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Tuberculose É a doença infecciosa que mais mata no mundo, sendo causada por micobactérias do complexo Mycobacte- rium tuberculosis, também chamado de bacilo de Koch. Trata-se de pequenos bacilos, não esporulados, aeróbicos e que apresentam uma parede celular rica em lipídeos. É um bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR) cuja replicação e crescimento lentos, com um tempo de duplicação de 18 horas. Sua replicação ocorre prin- cipalmente em regiões com grande quantidade de O2, como o ápice pulmonar. Sua transmissão ocorre pela via aérea por meio da inalação de aerossóis (gotículas de Pfluger – 1 a 2 bacilos por gotícula) contendo o bacilo proveniente das secreções da via respiratória de indivíduos bacilíferos (paciente com tuberculose pulmonar ou la- ríngea com baciloscopia positiva no escarro). Estima-se que cada paciente bacilífero infecte cerca de 10 a 15 pessoas por ano. Importante ressaltar que os bacilos que ficam contidos nas superfícies dificilmente se dis- persam, não possuindo papel na transmissão. As partículas inspiradas atravessam as barreiras mecâ- nicas das vias aéreas superiores e se instalam nos al- véolos. A partir daí, gera-se um processo inflamatório local inespecífico com a participação de polimorfonucle- ares e macrófagos não ativados. Dessa forma, gera-se uma resposta granulomatosa, que, se bem formados, fazem a contensão da doença. Portanto, indivíduos com alguma condição que interfira na resposta imune se torna um indivíduo com predisposição a infecção, como é o caso dos pacientes com HIV, imunossuprimi- dos, entre outros. Se a infecção for contida nos pulmões, uma lesão cica- tricial poderá ser vista em exames de imagem, como um nódulo densamente calcificado, denominado nódulo de Gohn. Também é possível que o bacilo escape do pa- rênquima pulmonar antes da resposta celular especí- fica, podendo se alojar nos gânglios hilares, onde ocorre a calcificação do gânglio hilar, formando o com- plexo de Ranke, e se disseminar sistemicamente até atingir outros órgãos. É válido ressaltar, porém, que essa calcificação pode se reativar, gerando a do- ença, o que ocorre em processos de queda de imuni- dade celular (ou uso de medicamentos que interfiram nesse processo). O período de incubação da bactéria, desde a inalação da bactéria até a formação do granuloma, é de 6 a 14 semanas. Nesse momento, já é possível apresentar po- sitividade nas provas de hipersensibilidade tar- dia, como na reação intradérmica à tuberculina (PPD). Manifestações Clínicas: Pulmonar Na tuberculose pulmonar, é possível dividir suas apre- sentações em três formas: primária, pós-primária (ou secundária) e miliar. Os sintomas clássicos (tosse, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento) podem ocorrer em qualquer uma das formas. É válido ressaltar que, durante a fase do complexo primário, a maioria dos indivíduos é assintomático. Porém, principal- mente as crianças, pode ocorrer tosse e febre, sendo que em alguns casos os linfonodos hilares podem au- mentar a ponto de provocar atelectasia. Outros possí- veis sintomas são: eritema nodoso e ceratoconjunti- vite flictenular. Ainda, considera-se como sintomá- tico respiratório é aquele que possui tosse por mais de 3 semanas. A tuberculose primária é aquela que ocorre após o primeiro contato com o bacilo, sendo mais comum em crianças. Nela, o complexo de Gohn pode evoluir para a cura espontânea, doença circunscrita ou doença disseminada. A cura ocorre na maioria dos casos, cujo complexo fica calcificado e sem capacidade de reativação. Já na doença circunscrita, a manifestação ocorre por tuberculose pulmonar primária ou pleurite tuberculosa. A tuberculose pulmonar ocorre principalmente na porção superior do lobo inferior ou na porção inferior do lobo médio à direita, onde seu quadro clínico se manifesta como uma pneumonia clássica, onde há tosse produtiva e febre, sendo que, em raros casos, pode evoluir para uma insuficiência respiratória aguda. Já a pleurite tuberculosa ocorre quando o processo se desenvolve em uma região justapleural, com infla- mação secundária da pleura e derrame pleural, o qual se resolve espontaneamente na maioria dos casos. Aqui, o quadro clínico vai ser de dor pleurítica aguda, tosse e febre alta. Por fim, a doença disseminada é representada pela tuberculose miliar primária. Sua ocorrência é mais comum em pessoas com imunodeficiência, os quais não conseguem conter os focos à distância na disseminação sistêmica, e o acometimento nervoso é comum (neurotu- berculose e meningite tuberculosa). O quadro clínico vai se dar pela insuficiência do órgão afetado, fe- bre, insuficiência respiratória aguda e até a morte. A tuberculose secundária, ou de reativação, ocorre quando há a reativação dos complexos primários. A reativação costuma ocorrer em situações de imuno- depressão, sendo mais comum em adolescentes e adul- tos. Com a resposta inflamatória, há formação de focos de necrose caseosa, de modo que, se ocorrer a comu- nicação com o brônquio, o material será drenado pelas vias aéreas, formando uma cavidade. Como consequên- cia, o quadro clínico vai se apresentar por tosse pro- dutiva, com expectoração mucoide ou purulenta, com ou sem sangue (lesões das paredes dos vasos sanguí- neos), febre vespertina (sem calafrios e não costuma passar de 38,5º), sudorese, hemoptise, perda ponde- ral e anorexia. Ao exame físico, na ausculta pulmonar, há redução dos murmúrios vesiculares, principal- mente nos ápices, podendo ocorrer sopro anfórico (como se fosse o sopro dentro de uma garrafa). A aus- culta pulmonar normal não exclui tuberculose pul- monar. O paciente também pode apresentar fácies de doença crônica e bastante consumido. Já na radi- ografia, é possível detectar cavitações, as quais de- terminam grande chance de transmissão devido à presença de muitos bacilos em tais locais. Já na tuberculose miliar é quando ocorre achado ra- diológico pulmonar típico. Sua ocorrência pode-se dar tanto na forma primária quanto na secundá- ria, sendo uma forma grave. Como diagnósticos diferenciais da forma pulmonar, cita-se as neoplasias, infecções fúngicas, abcesso pulmonar e pneumonia necrotizante. Porém, o lin- foma é um diagnóstico muito importante que deve ser levado em conta, uma vez que suas manifestações clí- nicas são muito semelhantes a tuberculose. Outro diagnóstico diferencial é a micobacteriose não tu- berculosa, onde ocorre um quadro clínico seme- lhante à da tuberculose, mas sem melhora com o tratamento RIPE. Manifestações Clínicas: Extrapulmonar A forma extrapulmonar é o acometimento de outros ór- gãos, podendo ocorrer tanto na infecção primária quanto na reativação da tuberculose. Sua principal manifestação é a tuberculose pleural, seguida da tu- berculose ganglionar. A neurotuberculose é a forma mais grave da tuber- culose, mas representa uma pequena proporção dos ca- sos. Sua ocorrência se dá, principalmente, em caso de falta de vacinação com BCG em crianças menores que 5 anos. O quadro clínico se dá por meningite ou meningoencefalite, ou seja, ocorre irritação menín- gea e sintomas de hipertensão intracraniana com febre, rigidez de nuca, sinais de Kernig e Brudzinski, náuseas, vômitos e cefaleia. Normalmente, sua evolu- ção é mais lenta que a meningite bacteriana e cursa com o envolvimento de pares cranianos. O diagnóstico pode ser feito pela análise do líquor, onde haverá ple- ocitose com predomínio de linfócitos, proteína muito elevada e glicose baixa. A bacterioscopia por método de Gram é negativa, enquanto a pesquisa de BAAR pode ser positiva e a cultura só isola o bacilo em 15% dos casos. Já o teste de PCR apresenta bons resulta- dos. Na tomografia, pode ser detectada hidrocefalia, edema cerebral, espessamento da meninge basal e indícios de pequenos infartos parenquimatosos. A tuberculosepleural é a forma mais comum de tu- berculose extrapulmonar em pessoas não infecta- das pelo HIV. É mais comum em jovens e cursa com dor pleurítica. Em cerca de 70% dos casos, observa-se astenia e emagrecimento e em 60% dos casos há tosse seca com febre associada. Muitas vezes, o der- rame pleural é resultado de uma reação de hipersensi- bilidade da pleura ao bacilo. O derrame pleural é ex- sudativo, geralmente unilateral, tamanho pequeno a moderado, com coloração amarelo-citrino, sendo incomum a apresentação hemática, e com presença pre- dominante de linfócitos. O diagnóstico pode ser feito através da dosagem de adenosina deaminase (ADA), que, se maior que 40 UI/L, sugere fortemente tubercu- lose. Se negativo, a biópsia pode ser realizada, onde a presença de granuloma define o diagnóstico. A tuberculose ganglionar é a segunda forma mais comum, sendo a forma mais comum em pacientes HIV positivo. Ao exame físico, apresenta aumento indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervi- cais anteriores e posteriores. Os linfonodos podem ser volumosos, endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e aos planos profundos, podendo evoluir para flutuação e/ou fistulização espontânea com Tuberculose Primária Cura: • Maioria dos casos. • Sem capacidade de reativação. Doença circunscrita: • Tuberculose pulmonar. • Pleurite tuberculosa. Doença disseminada: • Tuberculose miliar primária. presença de inflamação da pele subjacente. O diagnós- tico é feito com punção aspirativa por agulha fina com pesquisa do DNA do M. tuberculosis por meio de PCR, apresentando sensibilidade de 60 a 70%. A tuberculose pericárdica é uma causa frequente de quadros de síndrome consumptiva (perda de peso > 10% em um período de 6 a 12 meses) associada a in- suficiência cardíaca. Pode ocorrer também hepato- megalia, edema de membros inferiores e ascite. Em quase 50% dos casos, está associada a tuberculose pleural, mas não com a pulmonar. O quadro clínico se apresenta com dor torácica, mas muitas vezes não apresenta dor pericárdica clássica. O derrame peri- cárdico é muito recidivante, de modo que, muitas ve- zes, o tratamento consiste na retirada de uma parte do pericárdio para prevenir a recidiva. O diagnóstico é difícil, onde a análise do derrame apresenta apenas lin- focitose, a ADA pode estar aumentada e só fortalece a suspeita, enquanto a cultura demora 60 dias para ficar pronta. Dessa forma, o melhor método diagnóstico é a biópsia do pericárdio, com achado de granuloma e/ou presença de BAAR na fixação ao microscópio. A tuberculose do trato urinário pode gerar o acome- timento dos órgãos desse sistema que pode acarretar em perda da função. Seu diagnóstico deve ser pen- sado quando há infecções de urina de repetição, com leucocitúria e uroculturas negativas sucessi- vas. O diagnóstico é feito pela cultura de urina, ge- ralmente feita com várias amostras sucessivas do ma- terial. Em alguns casos, pode-se solicitar também a bi- ópsia de lesões vistas em tomografia ou cistoscopia. A tuberculose osteoarticular é uma forma mais co- mum em crianças. Seu principal temor é a ocorrência do mal de Pott, que é uma tuberculose de coluna, cuja ocorrência se dá em 50% dos casos de tuberculose óssea. Nela, há destruição de vértebras (geralmente lombares), podendo formar abcessos paravertebrais e paraplegia. Além disso, pode evoluir para febre e al- terações associadas à localização da lesão. Por fim, é válido ressaltar que a tuberculose pode atingir qualquer região do corpo, com exceção de unhas e cabelos. Diagnóstico O diagnóstico da tuberculose é feito com base na ba- ciloscopia, com pelo menos 2 amostras de escarro e na cultura desse escarro. A baciloscopia deve ser feita com duas amostras: uma no primeiro momento e, independente do resul- tado, uma segunda coleta no dia seguinte (preferen- cialmente ao despertar). Pode-se solicitar amostras adicionais em casos suspeitos que apresentem 2 amos- tras negativas. A amostra deve ser corada pelo método de Ziehl-Neelsen, onde apresenta uma sensibilidade de 80% na primeira amostra e mais 12% na adição de uma segunda amostra. Dessa forma, é o melhor exame custo-benefício para o diagnóstico. São indicações de baciloscopia: • Sintomático respiratório. • Suspeita clínica e/ou radiológica. • Acompanhamento e controle da cura. O resultado é fornecido baseado na quantidade de bacilos encontrados por campo observado: • Negativo: nenhum bacilo em 100 campos. • Positivo +: 10 a 99 BAAR em 100 campos. • Positivo ++: 1 a 10 BAAR por campo em 50 campos. • Positivo +++: em média mais de 10 BAAR por campo em 20 campos. Já o teste molecular rápido, chamado de GeneXpert ®, foi implantado pelo Ministério da Saúde como teste rápido. Ele se utiliza do escarro do paciente para identificação da micobactéria, que é feito por amplia- ção de ácidos nucleicos. Sua sensibilidade é de 90%, sendo que, através da técnica de PCR, pode-se detectar se o bacilo é resistente a rifampicina com a mesma sensibilidade. A cultura para micobactéria é outro método diag- nóstico. No Brasil, o método mais utilizado é o de Löwenstein-Jensen. São indicações de cultura: • Casos suspeitos de TB pulmonar, com exame di- reto persistentemente negativo. • Diagnóstico de formas extrapulmonares. • Casos de suspeita de resistência micobacteri- ana às drogas, seguida do Teste de Sensibili- dade. • Tecido e cavidades em que a baciloscopia é rara ou ausente (urina, líquidos cavitários e secre- ções não pulmonares). A radiografia de tórax pode ser realizada para afas- tar a presença de outras doenças, diferenciar formas atípicas da doença, entre outras indicações. Na forma primária, pode demonstrar consolidações parenqui- matosas com opacidade homogênea ou com bron- cograma aéreo, simulando uma pneumonia bacteri- ana. Também pode demonstrar aumento dos linfono- dos, principalmente hilares. Já na forma secundária, pode ocorrer opacidades heterogêneas e cavita- ções, as quais são mais comuns em segmentos supe- riores. A tomografia de tórax é destinada para os casos onde a radiografia não contribuiu para o diagnóstico da do- ença. Na tuberculose miliar, pode demonstrar micro- nódulos, habitualmente menores que 6 mm, distribuídos difusa e aleatoriamente. Indica tuberculose ativa: cavidade de paredes espessas, nódulos, consolidações, espessamento de paredes brônquicas, aspecto de “ár- vore em brotamento”, massas e bronquiectasias. A prova tuberculínica (PPD) é um método auxiliar, sendo que, isoladamente, não faz diagnóstico. Consiste de um teste de hiperreatividade tardia à inoculação in- tradérmica de antígeno de M. tuberculosis. Sua leitura é feita de 72 a 96 horas após a aplicação por meio da medição do maior diâmetro da área de endurecimento palpável. Seu valor de corte é 5 mm, caracterizando como não reator valores menores e reator em caso de valores iguais ou maiores. Vale ressaltar que condições imunossupressoras podem interferir no resultado. Em crianças, o PPD pode ser utilizado para compor um es- core para previsão diagnóstica. Já em pacientes com tuberculoide e infectados por HIV devem fazer o PPD para direcionar o tratamento, de modo que se igual ou maior que 5 mm fazem o tratamento para tuberculose latente (após afastamento de forma ativa), enquanto se menor que 5 não trata e não repete exame, com exceção do 0, onde deve-se repetir anualmente. O IGRA é um ensaio de detecção de gamainterferona, utilizado como substituto do PPD na avaliação da fase latente. Ele analisa os níveis de interferona produzidas por linfócitos T estimulados pelos antígenos da micobac- téria. Sua interpretação é qualitativa: positivo ou nega- tivo. O histopatológico é Por fim, cita-se outros métodos diagnósticos: Busca Ativa de Casos A busca ativa de casos é feita nas populações commaior probabilidade de apresentar a doença, como os sintomáticos respiratórios (> 3 semanas de sintomas), contactantes de casos de tuberculose, suspeitos radiológicos e pessoas com doença ou condição social que predisponha à doença (mora- dores de rua, imunossuprimidos, etc.). Uma população em especial são os infectados por HIV, os quais se deve suspeitar de tuberculose na presença de qual- quer sintoma respiratório e quadros de febre com origem indeterminada, principalmente nas fases avançadas da doença (TCD4 < 200 ou linfócitos < 1.000). Classificação É classificada como tuberculose pulmonar os casos que apresentaram: • 2 baciloscopias diretas positivas. • 1 baciloscopia direta positiva e cultura positiva. • 1 baciloscopia direta positiva e imagem radio- lógica sugestiva de tuberculose. Outra classificação pode ser feita de acordo com a forma manifestação da tuberculose, sendo miliar ou extrapulmonar. Esta, por sua vez, é subclassificada de acordo com o local atingido. Tratamento Apesar de ser uma doença grave, a tuberculose é curá- vel em praticamente 100% dos casos. O regime bá- sico de tratamento consiste em uma fase de ataque por 2 meses com quatro drogas (rifampicina, isonia- zida, pirazinamida e etambutol) e, posteriormente, uma fase de manutenção por 4 meses com 2 drogas (ri- fampicina e isoniazida). Esse tratamento é feito de forma supervisionada com 3 observações semanais da tomada dos medicamentos nos primeiros 2 meses e 1 observação semanal até o seu final. Em geral, o tra- tamento é feito de forma domiciliar/ambulatorial, com algumas exceções. São indicações de internação para o tratamento: • Meningoencefalite. • Indicações cirúrgicas em decorrência da TB. • Complicações graves da TB. • Intolerância medicamentosa incontrolável. • Intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas graves. • Estado geral que não permita tratamento em ambulatório. • Em casos sociais, como ausência de moradia fixa ou grupos com maior possibilidade de abandono, especialmente em caso de refrata- mento ou falência. Portanto, o esquema básico de tratamento em adoles- centes e adultos consiste na rifampicina (R), isonia- zida (H), pirazinamida (Z) e etambutol (E). Ele é indi- cado em todos os casos de tuberculose pulmonar e extrapulmonar, com exceção da ocorrência de menin- gencefalite e osteoarticular. Já em caso de crianças me- nores que 10 anos, o tratamento não utiliza o etam- butol. Além disso, a dosagem dos medicamentos de- pende do peso da pessoa. Recomenda-se a solicitação de cultura, identifica- ção e teste de sensibilidade para todos os casos com baciloscopia positiva ao final do segundo mês de tratamento. De acordo com o resultado, muda-se o esquema terapêutico. Por outro lado, o esquema da meningoencefalite tu- berculosa é semelhante à da forma pulmonar, porém, feita por mais tempo. Dessa forma, utiliza-se 2 meses com esquema RHZE e 10 meses com esquema RH. Também deve ser acrescentado ao esquema terapêutico um corticoide, podendo ser prednisona oral 1 a 2 mg/kg/d por 4 semanas ou dexametasona intrave- nosa com 0,3 a 0,4 mg/kg/d por 4 a 8 semanas em casos graves. Já o esquema para tuberculose oste- oarticular é semelhante ao da meningoencefalite tuberculosa, mas deve ser feita em 6 meses. Nos casos de menores de 10 anos, só se exclui o etambutol. Situações Especiais É válido salientar algumas situações especiais. Em caso de gravidez, deve-se realizar o tratamento com o esquema básico e acrescentar piridoxina (50 mg/dia) em virtude do aumento no risco de neuropa- tia periférica. No pós-parto, se a paciente for bacilí- fera, não deverá entrar em contato com o recém- nascido até que a baciloscopia se torne negativa. Po- rém, não há contraindicação ao uso de leite ma- terno. Além disso, se no nascimento a mãe estiver em tratamento por menos de 3 meses, o RN deve receber isoniazida como profilaxia por 3 meses. Após, realiza- se o PPD e se for positivo, prolonga-se por mais 3 meses o tratamento, não deve receber vacina com BCG e deve-se investigar doença ativa. Do contrário, se negativo recebe alta do medicamento e vacina de BCG. Em caso de pacientes com imunodeficiência (HIV, uso de corticoide, etc.), o tratamento deve ser feito com o esquema básico, mas pode-se optar por um prolon- gamento do tratamento por até 9 meses. No caso de pacientes com HIV, deve-se tomar cuidado com pacientes que fazem uso de inibidores da pro- tease e/ou nevirapina e aqueles em uso de dolute- gravir, as quais fazem interação medicamentosa com a rifampicina, com risco de toxicidade e dimi- nuição da eficácia do tratamento do antirretrovi- ral. Nesses casos, é possível fazer a troca da rifampi- cina para a rifabutina. Além disso, esses pacientes de- vem receber piridoxina 50 mg/dia. Caso o HIV seja descoberto após o diagnóstico da tuberculose, o tratamento para o HIV não deve ser imediato, devendo-se esperar cerca de 4 semanas para o iniciar, pois reduz o risco da síndrome de re- constituição imune. Resumo dos Esquemas: Básico: RHZE por 2 meses, RH por 4 meses. Meningoencefalite: RHZE por 2 meses, RH por 10 meses + corticoide. Osteoarticular: RHZE por 2 meses, RH por 6 me- ses.
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