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Módulo 3 - Obrigações

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wDIREITO CIVIL II - OBRIGAÇÕES
PROFA. KALYNE MONTE
módulo 3 
CONTINUAÇÃO . TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO
II – CESSÃO DE DÉBITO (ASSUNÇÃO DE DÍVIDA)
	O Código Civil de 2002, diferentemente do CC/1916, regulou o instituto expressamente nos arts. 299 a 303. Sob a vigência do Código anterior, a transmissão do pólo passivo da obrigação era possível em face do princípio da autonomia da vontade e da inexistência de qualquer óbice legal. Há que se registrar uma referência legislativa anterior à promulgação do atual Código Civil: a do inciso III, art. 568, do Código de Processo Civil, que já admitia como sujeito passivo na execução “o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo”.
	A cessão de débito ou assunção de dívida consiste em um negócio jurídico bilateral por meio do qual o devedor, com o expresso consentimento do credor, transmite a um terceiro a sua obrigação. Em outras palavras, terceiro assume o débito, sem a conseqüente extinção da relação obrigacional. Cuida-se, assim, de uma transferência debitória, com mudança subjetiva na relação obrigacional.
São partes: alienante (devedor primitivo); adquirente, assuntor ou cessionário (novo devedor); e assuntivo (credor).
A transmissão deve ter como objeto uma obrigação com vencimento a prazo. O alienante paga hoje ao adquirente o valor da dívida com um desconto e este se obriga a pagar ao credor, no vencimento, seu valor integral. A vantagem ao alienante é certa. Quanto ao adquirente, não é (negócio de risco, pois tentará obter lucro com a operação, investindo o dinheiro recebido até o vencimento da dívida).
	Como haverá alteração subjetiva na relação-base, e ao se considerar que o patrimônio do devedor é a garantia da satisfação do crédito, o credor deverá anuir expressamente, para que a cessão seja considerada válida e eficaz. Esta é a regra estatuída no art. 299.
	O parágrafo único do art. 299 estabelece: “Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa”.
	A importância do consentimento do credor é de tal forma, que o silêncio é qualificado como recusa, contrariando, portanto, até mesmo a máxima do cotidiano de que “quem cala, consente”. Neste ponto, diferencia-se da cessão de crédito, pois nessa dispensa-se a anuência do devedor, porque lhe é indiferente a pessoa do credor; seja este quem for, o montante devido será sempre o mesmo.
	Note-se que a lei não admite a exoneração do devedor se o terceiro, a quem se transmitiu a obrigação, era insolvente e o credor o ignorava. Não se exige, no caso, a má-fé do cedente, bastando que o credor não saiba do estado de insolvência preexistente à cessão de débito, para se restabelecer a obrigação do devedor primitivo. (Por isso, é de boa cautela dar ciência ao credor do estado de solvabilidade do novo devedor).
	Aliás, será também restabelecida a obrigação se a substituição do devedor vier a ser invalidada/anulada, restaurando-se o débito, ou melhor, retornando as partes ao statu quo ante, com todas as suas garantias, excetuando-se as garantias prestadas por terceiro (uma fiança, por exemplo), a não ser que ele tivesse ciência do vício da cessão, a sua garantia subsistirá (art. 301 do CC). Maria Helena (2009:480) cita o seguinte exemplo: “A” deve a “B”, sendo “C” e “D” seus fiadores. “A” e “C” forçam “E” a assumir o débito. “B” e “D” desconhecem a coação sofrida por “E”. “B” aceita a cessão de débito feita a “E”, com isso “A”, “C” e “D” liberar-se-ão. “E” consegue anular a assunção de dívida, alegando vício de consentimento. Com isso, revigorar-se-á o débito de “A” e todas as garantias, menos a fiança dada por “D”, já que não tinha ciência daquela coação.
	A cessão de débito como negócio jurídico que é, para que seja considerada válida, deve preencher os requisitos gerais do art. 104 do CC, além da anuência expressa do credor, a substituição do devedor, mantendo-se a relação jurídica originária. Pressupõe, ainda, a presença de uma relação jurídica obrigacional juridicamente válida.
	São casos freqüentes de cessão de débito: “os de venda de estabelecimento comercial ou de fusão de duas ou mais pessoas jurídicas, bem como os de dissolução de sociedades, quando um ou alguns dos sócios assumem dívidas da pessoa jurídica no próprio nome”.
Quanto aos meios de substituição, a assunção da dívida poderá se dar por duas formas: 
(i) Por delegação – decorre de negócio pactuado entre o devedor originário e o terceiro, onde aquele transfere a este o débito com o credor. É necessária a devida anuência do credor. O devedor-cedente é o delegante; o terceiro-cessionário, delegado; e o credor, o delegatário. Poderá ter efeito exclusivamente liberatório (delegação privativa), não remanescendo qualquer responsabilidade para o devedor originário (delegante), como também poderá admitir a subsistência da responsabilidade do delegante, que responderá pelo débito em caso de inadimplência do novo devedor (delegação cumulativa ou simples). Neste último caso não existe solidariedade, mas sim responsabilidade subsidiária.
(ii) Por expromissão – hipótese em que terceiro assume a obrigação, independentemente do consentimento do devedor primitivo. Assim como na delegação, poderá ter eficácia simplesmente liberatória, quando houver substituição do devedor na relação obrigacional pelo expromitente, ficando exonerado o devedor primitivo, exceto se o terceiro que assumiu sua dívida era insolvente e o credor ignorava (CC, art. 299, 2ª parte). Pode, em situação mais rara, ser cumulativa, se o terceiro vincular-se solidariamente ao cumprimento da obrigação, ao lado do devedor originário. Neste último caso, não há propriamente sucessão no débito, havendo nítida semelhança com o reforço pessoal da obrigação.
	O legislador brasileiro, ao criar o instituto da assunção da dívida, contemplou apenas a forma de delegação, ou seja, a que resulta de contrato entre o devedor e terceiro, a fim de que este, com a concordância do credor, o substitua na relação. O motivo pelo qual não se regulamentou a forma por expromissão, que se realiza mediante contrato entre credor e terceiro, sem o concurso do devedor primitivo, se deveu, certamente, à pequena ou nenhuma demanda neste sentido. Todavia, a prática não se acha vedada.
	Observe-se que por expressa determinação legal, o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo (ex.: incapacidade, dolo, coação, etc.), nos termos do art. 302 do CC. Nada impede, por outro lado, que oponha defesas não pessoais (como o pagamento da dívida ou a exceção de contrato não cumprido).
	Além disso, salvo consentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor, na forma do art.300 do CC/02:
“Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor”.

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