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Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV Síndromes respiratórias EXAME FÍSICO – REVISÃO: Inspeção e palpação – expansibilidade: • Alterações pleurais e no parênquima pulmonar podem reduzir a expansibilidade, dependendo do acometimento. • Alterações brônquicas que geram hiperinsuflação pulmonar podem reduzir o volume corrente e a expansibilidade (bilateralmente). o Agudas: pouca alteração. o Crônicas: alterações relevantes. Frêmito tóraco – vocal (FTV): • Nas afecções pleurais há diminuição ou mesmo abolição do FTV, a depender da intensidade do acometimento. • Nas afecções brônquicas não há alterações significativas ou, quando ocorrem, são simétricas; podem surgir vibrações nas secreções brônquicas quando o paciente respira ou tosse (frêmito brônquico). • Nas afecções parenquimatosas: o Quando houver acúmulo de líquidos ou células há aumento do FTV (síndrome consolidativa, cavitaria – quando há líquido no interior da caverna; síndrome congestiva – há aumento simétrico nas bases). o Quando houver aumento de ar nos alvéolos ocorrerá redução do FTV (enfisema). o Quando não houver permeabilidade brônquica ocorrerá redução do FTV (atelectasia). Percussão: • Nas afecções pleurais com acúmulo de líquido (derrame pleural) ou espessamento, o som se torna maciço ou submaciço, a depender do volume do líquido ou do grau de espessamento. o No acúmulo de ar no espaço pleural (pneumotórax), o som claro pulmonar se torna timpânico ou hipertimpânico. • Nas afecções brônquicas usualmente não há alteração; mas ocorre quando há aprisionamento de ar nos pulmões (DPOC), com hipersonoridade bilateral. • Nas afecções parenquimatosas com acúmulo de líquidos (síndrome congestiva) ou células (síndrome consolidativa), o som se torna submaciço nos locais afetados. o Nas afecções parenquimatosas com hiperareação (enfisema) ocorre o chamado som hipersonoro, bilateralmente. o Nas com colapso alveolar por obstrução brônquica (atelectasia), ocorre submacicez no local acometido. Ausculta: fase da respiração e da fala (ressonância vocal – equivalente ao frêmito). • Nas afecções pleurais ocorre diminuição ou abolição do MV, dependendo da intensidade do acometimento. o Se houver inflamação com fricção das pleuras pode ocorrer atrito pleural (inspiração e expiração). • Nas afecções parenquimatosas: o Com hiperaeração (enfisema) ocorre redução difusa e bilateral do MV; podem estar presentes sibilos. o Com prolapso alveolar por quebra da permeabilidade brônquica (atelectasia) ocorre redução ou Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV abolição do MV no local acometido. o Com infiltração de células inflamatórias (consolidação), o MV se torna grosseiro ou rude no local acometido e surgem ruídos adventícios; substituição por respiração brônquica ou brônquica vesicular. o Com acúmulo de líquido nos alvéolos por congestão pulmonar: há redução do MV e surgem estertores finos, nas bases pulmonares. • Nas afecções brônquicas: o Com broncoespasmo (asma) surgem sibilos expiratórios e nos casos graves (hipersecreção) podem surgir estertores grossos. o Na bronquite crônica ocorrem estertores grossos bilateralmente, podendo surgir também roncos e sibilos. SÍNDROMES PLEURAIS Decorrem do comprometimento das pleuras. Entre as pleuras existe uma quantidade mínima de líquido, que permite o deslizamento. PLEURITE: síndrome pleural inflamatória. • Pode ser aguda (dias) ou crônica (semanas / meses). • Pode conter ou não uma coleção líquida (pleurite com derrame ou sem derrame). o Doenças causadoras: tuberculose, pneumonia, colagenoses, viroses, neoplasias da pleura. • Pleurisia: evolução aguda. o Sintomas: dor tipo pleurítica, febre, tosse, dispneia. o Causas: vírus (coxsackie). o Possui evolução limitada (cura). • Pleurite de evolução crônica (“seca” ou com derrame). o Sintomas: dispneia aos esforços, outros sintomas são menos frequentes. o Causas: tuberculose, neoplasias, colagenoses. Pleurite aguda: • Inspeção: expansibilidade diminuída no lado acometido. • Palpação: expansibilidade diminuída; pode surgir frêmito pleural. • Percussão: normal ou submacicez no local acometido. • Ausculta: atrito pleural (na inspiração e expiração). Pleurite crônica: • Inspeção: expansibilidade diminuída no lado acometido. • Palpação: expansibilidade diminuída; FTV diminuído (se o espessamento pleural for importante). • Percussão: submacicez ou macicez no local acometido. • Ausculta: MV diminuído no local acometido (se > espessamento); RV diminuída no local acometido (se > espessamento). DERRAME PLEURAL: acúmulo de líquido no espaço pleural. Sintomas: dispneia; pode haver dor torácica ou tosse seca. Hidrotórax: acúmulo de transudato = líquido seroso (límpido, com pouca quantidade de proteínas). • Causas: insuficiência cardíaca, cirrose hepática, hipoalbuminemia Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV (aumento da pressão hidrostática), nefropatias. Quilotórax: acúmulo de quilo (líquido com linfa) proveniente do ducto torácico. • Causas: iatrogenias cirúrgicas ou neoplasias. Hemotórax: sangramento para a cavidade pleural. • Causas: trauma torácico aberto ou fechado; ruptura de vasos (tuberculose, neoplasias, aneurisma). Se há pneumotórax associado: hemopneumotórax. Empiema pleural: acúmulo de secreção purulenta. • Usualmente secundário a pneumonia bacteriana. Na radiografia, o local em que há o derrame, fica branco. Exame físico: • Inspeção: expansibilidade diminuída. • Palpação: expansibilidade diminuída; FTV diminuído ou abolido na área do derrame; FTV aumentado na área pulmonar em contato com o derrame. • Percussão: submacicez ou macicez. • Ausculta: MV abolido na área do derrame; egofonia na área adjacente ao derrame. PNEUMOTÓRAX: ar que se acumula no espaço pleural, penetrando através de lesão traumática, ruptura de bolha subpleural ou lesões pulmonares. • Sintomas: dispneia e dor no lado acometido. • Doenças causadoras: traumas torácicos, bolhas pulmonares (blebs), tuberculose, pneumoconiose, neoplasias de pulmão. Comum por iatrogenia – lesão pulmonar com escape aéreo do pulmão para dentro da pleura. Na radiografia, o local em que há o pneumotórax fica escuro. OBS: o pneumotórax pode empurrar o mediastino para o lado contralateral. O pneumotórax hipertensivo pode gerar deslocamento fatal – acotovelamento dos vasos da base. • Inspeção: abaulamento dos espaços intercostais quando volumoso (achado infrequente). • Palpação: expansibilidade diminuída no lado afetado; FTV diminuído ou abolido no lado afetado, dependendo do volume do pneumotórax. • Percussão: timpanismo ou hipertimpanismo. • Ausculta: MV diminuído ou abolido, dependendo do volume; RV diminuído ou abolido, dependendo do volume. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV SÍNDROMES BRÔNQUICAS Decorrem do envolvimento primordial da árvore traqueo – brônquica. • Quando há inflamação ocorre: edema, hipersecreção, limitação ao fluxo, tosse produtiva, dispneia, estertores grossos. • Quando há obstrução parcial (broncoespasmo, edema) ocorre: dispneia, tosse seca ou pouco produtiva, roncos e sibilos. • Quando há obstrução completa ocorre: atelectasia (síndrome parenquimatosa decorrente de um quadro brônquico). BRONQUITE: síndrome brônquica inflamatória. Bronquite aguda: infecção usualmente viral, com febre, tosse seca → mucosa → mucopurulenta. Também pode ser de natureza alérgica ou causada por bactéria e toxinas. • Acomete cerca de 5% de todos os adultos, anualmente. • 95% dos casos são causados por vírus, usualmente os mesmos que causam resfriados. • Bactérias podem causar bronquiteaguda em pacientes com doenças pulmonares crônicas. • Sintomatologia: o Tosse seca ou produtiva com expectoração mucoide. o Sibilância. • Duração da doença: 10 a 14 dias, com bom prognóstico. Bronquite crônica: inflamação crônica de brônquios e bronquíolos que se tornam espessos e com constante produção de muco. • Para o diagnóstico é necessário: quadro de tosse produtiva na maioria dos dias, por pelo menos 3 meses ao ano, em 2 anos consecutivos e com exclusão de outras causas de tosse crônica (infecções respiratórias e tumores). • É uma das causas de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Exame físico: • Inspeção: taquipneia, tiragens; expansibilidade normal ou globalmente diminuída. • Palpação: FTV normal ou diminuído bilateralmente. • Percussão: sem alterações expressivas se não há DPOC; hipersonoridade bilateral nos casos de DPOC. • Ausculta: estertores grossos difusos (bilaterais), roncos e sibilos esparsos. BRONQUIECTASIA: síndrome brônquica de dilatação; é uma dilatação irreversível dos brônquios por destruição da parede. • Mecanismo genético que dificulta o mecanismo mucociliar de depuração e/ou infecção por germe agressivo. • A evolução da doença é crônica e intermitente, com necessidade de uso frequente de antibióticos. • Os lobos inferiores (principalmente o esquerdo) são mais acometidos, pela maior dificuldade de drenagem das secreções brônquicas. Exame físico: • Inspeção: taquipneia, tiragens; expansibilidade normal ou globalmente diminuída. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV • Palpação: FTV sem alterações expressivas (teoricamente pode estar simetricamente aumentado). • Percussão: usualmente normal (pode haver submacicez no local de maior acometimento). • Ausculta: estertores grossos no local acometido. BRONCOESPASMO: • Doenças: asma brônquica (estreitamento difuso dos brônquios de pequeno calibre). • Sintomas: quadros intermitentes de dispneia (predominantemente expiratória); chieira, tosse seca ou produtiva; pode haver dor torácica. Exame físico: • Inspeção: dispnéia, tiragens. • Palpação: FTV normal ou diminuído simetricamente. • Percussão: normal ou hipersonoridade. • Ausculta: MV diminuído (pelo aprisionamento de ar); tempo expiratório prolongado; roncos e sibilos difusos (predominantemente expiratórios), estertores grossos difusos nos casos mais graves (se houver hipersecreção brônquica associada). SÍNDROMES PARENQUIMATOSAS SÍNDROME CONSOLIDATIVA: ocupação dos espaços alveolares por células e exsudato – neutrófilos, macrófagos, etc. • Ex: pneumonia (aguda), tuberculose (semanas a meses), câncer de pulmão. • Sintomas: dispneia e tosse (seca ou produtiva), hemoptóicos, dor torácica. Pneumonia: é uma doença aguda, com evolução de dias. É uma inflamação aguda, de qualquer natureza, localizada no parênquima pulmonar. • Causada por bactérias, vírus, fungos ou outros agentes. Conforme o agente, pode-se ocorrer uma pneumonia lobar ou uma broncopneumonia. Broncopneumonia: participação bronquíolo – alveolar, infiltrados múltiplos. A síndrome consolidativa clássica é a observada na pneumonia lobar. Tuberculose: é uma doença com evolução crônica (febre vespertina, sudorese, emagrecimento e tosse crônica, com expectoração amarelada / esverdeada. • É produzida pelo Mycobacterium tuberculosis. • Caracteriza-se histologicamente pelo granuloma caseoso (tipo de reação inflamatória – neste caso se forma o líquido caseoso / decorrente de morte celular; que é jogado para dentro do bronquíolo e é eliminado pela tosse). • A evolução depende da relação entre a bactéria e o sistema imunológico do hospedeiro. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV Caso não ocorra tratamento adequado, ocorre a formação de cavernas. Câncer de pulmão: 90% são do tipo carcinoma brônquico. • Altamente relacionado com o tabagismo. • Usualmente indivíduo >40 anos, tabagista, com tosse por mais de algumas semanas, com ou sem outros sintomas (expectoração mucopurulenta, hemoptoicos ou hemoptise, dispneia, febre e dor torácica). • Metástases mais comuns: mediastinal, gânglios periféricos, ósseas (coluna, costelas e bacia), hepáticas. Síndrome consolidativa: • Inspeção: expansibilidade diminuída. • Percussão: submacicez ou macicez. • Palpação: expansibilidade diminuída, FTV aumentado. • Ausculta: MV (mais suave, com inspiratório mais prolongada) é substituído por respiração brônquica (mais grosseiro, com expiração mais prolongada) ou bronco-vesicular; RV aumentada (broncofonia), sopro tubário, egofonia; estertores finos (crepitantes), estertores grossos (broncopneumonia), pectoriloquia fônica e afônica (33 fica nítido). COLAPSO ALVEOLAR: atelectasia (colapso alveolar decorrente da obstrução de algum brônquio). • Desaparece o ar dos alvéolos, sem que o espaço alveolar seja ocupado por células ou exsudato. • Causas comuns: neoplasias, corpos estranhos. • Pode ser segmentar, lobar ou do pulmão inteiro. • Sintomas: dispneia, tosse seca, desconforto respiratório. Na radiografia, observa-se esbranquiçado – sem ar; com o mediastino repuxado para o lado do acometimento. • Inspeção: retração do hemitórax, tiragens. • Palpação: expansibilidade diminuída, FTV diminuído ou abolido no local acometido. • Percussão: submacicez ou mesmo macicez no local acometido, dependendo da extensão do acometimento. • Ausculta: MV diminuído (exceção e a atelectasia do lobo superior direito, onde pode haver som brônquico ou broncovesicular; RV diminuída ou abolida. ENFISEMA PULMONAR (AERAÇÃO): hiperaeração por aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal + modificações estruturais das paredes alveolares. Os pulmões perdem a elasticidade e os alvéolos ficam maiores. O ar entra com facilidade na inspiração e há dificuldade para expirar. Sintomas: dispneia progressiva, sibilância. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV Exame físico: • Inspiração: expansibilidade diminuída bilateralmente; tórax em tonel. • Palpação: expansibilidade diminuída bilateralmente; FTV diminuído bilateralmente. • Percussão: hipersonoridade. • Ausculta: MV diminuído globalmente (bilateral); fase expiratória prolongada; RV diminuída. SÍNDROME PULMONAR CONGESTIVA: acúmulo de líquido no interstício, normalmente por insuficiência ventricular esquerda ou estenose mitral. Sintomas: dispneia de esforço, dispneia de decúbito, dispneia paroxística noturna, tosse seca, sibilância. Exame físico: • Inspeção: expansibilidade simétrica (normal ou diminuída globalmente). • Palpação: expansibilidade normal ou aumentada; FTV simétrico (teoricamente aumentado nas bases). • Percussão: submacicez nas bases pulmonares. • Ausculta: MV normal ou diminuído em bases; RV simétrica, normal (ou teoricamente aumentada); estertores finos (crepitações) em bases; sibilos ocasionais. OBS: uma fase avançada da congestão pulmonar é o edema agudo do pulmão (EAP) – o líquido intra – alveolar vai para brônquios (junto com hemácias) e o paciente começa a tossir (rósea e espumosa) com dispneia acentuada. SÍNDROME CAVITÁRIA (CAVERNAS): a escavação pode ser produzida por algumas doenças, como tuberculose, câncer de pulmão e outras. São perdas do parênquima por necrobiose. Sintoma principal: tosse produtiva. Só apresentam alterações ao exame físico as cavernas de localização periférica e com mais de 4cm de diâmetro. Exame físico: • Inspeção: expansibilidade diminuída na região afetada. • Palpação: FTV aumentado se houver secreção intra – cavitaria. • Percussão: normal (timpânico se houver grandes cavernas próximas à superfície). • Ausculta: MV substituídopor respiração brônquica ou broncovesicular; RV aumentada se houver secreção; pectoriloquia. OBS: a ausculta depende bastante da doença – pode apresentar sinais e sintomas característicos da doença de base.
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