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FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO Disciplina: Direito Penal I - 4º Período: 2013.1 Professor: Magno Antonio Leite Tema da Aula: Conceito de Direito Penal. 1. Conceitos: Numerosas são as definições e conceitos do direito penal, frequentemente imperfeita dada a sua complexidade e evolução histórica. Sinteticamente, podemos elencar: 1.1. “Conjunto das prescrições emanadas do Estado, que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência”. (Von LISTZ). 1.2. “Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, ligando ao delito, como pressuposto, a pena como conseqüência”. (Edmund MEZGER). 1.3. “Conjunto de normas y disposiciones jurídicas que regulan el ejercicio del poder sancionador y preventivo del Estado, estableciendo el concepto del delito como presupuesto de la acción estatal, así como la responsabilidad del sujeto activo, y asociando a la infracción de la norma uma pena finalista o uma medida aseguradora”. (Luís Jiménez ASÚA). O direito penal do presente saltou o marco dessas denominações e seu sentido extrapola os limites que lhe assinala o sentido gramatical. 1.4. “Direito penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica”. (E. Magalhães NORONHA). 1.5. “Conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado”. (José Frederico MARQUES e DAMÁSIO, E. de Jesus). 1.6. “Direito penal é o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais, cominando-lhes, em conseqüência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessários à sua correta e justa aplicação”. (Fernando CAPEZ). 1.7. “O Direito Penal é o setor ou parcela do ordenamento jurídico público interno que estabelece as ações ou omissões delitivas, cominando-lhes determinadas conseqüências jurídicas – penas ou medidas de segurança (conceito formal). De outro lado, refere-se, também, a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, que afetam gravemente bens jurídicos indispensáveis à sua própria conservação e progresso (conceito material)”. (Luiz Regis PRADO). 1.8. “Direito Penal é o conjunto de tipos de conduta, descritos pela lei, anteriormente ao fato, pela realização de cada qual se aplica ao agente a sanção prevista, desde que não ocorram circunstâncias de justificação, de isenção de pena ou de política criminal”. (Jair Leonardo LOPES). 2. Funções e caracteres: Em um Estado democrático de Direito, o legislador seleciona quais os bens especialmente relevantes para a vida social e, por isso mesmo, merecedores da tutela penal. A noção de bem jurídico implica a realização de um juízo positivo de valor acerca de determinado objeto ou situação social e de sua relevância para o desenvolvimento do ser humano. Nesse particular, cabe ressaltar que, mais que um instrumento de controle social normativo – primário e formalizado -, assinala-se à lei penal uma função de garantia e de direção social. Também deve ser observado que o Direito Penal tem natureza autônoma ou constitutiva (função valorativa), mas também sancionatária, principalmente em determinadas áreas (v.g. tutela de bens ou interesses difusos ou coletivos). 3. Direito Penal objetivo e subjetivo: No aspecto objetivo, o Direito Penal é um conjunto de normas que definem os delitos e as sanções que lhes correspondem, orientando, também, sua aplicação. Já em sentido subjetivo, diz respeito ao direito de punir do Estado (princípio da soberania), correspondente à sua exclusiva faculdade de impor sanção criminal diante da prática do delito. Fundamenta-se no critério de absoluta necessidade e encontra limitações jurídico-políticas, especialmente nos princípios penais fundamentais. Deduz-se, portanto, que o Direito Penal não consiste, apenas, em normas incriminadoras, isto é, normas que definam crimes e cominem penas, pois nele se encontram, também, normas não incriminadoras, que estabelecem condições a serem observadas para aplicação daquelas outras e até mesmo as circunstâncias em que, embora praticada a conduta típica, o fato seja justificável, não punível ou a respectiva sanção não se aplique por razões de política criminal. Isso de certo modo, justifica o fato de que o nosso Código Penal tenha uma Parte Geral e uma Parte Especial. Naquela, estão as normas que encerram os princípios gerais indispensáveis à aplicação das normas incriminadoras, que estão situadas nesta. Há, entretanto, situações de excepcionalidade, pois, encontramos na Parte Geral normas que se referem a penas. (Ex. art. 14, parágrafo único), (art.29 – concurso de pessoas), (arts. 69, 70 e 71 – concurso de crimes), embora só se apliquem em combinação com outras da Parte Especial. Por outro lado, encontraremos normas não incriminadoras, mas de caráter especial, porque somente se aplicam aos tipos de condutas a que se referem de forma particular, previstas em seus artigos, incisos e parágrafos. (Exemplos: art. 128, I e II; art. 140, § 1º; art. 143; art. 176, parágrafo único; art. 180, § 5º; art. 181, I e II; art.342, § 2º; art. 348, § 2º, e outros).
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