da granulosa ) A partir do colesterol, este é sintetizado em pregnenolona por esta enzima reguladora da esteroidogênese (StAR). A pregnenolona, por sua vez, é transformada em 17 OH Pregnenolona, por ação da CYP17 (chamada antigamente de 17 hidroxilase). A 17 OH Pregnenolona é transformada em Progesterona pela 3B-HSD e a progesterona daqui segue para fazer androgênese/cortisol ou para aldosterona na suprarrenal. Porém, observem que o ovário não expressa a enzima CYP21A2, que é a antiga 21 hidroxilase. Então, no ovário só acontecem essas reações da direita. Isso porque a 21 hidroxilase é responsável por transformar 17OHP em 11-Desoxicortisol e a CYP11B1 em transformar 11- Desoxicortisol em Cortisol na camada fasciculada. Também na suprarrenal, na CYP21A1 vai transformar Progesterona em Desoxicorticosterona até chegar a Aldosterona. Nos ovários, só acontecem as reações descritas à direita. Então, a CYP17 e a 3BHSD2. A formação predominante é da DHEA, que é transformada em Androstenediona e, por ação da aromatase, pode ser interconversível em testosterona e essa testosterona se transforma em estradiol e a androstenediona em estrona. A produção relativa de androgênios na mulher não grávida é: A testosterona é basicamente 25% nos ovários, 25% nas adrenais e 50% no periférico. A androstenediona é meio a meio nas adrenais e ovários e tem pouca produção periférica. A di-hidrotestosterona (DHT) não é produzida nem nos ovários nem nas suprarrenais, basicamente toda a sua produção é periférica. A dehidroepiandrosterona tem bem mais produção adrenal do que ovariana e periférica. O sulfato é todo na suprarrenal, porque é só essa glândula que contém a enzima sulfatase. ● CONTROLE DA SECREÇÃO O LH estimula as células da teca a produzirem androstenediona e testosterona, que se difundem para as células da granulosa e vão formar, por estímulo do FSH que estimula aromatase, estrona e estradiol. O ovário também contém receptores para insulina e IGF-1 ou somatomedina C, de forma que ambos (insulina e IGF-1) também estimulam a esteroidogênese.Então, contém as células da Teca e os receptores da Insulina e IGF-1, e é por isso que estados de resistência insulínica, comuns na síndrome do ovário policístico, Uma vez produzidos, androstenediona e testosterona passam/se difundem para as células da granulosa, estimulados pelo FSH e vão se transformar, por ação da aromatase, em estroma e estradiol, respectivamente. Esses hormônios fazem uma retroalimentação negativa na hipófise, diminuindo o FSH, de forma que haja uma modulação dessa esteroidogênese. Na supra renal, o controle se inicia a partir do ACTH. Ele estimula as adrenais e começa a produção de testosterona, androstenediona, dehidroepiandrosterona e o seu sulfato. Os ovários e as suprarrenais irão ambos produzir os androgênios. Na circulação eles vão até o tecido-alvo, ligado a proteínas plasmáticas como a albumina, em menor proporção, e mais especificamente pela SHBG A produção pode ser influenciada por diversos fatores. Um deles é a insulina, e hormônios tireoidianos, inclusive androgênio e estrogênios podem afetar esse ciclo. Uma vez na circulação a testosterona segue a caminho de seu tecido-alvo. Por ação da 5-alfa-redutase é transformada em diidrotestosterona que se liga ao folículo piloso, causando o aumento de pelos, por isso o hirsutismo é um dos sinais mais importantes do hiperandrogenismo. Para que ocorra um equilíbrio evitando a superprodução de androgênio, a DHT, é transformada em 3-alfa diol que é uma forma de armazenamento e é inatividade pelo 3-alfa-glicuronide para ser eliminada nos rins, de forma que não ocorra nem falta nem excesso desse hormônios. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Hirsutismo: a mais comum e mais específica da hiperandrogenia - Virilização - Acne e queda de cabelo: Sintomas inespecíficos podendo estar presentes, mas sem valor clínico - Fatores causais ⇒ Aumento da síntese do substrato (andrógenos) ⇒ Alterações da SHBG (pp proteína que carreia os hormônios sexuais) ⇒ Aumento da sensibilidade do folículo piloso aos androgênios (ocorre por aumento da atividade da 5 alfa redutase – enzima que transforma diidrotestosterona em testosterona). - Fator muito individual ● FASES DE DESENVOLVIMENTO DO FOLÍCULO PILOSO 1. Anágena = Crescimento ( androgênios baixos e estrogênios altos ) - Fase de crescimento rápido influenciada pelo nível de hormônios estrogênios e androgênios. 2. Catágena = Fase de transição regressiva, começa a te regressão do pêlo 3. Telógena = Fase de repouso e desprendimento O pelo demora a se desenvolver. Em torno de 6 meses que ele se desenvolve. Isso é importante, pois, ao realizar o tratamento para o hirsutismo, devemos ter consciência que o efeito será demorado e passar isso para o paciente para que ele não acredite que o tratamento está sendo inefetivo. Na fase anágena, temos o crescimento do pêlo. Junto, temos a glândula sebácea, portanto, o androgênio pode também estimular a glândula sebácea, tornando a pele mais oleosa. ● HIPERTRICOSE - Pelos “velus” em todo o corpo - Independente de androgênios - Ciclos menstruais regulares e ovulatórios - Perfil androgênico normal A hipertricose é caracterizada por um pêlo “fininho” que pode ocorrer por todo o corpo, não estando ligado a nível de hormônios androgênios. Quando a mulher adulta já apresenta hipertricose normalmente os ciclos são anovulatórios e o perfil androgênico é absolutamente normal. Esse pêlos acontecem em ÁREAS NÃO ANDROGÊNICAS na maioria dos casos ⇒ No hirsutismo é um pêlo grosso, escuro, mais encaracolado e que ocorre em ÁREAS ANDROGÊNICAS-DEPENDENTES .Para decorar é só imaginar que o pêlo que ocorre na mulher onde ela não deveria ter. Áreas que o homem tem, mas a mulher não deveria ter. Área supralabial, extensão de face, pescoço, face interna de coxa, no dorso, parte lateral da face, na linha Alba. ⇒ Quando diante de um quadro de maior androgenicidade. Já pode haver uma hipertrofia do clitóris, calvície temporária e uma hipertrofia muscular, principalmente de cintura pélvica e escapular. São casos de VIRALIZAÇÃO As síndromes hiperandrogênicas podem ser classificadas em virilizantes e não virilizantes. 1. VIRILIZANTES ⇒ Testosterona > 200 ng/ dl - Devemos desconfiar de CA adrenal e ovariana, Hiperplasia adrenal congênita virilizante, hipertecose ovariana ( hipertrofia de estroma ) ⇒ TRATAMENTO - Cirúrgico ( tumoral ) , corticoides ( hiperplasia adrenal congênita pela deficiência da CYP21 ), Análogos de GnRH ( Hipertecose ovariana ) 2. NÃO VIRILIZANTES - Mais brandas ⇒ Testosterona < 200 ng/ dl - Hiperplasia adrenal congênita não clássica, SOP, Cushing, drogas ( danazol e antiepiléticos), disfunções tireoidianas e a forma idiopática da sensibilidade da 5-alfa-redutase ⇒ TRATAMENTO = ACO, Antiandrogênicos, cirúrgico ( S.Cushing ), cabergolina, DAT/ Levotiroxina QUANDO O HIRSUTISMO É DOENÇA? ➤ Irregularidade menstrual e anovulação crônica; ➤ Hiperandrogenismo laboratorial ETIOLOGIA A causa mais comum, que responde a quase 80% dos casos, é a síndrome dos ovários policísticos. É uma causa de origem glandular ovariana, que cursa com hirsutismo em 50% dos casos e oligomenorreia em 80%. ⇒ Recém natos pequenos para a idade gestacional ( RN PIG ) ou pré-termo possuem risco aumentado para terem pubarca precoce e para síndrome de ovários policísticos ⇒ A insulina é muito importante para a esteroidogênesecomo um fator estimulatório. 20-30% das pacientes apresentam obesidade e resistência insulina, risco de DM aumentados mesmo que esteja com IMC dentro da normalidade, elas possuem uma predisposição genético a um defeito na sinalização do receptor insulínico. Normalmente na via pós-receptor, ele vai para fosfatidilinositol 3-quinases. Devido a um defeito e ele segue o caminho errado, vai para a serina treonina. E isso altera a captação de glicose pelo GLUT-4, que é o transportador de glicose para dentro da célula, predispondo ao aparecimento do DM nessas pacientes. Cursamos com 03 fatores para causar: 1. Aumento dos pulsos gerados GnRH e repercute também no LH, com menor pulso também do FSH 2. Desregulação da atividade enzimática da sTAR, 18, 20 liase e P450 C17 favorecendo uma hipersecreção de andrógenos 3. O papel de resistência e hiperinsulinemia Na figura temos o ciclo menstrual normal. A seta indica o início do ciclo menstrual, quando o endométrio descama e ocorre a menstruação Já no final da fase lútea, em que existe aumento de testosterona e estradiol, ocorre que o FSH e LH começam a ficar baixos, inibidos pela retroalimentação normal A partir do momento em que a mulher menstrua, ocorre uma queda abrupta tanto do estrogênio quanto da progesterona e isso favorece o aumento progressivo das gonadotrofinas. O FSH começa a subir como o LH O FSH começa a estimular a aromatização dos androgênios, então o estradiol começa a aumentar cerca de 48h antes da ovulação, sendo um dos fatores responsáveis pelo pico do LH. Isso é importante para que o folículo se forme. O FSH também é estimulado pelo estrogênio porque ele vai aumentar a expressão de receptores também do LH nas células da granulosa para produzir mais progesterona. Na realidade, o corpo lúteo é um grande produtor de progesterona. Todos os esteróides são produzidos em todas as fases, porém existe uma predominância de um sobre o outro. Então, na fase lútea, nós temos o predomínio da progesterona que vai fazer com que esse endométrio seja preparado para a nidação, caso haja a fertilização. Pode-se observar que o endométrio começa a ficar espesso, as glândulas também crescem preparando para receber o ovo. Caso não haja fertilização, ocorre a queda abrupta (da progesterona) e esse ciclo se repete. RESUMINDO = Quando existe a pulsatilidade perdida, a secreção de LH é constantemente alta, por isso, é perdido o pico ovulatório e as mulheres apresentam anovulação, em sua grande maioria. Como não ocorre a ovulação e o microambiente ovariano fica muito androgênico, ocorre atresia e morte celular. Esses folículos atrésicos produzem mais androgênio e são mais aromatizados, formando o ciclo vicioso, o estradiol estimula mais ainda o LH. De forma que, além de infertilidade, essas mulheres possuem um hiperestrogenismo relativo, tendo um risco aumentado de câncer de mama e endométrio. ● SOP ( SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO ) Critérios diagnósticos ( Consenso de Rotterdam ) - exigindo a presença de 2 desses 3 critérios. - Irregularidade menstrual e anovulação crônica - infertilidade - Hiperandrogenismo clínico e / ou laboratorial - USG TransVaginal: Ovario. D e Ovário. E > 1 centímetro cúbico , > 12 cistos periféricos de 2-9 mm - Diagnóstico de exclusão - 75% fenótipo clássico e 25% fenótipos não androgênico e ovulatório ● Lembrar que as dosagens, principalmente de testosterona são limitadas pelos métodos laboratoriais; ● O consenso determinou que o volume dos ovários seja maior que 1 centímetro cúbico e haja mais do que 12 cistos periféricos medindo de 2 a 9 mm. Às vezes, o ultrassonografista não é bem preparado ou o transdutor não é muito sensível, apesar desses detalhes a USG ainda faz parte dos critérios do consenso de Rotterdam; ● O consenso determinou que o volume dos ovários seja maior que 1 centímetro cúbico e haja mais do que 12 cistos periféricos medindo de 2 a 9 mm. Às vezes, o ultrassonografista não é bem preparado ou o transdutor não é muito sensível, apesar desses detalhes a USG ainda faz parte dos critérios do consenso de Rotterdam; ● Como a atividade hormonal daquelas enzimas pode ser diferente de um indivíduo para o outro, o aspecto fenótipo é muito variável. Na maioria das vezes, vamos ver um fenótipo clássico com esses critérios diagnósticos, mas em 25% dos casos podemos ver mulheres que não tem fenótipo androgênico, mas tem infertilidade, anovulação e temos também mulheres que menstruam, mas tem hirsutismo ou outros sinais de alteração ovariana O fato de ter menstruação regular não significa que a mulher esteja ovulando. O melhor marcador para saber se a mulher está ovulando ou não é a dosagem da progesterona na fase lútea – 19º ao 23º dia do ciclo menstruando, contando como primeiro dia o dia da menstruação. Ou também a avaliação da temperatura basal, pois a progesterona aumenta a temperatura basal ● HIRSUTISMO DE ORIGEM GLANDULAR → Ovário - Hipertecose: Aumento persistente do LH, células da teca leitunizadas no estroma, entre pequenos folículos atrésicos. Virilização lenta e progressiva → USG TransVaginal: Ovário.D e Ovário. E aumentado, poucos cistos, hiperecóico - Tumores virilizantes ( gonadoblastomas, tecomas, células de Leydig, estroma ) → Adrenais - HAC CYP 21: Segunda causa mais comum - Tumores adrenais e hipofisários ( Síndrome de Cushing ) A hipertecose, por exemplo, é considerada por alguns autores como uma fase mais avançada dos ovários micropolicísticos. O aumento persistente do LH começa a alterar as células da Teca e elas começam a invadir o estroma, causando também atresia desses ovários, com folículos atrésicos. Por isso que na USG, de preferência transvaginal que é muito mais sensível que a pélvica, nós podemos ter ambos os ovários aumentados, porém poucos cistos, mas com estroma hiperecóico por conta dessa invasão das células da Teca no estroma. Um sintoma importante na anamnese para diferenciarmos é que essa virilização é lenta e progressiva, ao contrário dos tumores, que geralmente é rápido. Geralmente, esses tumores dão um aumento unilateral do ovário, não são bilaterais. São causas mais raras. Os tumores adrenais também são muito raros. A Síndrome de Cushing, que são os adenomas hipofisários, também são raros e tem aquele fenótipo característico como HAS e DM. → Hiperprolactinemia: PRL tem ação direta nas adrenais aumentando a segregação de DHEA e SDHEA → Disfunções tireoidianas - Hipertireoidismo: Diminuição do metabolismo da Tireoide aumenta E2 - Hipotireoidismo: Diminuição da síntese hepática de SHBG → T-Livre → Acromegalia: Aumenta IGF-1 e Insulina → Menopausa: Aumenta LH e diminui Aromatase → Hirsutismo periférico ou idiopático Outras causas glandulares do hirsutismo são a hiperprolactinemia porque a prolactina tem ação direta nas supra renais, aumentando a síntese de DHEA e seu sulfato. Outras causas de hiperprolactinemia devem ser afastadas, como antidepressivo e outras medicações que alterem a prolactina. O hipotireoidismo pode resultar em hiperprolactinemia, pois o TSH estimula a secreção da prolactina O hiper diminui a metabolização periférica da testosterona, com isso “sobra” mais testosterona e aumenta a secreção do estradiol. E no hipo porque diminui a síntese hepática de SHBG. Com isso, sobra mais testosterona livre, menos ligada a SHBG. O imunoensaio da testosterona livre é menos impreciso, sendo uma limitação. Não é muito bom dosarmos testosterona livre rotineiramente. A acromegalia é um tumor produtor de GH, que tem a hiperconversão de IGF-1, que é muito semelhante estruturalmente a insulina (já falamos que ligam-se a receptores específicos na célula da Teca, aumentando a esteroidogênese). E na menopausa podemos ter mulheres que começam a apresentar hirsutismo por aumento da secreção de LH e por ação reduzida da aromatase pelo próprio envelhecimento do ovário. O hirsutismo periférico ou idiopático cursa só com o aumento de pêlos sem outra anomalia qualquer. ANAMNESE → História gestacional: RN PIG ou pré-termo Importante saber sobre a história gestacional,se nasceu pequeno ou pré termo, saber idade da primeira menstruação e como que evoluiu essa puberdade,a época de aparecimento e a evolução. → Idade da menarca ( precoce ou acelerada ) → Época de aparecimento dos sintomas e evolução → Sinais de virilização: lento/ rapidamente progressivo Importante perguntar sobre os sinais de virilização – por exemplo, aumento da cartilagem cricóide, rebaixamento da voz → História menstrual e fertilidade Lembrar que, após a menarca, a menina pode menstruar irregularmente até 1 ano, depois de 1 ano, temos que pensar em outras causas de irregularidade menstrual. → Tabagismo → Enxaqueca EXAME FÍSICO → Sinais de Hiperandrogenismo e viralização → Acantose nigra A acantose negra é o escurecimento de algumas áreas, principalmente de dobras, como axilas. Isso é um sinal de resistência insulínica. Quando estiver presente, saber que o paciente tem um risco 7x mais aumentado de DM. → IMC → Circunferência abdominal → PA → Mamas: galactorreia → Sinais de hipercortisolismo / acromegalia Caso típico de síndrome de Cushing – face em lua cheia, o flushing facial, que é a vermelhidão nas bochechas, o hirsutismo, gordura no pescoço, obesidade central com estrias e atrofia dos membros superiores e inferiores. A doença de Graves, que cursa com exofitalmia. Podemos classificar o hirsutismo pela escala de Ferriman-Gallwey, embora ela seja dependente do observador. A pontuação é dada de acordo com os pêlos supralabiais, face, tórax, linha Alba, braços, coxas, no dorso e glúteos. - Menor que 8 – normal - 8 – 15 – hirsutismo leve - 16 – 25 – moderado - Maior que 25 – hirsutismo grave. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL A triagem requer uma busca nos três diagnósticos mais comuns. - 17 OHP > 1000 ng/dl: HAC CYP 21, 200-1000 ng/dL - Teste do ACTH IV pensando em hiperplasia adrenal congênita; Se a 17OHP basal vier acima de 1000, nós já fazemos o diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita clássica por deficiência da CYP21. Se ele vier pouco elevada, acima de 200, nós temos que fazer o teste do ACTH IV - S-DHEA > 700 mcd/dL: TU de adrenal - Testosterona > 200 pg/mL: TU de adrenal ou ovariano Dosagem de gonadotro�nas - LH, FSH: Diminuição no TU ovariano - Outras: PRL, TSH, cortisol pós-sup noturna ( VN < 1,8 mcg/dl ) Todos os hormônios devem ser dosados na primeira fase do ciclo menstrual, na fase folicular precoce, com exceção da progesterona. Ou seja, dosar nos primeiros 5 dias menstruais, porque nas outras fases do ciclo menstrual, eles podem estar aumentados fisiologicamente e a gente não saber se o aumento é por doença ou fisiológico. Então, idealmente dosa-se na fase folicular, até o 8º dia ainda dá para dosar Não é rotina pedir inicialmente a dosagem de gonadotrofinas, a não ser que estejamos diante da suspeita de um tumor. Se o FSH, LH vierem suprimidos, pensar em tumores ovarianos e a USG transvaginal também vai confirmar essa hipótese. As demais, como prolactina, só se tivermos uma suspeita clínica, paciente com cefaléia, amenorréia e galactorréia ou se estiver em uso de algum medicamento como fluoxetina, outros antidepressivos, ansiolíticos também podem ser a causa. Os tumores produtores de prolactina, geralmente, acima de 150 Na suspeita de cushing, o melhor teste é o de supressão noturna com 1mg de dexametasona EXAMES DE IMAGEM → USG Pélvico-transvaginal: TU ovariano, SOP, hipertecose → TC abdominal: TU adrenais → RM de sela turca: prolactinoma, S. Cushing, acromegalia TRATAMENTO Como a causa mais comum é a SOP, o tratamento geralmente é feito com anticoncepcional oral – tratamento de primeira linha. Lembrar que estes têm diversas ações no organismo ● EFEITOS GERAIS → Metabolismo glicídico: efeito glicocorticóide ( MPA ) → Metabolismo lipídico: Diminui Colesterol T e aumenta TG No metabolismo lipídico, diminui o colesterol. O estrogênio estimula a expressão hepática de receptores da LDL, então mais LDL vai ser captado. Por outro lado, pode aumentar a síntese de triglicerídeos. Hoje, nós temos outras vias de administração do anticoncepcional que não oral, por exemplo transdérmico, isso pode ser uma saída para pacientes com TG alto. → Metabolismo proteico: Aumenta SHBG e IGFBPs e diminui T livre e IGF-1 → Inibe secreção gonadotrófica → Fibrinólise ( estrogênio VO ): aumenta agregação e fatores II V VII IX X, diminui antitrombina III e aumenta substrato de renina Espera-se o risco de trombose e aumento da PA. Aferir PA da paciente, saber se ela fuma, se tem enxaqueca Pacientes jovens tem um perfil cardiometabólico normal e aí ACO que contém progesterona que contém maior ação antiandrogênica, são os que contém ciproterona, clormadinona e drospirenona Se tiverem aumento de triglicerídeos, ou é um ACO não oral ou a pílula só de progesterona. Se tiver diabetes, usar esses progestágenos mais modernos, com baixa dosagem de estrogênio. ● TRATAMENTO HIRSUTISMO Anticoncepcionais: perfil cardiometabólico → DM sem complicações e < 20 anos de duração: ACO menor dosagem → HAS < 140/90 mmHg: PP - pílula de progesterona → Tabagismo < 35 a ou > 35 a com < 15 cigarros/dia: PP - pílula de progesterona → Enxaqueca sem aura: ACO com menor dosagem ou PP - pílula de progesterona Bloqueadores de receptores androgênicos Começamos com ACO, se em 6 meses-1 ano, a paciente não melhorar, nós podemos associar os antiandrogênicos O acetato de ciproterona tem associado em uma dose pequena, mas tem também sozinho em uma dose maior de 50 a 100mg. É um potente progestágeno. Mas tem efeitos colaterais. Deve ser dada nos primeiros dez dias do ciclo menstrual, juntamente com o ACO A espironolactona é um antiandrogênico barato que tem uma ação progestágena fraca e antimineralocorticóide. Pode causar náuseas, fadiga, mastalgia, hipercalemia, irregularidade menstrual, por isso sempre deve ser associada ao ACO. Inibidores de 5 alfa redutase - Finasterida / Dutasterida → Inibe conversão da testosterona em DHT → Usado com ACO ( Genitália atípica de fetos masculinos ) → Efeitos colaterais: mastalgia, depressão e perda do libido → DOSE: 2,5 a 5 mg/dia Tem que ser usado com ACO, pois se a mulher engravidar, os antiandrogênicos vão interferir na masculinização dos fetos. Agentes sensibilizadores da insulina → Emagrecimento e atividade física → Metformina Se a paciente apresentar resistência insulínica, o melhor tratamento é a mudança do estilo de vida. O emagrecimento e atividade física melhoram a sensibilidade à insulina. A metformina não resolve muito a questão do hirsutismo, mas tem a vantagem para as mulheres que querem engravidar, ela melhora a ovulação e a nidação, ela pode facilitar a gravidez em pessoas com SOP. HIPERPROLACTINEMIA Cabergolina - 0,5 - 1mg/semana OUTROS - Tumores de adrenal - Cirurgia - Acromegalia - Cirurgia, octreotide, CBG, radioterapia - Hipo: Levo tiroxina - Hiper: Metimazol
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